E se os bebês tivessem escolha, quem enfim, se tornaria o ‘galo humano’?
Por Gilvaldo Quinzeiro
A casca do ovo protege o próprio ovo, não o pinto. O pinto,
pobre coitado, ao nascer rompe a casca, e ciscará o mundo, entre cobras,
lagartas e gigantescas patas, na solitária missão de vir a ser o galo!
E quanto a condição do ‘galo humano’, em especial nos dias
atuais, o que significará a ruptura da casca, se de ‘bolhas’, não passamos?
Não há ruptura maior do que o ato de nascer. Parabéns para
o pobre do pinto que conseguirá vir a ser o galo! O problema é o ‘feliz’ bebê
humano que nesta condição se fixa. Os que arguirem ao contrário, respondam-me,
pois, o que é ser ‘adulto’ hoje em dia?
E se os bebês tivessem opção de escolhas entre a proteção
de não nascerem, posto que em algum lugar, eram como ‘grãos de areia’ e ou o ‘rasgo’
do nascimento, no qual, aos poucos ganharão pele, e, ao contrário do pinto,
viverão fugindo do mundo adulto?
Veja que comparação! O pinto X o bebê! Ambos pobres
coitados: não sabem que realidade lhes aguardam!
A realidade o que é, senão, o inabitável. Daí porque uma
multidão passou a morar não mais em si ou no mundo, mas nas ‘cracolândias’ – eis
aqui não o galo, mas o ‘pinto humano’ naquilo que lhe representa o ovo.
Por fim, uma questão umbilicalmente humana: no que hoje se tornou o desejo?
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