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Mostrando postagens de maio, 2020

A palavra, os palavrões e o efeito bumerangue

 Por Gilvaldo Quinzeiro  A palavra, em certas circunstâncias em que o ambiente se torna um ‘barril de pólvora’, pode, mesmo quando dita sem a intenção de matar, provocar estragos que nem com o passar do tempo poderão ser cicatrizados. A palavra, portanto, tem um lugar gestador sem o qual não haveria a quem esta se destina! Ou seja, sem “o cheiro, as cores e os ruídos dos ambientes” não há como se engravidar das palavras. O anunciado acima serve apenas de uma breve introdução para o que queremos chamar atenção, no que tange ao momento atual vivido no Brasil, mais especificamente no se diz respeito ao ‘enrijecimento da palavra’. Quando se diz enrijecimento da palavra não se quer dizer que a palavra, enfim, passou a ter valor. Pelo contrário, se quer dizer que a palavra nada mais tem a dizer. O Presidente Jair Bolsonaro, por exemplo, se tornou campeão deste tipo de “enrijecimento da palavra”. Com ele, Jair Bolsonaro, a palavra se torna enrijecida com a mesma natureza que um soco na

As rupturas e as cenas vivas das nossas últimas batalhas 

Por Gilvaldo Quinzeiro   Defender a ruptura institucional por mais que isso soe como prece aos ouvidos apressados é institucionalizar a barbárie. A barbárie que até agora está restrita ao campo dos palavrões. Os palavrões que por sua vez, já foram institucionalizados , e que por este motivo são repetidos até mesmo por aqueles que antes primavam e clamavam nos púlpitos à elegância das suas preces. Defender a ruptura institucional como remédio é ignorar os efeitos colaterais do ressurgimento dos cadáveres sedentos por vinganças . Defender a ruptura institucional é flertar com feridas que ainda nao foram cicatrizadas. Defender a ruptura institucional é externar as suas mais sólidas fraquezas ante um momento que exige o domínio das nossas tempestades interiores. Defender a ruptura institucional por mais que isso soe como uma resposta "divina" por conta das nossas infernais condições, nao nos levará a céu algum. Aliás o que são e onde ficam os céus no momento em que nos t

O Brasil na iminência de uma guerra civil?

 Por Gilvaldo Quinzeiro  Como se não bastasse os 22.291 mortos por um inimigo invisível e sem pátria, a covid-19, onde os cemitérios dão sinais também de entrarem em colapso a exemplo dos hospitais, o Brasil vive uma iminência de entrar numa ‘guerra civil’, ao menos é o que se pode perceber pelo aumento do tom dos generais que dão sustentação ao mesmo governo, que até agora não conseguiu dar uma resposta adequada ao enfretamento da crise da pandemia. Uma guerra seja ela qual for, principalmente contra ao próprio povo, não tem justificativa, a não ser que o ódio, que é combustível de todas, incluindo ‘as santas’, já nos tenha transformado nos piores dos bichos! Se isso se confirmar, eu espero que não, é a prova de que ódio invadiu os templos e as catedrais fazendo com que todos ali se tornassem os seus mais fiéis servos – isso sim é a descrição real do apocalipse! Se formos fazer uma espécie de sobrevoo nas condições atuais, usando um termo dos jornalistas, iremos constatar que os pr

O Brasil das "hemorroidas" e das outras revelações

Por Gilvaldo Quinzeiro Em vídeo da reunião ministerial do 22 de abril divulgado ontem pela autorização do Ministro Supremo Tribunal Federal, Celso de Mello, não só revelou o Brasil das “hemorroidas”, mas as faces assombrosas de quem repetem compulsivamente o nome de Deus, bem como de quem levantam o mastro da bandeira dos “valores”, conforme tão fervorosamente defende a Pastora Damares, ao mesmo tempo em que esta se silencia ao tom grosseiro do Presidente Jair Bolsonaro que manda todo mundo se “F”!  Parece algo irônico, circense, fortuito, mas foi uma reunião Oficial de Governo cujos participantes na sua maioria ou era evangélicos ou militares. Portanto, nada ali produzido deveria ser de natureza ‘antipatriótico’ a sua divulgação como defendeu alguns assessores do Governo.  Aliás, o que é ser antipatriótico senão produzir um conteúdo que provoque vergonha e nojo aos brasileiros como o que ocorreu na nesta reunião ministerial?  Esta é Moral dos que viviam travando uma guerra contra a ‘p

No caos: polarizar ou problematizar?

Por Gilvaldo Quinzeiro     A polaridade ou a polarização, que no Brasil de hoje se encontra violentamente visível com seus efeitos devastadores, dilacerando almas e corações, fato este já presente há algum tempo entre nós, mas que em época de pandemia abre todas as nossas feridas, é uma das 7 leis herméticas, conhecida desde à antiguidade, especialmente pelos egípcios. Atribui-se a Hermes Trismegisto, o seu criador. Diz a lei: “Tudo é duplo, tudo tem dois polos, tudo tem seu oposto. O igual e o desigual são a mesma coisa. Os extremos se tocam. Todas as verdades são meias-verdades. Todos os paradoxos podem ser reconciliados”. Conforme os antigos, a polaridade trata-se, portanto, de uma lei universal, ignorá-la é como levar à mão ao fogo, e se surpreender depois com a queimadura! A eletricidade com os seus fenômenos só é possível ao resultado da polaridade, ou seja, o polo positivo e o polo negativo.   O tempo e o espaço, por exemplo, forma o que poderemos chamar das condiç

A batalha entre CNPJ X CPF

Por Gilvaldo Quinzeiro Há 132 anos, em que pese a distorcida memória de alguns, a elite dominante brasileira aferrava-se com primor aos seus ‘arreios’ a despeito de maltratar à ferro e à fogo os seus ‘burros de cargas’.   Hoje, a nossa elite dominante também embrutecida e aferrada aos seus mesquinhos interesses, vai até ao STF em marcha cega e desajeitada, conduzida por um Presidente que a cada momento se torna menor e aquém -,     defender os seus CNPJ, não obstante, a guerra que já apagou sem chance de um recomeço para     mais de 9 mil CPF, isto é, indivíduos, contribuintes, CONSUMIDORES, gente que tiveram suas vidas ceifadas pelo coronavírus! Isso sem citar aqueles que já ‘foram’ sem sequer ter seus nomes e rostos reconhecidos!   Quem vai querer tomar ‘apetitosos sorvetes’, ainda que com todas as luminescências como atrativos dos negócios, no frio chão onde os     corpos estão sendo amontoados? É difícil acreditar no que estamos vendo! Mas, há entre nós quem envergonhe os

Os ares da vida em tempos de muitos espantalhos

Por Gilvaldo Quinzeiro   “Me desculpem, mas não deu mais.   A humanidade não deu certo. A impressão que foram 85 anos jogados fora num país como este e com esse tipo de gente que acabei encontrando”. Estas frases estão contidas numa carta de ‘despedida’ atribuída ao ator Flávio Migliaccio, que foi encontrado morto nesta segunda-feira, 4, em um sitio em Rio Bonito (RJ), onde provavelmente estivesse passando a quarentena. Segundo a polícia, o ator que é um dos mais talentoso e experiente da televisão brasileira, cometeu o suicídio, e no local onde estava o corpo foi encontrado uma carta com a suposta motivação que o tenha levado à atentar-se contra a própria vida.   Flávio Migliaccio tinha 85 anos.   Que fôlego encontrou o velho ator de tantos personagens para escrever sua última obra? Que novos ares devemos extrair de notícias e atos como este?       O Brasil deixa escapar pelo ‘ralo’, uma das suas maiores expressões artisticas! Mais um artista que em curto espaço de tempo per

Brasil: os bêbados tempos de hoje, perde um dos seus mais equilibrados artistas

Por Gilvaldo Quinzeiro O Brasil na corda bamba dos terraplanistas, negacionistas e fanáticos que no sábado agridem profissionais da saúde, no domingo batem em jornalistas, todos       em desespero para tentarem salvar suas pálidas almas alçando voos rasos e sem se darem conta do abismo, perdeu nesta segunda-feira, 4 de maio, um dos seus mais sensíveis e inspirados artistas, o compositor e escritor, Aldir Blanc, uma das 7 mil vítimas do Covid-19. Artista da rua, inspirava-se na dor ou no riso do povo. O mesmo Aldir Blanc que em tempos tão cinzentos como os atuais, acalentou e inspirou uma geração no exilio na esperança de um dia voltar para a casa, em “O bêbado e o equilibrista”. Nos bêbados tempos de hoje, a sua morte é um soco profundo no pulmão da cultura brasileira, hoje, asfixiada por tanto falso moralismo, de quem tenta se equilibrar da sua embriaguez ideológica e da sua dose cavalar de idiotices. Vá com a sua consciência límpida tranquila Aldir Blanc! O Bras

Misericórdia!

Por Gilvaldo Quinzeiro   O Brasil vive hoje no fogo cruzado de duas guerras. Ambas potencialmente destruidoras. A primeira já vem se arrastando há algum tempo. É a guerra político-ideológica-teológica que aos poucos, mas de modo violento, transforma e divide todos os brasileiros em ‘carne viva’, onde o espiritual foi substituído pelo político, o amor pelo ódio, a bíblia pela arma e Jesus Cristo pela figura do Presidente Jair Bolsonaro.   Ou seja, a fé transformada naquilo que há de pior e mais toxico: o fundamentalismo! Só aqui neste aspecto poderemos já apressar o nosso apocalíptico à brasileira e criar muros que separarão aqueles que “vão para os céus, daqueles que foram atirados pelas forças das circunstancias ao inferno”. Famílias inteiras foram divididas, inclusive em velório por conta do desentendimento no ritual funerário.   Amigos romperam anos e anos de amizades. Grupo de redes sociais, incluindo os de familiares, onde as discussões de puro ódio, despertam os piores pens