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Mostrando postagens de março, 2015

Epístola a Leonardo da Vinci

Por Gilvaldo Quinzeiro   A cruz. Se não a fosse à de Judas, poderia ser a minha, a sua ou a de outrem. A humanidade segue a mesma: é somente com   muito sangue que se lava e devora as próprias mãos! Não é que a história se repete, a questão é o que os homens continuam os mesmos: adoram oferecer a cabeça de outro como presente em ceia farta de hipocrisia! Santo Leonardo da Vinci rogai por nós sem pintores à tua imagem e semelhança! Bem-aventurados os que nunca herdarão a terra, mas amam o outro sem enfrentar a fila dos que vão para o céu! Quem nos dias de hoje escolheria a sina de Júlio Cesar ante um Senado ameaçado pela sua sombra? Que nos abundem os dias sem   que precisemos da bunda no lugar de nossas cabeças! Amém!        

As verdes paixões

Por Gilvaldo Quinzeiro   O tempo de se apaixonar é sempre o presente. Nas estradas do passado ou do futuro, as paixões que por aqui se aventuram, andam sempre sozinhas, tal como um lobo solitário.     O agora é, portanto, a   melhor de todas as estações, não obstante,   o temor de seus trovões!.   Contudo, as paixões precisam de um     tempo para amadurecer. Ou seja, suportar as adversidades das próximas estações.     Do contrário, não passarão de   “bananas verdes”.   A fome de comer “bananas verdes”, por sua vez, é sinal de que      já se   matou todas as esperanças! Este texto é uma breve reflexão a respeito     das nossas   mais pontudas feridas, a saber, o perigo das fulminantes paixões e os crescentes crimes passionais. Pois bem, cada vez mais as páginas policiais   dos jornais e os noticiários das TVs , estão ocupados com noticias de que um ex-namorado, um ex- marido   resolveu atentar contra a vida das suas antigas paixões. Aliás,   um simples “não”, tem motiv

O útero de todos nós, uma breve reflexão sobre o “barro” anímico

Por Gilvaldo Quinzeiro   O “barro” do qual a alma é feita, pode ser encontrado em qualquer beira de brejo, o difícil, porém, é encontrar o “espelho” para pintar o seu autorretrato. Eis a busca pela qual caímos todos os dias em   “barreiros de porcos”! Na estrada anímica, os mais bizarros encontros são da ordem do   “ comigo mesmo” , isto é, aquilo que corre atrás de mim como a mais terríveis das assombrações   – sou eu mesmo! A boa noticia desta peleja é: ainda bem que somos feitos de “barro”! Já imaginou se fôssemos de pedra? Em certo dia, numa conversa entre amigos, em tom de brincadeira, e me referindo a este assunto, eu respondi a uma pergunta sobre o que seria “a natureza dos fantasmas”, dizendo-lhes o seguinte: “sempre que os meus fantasmas aparecem, eu os convido para tomar um café”! Sim, temos e somos feitos de coisas que, por serem tão estranhas, preferimos vê-las nos outros – é o que Freud chamaria de projeção! Dependendo de qual “espelho “ nos vemos,  

Sem água e sem palavras: hoje é dia de quê?

Por Gilvaldo Quinzeiro   Como um vergalhão que nos atravessa ao meio, a palavra também nos causa rasgadura – daquelas que ficamos dependurados só pela pele!   Nestes dias de duros discursos, mas de práticas mole como lama, a palavra, nada tem envergado, só se esfiapado tal como um tecido puído! Talvez seja este motivo de tantas caretas, como breves   respostas... Hoje é o Dia Mundial da Água. Não há palavra pela qual secaremos a boca, senão pela falta d’água. Dizer que já estamos em plena “seca de homens”, é nos afogar na nossa falta de responsabilidade! Amanhã, sem   lágrimas nos olhos, toda a visão será embaçada, e os poços de homens secos caídos, um mar de assombrações plantado! Por fim, a pressa com que estamos nos preparando para irmos a Marte, é semelhante   a dos   fugitivos,   face a     chegada   de uma tempestade:   de que valem as roupas no varal, quando abunda a ventania nos nossos destampados?  

Saudade do cheiro dos quintais!

Por Gilvaldo Quinzeiro   As velhas calças coloridas e  sua boca de sino. Tempo de muitas canções estradeiras, de mãos acenando aos sonhos, de jovens reunidos – era o começo do mundo! De lá para cá, os nossos “fios dentais”, grosso sorriso com a bunda, canções que antecipam o vômito, tantos tênis de marcas em pés fincados nas estradas virtuais – sinais do mundo no fim ou de outros fins já sem mundo? Saudade das canções de Belchior! Saudade das pescarias de beiro de rio, quando dos rios se podia ouvir o cantar dos galos! Saudade de ouvir o som da bola, no jogo da turma da outra rua, quando a bola também podia   ser de meia! Drão! Os meninos são todos sãos Os pecados são todos meus Deus sabe a minha confissão Não há o que perdoar Por isso mesmo é que há de haver mais compaixão Gilberto Gil Ah Gil do gil do meu nome! Como juntar os grãos de todas as manhãs perdidas como as tardes que nunca chegam, esperando como todos os meninos, o amor com as novas estações

A democracia brasileira e os "gregos" interesses

Por Gilvaldo Quinzeiro   A democracia brasileira ainda é uma adolescente a ter dificuldade de lidar com   os próprios seios.   Nestes dias   de coloridas bandeiras, entretanto,     as suas vestimentas ficaram    tão transparentes quanto   as das “mariposas” de Copacabana ou da Avenida Paulista,    e,   como tais, saiu às ruas perigosamente   para flertar com quem não lhe quer nenhum bem! A democracia brasileira corre sim, muitos perigos! A crise econômica agravada pela corrupção da Petrobrás, esfola de uma só vez os limites da atual conjuntura política. A democracia passa a ser culpada pelos que acreditam que somente a “ordem” salvaria a pátria! Em outras palavras, após 51 anos do golpe militar, o Brasil se ver diante das mesmas vozes, que silenciaram com o peso das armas, o canto de toda uma geração. Esta semana, eu   li uma postagem de um “colega”, o qual,   eu tinha na condição de um progressista, flertando com os seguintes dizeres: “foram os militares que salvar

Uma breve reflexão sobre a normalidade

Por Gilvaldo Quinzeiro   Por quais caminhos andam os loucos, sem se darem conta dos espinhos? A loucura pode nos ser tão “protetora”, quanto   a “normalidade” que nos aprisiona. Pelas ruas   de Caxias, a exemplo do que ocorre em todas as grandes cidades brasileiras, cruzamos normalmente com “os loucos” cuja loucura poderia ser a nossa. E quem somos nós vistos na perspectiva de quem rompeu com a nossa “normalidade”? A realidade não se apresenta a nós como inteira. De sorte que,   viver   o dia a dia com tantas coisas “soltas e espalhadas”, isto é, a dita “normalidade”, é como um catador de lixo a separar, o que já lhe vem completamente desintegrado. Ontem em sala de aula, eu fazia um esforço tremendo para explicar aos meus alunos, que já não conseguimos mais coser e nem amarrar o tempo, com qualquer “imbira” que seja! A loucura passou a ser o jeito mais comado de nos amarrar as coisas. Quisera que as coisas que de mim agora escapam, estivessem ao menos do outro la

Foram como cobras, os protestos de hoje?

Por Gilvaldo Quinzeiro   A história é uma serpente de duas cabeças, uma em cada extremidade. De sorte que, querer saber em qual das extremidades   corresponde agora       o rabo, consiste apenas em   revelar uma venenosa dúvida – a de que   a cabeça já não mais nos pertence! Os protestos desse domingo, dia 15, que tomaram as ruas das principais cidades brasileiras, é uma marca historicamente picante:   o PT é obrigado a provar do próprio veneno! Pois bem, ao acompanhar pelos telejornais as manifestações de hoje, me vi obrigado a fazer várias reflexões. Dentre estas, a seguinte: primeiro,   nem a ARENA   - partido, que deu sustentação a ditadura militar,   durante   21 anos, foi tão hostilizado como o Partido   dos Trabalhados! Segundo, terá o PT condições de sobreviver os “panelaços e os caldeirões” da história recente ou   este terá o mesmo destino   do PDS e PFL, ambos nascidos do DNA da antiga e retrógrada ARENA? Só a história nos responderá! Ora, ao escrever este

Nada como a crua poesia!

Por Gilvaldo Quinzeiro   A poesia é carne crua: posta no varal é o alimento que atrai os   olhos famintos dos viajantes! Quisera o mundo de homens famintos só de poesia! Abocanhar a carne crua, abrupta e desesperadamente é sentir a bruta fome que nos faz ter apenas boca!   Não é, pois, esta fome que nos faz poeta! A poesia é sim, filha das mais cruas entranhas! Fazer poesia, entretanto, é um estado de atenção   permanente tal como aquele em que se frita peixe, isto é, um olho na frigideira, o outro, no gato. O gato é o poeta na fome de pescar a poesia ainda crua! Viva a poesia, de preferencia como o peixe, vivo!    

Os tempos atuais e o rabo da porca

Por Gilvaldo Quinzeiro     Neste tempo de tantos especialistas, e poucas estradas gerais, caímos todos dentro do mesmo poço a espera não de uma mão amiga, mas de uma ajuda especializada, que tarda chegar por falta de cordas.   E assim, para chafurdar mais a ocasião, os meninos de hoje de olhos grudados, não mais nas estradas, mas num tal de WatsApp   vão deixando de ser meninos, emprenhando-se   pelos olhos, tal como boca de peixe atraída pela isca! Meu senhor, o que nos falta é um “pilão de socar ideias” , carro-de-boi puxando o progresso, a fim de se evitar que os homens de hoje   em disparadas se tornem todos “jumentos”! A bem da verdade, não há como negar que jumento todos ficamos, neste contexto em que se sovina até   água pouca em   barreiro grande! Meu senhor, digo a todos e não   peço nenhum segredo, o que nos   falta mesmo é   a sina de gente estradeira, o respeito aos donos da casa ou as sentados no meio de terreiro; percorrer o mundo inteiro de pés

Parabéns Mulheres!

Por Gilvaldo Quinzeiro   Mulher, não morra por amor, a menos   que   este amor   seja o seu próprio! Retire dos jarros,   todos os fantasmas dos amores mal resolvidos, e no lugar destes, plante flores das mais variadas espécies, das rosas, as margaridas; das hortênsias, as bromélias! Os amores mal resolvidos são como dores de estômago mal curadas: sempre retornam   nas madrugadas, não levando em conta o dia duro que tivemos! Mulher, junte   todos os   remendos, remova as cicatrizes   e recomece do que sobrou! Amanhã um passarinho lhe fará uma grata surpresa ao pousar sobre sua janela... As cicatrizes são inevitáveis.   Mas não removê-las, significa acordar todos os dias apenas para delas se alimentar! Mulher,   muito são seus “tons de cinza”.   Saber   decifrar nos toques mais sutis aos mais acentuados, a cor que lhe   permanece,   é vital! Vital é desejar a todas as mulheres, que tenham e realizem muitos desejos! Parabéns   a todas mulheres!    

"Como um peixe fora d'água"

Por Gilvaldo Quinzeiro   Que o homem se adapta em qualquer ambiente, não há nenhuma dúvida sobre isso. A questão, porém, é se ele ( o homem), tem consciência de que habita um “aquário” do consigo mesmo (?). Bem, assim como nem tudo que pertence ao rio é aquoso, o homem não é em si mesmo,   necessariamente,     o que pensa ser, tornando-se às vezes,   um “peixe” que de si   escapole. Alexandre, O Grande, Napoleão Bonaparte   e outros que tais, eram “peixes grandes”,   que   engoliram o próprio aquário! Ai de nós “peixinhos” se tivéssemos disputando com estes, o mesmo espaço! “O aquário” do consigo mesmo. Eis o mais profundo e significativo dos mergulhos.   É aqui no fundo da alma que pescamos a nós mesmos! É aqui onde muitos insistem em permanecer no raso, alimentando a fome das gaivotas... Por falar na fome das gaivotas, vejo com muita preocupação a “praia rasa” em que muitos jovens estão se atirando. E a pergunta que faço é: em que tipo de “iscas”, os jovens estão

O falso discurso de pertencimento

Por Gilvaldo Quinzeiro     As abelhas não se dão conta da colmeia. Porém,   o discurso   em voga de “pertencimento” é dos homens,   não sabendo   eles quão falso o é. Se este discurso fosse das abelhas, quão verdadeiro seria! Ora, se os homens fossem as abelhas, o esporão seria sem dúvida alguma, o seu discurso. Todavia, somente a cera, que também é produzida pelas abelhas, lhes serviria mais a ideia de “pertencimento”. Bem, o dito acima é para introduzir   outro tema,   o da ebulição política dos nossos dias, a daqui, (do Brasil), da América Latina e do mundo – pra quê ideia mais falsa de “pertencimento”? Para começar, um tema quente do nosso cardápio político: o “impeachment   da Dilma” – a quem pertence ou interessa este discurso? Que grupo legitimamente o reivindica? Esta ideia soa-me como “aquela abelhinha” que, longe da colmeia se afoga agora na tigela de mel. Ou seja, um suicídio espalhafatoso, porém, açucarado! Dilma parece uma abelha sendo expulsa pelos

Puta mãe: o bebê se cagou!

Por Gilvaldo Quinzeiro   Pois é... parafraseando o dizer freudiano,   “civilização e merda não só andam juntos como se postam ao lado da mesma mesa para, assim, distinguir o que o homem enfim, leva á boca”. A propósito, eu cresci ouvindo a seguinte premissa: “quem tem medo de cagar, não come”. O anunciado acima é uma breve introdução para a também não tão longa reflexão a respeito do quadro atual civilizatório, e, aproveitando o ensejo para fazer uma visita ao velho Freud,   mais especificamente ao seu “O Mal-Estar na Civilização”. Pois bem, o caso em questão é o   de um menino de 5 anos, Adriano Henrique Jardim Ramos, que foi espancando pela sua mãe, Jane Aparecida Jardim, 27 anos, e, que mesmo tendo sido socorrido e internado em um   hospital     de Franca, interior de São Paulo,   na quinta-feira ( 27), veio a falecer   neste domingo (1),   por traumatismo craniano. O motivo alegado pela mãe: “Ele tinha feito cocô na cama. Foi quando eu me estressei e bati nele e acab

A felicidade em tempos rasos: quem ainda chora?

Por Gilvaldo Quinzeiro   A felicidade não se ostenta por bastão, qualquer que seja. Engana-se quem pensar que a ostentação seja o melhor remédio para os males que corroem a nossa alma. Em nossos dias, à medida que a ostentação se enraíza profundamente no nosso modo de vida, a felicidade fica rasa. É aqui onde todos se atolam pisando sobre a própria face. O resultado não poderia ser outro: muita maquiagem e seca de risos. A felicidade, meus raros leitores, não precisa de maquiagem. Ela (a felicidade) é como a pequenina flor da beira da estrada – não brota para os apressados, e nem depende dos que por ela se demoram. Ou seja, a felicidade não é um achado, mas, uma busca apenas. Dos poetas ouvimos sobre os caminhos. Dos profetas aprendemos sobre os sinais.   Mas só os alquimistas ousaram meter a mão na massa. Contudo, ser feliz é fazer dos seus escuros, um dia, ainda que breve! Tal lição não se aprende nas algazarras das massas, e sim, rompendo a placenta do seu dia a