O corpo X a palavra. Tudo é espelho!


Por Gilvaldo Quinzeiro



A palavra é o espelho sonoro do corpo. Aliás, a palavra é   o corpo decodificado em sinais sonoros e aceitos como reflexos daquilo que um dia pertenceu a todos em tamanha agonia silenciosa: o corpo antes de pronunciar a palavra.

Portanto, na palavra há o que seja ‘pedaços não decifrados do corpo. Na palavra dita há o que do corpo se lança, isto é, que não seja a palavra propriamente dita, mas, um tremor – antigo habitante do corpo primevo!

No mundo de hoje de poucas palavras, não é de estranhar, o ‘inflar’ do corpo, que não é nem obesidade e nem o inchaço típico do ventre em suas privações – mas o sentir-se abandonado no silencio aterrador sem sinal de nada!

Ora, o corpo sem o seu espelho sonoro – a palavra – é puro fantasma!  O tatuar-se surge, portanto, é como um esforço primordial para o retorno da palavra perdida que por consequência é também o corpo.

O sentir-se do ‘vidro estilhaçado’, não é outra coisa, senão o estar em completa carne viva – isso sim é a realidade sem o simbólico.
A palavra ouvida como se corpo fora, aqui temos o entrincheirar de um outro espelho: a loucura. A loucura é a velha caverna – abrigo de todos nós por um instante que seja!

O mais curto dos espelhos ao alcance de todos os olhos é a loucura. Uma palavra basta: na loucura toda palavra é a ferida, que o velho corpo já não dá definição em si.

Enfim, se na palavra há o que se pode aprender sobre o corpo, imagine do corpo sobre a palavra!









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