No Dia do Índio, o meu grito ancestral!
Por Gilvaldo Quinzeiro
No passado de outras vidas, eu fui as pegadas do meu cavalo.
Tempo marcado de pó e orvalho. Tempo de vãs pelejas sem
arco e sem punhal, para galgar a
condição das esporas.
Hoje, sonho sem a cangalha
– o preço a pagar pela minha condição de cavalo! Porém, os calos mais doloridos
ainda estão por vir!...
Amanhã, se amanhã houver, serei índio agonizando as
margens dos rios cheios de pedras e entulhos! Meus sonhos aqui serão em ser
peixe...
Ah! meu rio Itapecuru! Quantos Canelas Finas viajaram por
ti em tosca canoa feito de tambori!
Ah! o Roncador – hoje só o ronco ensurdecedor de motos em
dias histéricos de domingo!
Por aqui florescem muitas igrejas, como antes as imbiras,
mas não nasceu ainda nenhum santo para evitar as mortes das nossas nascentes e
riachos!
Quanta hipocrisia! Quantos de joelhos para agradecer o
pão nosso de cada dia, rico em agrotóxico
e pobres de mãos
solidárias!
As imbiras cantam. Ouviram o silencio do riacho do Sanharó?
Ó pai Tupã, atendei a pajelança dos
remanescentes da última tribo!
Que a formiga tucandeira (no meu dialeto se chama “tatanguira”) cure-nos da pressa e da solidão das cidades
de tantos homens cupins!
Amém!
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