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Mostrando postagens de junho, 2020

O trágico traços do tempo

Por Gilvaldo Quinzeiro Em tempo regido sob a égide da pós-verdade, somos inflados de opiniões, obesos de tanto orgulho, mas magricela quando o assunto é pé no chão!   Aliás, não há chão algum quando os pés se incham de inveja dos pássaros que ralaram o bucho no ninho feito de espinho antes alçarem voo; tudo se transformou em vagos territórios preenchidos pelas primeiras impressões. Ninguém ousa ir além das porteiras. Do gado não se distinguem  mais seus chocalhos; nem dos gatos, o olho frito do peixe. Dos porcos, estes sim se conhecem mais, pois a lama onde estes fuçam nos nivela por baixo – no fundo bueiro! Mas não pensem, meus filhos, que somos hoje mais livres, pelo contrário, a falta da busca da verdade, tornam-nos cegos gados dos currais das opiniões alheias! Pertencemos ardentemente ao outro, que não sabe quão arrogantemente se nutre dos nossos famintos olhos. O quão trágico é a falta de espelho!      

1 milhão. Os números da covid-19 e as inúmeras interrogações

Por Gilvaldo Quinzeiro O Brasil atinge na da data de hoje, 19 de junho, a marca de 1 milhão de pessoas contaminadas pela covid-19 e 48.427 mortos.   No dia 26 de fevereiro era registrado o primeiro caso. Parece que foi ‘ontem’. Mas se olharmos para o frente o que veremos?   O vírus agora avança sobre os municípios, atinge áreas rurais até então livres da doença e chega sorrateiramente até as aldeias indígenas. 2.085 índios contraíram a covid-19 e 82 morreram. E se olharmos para trás o que perceberemos?   No começo era uma ‘gripezinha’! Mas, e quanto ao presente?   Sem ministro da saúde.   Dois já caíram. Um interino que fez ‘nevar’ no Nordeste... Máscaras mesmo só no uso para mascarar os números? Enquanto isso o comércio reabre. Aqui os ‘números’ que nos impelem a correr altos riscos são outros – os do CNPJ? – talvez! Na matemática da pandemia só suas cifras e divisões macabras – nunca fomos terrivelmente divididos!   Uns marcham em preces para com tanta pressa atirar as suas m

Os protestos pela morte de George Floyd, a crise da covid-19: o que há para além disso?

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 Texto: Gilvaldo Quinzeiro  Ilustração: Oriel Wandrass  A morte do afro-americano George Floyd, no dia 25 de maio, por um policial branco em Minneapolis, Minnesoto, Estados Unidos, e que se transformou numa gigantesca manifestação antirracista em todo o mundo, marcou a ruptura da nossa ‘bolha ilusória’, já bastante afetada pela crise causada pela covid-19, e que não obstante termos atingido à assombrosa marca de mais de 7 milhões de pessoas contaminadas e mais de 400 mil mortas , continuávamos a fechar os olhos para o quão doentio é o nosso estilo de vida. Chamamos de nossa ‘bolha ilusória’ o nosso atual estilo de vida, que cada vez mais se afasta das mensurações raciocinais. Estilo de vida este, que é cada vez mais alimentado pela perigosa mistura de apelos consumistas, hedonistas, bem como de ideologias supremacistas, onde estas insistem em pregar a não divisão do ‘pão e da terra’ com os demais, pois se colocam acima de todos; somam-se a este quadro, as crenças de caráter fu

Onde estava a ‘tempestade’ antes desta se tornar tempestade?

Por Gilvaldo Quinzeiro O texto abaixo é um esforço crítico no sentido de levantar algumas questões a respeito das manifestações antirracistas, que ora ocorrem no mundo, relacionando-as com os possíveis desdobramentos em solo brasileiro. Terão estas uma coisa a ver com a outra? Quais as nossas condições que se assemelham com as dos Estados Unidos?  Ei-lo. Uma tempestade não nasce tempestade. A sua formação é a junção de vários fatores atmosféricos, por isso, esta pode ser previsível e anunciada. A declaração do Presidente da Fundação Palmares, Sergio Camargo, em áudio publicado pelo Jornal “ O Estado de São Paulo”,  chamando o movimento  negro de “escória maldita, que abriga vagabundo”, bem como  outras declarações da mesma natureza  feitas por bolsonaristas ou  até mesmo por membro da equipe do atual  Governo, no momento em que o mundo todo assiste uma onda de protestos antirracistas provocados  pela morte de   George Floyd, por um policial branco, não  é atrair uma tempestade, que pod

Este é o jogo: todas as torcidas a favor da democracia! 

Por Gilvaldo Quinzeiro  O dia de ontem, domingo, 31 de maio, marcou o início na Avenida Paulista, a vitrine do Brasil, do jogo das nossas vidas. A grande final entre a Democracia X Fascismo! Portanto, esta é a decisão que interessa a união de todas as torcidas na mesma luta e entoando o mesmo grito, pois do outro lado da linha divisória do campo temos um inimigo, que quer jogar apenas o seu jogo, conforme as regras que lhe convierem. Aceitar isso é perder a bola e o domínio de campo! Aceitar isso seria o fim de todas as ‘peladas’! Esta arrancada de ontem, em que pese a truculência da polícia ao demonstrar por qual lado torce, não poderia ter iniciado melhor: no mesmo lugar onde nasceu a “democracia corinthiana”! Parabéns “Os Gaviões da Fiel! Daqui pra frente é ocupar todos os espaços do campo. Ter muita atenção em cada lance e fazer marcação cerrada. Daqui pra frente é jogar sério tanto na defesa, quanto no ataque, pois, o inimigo tem suas estratégias bem claras e definidas: calar