O pé, o sapato e a realidade.
Por Gilvaldo Quinzeiro
Ser PHD em amarrar os cadarços do sapato é uma coisa. Para
isso têm as mais refinadas escolas e universidades. A outra coisa bem diferente
é se tornar aprendiz dos defeitos do seu próprio caminhar. Aqui, neste
caso não há escola alguma, senão a dos próprios pés no chão!
Em outras
palavras, o que de fato me preocupa não são os poucos conhecimentos sobre a
realidade de hoje, mas, a escalada de
tantos conhecimentos que, da realidade, nada nos diz a respeito. Isso sim é
pedagogicamente preocupante!
O sapateiro,
portanto, antes de conceber o sapato, deveria ao menos se certificar das
condições dos caminhos. Todavia, a fome por fabricar sapatos a qualquer custo suplanta o desejo que poderia lhe abrir outros caminhos.
Vivemos, portanto, numa realidade onde “os pés nos
subiram à cabeça”. Talvez por isso, os caros sapatos quase não nos servem para pisar
no chão. O mesmo não se pode afirmar em relação as nossas cabeças!...
Por fim, a
fome é o modelo da realidade nua e brutal. E como tal, esta nos
ensina por suas tortuosas linhas que,
entre os pés e os sapatos, a diferença mais gritante está em se saber qual
destes nos servirá de comida primeiro,
isto é, se os pés ou os sapatos. Ora, já
não estamos numa realidade que nos faz
devorar os pés no afã de se poupar os caros
sapatos?
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