Atirem a primeira pedra!
Por Gilvaldo Quinzeiro
As condições forjadas, que levaram Sócrates ou Jesus Cristo,
cada um em tempo diferente, a serem acusados, julgados e condenados, diga-se
passagem, olhando pela lente dos olhares de hoje, injustamente, são as mesmas
forjadas pelas trempes que hoje também nos dividem entre o bem e o mal, o justo
e o injusto, a verdade e a mentira. Todavia, fazer a defesa de Sócrates ou
Jesus é fácil, pois, naquilo que antes foi silêncio, hoje é o grito das massas
também na defesa dos seus interesses. A questão que nos incomodaria mesmo é a
defesa de “Judas”, pois este é da natureza que nos habita, a mesma que em Pedro
o fez negar Jesus por três vezes: silêncio!
Ora, o dito aqui nos chama atenção para o fato de que a ‘verdade’,
é, humanamente contextual, e só é verdade à medida que se impõe pela força. É
exatamente isso que presenciamos no momento, ou seja, a ‘verdade’ sendo imposta
pelos que têm a força de nos esmagar; seja esta força pela opinião manipulada
das mídias, seja pelos templos, partidos, ou meios outros.
“Atirar a primeira pedra”, é, pois, o comportamento mais
robusto, e fazemos isso todos os dias e em todas as direções. E a nossa pressa
para fazer isso, não é outra, senão em evitar que sejamos também seus alvos.
Lembre-se “Judas” é da natureza que nos habita e nos perturba dia e noite!
O caso da garota de 10 anos engravidada pelo tio, e que com
autorização da justiça foi encaminhada para uma clínica para submeter a
interrupção da gravidez, é um exemplo claro de que é mais fácil “atirar a
primeira pedra”. Ela, a garota, já vinha
sendo ‘esmagada’ no seio familiar, não bastasse isso foi exposta aos olhos de
quem as pedras já lhe faziam calo nas mãos – tal era a pressa em atirá-las.
Por fim, conclui-se que dos tempos de Sócrates e de Jesus,
não obstante a distância, que separa um do outro, permanecem inalteradas a
pressa, ainda que no fervor das preces, para crucificar quem tem a face ou a ‘verdade’
que nos incomoda!
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