Como peixes fora d’água: a crise da segurança pública e os novos rios da geopolítica


Por Gilvaldo Quinzeiro

Desde que o mundo é mundo, mesmo no chamado período clássico dos gregos, período este que correspondente ao surgimento da democracia e do pleno vigor intelectual de homens como Sócrates, Platão e Aristóteles, que constituíam uma espécie de Santíssima Trindade do pensamento, foi atravessado por crises. Mesmo, Sócrates, quem esperaria isso, foi condenado pelas suas ideias a tomar veneno com as próprias mãos!

Toda crise tem o poder de expor, para além daquilo que toda crise revela, o esgotamento dos conceitos e das ferramentas no emprego das suas resoluções! O mesmo ocorre com a atual crise de segurança, aliás, a nossa velha crise!

Em outras palavras, as crises, sejam quais forem elas, colocam os peixes para fora d’água. É isso que está acontecendo neste momento. Mas que momento é este?

Pois bem, em tempo movido e arquitetado pela Inteligência Artificial, como não esgotar a própria atitude de pensar? Ou como evitar que o que se combate não se faça alvo das nossas armas, em razão deste se ocultar nas sofisticadas trincheiras da realidade virtual?

Trincheiras virtuais? Sim. Porém, isso não significa dizer que não haja feridos ou mortos por armas reais. Em outras palavras, não há mais diferença entre ficção e realidade: somos todos prisioneiros de ambas.

Afinal, o que se combate? Que inimigo é pior do que o ódio, que nos faz demonizar tudo que não é ego a combater a sua fantasiosa existência?

O que não é droga hoje? O que não nos é viciante? Veja a complexidade das nossas condições!

Em tempo de redes sociais, termômetros para as nossas febres egóicas, e que nos tornam todos em generais das nossas guerras particulares, ostentar as cabeças dos nossos inimigos, seja como foi feito com a de Tiradentes ou a de Lampião, é provocar um tsunami para, com o qual, colher uma improvável ilha, onde poucos terão acesso!

É fato que a história é parteira de crises. O próprio Sócrates, que se considerava um “parteiro”, de ideias, diga-se, e que por estas ideias, gerou uma crise que lhe custou a própria cabeça!

A crise da segurança pública agravada pela magaoperação no Rio Janeiro é aquilo que Freud diria “perdermos o controle dos esfíncteres”. Ora, perder o controle dos esfíncteres é chegar ao esgotamento da civilização.  E é claro, nestas condições, não há como negar que tudo cheira barbárie!

A compreensão de uma crise, qualquer que seja esta, precisa levar em conta que vivemos hoje  em tempos cujas alterações não só são marcadas pelo uso das novas tecnologias. Há que se pensar também nas severas alterações de natureza geofísicas, climáticas, econômicas, e, geopolíticas.

Por fim, voltando a crise da segurança pública, a informação de que o Governador Cláudio Castro enviou um relatório com um pedido de intervenção no Rio de Janeiro a Donald Trump, além do enfático apoio dos governadores de direita a megaoperação, e, caso se confirme uma interferência estrangeira,  não tenhamos dúvidas de que tal fato terá um em efeito devastador para a unidade do Brasil enquanto pais, pois, esta será uma oportunidade única  para os grupos separatistas  da região Sul - , a divisão do Brasil! Eis o que está sendo desenhado?



 



 

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