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Mostrando postagens de 2019

O sagrado, o humano e o barro civilizatório

Por Gilvaldo Quinzeiro Se os ‘pilares civilizatórios’ não estão ruindo, incluindo os de cunhos ideológicos e religiosos, eu acredito que sim, a respeito disso eu venho tratando em diversos textos, vídeos e palestras, mas certamente não há nada em pé, que não esteja lutando desesperadamente pela própria sobrevivência – é que as engrenagens dos engenhos do tempo são de fato implicáveis – foram assim com todas instituições humanas, seja as egípcias, seja as romanas. As nossas, então, forjadas num contexto de tanta volatilidade, o que delas de fato ainda existem? O dito acima soa contraditório, pois, o que assistimos é exatamente o acirramento da luta no campo ideológico, uma espécie de ressurgimento de uma nova guerra fria... De fato, isso é verdadeiro. Todavia, o contexto, ‘o barro’ do qual é feito este acirramento carece uma análise mais apurada, pois as águas, que umedece este ‘barro’ não são mais as mesmas. O que nos coloca de volta à velha peleja entre Heráclito e Parmê

O Natal, as cavernas dos nossos dias e os novos céus

Por Gilvaldo Quinzeiro Há por parte de nós, seres humanos, independentemente da época, um apego     as alegorias e as aparências das coisas, das quais nos tornamos facilmente escravos. Mesmo as nossas conclusões acerca do Bem e do Mal, que, diga-se de passagem são sempre apressadas, ainda que nos seja necessário uma cirúrgica descrição a respeito de ambos, não passamos das suas tênues aparências. Ou seja, continuamos a patinar na superficialidade das coisas, julgando-as como se fossem verdadeiras. Há templos e impérios sendo construídos em cima disso.   Há Guerras e outros tipos de extinções em massas sendo planejados em cima daquilo que chamamos de ilusórios.     Enfim, o dito aqui nos remete logo de cara aos ensinamentos de Platão (427-347 a.C), especialmente ao seu “mito da caverna”. Afinal, como negar que apesar de todo o avanço das ciências e das tecnologias, que nos colocam em solo de outros planetas, não estamos presos ao imagético criado a partir das novas descoberta

O jogo da vida

Por Gilvaldo Quinzeiro “Bola está dominada nos pés de Tostão, que passou para Gerson, este rapidamente deixou a pelota com Pelé, que driblou um, driblou dois, bateu rasteiro e é gol”! No jogo da vida, onde toda bola ganha é em seguida perdida, o melhor drible é não se prender    a nada.   Não que o nada seja de fato o nada, mas é que tudo nos exige a liberdade da atenção. Há uma paisagem imensa e variada para além de cada lance disputado; é para além disso que o jogo fica de fato decisivo, não importando se a maior das torcidas é contra ou a favor. No final, no ‘apagar das luzes’ como diriam os velhos e saudosos narradores esportivos, o que se conquista mesmo é o aprendizado – o que seria merecidamente melhor, senão a aprendizagem? No jogo da vida, o placar de “7 a 1” é lições. Aprender com as derrotas ou vitórias significa se posicionar bem em todas as jogadas...     No jogo da vida é impossível não “pisar na bola”. Logo esta que é visivelmente pequena quando compar

Os ventos das conversas e o nosso cavalo

Por Gilvaldo Quinzeiro Não é que a vida seja tão difícil como adquirimos por hábito    pensar, ocorre que na maioria das vezes desistimos facilmente ao sofrer a primeira ‘topada’. Trata-se pois, da perda de uma simples unha – ao longa da vida perderemos tantas -, porém, se persistirmos em frente ganharemos não só outras novas, mas sobretudo teremos conquistado o direito de ter ascendidos a outras condições de vidas. Não é que o mundo todo seja contra nós como facilmente falamos ao nos depararmos com a primeira derrota, mas é que que fixamos demais os ouvidos em conversas que em nada vão acelerar os nossos passos, pelo contrário, se lhe damos ouvidos é porque já paramos, e quando reiniciamos a caminhada, já não temos a mesma força e os objetivos dos momentos iniciais. Não dependa das suas ‘tatuagens’ para se sentir seguro!   Ao longo da vida teremos feito a mais assombrosa de todas as descobertas: somos nós que nos empurramos para a sepultura! Portanto, adie o quanto pu

Em tempos rápidos, um duro e demorado trabalho de parto

Por Gilvaldo Quinzeiro Que já perdemos a diferença entre o ‘bem e o mal’, isso é indiscutível, basta ouvir os discursos inflamados, e em   quase carne viva das nossas autoridades religiosas. É bom que se diga, entretanto, que este fato não se restringe às autoridades eclesiásticas, se estendendo também a todas aquelas outras     que, diante dos primeiros ‘sacolejos epistemológicos’ ou conceituais, não só perderam a compostura, mas sobretudo o rumo das coisas! Não estou dizendo isso para que fujam dos templos, dos fóruns, das academias, dos gabinetes e catedrais, todavia, não há como negar que alguma coisa está fora do lugar! O caso recente de um aluno da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia(UFRB), que se recusou a receber uma prova das mãos de uma professora por esta ser negra, é o começo do nosso mergulho na total escuridão.   E não se trata de um episódio isolado, mas se soma a tantos outros que vêm ocorrendo diariamente! Se a moda pega, e pode pegar, assistiremos p

O feio e o nada

Por Gilvaldo Quinzeiro O feio e o nada, eis o tijolo e o cimento com o qual erigimos as feições dos nossos dias! As feições dos nossos dias  hoje cicatrizadas e anoitecidas pela contemplação das barbáries! Mas o que é o feio? O feio é, por exemplo, o ódio que nos alimenta todos os dias, enquanto sangramos pela boca de fome afetiva! O feio é, por exemplo, a indústria do preconceito, do racismo e da intolerância a ganhar proporções cada vez mais gigantesca, enquanto nos sentirmos orgulhosamente a despeito de tudo isso, cidadãos do bem! Mas o que é o nada? O nada é, por exemplo, tudo aquilo que ódio alavanca! E o que temos alavancado? – as mãos sujas pelo gesto de repulsa em relação ao outro.   O nada é a exposição dos intestinos, quando, pelo ódio, já perdemos a cabeça. Por fim, o que melhor representaria o feio e o nada, senão a nossa política.   De fato, não há como não sentir asco; não há como não tampar a boca e o nariz diante das condições políticas vigentes.

A culpa como ferramenta para uns, e adoecimento para outros

Por Gilvaldo Quinzeiro A culpa é por si mesma causa de muitos sintomas e adoecimentos. Aliás, o sentimento de culpa é por demais avassalador, e o mais complicado é que sentir-se culpado não significa necessariamente ter praticado o crime ou as reais causas deste sentimento, isto é, trata-se pois, de algo bem mais complexo -   uma espécie de tendência filogenética. Entretanto, encontrar o culpado a qualquer custo, não alivia em nada aquilo que em nós pode já estar apodrecendo, e, como não assumimos que tal condição possa está se passando conosco, então, nos apressamos em apontar o dedo para o outro. Ora, numa época em que, assim como na Idade Média, a ‘peste negra’, que destruiu milhões na Europa, não pôde ser explicada, senão nos limites epistemológicos daquele tempo, então, apressou-se em culpar os hereges – aquele que sempre será o outro ou o diferente. Assim também são os tempos atuais. Hoje, assim como no passado, as preces e as pressas se fundem cada vez mais enqu

Uma alteração no eixo do tempo

Por Gilvaldo Quinzeiro Pelo andar da carruagem, nota-se bem que uma roda perdeu seu eixo, e a viagem cujos caminhos e paisagens já eram conhecidos, revelam também a face do abismo. Neste ínterim, os passageiros começam a perceber tudo estranho, incluindo as velhas faces antes conhecidas por todos. O anunciado acima parece uma introdução de um romance de suspense. Todavia, trata-se mesmo de uma reflexão acerca das mudanças de ordem cosmológicas que ora vêm ocorrendo, ao menos na visão dos telescópios, alguns viajando pelo espaço, outros fincados aqui na Terra, e que ao nosso ver, altera todos os ‘eixos’ que sustentavam a roda do tempo. Recentemente para o assombro e deleite dos astrônomos, uma estrela foi arremessada para fora de um buraco negro, em uma velocidade absurda, e que segundo versão dos observadores, tal é a velocidade que a estrela jamais retornará. Para sorte desta estrela, que foi batizada de S5-HVS1, graças a um ‘espirro’ do buraco negro, não foi por este d

Uma nova cruzada na América Latina?

Por Gilvaldo Quinzeiro   Os povos antigos como os maias e egípcios quando desejavam compreender para além do seu ‘terreiro de casa”, olhavam para os céus no afã de decifrarem os engenhos celestes. De sorte que quaisquer alterações percebidas por estes, era um claro sinal de que também deveriam assim proceder no plano terráqueo. Ora, antes de iniciar quaisquer cruzadas, uma nova já está em pleno andamento, se faz necessário no mínimo consultar os céus – mas a questão é o que são ou onde estão os céus hoje? A clara influência do movimento evangélico, alguns de caráter fundamentalista, hoje na América Latina, é cada vez mais patente e incontestável. O que merece uma atenção e um estudo mais apurado deste fenômeno. Nas últimas campanhas presidenciais no Brasil, seja no eleitorado, que acompanhou Marina Silva, seja, na mudança de discurso dos candidatos por conta da força evangélica, incluindo o de Dilma Rousseff, foi muito sintomático. A eleição de Jair Bolsonaro, então,

Aprendendo com os estoicos a enfrentar os desafios de hoje

Por Gilvaldo Quinzeiro Nestes últimos dias, eu estive ouvindo, lendo, pensando e visitando os estoicos. Ou seja, Marcos Aurélio(121-180), Sêneca (4 –a.C – 65), Epiteto (50 – 135), os pilares do estoicismo romano – filosofia da moral e do bom viver – uma lição para a vida diária, digamos assim. Aliás, nestes tempos marcados pela brusca falta de rumo e de sentido, se alimentar da sabedoria dos estoicos é quase uma obrigação!   É como avistar um oásis em pleno deserto! Marcos Aurélio, foi um imperador romano em um momento de grave crise política e social. Escreveu para si mesmo como se fora um diário, porém, se hoje estamos falando dele aqui é na condição de filósofo, ou seja, os seus escritos ainda que na sua intimidade de lagrima e sangue, tornaram-se lições para todos e por toda uma vida. Um a lição que pode servir a um simples chefe de família ao chefe de uma nação. Sêneca, foi uma espécie de conselheiro da Nero. Mas depois, com a loucura de Nero teve que cometer sui

O peso da liberdade de Lula em a cena do próximo capítulo

Por Gilvaldo Quinzeiro Em que pese a ‘enxurrada de críticas’ que se possa fazer a Lula e a sua liberdade, não se pode negar, entretanto, a sua capacidade de articulação e liderança política.   E mais do que isso, entra em cena, um ator de peso e que poderá dar uma nova narrativa ao nosso atual momento político. Lembremos que nestes dias de prisão, um ano e alguns meses, Lula possa ter aproveitado para, entre outras coisas, se repensar e se refazer ou não. Contudo, esta é uma das expectativas: Que Lula voltou às ruas? Ou como as ruas receberão Lula? Em outras palavras, com o Lula livre começa de fato um novo capítulo do nosso trágico e cômico teatro político – uma prova-de-fogo não só para o próprio Lula; como também     para o atual governo, no sentido deste saber digerir ou não o novo cenário que ora se inicia, bem como para a nossa Democracia. O peso da liberdade de Lula é também um desafio aos pilares da nossa Democracia.   Democracia esta que nos últimos dias foi a

A Democracia: por que diabos alguns querem seu fim?

Por Gilvaldo Quinzeiro A Democracia enquanto forma de governo nunca será um ambiente ‘bom e adequado’ para quem não possua maturidade para ouvir as opiniões contrárias as suas e nem para quem não tenha o poder da argumentação, apelando, então, para o uso da força no sentido de impor a sua ‘verdade’. Ou seja, os verdadeiramente fracos temem à Democracia assim como o ‘diabo teme a cruz’!   Em Atenas, berço da Democracia, os cidadãos eram ensinados desde crianças a lidarem com o contraditório, daí a importância do estudo da retorica, entre outras. A força aqui era da persuasão, do argumento! É claro que a Democracia ateniense tinha suas limitações e defeitos como, por exemplo, a exclusão da maioria da população da vida política. Entretanto, não podemos deixar de reconhecer o grande salto dado pelos atenienses em comparação as outras formas de governo. Em outras palavras, se ruim com Democracia, pior sem ela! Principalmente para os menos favorecidos, que é exatamente a m

No país das hienas e dos leões, as nossas semelhanças com os insetos

Por Gilvaldo Quinzeiro No país infestado pelas “hienas, pelos ratos, pelas serpentes e pelos escorpiões”, o que a cada dia     nos deixa de queixos caídos, como não poderia deixar de ser, é o ímpeto intempestivo do ‘rei da selva’, porém, consideração e respeito pela natureza por parte deste, nem na China! Enquanto isso, agrava-se a situação das praias no litoral nordestino com o vazamento do óleo. Situação esta que poderia, se não evitada, mas minorada, caso o Governo Federal que, como sempre, ao invés de tomar medidas urgentes para solucionar o problema – apressou-se apenas em apontar os culpados! Os relatórios apontam que o governo só começou agir 41 dias depois do ocorrido, e que ainda assim com falha na comunicação entre as pastas, que deveriam estar aptas para agirem em situações como estas.   Negligencia e erro atrás do outro! Em uma visita a uma praia afetada pelo vazamento de óleo, o Ministro do Turismo, Marcelo Álvaro, apenas ‘passeou’ os pés na água para em s

As bolhas, as sombras e as colisões. Um furo na realidade?

Por Gilvaldo Quinzeiro Nestes tempos de apego as’ sombras e as bolhas’, os homens, não poderiam ser outra coisa, senão seus espantalhos. Isso não significa dizer, entretanto, que os tempos sejam de risos, ao contrário, os tempos atuais são de muito choro – de muito choro por nada! As sombras e as bolhas substituem o que antes tínhamos como fatos; como o real.   É como se estivéssemos recuados à alegoria da caverna de Platão, se é que dela saímos algum dia. Continuamos presos sim, a esta caverna, aliás, temos hoje os olhos cegos e secos por ela... Se é verdade que aquilo que percebemos como realidade, não passa de reflexo das nossas projeções, então, a figura que vemos como real é de fato espalhafatosa, e mais do que isso: devoradora! Em outras palavras, o bicho que corre atrás de nós somos nós mesmos – ainda bem? Concomitante a tudo o que foi exposto acima, os novos e potentes telescópios registram as mais avassaladoras colisões entre galáxias.   E mais: buracos n

As tensões sociais na América do Sul: de quem será o amanhã?

Por Gilvaldo Quinzeiro “Deus salve a América do Sul”! Como se diz por aqui o pau está quebrando no Chile, Equador e Bolívia. Na Venezuela nem se fala. Uma onda de tsunami social sacode o nosso continente. O que afinal está em jogo?   O que de fato está acontecendo? Que forças são estas? No Chile, milhares de pessoas estão indo as ruas das principais cidades protestarem contra as medidas conservadoras do presidente Sebastián Piñera , e que vêm sendo reprimidos violentamente pelas forças policias, onde já foi decretado estado de emergência, e até agora foram registrados 18 mortos, entre estes, uma criança de 4 anos de idade. O que esta situação no Chile tem a nos ensinar? Na visão de alguns analistas, o que hoje vemos acontecer no Chile poderá se repetir ‘amanhã’ no Brasil. O Brasil que acaba de aprovar no dia de hoje no Senado a polêmica reforma da previdência que, segundo algumas opiniões tem inspiração na reforma chilena. Estamos caminhando para a mesmas condições? N

Uma breve leitura sobre o ‘fim do mundo’.

.   Por Gilvaldo Quinzeiro A cada novo fato revelado, seja noticiando as falas ou atitudes dos nossos políticos, seja os anúncios das novas descobertas pelos cientistas, seja assuntos relacionados aos nossos religiosos ou religiões, mais nos perguntamos acerca de que tempo é este? No domingo, 20, a TV Globo exibiu no Fantástico, a denúncia de vários familiares e ex-integrantes, contra os Arautos do Evangelho, uma corrente ultraconservadora da igreja católica, fundada em 1999 pelo Monsenhor João Clá Dias. Nas denúncias foram citadas situações de humilhações, torturas, assédios e estupros. Os Arautos do Evangelho, que já sofrem uma intervenção do Vaticano, conforme já escrevemos aqui, são acusados também de separarem os seus integrantes dos seus familiares, o que cria um conflito entre estes e os pais. Há relatos também de mortes ainda não devidamente esclarecidas entre os seus participantes. A situação nos faz lembrar os tempos medievais, onde fatos desta natureza eram

O prelúdio de uma metafísica política: uma reflexão sobre o momento atual

Por Gilvaldo Quinzeiro O problema daqueles que decidem afobadamente a combater o mal, o que pode levar uma cruzada, em que pese a sua justa intenção, a provar do seu próprio veneno, consiste em não conhecer as leis da alquimia, as mesmas leis que transformam a água em vinho. Isto é, tudo em algum lugar brota da mesma fonte, a diferença reside às vezes no vaso ou da limitação e fixação perceptiva em uma determinada coisa. Para estas leis, entretanto, não importa o luxo das nossas roupas, nem a voz adocicada em nossas palavras, ou do clamor das nossas orações, pois haverá sempre uma sujeira por trás das nossas boas intenções! Portanto, a lâmina de uma espada, que decepa a cabeça de 100 ou de milhares, em nome do bem, não poderá pensar por si mesma o porquê do     sangue de tanto mal, que lhe ensopa. É aqui que a roda da engenheira universal, a mesma que para onde quer que olhemos está a nos esmagar, tritura sem dó todo e quaisquer edifícios humanos –daqueles tão bem ergui

Os ratos da desconfiança

Por Gilvaldo Quinzeiro Quem nunca bebeu e compartilhou a água na boca da mesma cabaça, não poderá compreender que a demanda cada vez maior por descartáveis, é, também, o registro da    pior de todas secas: a da falta de confiança! A desconfiança é, portanto, um dos males mais contagioso do nosso tempo.   Um mal, que nos blinda aos afetos, e que nos abre talhos e atalhos. Eis no que concretamente nos tornamos: ratos desconfiados a olhar para os lados, enquanto fingem comer o queijo!   Contudo, o pior é a constatação de que o bicho que corre atrás de nós, não é outro, senão     nós mesmos!

Natureza, ideologia e teorias conspiratórias: quem dominará quem?

Por Gilvaldo Quinzeiro Palavras como “eco genocídio”, “eco homicídio” e outras que tais, ganham cada vez mais sentido e ocupam os discursos políticos e religiosos.   Não é à toa que o Sínodo ora realizado no vaticano, de 6 a 27 de outubro, aborda como um dos temas centrais à Amazônia. A Amazônia não tem despertado o interesse do mundo só pelos seus recursos naturais; ou por ser considerada o pulmão do mundo.   Há também uma guerra não declarada entre religiões pela “posse da alma” dos povos nativos – uma espécie de quem lá chegar primeiro ganha mais almas! Há, portanto, uma batalha política e ideológica sendo travada pelo domínio das questões ambientais. De um lado, os ambiciosos interesses econômicos, que veem os recursos naturais como uma moeda, uma ferramenta lucrativa, sem levar em conta os danos à flora e fauna; do outro, os preservacionistas ou ativistas ambientais, que defendem uma economia sustentável em respeito aos povos nativos. Estudos apontam que os recu

Lições de um diário. Caras e bocas de uma senhora solidão!

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Por Gilvaldo Quinzeiro Solidão: extraído de um diário de uma adolescente Ao folhear o diário de uma garota de 15 anos, sim,   algumas garotas ainda escrevem seus diários, depois de percorrer algumas páginas em puro sangue e pedaços de vidros; outras em que enaltecia a escuridão e até o mesmo o registro   da   presença de ‘algo’, como autora se referia em algumas passagens – deparei-me com esta figura abaixo, uma espécie de autorretrato – alguém que está simplesmente se despedaçando, orelhas e dentes caindo; já sem pernas e braços ,   o tronco amarrado como   último esforço de não perder as partes do corpo restantes,   e com uma espécie de legenda escrita à mão descrevendo o status da tal figura. O tal diário referido acima era uma espécie de “manual de suicídio”.   Porém, mais do que isso, trata-se de uma fiel     descrição dos labirintos infernais em que muitos adolescentes se sentem jogados! Culpa dos pais? Culpa da sociedade? Culpa deles mesmos? Eis a questão!

As descobertas em Marte. A quarta ferida narcísica. E se? ...

Por Gilvaldo Quinzeiro E se o umbigo do umbigo do nosso antropomorfismo estiver enterrado em Marte? E se? ... Bem, desde que o Diretor da Divisão de Ciência Planetária da NASA, Jim Green, falou numa entrevista concedida ao The Telegraph, dando conta de que dentro de 2 anos a humanidade poderá ter a confirmação da existência de vida em Marte, mas que nós não estamos preparados para receber tal revelação que as redes sociais se transformaram num burburinho só. Por que não estamos preparados? O que há de tão chocante em tal descoberta? No que isso poderá nos afetar. Green comparou o anúncio da confirmação de vida em Marte, a mudança de paradigma que ocorreu na Idade Moderna com a passagem do geocentrismo para o heliocentrismo efetuado pela revolução copernicana. Antes se acreditava que Terra fosse o centro, e que tudo girava em torno do nosso planeta – Ai veio Nicolau Copérnico (1473 -1543) afirmando que o centro era o sol – o que é  considerada a primeira ferida na

O sínodo da Amazônia e um novo cisma na igreja?

Por Gilvaldo Quinzeiro Na missa de abertura do Sínodo dos Bispos sobre a Amazônia, que começa hoje, 6, e vai até o dia 27, no Vaticano, o Papa Francisco usou por diversas vezes o fogo como metáfora, entre estas, o sumo pontífice disse que Amazônia precisa do “fogo do amor, e não do fogo ateado por interesses”. O Sínodo da Amazônia anunciada desde 2017, e que reuni cerca de 184 padres sinodais, destes, 58 brasileiros, irá discutir entre outras questões, temas ambientais e sociais – pauta esta que vem despertando muitas críticas, dentro e fora da igreja.   O governo brasileiro, que vem recebendo muita pressão por parte da comunidade internacional no tocante as queimadas, se ver acuado, e     acompanha o Sínodo com muita preocupação. Para alguns vaticanistas, o Sínodo dos Bispos sobre Amazônia é uma prova de fogo não só para o papado de Francisco, mas     para a unidade Igreja Católica que, nos últimos tempos vem sofrendo fraturas, e que poderão se aprofundar ainda mais p

O naufrágio da nossa sanidade: a loucura se tornou a realidade?

Por Gilvaldo Quinzeiro Desde o dia 13 de janeiro de 2012, com naufrágio do navio Costa Concordia ocorrido na costa da Toscana, Itália, e que provocou a morte de 32 pessoas, fato este que também ficou marcado pelo capitão Francesco Schettino ter sido o primeiro a abandonar o barco, antes mesmo de prestar socorro aos passageiros, eu venho observando uma sequência de fatos, que aponta para o despreparo emocional das nossas autoridades; sejam elas políticas, jurídicas, eclesiásticas, médicas, etc. Tais sequências de fatos, vão desde declarações desastrosas à atitudes comportamentais, que põem em risco a segurança e a vida das pessoas. Em outras palavras, tudo indica que há uma alteração radical no comportamento das pessoa, e que aponta para o adoecimento da atual sociedade.   Situação está, para a qual, eu venho chamando atenção há algum tempo. Casos de erros médicos; falhas na abordagem policial são registrados diariamente. Tudo isso provocado pela carga excessiva de tensão

O fantasma, a fenomenologia, o discurso do Presidente e as outras coisas que nos assombram!

Por Gilvaldo Quinzeiro Não é que “Deus esteja morto”, mas a seca de homens sepulta o que também se antropomorfiza. E nestas condições todo espelho ressuscita o que os demônios têm também de nós mesmos! Aliás, nunca os demônios se trajaram e se comportaram tão bem quanto nos atuais tempos. A Fenomenologia, em especial, Edmund Husserl (1859 - 1938) tenta estudar a relação entre o sujeito e o objeto, mais precisamente no sentido de dá   a coisa, o que da coisa há, ao mesmo tempo em se esforça para descoisificar o sujeito. Ou seja, estuda a relação dos fenômenos com a consciência.   E agora levando para um terreno do fantasmagórico, quiçá, psicanalítico, não há como humanamente falando ir ao inferno sem nele se transformar. As vezes a boneca se transforma em sua dona e vice-versa. Em outras palavras, não se assuste, caro leitor, em que pese aquilo que estilhaça o espelho, é também a nossa face! O discurso do Presidente Jair Bolsonaro, na abertura da Assembleia Geral