O trágico é a nossa falta de arte. Meu Deus!
Por Gilvaldo Quinzeiro
Os deuses podem até rir de mim, mas o trágico mesmo é a
gente sentar a bunda na banalização do
nosso dia a dia. Em quantas coisas sentamos em cima só para
satisfazer aos olhos gordos do outro!
Isso sim precisaria de uma senhora abstração! Esta senhora abstração tem nome:
a arte!
Os gregos souberam como ninguém metaforizar as suas tragédias. Vejo que a
nossa falta de lidar com os símbolos e representações, tem nos levados a tocar
a realidade com a carne viva. A consequência disso é, por exemplo, a violência.
Dai, portanto, a importância da arte no
amarradio das coisas!
Na nossa tragédia, de 10 brasileiros, 7 não leram livro algum ao longo do ano passado. É o que
revelam os dados de uma pesquisa divulgada recentemente. A mesma pesquisa
revela ainda que os brasileiros participam minimamente de atividades culturais e que a grande maioria
passa o tempo todo assistindo televisão.
Ora, sem a intermediação da arte, a realidade fica mais
dura. Isso explica porque os nossos
jovens estão amarrando a realidade com o próprio fígado. Uma cidade, pois, que
não investe em arte e na cultura estará
condenada a se alimentar do sangue da sua gente. Uma tragédia anunciada,
diga-se de passagem.
Aqui em Caxias, não é diferente da realidade brasileira, não
obstante, ser esta cidade considerada a “Atenas
maranhense” – não é que falte artista – o que nos falta é espaço e
incentivo governamental para as produções artísticas. A cultura e a educação devem ser compreendidas,
portanto, em especial por parte das
nossas autoridades constituídas, como um
bem comum, e não como privilegio de poucos.
Voltando a falar sobre o trágico, nestes dias eu tenho sentido uma vontade de
ser um grego antigo – não para reverenciar seus
deuses -, mas tão somente para encenar sem máscara a tragédia humana.
Por fim, é no trágico que, paradoxalmente, o ser humano
leva uma vantagem sobre os deuses, qual seja, o de lutar apenas para não perder
a cabeça. Os deuses, no entanto, às
vezes travam batalhas desnecessárias para provar uns para os outros - o maior número de cabeças conquistadas – é
claro que as cabeças aqui em disputa são as dos homens.
Estão vindo ai as acirradas eleições municipais!...
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