Pasme: a humanidade está diante de si mesma!
Por Gilvaldo Quinzeiro
O pior atentado ocorrido na história dos Estados Unidos,envolvendo um atirador, em
Orlando, na boate gay, com 50 mortos, no último domingo, 12, é parte de uma cruzada
conservadora, que só está no início e se espalha pelo mundo como barril de pólvora
– uma limpeza macabra pelas mãos dos que se acham puros e limpos! Tal atitude é
compartilhada em silêncio ou não pelos que acreditam estar na “fila dos que vão
para céu”!
A agressão sofrida por uma equipe de jornalista da Ban, que
fazia cobertura jornalística de um evento esportivo em Paris, a Eurocopa, por
torcedores alemães – é também um claro sinal de que os tempos não dão mais a mínima
‘bola para o espirito esportivo’ – a bola da vez é outra!
O que há de velho ou de novo nesta questão?
Há menos de um século, a Europa e o mundo era varrido por
uma onda conservadora – era o tempo do fascismo e nazismo. Naquele tempo, o
rádio, era o veículo que ligava a todos, não as imagens, mas a audiência. O ato
de ouvir, portanto, era o que movia as pessoas. Daí os famosos e duradouros
discursos dos líderes da época.
Hoje, com advento da televisão, das novas mídias, internet,
celulares e outros –, vivemos sob a égide das imagens. Nestas condições, tudo
se torna mais complexa, pois, o ato de ver nos cria: somos o que vemos, e o que
vemos, pode, portanto, nos destruir ao meio em meras questões de segundos! Isto
é, nos tornamos frágeis bolhas!
Omar Saddiqui Mateen, 29 anos, o atirador da boate gay, em
Orlando, segundo relato do seu pai, “havia ficado revoltado ao ver um casal gay
se beijando em plena rua”. Muitas pessoas ao justificarem o ato praticado por
Omar Saddiqui Mateen, no qual, foram mortas 49 pessoas, argumentam, entre
outras coisas o seguinte: “eu não quero que meus filhos ou meus netos vejam um
casal gay se beijando, pois, isso pode lhe influenciar”!
Até aí tudo bem! Todos têm o direito de escolher o melhor
para si. O problema é, por conta desse tipo de justificava, substituir uma
imagem de um beijo por outra onde o que se abunda são imagens de dezenas de
corpos ensanguentados e mortos!
Veja, se em nome da moralidade e dos bons costumes,
cometemos a ‘barbárie santa’, então, estamos justamente cegos – não há mais
caminhos!
A questão, portanto, é bem mais complexa: estamos diante de
nós mesmos! Precisamos, pois, não só nos
olharmos no próprio espelho, que é o Outro, como cuidar para que no afã de
sermos perfeitos, não devoremos a sangue frio os defeitos dos outros!
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