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Mostrando postagens de junho, 2019

O buraco é nos discursos!

Por Gilvaldo Quinzeiro Se depender do anúncio das novas descobertas, que dão conta da presença de água em vários corpos celestes   tanto distantes, quanto nas cercanias do nosso sistema solar, como Encélado, uma das 60 luas de Saturno – estamos diante de   um claro sinal de que precisamos no mínimo mudar a nossa narrativa a respeito das   coisas sob pena de cairmos no esvaziamento não só dos nossos discursos, como também da   nossa alma. Aliás, o que é alma senão a tentativa da construção de uma narrativa acerca do inefável: na ausência desta ou quando esta não se presta mais a nada, então, eis que assim, nos é apresentado o buraco, o fundo do poço! Este é um dos sintomas do discurso contemporâneo: o desabamento de todas as encostas! Afirmar que a vida se limita a este pequeno planeta chamado Terra, ao mesmo tempo em que a despejamos pela janela -, é não se dá conta de tantas evidências dizendo o contrário! É possível que haja inúmeras janelas pelos quais podemos nos ver

Amém?

Por Gilvaldo Quinzeiro Quanto mais os homens esticam suas marchas,     apressam-se   nas   preces e inflam-se   em   fé,     mais eu me convenço de que o velho Protágoras de Abdera tinha toda a razão em dizer:   “ o homem é a medida de todas as coisas; daquelas que são por aquilo que são e daquelas que não são por aquilo que não são. ” Não será exatamente pela falta de homens que não sabemos hoje mensurar a quantidade gravetos a se autoproclamarem santos?

Picasso!

Por Gilvaldo Quinzeiro Os rios secam, e se tornam rastros em caminhos de poeiras. As mãos enchem-se de vãos e crateras. Os cabelos perdem suas raízes. Os meninos substituem a descoberta profana do corpo por sagrados celulares comprados em sacrifícios no lugar do arroz e feijão. O que são as aranhas sem suas teias? Quantas abelhas órfãs de flores! Ah quantas rosas artificiais a se arderem nas mãos de brutas meninas! O homem preso em suas latas de sardinhas, nada mais antropomorfiza – fim de linha para os meninos, que já não tecem os céus com suas pipas! Índios ocos abandonam suas ocas: uma mãe de queixo caído pelas novas coisas do mundo, trepa o dedo no WhatsApp implorando ao filho que vá ao igarapé pescar calambanjos! Que silêncio profundo! Há tantos pajés vestidos numa calça jeans, deixando-se furtar da ideia de que o mundo já não lhe cabe mais com a bunda de fora! Que sono profundo! Estamos sendo visitados neste exato instante por um enxame de meteoro! O

E aí meu cão, pensando pela minha cabeça?

Por Gilvaldo Quinzeiro Cada vez mais eu ouço, entendo, aprendo e me torno mais amigo do meu cachorro. Sabe por quê? Porque ele permanece cachorro! O mesmo, eu não posso afirmar com tanta certeza em relação aos meus outros amigos – os homens! Por que será que em muitos mitos, como o da origem da cidade de Roma, duas crianças são alimentadas por loba? Por que será que algumas religiões antigas, como a egípcia, seus deuses tinham a forma de animais? Por que será que no meio do Jardim do Éden passeava à espreita uma serpente? Será isso mera coincidência? Eu acredito que não! A este respeito, eu conversava ontem com uma amiga quando ela me pedia para analisar um vídeo, que tinha uma cena entre uma mãe e seu filho de aproximadamente 5 anos. Mas não vou aqui entrar em detalhes sobre o vídeo. Pois bem, se olharmos atentamente a nossa realidade, e nos darmos conta que os homens estão simplesmente se desmanchando, perdendo os   seus traços humanos, e por conseguinte, também es

Uma breve reflexão sob a ótica freudiana acerca dos nossos dias

Por Gilvaldo Quinzeiro O Brasil vive hoje diante de seu grande espelho. A internet com suas redes socias é o que atrai e trai ao mesmo tempo o eclipsado sujeito.   Todos nós nos tornamos praticante de voyeurismo – o prazer de ver o outro nu ou numa cena de intimidade sem, contudo, ser visto. Tudo feito às escondidas!       Sigmund Freud (1856-1939)     veria isso como uma confirmação das suas teses! Neste sentido, as identidades são colocadas à prova.   Muitos ganharam e perderam rostos. Outros se despiram para nunca mais sentir vergonha. Quem somos nós afinal? Quem se reconhece enquanto tal? Ora, se é verdade que estamos diante de algo da ordem do especular, isso implica dizer duas coisas: primeiro que estamos diante de nós mesmos -, sim, por mais vil e abjeto que sejam as coisas, que nos provocam asco – estamos diante de nós mesmos!     Segundo, estamos diante da dimensão do fantasmagórico.   É este último, que é a junção do primeiro que torna o quadro mais complicado:

O Brasil em suas dores de parto

Por Gilvaldo Quinzeiro Como tenho falado reiteradas vezes, vivemos secas de homens. E como se não bastasse, hoje, acrescento: atingimos o pior dos estágios - o de sentarmos sobre a própria merda! Quem quer que se mexa, mesmo tendo as melhores das intenções, não tem como não sai fedendo.     Infelizmente é esta nossa atual condição. Um dos sintomas desse momento é exatamente a falta de discernimento. Como se diria em um velho ditado, “ninguém sabe mais pra onde fica a ponta do seu nariz” – ainda bem?. Nestas condições, cada um acha a sua M, melhor do que a do outro. Veja que situação chegamos! O Brasil vive tempos obscuros. Algo só comparado aos tempos medievais. Há muitas cruzadas, e poucos cavalheiros. Há muitas catedrais, e pouquíssima espiritualidade.   Há uma luta travada pelo monopólio da fé. O nome de Jesus é invocado a todo momento com as mesmas intenções de quem pede uma Coca-Cola. Enfim, vivemos uma época marcada pelo colapso do bom senso e da temperança!   O