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Mostrando postagens de abril, 2020

"E daí"?

Por Gilvaldo Quinzeiro Se o Brasil ainda no início     da maior crise que o mundo contemporâneo está enfrentando, a pandemia do Covid-19, que já ultrapassa mais de 3 milhões de contaminados e mais 200 mil mortos, vacilava entre os que veementemente negavam o perigo do vírus,   que foi batizada de “gripezinha” pelo Presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o que de certa forma levou os seus seguidores a boicotarem as normas adotadas pelos governadores dos Estados, no   esforço destes em amenizarem   o efeito da pandemia,   hoje com 5. O17 mortos, ultrapassando a China, o Brasil agora se ver diante dos piores cenários, que é o de saber onde e como enterrar seus mortos, pois, já não há cemitérios ou serviços funerários para atender o número de mortos, a exemplo do que vem ocorrendo em Manaus e em São Paulo.   Ou seja, enquanto as autoridades batiam cabeça uma com as outras; o Presidente da República incentivando manifestações que pregam o retorno imediata ao trabalho ou demitindo o

AI-5 ou ai dentro: uma análise sobre o complexo de castração e outras coisas do Brasil atual

Por Gilvaldo Quinzeiro Uma breve leitura do nosso tempo e do nosso cotidiano à brasileira com um viés psicanalítico (por que não?), especificamente focando no comportamento daqueles que apaixonadamente defende o uso das armas ou intervenção militar como solução para tudo. Para tudo o quê? O que é o tudo?     Por trás daqueles grupos de manifestantes, como os que foram ontem, domingo, 19, ao Quartel-General do Exército pedir entre outras coisas, a volta AI-5, a intervenção militar, etc., os mesmos que se “excitam” ao tocar uma arma (dorme com arma, sonhar com arma, flerta com uniformes...), há sim, um certo complexo de castração, isto é, uma angústia, um receio de que “aquilo” ou é muito pequeno, desajeitado ou este estranhamente não existe ou perde a sua função quando comparado com a de outrem. Por isso, um dos seus sintomas, a perversão, o sádico-masoquismo, o gosto pelo estraçalhar do outro – o Outro que lhe é uma assombra perturbadora – uma ameaça constante ao seu gozo! S

Bolsonaro em tese e em tosse: o Brasil está em perigo!

Por Gilvaldo Quinzeiro Na sua manifestação pública de ontem, domingo, 19, em frente ao Quartel-general do Exército em Brasília em um ato onde centenas de bolsonaristas faziam defesa da intervenção militar, o Presidente Jair Bolsonaro demonstrou claramente 3 coisas. Primeiro, que está visivelmente abatido, tossia muito enquanto discursava; segundo que, caso este abatimento visível seja em razão do Covid-19, ele cometeu um crime contra a saúde pública, o que não é de hoje, pois este comportamento tem sido recorrente; terceiro, ao aderir   a manifestação, ele se revela não está altura de um líder político que, no âmbito democrático, que é o nosso caso, tem que saber governar no meio das contradições e das divergências políticas, agindo pois,   com sabedoria e ponderação –   o que infelizmente não é o caso de Bolsonaro, pelo contrário, este   releva-se   um político medíocre,   autoritário   e que precisa além de a todo momento fabricar inimigos,   recorrer o uso da força para fa

O ataque a ciência e a racionalidade

Por Gilvaldo Quinzeiro     Parece que a roda do tempo retrocedeu ou alguma das suas peças enguiçaram.   O fato é que os tempos mudaram abruptamente, disso ninguém tem dúvida.   Embora duvidar em tempo de obscurantismo e da chibata da fé é quase uma assinatura de atestado de óbito! Pois é o que estamos assistindo no início da segunda década do     século XXI, e no Brasil! Em plena crise da pandemia Covid-19, um grupo de cientistas de diversas instituições cientificas do Brasil, que pesquisam o uso da cloroquina no tratamento do Covid-19, passaram a receber ameaça nas redes sociais, incluindo a exposição de seus dados, depois que 11 pacientes que receberam o citado medicamento morreram. O caso, que é um desdobramento do acirramento da luta ideológica no Brasil, uma vez que os ameaçadores culpam os cientistas de serem petistas, é gravíssimo e altera a normalidade para a prática e o exercício da ciência! Algo inaceitável! Portanto, o combate a crise da pandemia do Covid-19,

Com a queda de Mandetta vão-se os dedos

Por Gilvaldo Quinzeiro Com a demissão de Luiz Henrique Mandetta, do Ministério da Saúde, pelo Presidente Jair Bolsonaro (sem partido), ocorrida na tarde de ontem, 16 de abril, e a indicação de Nelson Teich como novo ministro que, em seu primeiro pronunciamento oficial diz estar “alinhado total” com o governo, o Brasil sai da “política de terra arrasadas”, foi assim que Bolsonaro chamou as medidas de isolamento social adotadas até então pelos governadores,   e entra a em cena a política desmascarada   -   “vão-se os dedos, e ficam os anéis”! A pressão dos ultraconservadores, os mesmos que fizeram carreatas em plena pandemia exigindo a volta ao trabalho, debochando dos que seguem as orientações da Organização Mundial de Saúde, conseguiu vencer! Este é o braço político do fundamentalismo religioso, portanto, o lado mais “cego e surdo” da sociedade, mas que tem força suficiente para empurrar todos para o abismo – eis perigo! No exato momento em que o Brasil entra sua fase mais

A crise do espelho e a fome de si mesmo

Por Gilvaldo Quinzeiro A pandemia do covid-19, que até a data de hoje, 15 de abril, já contaminou 1.981.239 e provocou a morte de 126. 681 pessoas em todo o mundo; no Brasil 25.262 contaminados e 1.532 mortos, não poderia ter nos pego em situação pior: sentados na própria merda! Isto é, o coronavírus, que poderia ser também outra coisa, nos pegou atolados em nossa vaidade, prepotência, orgulho e hipocrisia – exatamente tudo que nos cega e nos ensurdece! Em outras palavras, esta crise por ser civilizatória, é também uma crise do ‘espelho’, isto é, da ordem do imagético e das identificações, logo, é aquilo que     estilhaça todas as faces. Esta é uma crise em que os egos antes ‘inflados’, hão de se conter com as duras verdades! Portanto, este é um dos aspectos mais difíceis a ser enfrentado: a travessia do espelho! Quem nos espera do outro lado? É aqui que veremos o quanto somos prisioneiros do ilusório. É aqui onde tropeçaremos na própria língua, como diriam acertadament

Parábola de um ajuntador de garranchos

  Parábola de um ajuntador de garranchos   Por Gilvaldo Quinzeiro Hoje, 12 de abril, domingo de Páscoa. Os números das estatísticas da pandemia revelam: 1.740.613 pessoas contaminadas e 108.614 mortos em todo o mundo. O Brasil atinge a marca de 20.962 casos confirmados e 1.140 mortos. Domingo de Páscoa? O que mudou neste anos todos da celebração da morte e ressurreição de Jesus Cristo? –Nada! Continuamos os mesmos a precisar dos ritos que reforçam as nossas máscaras – o amor mesmo, ainda está ano-luz de distância de vir a ser praticado e se constituir em um padrão a ser seguido! O que tem aumentado? -   O exército raivoso daqueles que procuram a todo custo ter o controle das ‘chaves dos céus’! Paradoxalmente, nestes dias em que a humanidade está acuada, vimos com assombro pessoas de diferentes credos religiosos, incluindo suas lideranças, a soltar ‘seus bichos’. Bichos? Sim. Todos nós temos ou somos, de modo que estes poderão vir à tona em circunstâncias      

As escolhas e as dietas em tempos de pandemia

Por Gilvaldo Quinzeiro A pandemia do Covid-19, nos coloca diante de difíceis escolhas. Escolhas estas que nos poderiam ser menos difíceis, menos dolorosas, se já não tivéssemos escolhidos antes a opção de sermos todos ‘escravos das coisas fáceis’.   A era digital, a que nós estamos ‘afogados’, onde tudo é facilmente feito ao toque dos dedos, como se faz na tela de um celular, em que o mundo todo aparece magicamente na palma da nossa mão, não sem as suas reais feridas – mas que em nossas mãos se tornam peças de fáceis brinquedos. Escolhemos, pois, calejarmos nossas mãos com o ilusório. Talvez este seja o pior de todos os vírus! E agora?   O que faremos com as mãos no momento em que a realidade já esmaga a cabeça? Pois bem, neste momento em que a pandemia, que não veio sozinha, e que nos pega de “calcas curtas”, temos que fazer duas escolhas possíveis, a saber, entre ser o ovo que será certamente frito ou cozido, nos resta a escolha menos pessimista em     sermos me

Os fatos e os fenômenos provocados pela pandemia

Por Gilvaldo Quinzeiro Dia após dia, a pandemia do Covid-19 avança silenciosamente por todos os continentes do mundo tornando o que antes eram cenas de ficção, em realidade – realidade esta que ainda é contestada veementemente por algumas autoridades, a exemplo, do Presidente Jair Bolsonaro (sem partido).   Tal contestação em nada intimida o novo coronavírus, que desafia toda a estrutura civilizatória, dos mais ricos aos mais pobres! O mundo atingiu o número de 1.100.282 de pessoas com infectadas pelo Covid-19 e 58.929 mortos. Os Estados Unidos, neste momento, o epicentro da pandemia, registraram 277.457 casos de pessoas infectadas e 7.137 mortos.   O Brasil possui até momento 9.216 casos confirmados e 363 mortos. Segundo as autoridades de saúde, em 18 dias, o país aumentará em 6 vezes o número de infectados. E o pior, é que quem serão os infectados nesta fase seguinte, serão os mais pobres! O avanço do novo coronavírus faz cair as máscaras e o ilusório! Ou os dedos ou

O nome das coisas e a ‘mão’ que nos ampara em tempo de crise. Qual o tamanho da sua?

Por Gilvaldo Quinzeiro À medida que o número de pessoas infectadas pelo covid-19 aumenta pelo mundo, 873 mil, e 43 mil mortos, até agora, torna visível a ‘mão’ em que nos apegamos – seja esta do que tamanho for, ainda assim, é pequena demais – isso explica o nosso desespero! Ora, de um certo modo, a ‘mão’ em que nós nos apegamos em momentos de crises, como o de agora, é o resultado das nossas construções antropomórficas, logo, em que pese o nosso aperto sobre ela, é frágil, tanto quanto a nossa. Porém, é melhor ter uma ‘mão’ assim, do que não se apoiar em nada! É aqui que entra a importância de se dá ou não o nome às coisas, aos nossos sentimentos, aos nossos medos, as nossas dores, as nossas crenças. Mas, é aqui também que reside um perigoso problema: pode ‘Deus’ ser resumido a um nome? A uma Palavra? Não será exatamente este o nosso maior problema? Bem, esta crise, a da pandemia, do covid-19, é um momento oportuno para também se refletir sobre isso! Quisera eu ter as

A crise do covid-19 e o emocional

Por Gilvaldo Quinzeiro O suicídio do ministro das Finanças de Hesse, Alemanha, Thomas Schaefer, 54 anos, ocorrido no último domingo, 29, dado a sua “preocupação com a crise econômica provocada pelo covid-19”, acende um alerta para a dura realidade que estamos a enfrentar, conquanto, muitos ainda pensam o contrário!   Dura realidade esta não só no campo da economia, mas que poderá afetar todas as áreas, entre estas, a emocional. A crise do coronavírus, o covid-19, será marcada entre outras coisas, por ter mexido com nosso lado emocional. Talvez, nunca uma situação tenha desafiado o nosso lado emocional, como esta que está apenas em seu começo. Muitos profissionais ligado à área da psique estão desenvolvendo trabalho de atendimento as pessoas com a utilização das redes sociais Rezemos para que não tenhamos uma histeria coletiva! A previsão dos analistas é de que o mundo enfrentará uma crise econômica devastadora. E neste cenário todo tipo de caos é possível. O pessimism