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Que mundo abraça a vitória de Trump?

Por Gilvaldo Quinzeiro A vitória esmagadora de Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos, mais do que um recado ao mundo, é a prova de que os “nós civilizatórios” se desataram por completo. Por outro lado, representa a frustração em carne e osso de uma grande maioria da população que prefere um “sabugo” a qualquer coisa que seja “o mais do mesmo”. Esse é um problema, que não se restringe aos Estados Unidos, mas é global. Em outras palavras, falhamos! E falhamos no momento em que não deveríamos falhar. O mundo hoje se tornou um frágil guarda-chuva diante de uma avalanche de problemas que a política sequer desenhou uma resposta. Estamos à beira de uma guerra em escala global, mas este não é o único problema: os eventos climáticos, consequência direta da nossa irresponsabilidade, são bombas com efeitos cada vez mais devastadores!  O dito aqui explica por exemplo, porque os negros e imigrantes votaram em Trump, em que pese a sua ameaça a estes setores da sociedade norte-americana? Em p

O “peixe” das tempestades

Por Gilvaldo Quinzeiro No deserto do Saara, mais especificamente em Marrocos, as tempestades atípicas, que ocorreram em setembro deste ano, formaram assustadores lagos para os padrões da região. Estradas danificadas. Olhos secos de verem o improvável? Enquanto isso, por aqui, os rios do Amazonas secam, esturricam o peixe e a vida da comunidade ribeirinha! Os barcos encalham. A vida segue a passos de tartarugas. A tartaruga, não tem como e nem onde nadar... Este é o peixe e o preço das alterações climáticas. Os olhos grandes do nosso desenvolvimento faminto e tóxico. Que assim seja? Ontem, por volta das 21h30, no horário de Brasília, o furacão Milton tocou o solo da Flórida, Estados Unidos, com ventos de mais de 200 quilômetros por hora. Mais de 3 milhões de pessoas estão sem energia elétrica. 90 alertas de tornados. Há registros de mortos. Os prejuízos ainda não foram calculados.  Há uma semana, essa mesma região enfrentou o furacão Helene, que deixou 200 mortos. Onde e quando será a p

Sem a bússola da temperança, disparamos todos os gatilhos da nossa extinção

Por Gilvaldo Quinzeiro Há muito tempo atravessamos a tão temida “linha vermelha”, seja em relação ao clima, da qual não há mais retorno; seja em relação ao ponto estabelecido, por exemplo, por Vladimir Putin, no conflito entre a Ucrânia.  De segunda para terça-feira, desta semana, os sismógrafos russos registraram tremores de terra, dado a uma explosão a  um depósito de arma militar russa provocado por um ataque ucraniano –, quando será a resposta dos russos, e com qual escala? Os ataques cibernéticos de Israel aos libaneses ocorridos na terça e quarta-feira, respectivamente, provaram entre outras coisas que, por estarmos também “conectados”, corremos os mesmos riscos de termos os olhos e mãos arrancadas simultaneamente no ato rotineiro de ler ou compartilhar uma mensagem por quaisquer que sejam os aplicativos, estando nós numa ilha remota um num grande centro urbano; estando nós num estádio de futebol ou numa Ceia de Natal! As trincheiras das novas guerras forjadas pelas suas sofistic

Um banho de consciência?

 Por Gilvaldo Quinzeiro Se de fato não conseguimos banhar duas vezes no mesmo rio, conforme dissera Heráclito, a experiencia do viver, de se ter consciência sobre “as águas da vida”, não nos pode ocorrer de outra forma, senão em sendo peixe. Mas ser peixe apenas uma vez na vida, é pouco, é como efetuar um mergulho no rio, que só se constitui rio no seu vir a ser. Em outras palavras, a experiencia da tomada de consciência numa realidade complexa e não fixa, exige um acumulo e a somatória de experiencias de outras vidas, incluindo aquelas em que tivemos apenas na condição de “lama”? A experiencia de uma vida só, não nos tiraria da mera condição de bebês! Sigmund Freud, em experiência clínica com seus pacientes, descobriu o quanto estes não se davam conta da razão das suas queixas, posto que, seus motivos residiam na profundeza do inconsciente. E que a técnica psicanalítica consiste, de um certo modo, em trazer esta existência inconsciente para a consciência – tarefa absurdamente difícil,

Atenção! Todos precisamos prestar muita atenção!

Por Gilvaldo Quinzeiro O mundo, para dá “certo”, precisa de uma coisa cada vez mais rara em nosso tempo: da nossa atenção! Isso vale para os pastores, padres, pais, políticos, professores, produtores de conteúdos, profissionais do marketing, escritores, artistas, etc.  Sem atenção nada funciona: nem o semáforo ou os alertas meteorológicos! Atrair atenção, é algo caro! Exige manejo de técnica apurada. Ter atenção significa conquista, liderança, fortuna! Ocorre, entretanto, que à medida que nos tornamos imersos neste sedutor oceano de apelo midiático, onde a nossa atenção é isca e peixe ao mesmo tempo, perdemos o foco; nos cansamos, nos adoecemos – nos viciamos apenas! A falta de atenção é um problema de grandes impactos, inclusive financeiros! Os artistas sedentos por plateia começam a se queixar.  Parece que estes, os artistas, com exceção de Roberto Carlos, vêm sofrendo com a falta de público em seus shows.  Shows de grandes artistas têm sidos cancelados por falta de compradores de in

O diabo da nossa subjetividade é o avesso da realidade

Por Gilvaldo Quinzeiro Para compreendermos gravidade das guerras de narrativas como ponto de “costura” daquilo ousamos chamar de “realidade” ou “normalidade”, isto é, daquilo que podemos aceitá-lo, adjava-lo, subjetivá-lo ou subvertê-lo, é, tal qual a condição daquele Rei descrito no conto de Hans Cristian Andersen, que, não obstante, a sua completa nudez, imaginava-se estar luxuosamente vestido. Em outras palavras, estamos inseridos numa ordem de coisas cujos tecidos ou cuja costuras estão se rompendo. De sorte que o Rei/Realidade será por forças dessas circunstâncias Destronado? A questão central do nosso tempo é:  o que fazer com os falsos tecidos com os quais nos sentíamos vestidos? Ou o que fazer com os olhos que não mais contemplam a roupa do Rei? Ou ainda como esconder a nudez diante daquilo que sempre foi obvio? “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará “(João 8:32). Coincidência ou não, essa citação bíblica se tornou uma espécie de refrão na boca e nas línguas de todas

A morte, uma bailarina despida de traços A morte, uma bailarina despida de traços libidinosos?

Por Gilvaldo Quinzeiro Daquilo de que não se morre, também não nos faz falta! A vida é um prato cheio daquilo pelo qual devemos morrer. Paradoxalmente, não há como se ter noção da vida ou daquilo que imensamente nos fará falta senão pela boca! Sim, somos peixes fascinados pela vida! De sorte que não há como não ser atraídos pelas iscas! Não há como não se rasgar a própria boca no choque com a realidade! O que o dito acima quer nos dizer? Primeiro.  Aquilo no qual não nos serve para o investimento libidinal, é da ordem daquilo que também não se antropomorfiza, não se faz de espelho. Segundo.  Morre-se antes mesmo daquilo que convencionalmente se chama de morte. Morrermos de “pés juntos” quando não ousamos nos mover pela falta! Uma criança que, por birra, empurra o prato de comida mesmo estando com fome, está sob o efeito da funcionalidade da morte! Um jovem casal que, mesmo prenhe de desejo pelo outro, muda repentinamente de assunto perdendo de vista a “cena” que por si mesma se insinua