O que alavanca a nossa prece?
Por Gilvaldo Quinzeiro
Em tempo de seca, avistar uma rudia não é de todo um
péssimo sinal. Porém, numa realidade cercada e tecida por teias de aranhas, do
que adiantam as nossas preces por
alavancas? Saber de que “cimento” a nossa realidade é construída, é uma tarefa
chave, inclusive para a sua desconstrução, como também para o discernimento do que pedir em nossa prece.
Por dinheiro e não por Deus, tem sido grande parte dos
motivos da nossa prece. Claro, muitos estão de joelhos em agradecimento à
“graça recebida” – não sabendo estes, ser esta a razão de tanto adoecimento!
O que esperar de uma sociedade cuja alavanca é o
dinheiro?
O dinheiro, se não é um deus de papel, mas é a herança
filogenética de muitas religiões dos tempos atuais – as mesmas que exigem
sacrifício de carne e osso dos seus fiéis!
O amor, que é um dos símbolos do cristianismo, virou uma
espécie de moeda de troca. Amar apenas por amar não nos parece ser tão vantajoso!
... De modo que, primeiro se é preciso olhar a quem e aos interesses, e só
depois, amar os mais “próximos”.
O agravamento da
crise econômico em nosso país, terá um duro impacto também em nossa “fé”, sobretudo,
porque vivemos uma de “seca de homens”; homens aqui não se refere gênero, mas a
alma – rezar por quem meu senhor?
Ainda bem que os deuses não precisam se vestir de “fio
dental” para saberem o quanto andamos nus de nós mesmos, não obstante,
abundarem as filas dos que acreditam que estão indo para o céu!
Portanto, apostar no dinheiro ou no acumulo de bens
materiais como status de desenvolvimento ou como uma alavanca de uma nação é
abrir mais buraco do que portas; é incentivar o risco, sem ter dó e perdão para
as perdas! Não é à toa que um pequeno país das cordilheiras do Himalaia, Butão adotou
desde 1971 a “felicidade” como um índice para medir o seu desenvolvimento, ou
seja, FIB – felicidade interna bruta – em substituição ao PIB, adotado pelos
demais países. É claro que mudanças como estas aqui, poderá fazer ruir muitos “templos”.
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