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Mostrando postagens de dezembro, 2019

O sagrado, o humano e o barro civilizatório

Por Gilvaldo Quinzeiro Se os ‘pilares civilizatórios’ não estão ruindo, incluindo os de cunhos ideológicos e religiosos, eu acredito que sim, a respeito disso eu venho tratando em diversos textos, vídeos e palestras, mas certamente não há nada em pé, que não esteja lutando desesperadamente pela própria sobrevivência – é que as engrenagens dos engenhos do tempo são de fato implicáveis – foram assim com todas instituições humanas, seja as egípcias, seja as romanas. As nossas, então, forjadas num contexto de tanta volatilidade, o que delas de fato ainda existem? O dito acima soa contraditório, pois, o que assistimos é exatamente o acirramento da luta no campo ideológico, uma espécie de ressurgimento de uma nova guerra fria... De fato, isso é verdadeiro. Todavia, o contexto, ‘o barro’ do qual é feito este acirramento carece uma análise mais apurada, pois as águas, que umedece este ‘barro’ não são mais as mesmas. O que nos coloca de volta à velha peleja entre Heráclito e Parmê

O Natal, as cavernas dos nossos dias e os novos céus

Por Gilvaldo Quinzeiro Há por parte de nós, seres humanos, independentemente da época, um apego     as alegorias e as aparências das coisas, das quais nos tornamos facilmente escravos. Mesmo as nossas conclusões acerca do Bem e do Mal, que, diga-se de passagem são sempre apressadas, ainda que nos seja necessário uma cirúrgica descrição a respeito de ambos, não passamos das suas tênues aparências. Ou seja, continuamos a patinar na superficialidade das coisas, julgando-as como se fossem verdadeiras. Há templos e impérios sendo construídos em cima disso.   Há Guerras e outros tipos de extinções em massas sendo planejados em cima daquilo que chamamos de ilusórios.     Enfim, o dito aqui nos remete logo de cara aos ensinamentos de Platão (427-347 a.C), especialmente ao seu “mito da caverna”. Afinal, como negar que apesar de todo o avanço das ciências e das tecnologias, que nos colocam em solo de outros planetas, não estamos presos ao imagético criado a partir das novas descoberta

O jogo da vida

Por Gilvaldo Quinzeiro “Bola está dominada nos pés de Tostão, que passou para Gerson, este rapidamente deixou a pelota com Pelé, que driblou um, driblou dois, bateu rasteiro e é gol”! No jogo da vida, onde toda bola ganha é em seguida perdida, o melhor drible é não se prender    a nada.   Não que o nada seja de fato o nada, mas é que tudo nos exige a liberdade da atenção. Há uma paisagem imensa e variada para além de cada lance disputado; é para além disso que o jogo fica de fato decisivo, não importando se a maior das torcidas é contra ou a favor. No final, no ‘apagar das luzes’ como diriam os velhos e saudosos narradores esportivos, o que se conquista mesmo é o aprendizado – o que seria merecidamente melhor, senão a aprendizagem? No jogo da vida, o placar de “7 a 1” é lições. Aprender com as derrotas ou vitórias significa se posicionar bem em todas as jogadas...     No jogo da vida é impossível não “pisar na bola”. Logo esta que é visivelmente pequena quando compar

Os ventos das conversas e o nosso cavalo

Por Gilvaldo Quinzeiro Não é que a vida seja tão difícil como adquirimos por hábito    pensar, ocorre que na maioria das vezes desistimos facilmente ao sofrer a primeira ‘topada’. Trata-se pois, da perda de uma simples unha – ao longa da vida perderemos tantas -, porém, se persistirmos em frente ganharemos não só outras novas, mas sobretudo teremos conquistado o direito de ter ascendidos a outras condições de vidas. Não é que o mundo todo seja contra nós como facilmente falamos ao nos depararmos com a primeira derrota, mas é que que fixamos demais os ouvidos em conversas que em nada vão acelerar os nossos passos, pelo contrário, se lhe damos ouvidos é porque já paramos, e quando reiniciamos a caminhada, já não temos a mesma força e os objetivos dos momentos iniciais. Não dependa das suas ‘tatuagens’ para se sentir seguro!   Ao longo da vida teremos feito a mais assombrosa de todas as descobertas: somos nós que nos empurramos para a sepultura! Portanto, adie o quanto pu

Em tempos rápidos, um duro e demorado trabalho de parto

Por Gilvaldo Quinzeiro Que já perdemos a diferença entre o ‘bem e o mal’, isso é indiscutível, basta ouvir os discursos inflamados, e em   quase carne viva das nossas autoridades religiosas. É bom que se diga, entretanto, que este fato não se restringe às autoridades eclesiásticas, se estendendo também a todas aquelas outras     que, diante dos primeiros ‘sacolejos epistemológicos’ ou conceituais, não só perderam a compostura, mas sobretudo o rumo das coisas! Não estou dizendo isso para que fujam dos templos, dos fóruns, das academias, dos gabinetes e catedrais, todavia, não há como negar que alguma coisa está fora do lugar! O caso recente de um aluno da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia(UFRB), que se recusou a receber uma prova das mãos de uma professora por esta ser negra, é o começo do nosso mergulho na total escuridão.   E não se trata de um episódio isolado, mas se soma a tantos outros que vêm ocorrendo diariamente! Se a moda pega, e pode pegar, assistiremos p

O feio e o nada

Por Gilvaldo Quinzeiro O feio e o nada, eis o tijolo e o cimento com o qual erigimos as feições dos nossos dias! As feições dos nossos dias  hoje cicatrizadas e anoitecidas pela contemplação das barbáries! Mas o que é o feio? O feio é, por exemplo, o ódio que nos alimenta todos os dias, enquanto sangramos pela boca de fome afetiva! O feio é, por exemplo, a indústria do preconceito, do racismo e da intolerância a ganhar proporções cada vez mais gigantesca, enquanto nos sentirmos orgulhosamente a despeito de tudo isso, cidadãos do bem! Mas o que é o nada? O nada é, por exemplo, tudo aquilo que ódio alavanca! E o que temos alavancado? – as mãos sujas pelo gesto de repulsa em relação ao outro.   O nada é a exposição dos intestinos, quando, pelo ódio, já perdemos a cabeça. Por fim, o que melhor representaria o feio e o nada, senão a nossa política.   De fato, não há como não sentir asco; não há como não tampar a boca e o nariz diante das condições políticas vigentes.