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Mostrando postagens de março, 2019

A realidade, a dor e as nossas reações

Por Gilvaldo Quinzeiro A insuportável dor de não poder suportar dor alguma: será esta uma síndrome que acomete as novas gerações? Caso a resposta seja afirmativa, então o que mudou – a realidade, que supostamente se tornou mais dura ou o sujeito se tornou visivelmente mais quebradiço? As questões acima nos servirão de motivos para escrever este texto. Sabemos o quanto será espinhoso o nosso esforço, contudo, vamos fazer esta tarefa ainda que, como diria um sábio amigo meu, com uma “escrita obtusa e tortuosa” – é este o nosso estilo. Nos últimos tempos, eu tenho feito da minha escuta aos jovens, uma espécie de termômetro ou indicador no que tange à medição da temperatura das condições psicossociais da nossa sociedade.   Faço isso da mesma forma que os caboclos observavam os comportamentos dos animais, insetos ou plantas na intenção de detectar, por exemplo, alterações meteorológicas, como ocorrência de chuvas ou estiagem. Eu tenho me utilizado nesta escuta dos relatos

Carta ao meu amigo Newton

Por Gilvaldo Quinzeiro Pois é meu velho amigo, Isaac Newton! Pensando bem você teve muita sorte: poderia ter sido outra coisa caindo sobre sua cabeça! – mas foi só uma maçã! Caro amigo, nos últimos dias fiquei a pensar se já não estamos vivendo nos ‘polos invertidos da terra’ ou se já não estamos em queda livre pelo espaço sideral! O que mudou, amigo: o sopro dos ventos ou mapa do mundo? No último dia 15 de março o ciclone Idai arrasou vários países do sudeste da África como Moçambique, Zimbabué e Malawi – mais 700 pessoas foram mortas e mais de 1 milhão desabrigadas.   Coisa que antes eu nunca tinha ouvido falar que acontecesse naquela região! Ajuda humanitária? Até agora nada!   – só vagas mensagens pelo WhatsApp!         E mais, amigo: uma alerta lançada pela Marinha do Brasil para ocorrência de um ciclone neste final de semana na Bahia e Santa Catarina! Mas tudo bem!   As coisas por aqui vão indo com seus fios dentais! E pensar que   você era um cara

Uma mensagem aos náufragos

Por Gilvaldo Quinzeiro Esteja em você quando as ondas do mar tragarem seu barco. Nada é maior do que aquilo que pode brotar em você na condição de você ser você mesmo. Não se esqueça, pois, que enquanto natureza você também é o mar. E o mar não pode tragar a si mesmo senão quando nas asas da sua imaginação.   Crie janelas, portas e asas. E confie no vento que você soprou de si mesmo no afã de elevar-se de todas as privações! Nada lhe fará cair, senão a sua outra mão por você esquecida! Esteja inteiro dia e noite e noite e dia!

E aí seus meninos, com que mão se lava a outra? Uma incômoda reflexão acerca do mundo em que vivem as nossas crianças!

Por Gilvaldo Quinzeiro Atiçar o fogo, coisa simples que muitos meninos aprendiam desde cedo a fazer   na roça, ou na beira de um   fogão de lenha com muita algazarra, diga-se; hoje, poucos meninos fariam isso sem que não viessem a se tornar com muito mau humor,   “em pau de coivara”,   ou seja, na própria madeira   a ser queimada! Que coisa assustadora isso, não? Pois é, esta é natureza dos tempos: a complexa ‘trempe’ dos nossos dias, onde uma mão frita a outra por não se saber a que pertence(?).     Em outras palavras, falta a muitos garotos de hoje, como aqueles que provocaram o atentado na escola na cidade de Suzano, na semana passada (hoje faz exatamente 8 dias) ou como tantos outros, que estão na fila aguardando só uma oportunidade para repetir a mesma ação criminosa -, a ‘peneira filtradora’ entre ficção e realidade;   o claro discernimento   entre o consigo mesmo e a alteridade. Pobres garotos ou pobre sociedade sem os devidos contornos da realidade? Para e

Em pedra, meu sapo, tudo é mais duradouro!

Por Gilvaldo Quinzeiro Naquilo em que há crise de significado, não há também como se servir de exemplo. Por tabela, também não há profundidade: todos se afogam no raso! Por isso, o barulho que ora nos inundam os ouvidos vêm dos sapos – a festa é toda deles! Oh! Que tempo é este onde os homens falam tanto em vida eterna, e não conseguem dar aos seus filhos, uma atenção de um dia? Mais fizeram os faraós ao passarem uma vida esculpindo em pedra o que hoje equivale ao espírito?

Olhares e reflexões sobre os últimos atentados: uma breve contribuição!

Por Gilvaldo Quinzeiro O caso do atentado numa escola em Suzano, São Paulo, precisa ser estudado com muita atenção por toda a sociedade. Aos menos perguntas chaves precisam ser feitas. Quanto as respostas, estas não precisam ser precipitadas. O caso requer múltiplos olhares, se possível, filosófico. Pois bem, tocado pelo impacto dos acontecimentos, e com a intenção de contribuir com a reflexão que o caso suscita, escrevo o texto abaixo.   O ódio é a nossa face oculta. Oculta no sentido de dizer que nós não a aceitamos como sendo a nossa. De modo que, a condição com que a contemplamos nos poupando do ‘despedaçamento’, não há outra, senão elegendo o espelho como nosso inimigo.   Este espelho, entretanto, é sempre o outro. E este outro pode ser o nosso vizinho; o colega da escola; o professor; o pai ou a mãe; um simples transeunte; o porteiro do prédio – ou quem tiver a má sorte de aparecer em nossa frente! Na escola em Suzano, São Paulo, na última quarta-feira, as

A bolha ilusória furada?

Por Gilvaldo Quinzeiro A bolha ilusória. Eis o que nos faz ao mesmo tempo que inflamos (o peito, a língua, o orgulho, a arrogância, o ódio), prender a respiração, senão a tênue espessura da bolha em que habitamos. O dito aqui nos leva a refletir acerca da espessura, das bordas, dos elementos e dos contornos, que constituem a nossa Realidade. Ora, se esta Realidade se assemelha a uma ‘bolha ilusória’, já não basta ser uma bolha, então, isso implica no mínimo que, nestas condições, não devemos subestimar nada, inclusive um ‘espirro’, um pequeno gesto que seja. Do contrário, estaremos contribuindo para a explosão da bolha. Imagine agora em tal Realidade cuja fragilidade não é só aparente (é concreta mesma!), os que se consideram ‘donos da situação’ falar no uso da força; do pisar das botas para, assim, tocar o rumo das coisas para frente! Que Realidade suportaria isso? Pois bem, o balão de ensaio do ator Zé de Abreu se autoproclamando Presidente do Brasil, em provoc

De um simples filho da mãe: parabéns mulheres!

De um simples filho da mãe: parabéns mulheres! Por Gilvaldo Quinzeiro Uma ‘crise civilizatória’ como a que atualmente estamos passando sem, no entanto, enfrentá-la, é também uma crise que esparra na não compreensão da alma da mulher, esta que é o arquétipo de quaisquer ideias de paraíso. Em outras palavras, a mulher é o nosso X da questão, a esfinge a ser desvendada sob pena de,   a sua não decifração, resultar em sérios danos para os alicerces civilizatórios. É esta mulher emancipada ou empoderada, que coloca em xeque a condição confortável dos machistas, estes que, se sentindo acuados, recorre aquilo que há de mais bárbaro em nossos dias, a violência! O feminicídio é, portanto, o esmagamento e o esgotamento da nossa ‘solução’ para as crises, quaisquer que sejam estas. Por isso, os limites e a superação do atual quadro em que nos encontramos, passa necessariamente pelo desvendamento da alma da mulher, e mais do que isso, precisamos também nos ‘apropriar’ da es

O espelho nosso de cada dia

O espelho nosso de cada dia Por Gilvaldo Quinzeiro Meus irmãos, nós estamos diante de nós mesmos, seja de pé com as árvores, seja de quatro com os bois; seja de joelho   com os fiéis, seja de cócoras com os sapos! Por enquanto, como diria Protágoras, “o homem é a medida de todas as coisas”!   Não se assuste, pois, com o espelho, senão quando este nada mais refletir! Por falar em espelho, quem se viu como Jesus ou como o diabo no carnaval dos Gaviões da Fiel? Ora, meus irmãos, a verdadeira luta entre o Bem e o Mal, em que medida pesa para o nosso lado?   – nós que com todo o nosso santo esforço não conseguimos evitar nem que uma das nossas mãos se torne ‘inimiga’ da outra! Por fim, o ato de ver nos cria, mas somente o ato de pensar nos torna capazes de nos reconhecer no espelho a despeito dos outros que também somos! Boa quarta-feira de cinzas a todos!

Um olhar sobre a poética?

Um olhar sobre a poética? Por Gilvaldo Quinzeiro Mais do que viver como peixe, para o qual, a água é o óbvio, e por isso é fisgado por tudo que lhe é aquoso, precisamos estender o nosso olhar   para além daquilo que é ‘pescado’, isto é, fazer também   da solidez e vaporização das coisas o nosso habitat – é aqui que toda bolha se faz inquilina da imprevisibilidade! Juntar as ‘trempes’, e não festejar os incêndios, eis o que, ainda que espalhafatoso, seria versar sobre a poética? Aliás, meu peixe, em tempos puídos, onde os remendos não escondem o que mais nos abunda - de que linhas e tecidos se costurará a     Poesia?

A ‘territoriedade’ do corpo, como reflexo da disputa ideológica no carnaval.

Por Gilvaldo Quinzeiro Que a insensatez da luta ideológica chega ao ápice,   na sua versão patológica,   aponto de respingar os seus espirros em     velórios,   como no caso   de Arthur,   neto do ex-presidente Lula, onde os seus opositores “festejaram” a morte de um garoto de   7 anos – apenas por ser um parente de Lula – isso é infelizmente um retrato do delicado momento em que vivemos. Como é tenho dito parafraseando o grande mestre Freud, “perdemos o controle dos esfíncteres. Agora tudo é merda”! Mas, e quanto ao carnaval é possível encontrar traços deste quadro?   Bem, com este intuito saímos às ruas ontem, e eis que para nossa surpresa, comprovamos o que  tem sido uma tônica do carnaval em todo o Brasil, a saber, ‘territoriedade’ do corpo. Pois bem, quem saiu apenas para ver os foliões com suas fantasias; a irreverência típica das festas momescas, nestes primeiros dias de carnaval, em especial, ontem no “Canto Folia”, em Caxias, surpreendeu-se ao ver   também

Mutações antropomórficas?

Por Gilvaldo Quinzeiro Em tempo onde o ódio é escama da nossa pele, veste cintilante dos nobres e plebeus, não há como não se sentir em carne viva, logo, nestas condições, a mecânica em que opera os opostos, “o bem e o mal” alterou-se, e a distinção entre ambos, tornou-se imperceptível. Aliás, diga-se de passagem, que o nunca o ‘bem’, que de tanto Mal se alimentou, portou-se tão Bem para o mal de todos! Tal é a complexidade não só da operacionalidade das coisas, como também no campo perceptivo que, se clamarmos pelo grande Arquimedes, ele, de pronto se queixaria da mesma ‘falta do ponto de apoio’, quiçá dispensaria até a alavanca, pois, o uso da mesma não lhe seria eficaz.   Isaac Newton, este, mas feliz pela precisão das suas leis, diria com toda convicção: “tudo hoje de fato cai por terra, e assim se cumpre a lei da gravidade”! E a Terra? Esta que espera pelo retorno dos Messias, seja o dos cristãos, seja o dos judeus ou de outras constelações religiosas – por que de