A morte do leão e a falta de comoção pela sorte dos outros bichos...
Por Gilvaldo Quinzeiro
A morte do leão Cecil comoveu o mundo! Eu mesmo chorei
com as postagens de um vizinho meu sobre o assunto. Mas que “mundo” se comoveu
com a morte desse pobre leão das savanas?
Ora, que paradoxo!
Este é o mesmo mundo, que se move sem se
comover com a morte de milhões de crianças africanas e que ver crescer o ódio e
a discriminação contra os negros em todo o mundo!
Aqui mesmo em Caxias, minha cidade, que tão erroneamente comemora
o”1º de agosto”, a data da adesão à Independência do Brasil, como se fora a
elevação da cidade - milhares de crianças
morreram ainda em trabalho de parto, e a comoção foi mínima!
O caçador que matou Cecil, diante da comoção do mundo
justificou: “o leão já estava velho”. Ora, matar o leão só por ele ser velho? –
que conversa é esta? Que mundo esse! Eu
estou sim no e com o mundo que se comoveu com a morte do leão Cecil. Porém...
eu não posso deixar de também de me comover com a vida de outros velhos animais!
...
Por exemplo, ontem eu vi tantos velhos, entre estes, meu pai,
sofrendo numa fila de um banco só para fazerem a substituição de um cartão!
Que absurdo! Não sei em que pele, eu me
senti, mas me comovi! ...
Será que este
mundo que tanto se comoveu com a morte de Cecil, não é o mesmo, que está nos ensinando
a matar um “leão” todos os dias?
Que a morte de Cecil seja usada também para refletirmos
sobre as condições em que as grandes cidades levam as pessoas a cada vez mais
se transformarem em “bichos”! “Bichos” que tiram “selfies e sarro” da morte do
outro; o outro que pode ser um vizinho!
Por fim, no meio de tantos paradoxos, as nossas escolhas
nos encaminham ou para os rios ou para os desertos. O fato é que estamos
permanentemente fazendo escolhas. Saber entre quais dos cavalos, que eu sou,
cavalgarei em direção a batalha seguinte, não significa está movido pelo cheiro
da vitória ou pelo medo da derrota iminente, mas optar em não desistir do aboio
que me ergue da estrada comum...
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