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Mostrando postagens de dezembro, 2018

Os passos e as passagens de ano: feliz quem sabe por quem caminha!

Por Gilvaldo Quinzeiro Somos únicos assim como o Sol. Andar em multidão? – não. Por mais que olhemos para os lados em busca de olhares aprovativos para os nossos tortuosos passos ou de muletas para os nossos pés cansados, fazemos a nossa caminhada sozinhos. São ilusórias as vozes, que nos pedem para olharmos para trás no exato momento em que colocamos os pés nas travessias. São ilusórias também aquelas sombras sentadas sobre uma pedra, enquanto nos rachamos ao meio de tanto nos sentirmos sozinhos! Por tudo isso, não é fácil seguir em frente! Preferimos as vezes culpar as pedras e os espinhos pela nossa falta do andar. As vezes culpamos o sol e as outras estrelas. Por último não agradecemos os pés por nada! Preferimos abortar a caminhada nos emprenhando nas estradas fáceis dos outros – estas que nos aparecem através de tantos convites! Na ‘Virada do Ano’, sim estamos em recontagem regressiva para mais uma mudança no calendário, e lá estamos nós de novo nos afogando na

A ausência de busca X fundamentalismo

Por Gilvaldo Quinzeiro O fundamentalismo, hoje, uma cova comum, infelizmente, pode ser compreendido como a ‘ausência de busca’, isto é, o esgotamento da utopia – daquilo que move em direção a algo! Pois bem, a ‘certeza’ de ter encontrado Jesus para alguns cristãos, por exemplo, pode, por conseguinte, ter esgotado a sua busca, e o resultado disso a perca de uma das coisas mais caras para o cristianismo – a humildade! O fato é que também em função disso, muitos passam acreditar mais na ‘verdade’, que acreditam possuir, do que na Verdade que somente em Jesus Cristo se encontra. Daí a importância da busca permanente! Na política, o fundamentalismo pode ser explicado da mesma maneira. Isto é, o esgotamento da busca da política como solução negociada para atender as diferentes e cada vez mais complexas demandas sociais. Na falha desta solução, abre-se o espaço para a imposição; e a imposição pelas forças das armas – a tirania! No ‘frigir dos ovos’, se há esgotamento dos son

O simbólico, o alvo e a a trajetória

Por Gilvaldo Quinzeiro O tempo em que a mais veloz das flechas levava para atingir seu alvo, na mesma época em que mão alguma empunhava ainda um revólver, morria-se mais pela prisão à lembrança de ter sido pela flecha atingida ou por que o impacto da flechada era mesmo devastador? Qual a graça que teremos em fazer a mesma comparação numa época não tão distante em que as nossas mãos terão, também, assim, como a flecha     tornado o uso do fuzil obsoleto? Se tivéssemos a oportunidade de volver no tempo, e, colocássemos   lado a lado numa mesma conferência, um egípcio antigo, um grego, um romano e um norte-americano atual e sobre à mesa destes postos uma flecha e um fuzil, qual destes dois instrumentos representaria para a todos os presentes o mesmo significado de uma arma? – claro que seria a flecha! Ora, o dito acima é uma introdução a respeito do simbólico.   O simbólico é da ordem daquilo que permanece. O simbólico da ordem daquilo que condensa o espraiado e o diverso.

O(s) João(s) de Deus e de tantas perguntas

Por Gilvaldo Quinzeiro O tempo atual revira as pedras, as pontas e as cabeças. Não há nada que não esteja sendo colocado em xeque. Do privado ao público; do profano ao sagrado; das catedrais aos casebres.   Tudo sacolejado pelo tsunami do tempo. Como o velho Freud diria, “perdemos o controle dos esfíncteres”. Mas não se assuste, pois, tudo isso é bem humano – ainda não passamos disso! O caso do médium João Teixeira de Farias, o João   de Deus,      e sua avalanche de denúncias de abusos sexuais contra mulheres de diferentes idades, somada   a outras levas de diferentes queixas contra o mesmo,   incluindo de chefia de organização criminosa, segundo aponta as investigações policiais, é um fato merecedor de uma ampla reflexão, se possível,   de cunho filosófico – por que não? Uma vez que se trata de um caso não só de repercussão nacional, como internacional, dado as denuncias feitas por mulheres de outras nacionalidades. Mas não é só por isso, João de Deus é um líder espiritua

É fogo? – a face de Deus!

Por Gilvaldo Quinzeiro Tudo é ‘espelho’, ora se não! De sorte que nos primórdios dos tempos, o fascínio do homem pelo elemento fogo, não se deu sem que aquele o tenho feito como Narciso diante da sua própria imagem refletida na água, isto é, terminado em chamas! O dito aqui nos faz pensar no quanto o homem precisou de tempo e aprendizagem para assimilar a face, que não fosse a sua. Nestes ‘destemperados e estranhos tempos’ em que vivemos, as coisas, que nos assombram, diga-se de passagem, que quase tudo – só vemos o que também nos convém escutar! Teremos nós amadurecidos o suficiente para contemplarmos uma face em Deus que não seja a nossa?

As mudanças humanamente topográficas

Por Gilvaldo Quinzeiro Saltar da caverna para erguer o mundo, foi quase uma eternidade para a humanidade.   Passos lentos e tortuosos foram dados, mas, enfim, nasce o homem. O que ‘diabo’ é mesmo o homem? -   Isso nem a caverna, que o abrigou na condição de útero durante longos milhares de anos, poderá responder! Se no passado o homem engendrou a si mesmo com o uso das mãos, dos pés e da cabeça – enfrentando frio e calor; chuvas e tempestades; matando ou sendo devorado por feras   -, no presente quem não recorre ao uso de avalanches de   analgésicos, soníferos e outros que tais, para se manter de pé diante dos ‘desconfortos’ da modernidade?   Quem não precisa do uso dos prejudiciais anabolizantes para se sentir musculosamente mais forte? Afinal o que é para que serve o corpo? Quem ainda recorre a própria memória para guardar ou se lembrar das suas travessias e travessuras? Como esperar que as ‘máquinas’ – as nossas memórias eletrônicas – possam nos aliviar dos nossos trau

A falta das coisas e das nossas faltas

Por Gilvaldo Quinzeiro Há uma ‘engenharia subjetiva’ na edificação das coisas, que nos falta. Chorar por elas é um dos nossos sintomas. Neste texto, vamos nos arriscar a falar sobre estas coisas. Isso sem conter um pouco de choro... As coisas, que nos falta, e pelas quais choramos copiosamente,   são exatamente aquelas para as quais não conseguimos dar nomes, isso não significa dizer, no entanto, que estas não possuam faces ou se encontrem distantes, fora de nós, mas pelo contrário,   estas podem ser   antigas inquilinas das nossas profundezas da alma! A falta da coisa, portanto, não significa necessariamente ausência ou vazio da coisa, mas aquilo que não alcançamos dentro de nós, seja com o uso da palavra, seja com o uso da mão! Saber localizar as coisas, que nos faltam não é uma das tarefas simples – é uma missão! É aqui que entra a engenharia da reinvenção do sujeito. Chorar por chorar, pode trazer um alivio momentâneo, mas isso não é de todo eficaz. Pr

Por quem se entorta o universo?

Por Gilvaldo Quinzeiro Entre o êxtase do gozo e o dilacerar da dor, pode até haver gigantescas diferenças ou não, contudo, não importa o que fazemos ou deixamos de fazer, nada vai alterar as orbitas das estrelas – ainda bem! As leis, que alterarão o caminho do sol, nestas podemos ter plena certeza, jamais serão pelas nossas queixas ou preces! Isso não significa dizer, entretanto, que devemos prescindir das preces ou dos nossos simples gestos como um sorriso, um aceno, um abraço e um aperto de mão – pois são exatamente estes gestos, que nos manterão vivos, enquanto o universo cumpri com o seu dever de casa! Um bom dia a todos!

O ‘diabo’ do sujeito e seus relacionamentos

Por Gilvaldo Quinzeiro Neste tempo traçado pela pressa; pela imediatidade dos olhares, estes, quase sempre fitos de cima para baixo, mas nunca alcançando a si mesmo: o que é afinal o sujeito? Pois bem, este é o tipo de assunto que para a ‘filosofia cabocla’ se iniciaria com a seguinte pergunta: “com quantos paus se faz uma canoa, meu fie”? – claro que o que menos se pretende com esta questão é obter a resposta – mas manter-se a conversa, ademais com o café quentinho no bule! Parece uma conversa simples esta, mas não será! Vamos adentrar alguns terreiros cujos donos não costumam receber bem as visitas. Falaremos, pois, do sujeito e sua ‘frágil’ constituição nos dias de hoje e seu possível desdobramento no campo dos relacionamentos afetivos.   Faremos isso sem o academicismo, que o tema por si só exige. Tomaremos alguns atalhos, e invocaremos     as coisas caboclas – uma espécie de abrir das porteiras! O abrir das porteiras! Se por um lado a realidade se tornou

As ‘raízes’ das nossas tendências

Por Gilvaldo Quinzeiro Se nós tendêssemos a contemplar mais as raízes que as flores, dialogaríamos melhor com o que verdadeiramente dar sustentação a todos os edifícios.   A relação entre pais e filhos, por exemplo, seria mais edificante.   E talvez, não precisássemos de tanta exposição midiática como justificativa de que somos felizes! A felicidade tão discutível, quanto abstrata, exige, no entanto, que tenhamos estruturas sólidas em sua busca, para, assim, enfrentar as intempéries. Ora, a busca da felicidade tem se dado mais em direção àquilo que ‘nos enche olhos’, e menos naquilo pelo qual os nossos pés agradeceriam! Mas, voltando as raízes das coisas, uma pena saber que os homens que mais contribuíram na condição de ‘pilares da civilização’, sejam exatamente, os menos reconhecidos, pois, jazem sob tudo que admiramos na parte de cima das construções.   Tendemos, por exemplo, a admirar a grandeza e os mistérios em torno das grandes pirâmides, porém, jamais v

O homem e a coisa, um diálogo mudo sobre nossas incertezas e a nossa aprendizagem

Por Gilvaldo Quinzeiro Nesta semana, que se finda, eu tive a oportunidade de travar um importante diálogo filosófico com os meus alunos. O assunto era a “incerteza” como objeto de reflexão da Filosofia do século XX e por consequência o Existencialismo.   Falamos das contribuições de Jean-Paul Sartre (1905-1980), dentre outros, e da Psicanálise. Um diálogo, portanto, nutrido de muita sinceridade e espanto! Um dos temas abordado, como não poderia deixar de ser, foi a depressão e o suicídio. “Se a existência precede a essência, como afirmara Sartre, então como explicar, por exemplo, que jovens que deixaram de ‘encantinhar’ a pouco tempo, e, ao tropeçar com os seus primeiros passos, optam pela morte”? Esta foi uma das questões por mim formulado neste diálogo. Partindo e inspirado nesta conversa, escrevo à punho a minha fragmentada e singela contribuição abaixo. Falo da relação do “homem e a coisa”, e suas possíveis engenharia no tocante a nossa subjetividade.   Ei-la.