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Mostrando postagens de 2023

Da série psicanálise & provocações ( IV)

A felicidade e a bem-aventurança do viver  Por Gilvaldo Quinzeiro  1- A  felicidade, esta senhora, que nos acena , mas nunca aparece nos encontros é filha de quem? Se veste de quê? Dorme com quem? 2 - Na justa virada de ano, todos nós estamos a espera de 2024, as praias estão lotadas; as estradas em  engarrafamentos; os retiros espirituais em barulhos dos louvores; os que antes só se vestiam de cores variadas, agora se vestem de branco: é a busca da felicidade, a Coca-Cola , dos mais espiritualizados. 3 - Como no rio de Heráclito no qual ninguém se banha duas vezes, cada dia é  uma despedida. 4 - Viver é se despedir todos os instantes! É mergulhar fundo sem se afogar no raso de nenhuma coisa! 5 -Bem-aventurado seja quem for capaz de melhor se despedir e conseguir imprimir no outro a saudade do seu cheiro! 6- Bem-aventurado seja quem souber silenciar  no exato momento em que o outro só quer mesmo ser ouvido! 7 - Feliz, não é quem prova do mel,  mas quem sabe a quem agradecer por decidir

Da série psicanálise & provocações (III)

Eros, este filho de uma puta? Por Gilvaldo Quinzeiro  1 - Eros , do erótico , do erotismo, é a “cachaça “ presentes nas queixas de todos os humanos quando vão consultar  aos altares, aos  padres, aos  pastores, aos gurus, as cartomantes e aos analistas . 2 - Eros, aquele que nunca se torna adulto, é filho de Afrodite (deusa do amor) e Ares ( deus da  guerra), o coração e o fígado respectivamente. 3 - Amar é se equilibrar o tempo todo numa corda bamba, sacudida por dúvidas tempestivas ouvidas de dentro ( de nós mesmos) quanto de fora ( dos outros). 4 -  Amar é quase um morrer no afã de, com o nosso amor,  deixar o outro vivo, quando este também não morre. 5 - Não ame , pois, nada que em você mesmo não apalpe! 6 - Mas , não  esmague nem a si e nem o outro num gesto de carícias. 7 - Lembre-se da natureza ambígua de Eros: a linha entre devorar e ser devorado é muito tênue! 8 - Eros, quando puxa ao pai, Ares, costuma  inventar conflitos, fazer tempestade num copo d'água… 9 - Eros, quand

Da série psicanálise e & provocações (II)

  O assombroso ato de se conhecer: o nosso engatinhar! Por Gilvaldo Quinzeiro 1 – O problema do homem, não é quando este anda sobre “quatro patas”, jardim da sua infância, mas quando passa a fazer uso apenas de duas, que, estando em desequilíbrio e arrogância, esquecerá do seu passado, vindo, mais tarde, a vergonhosamente desconhecer a si mesmo e dos outros, quando, para se erguer, precisará se apoiar em três patas... 2 – O ato de conhecer a si mesmo é potencialmente assombroso! Por isso, as vezes é mais confortável servimos de cavalo aos nossos sintomas – pernas e caminhos do nosso lugar algum! 3 – Sigmund Freud viu muitos desses cavalos derrubarem gente grande! 4 – Ah! Este Freud! Como explicar a dor de não ser correspondido pelo próprio espelho? 5 -   A velhice, esta incômoda visita, assombro de todos as faces, mas que nem todos, devido a pressa, e outros penduricalhos, terão o privilégio de confortavelmente recebê-la -, é o nosso reencontro com aquilo que é o nosso et

Da série psicanálise & provocações (l)

Os eternos bebês no quarto  Por Gilvaldo Quinzeiro  1 - Mais do que um conflito entre a geração dos pais e filhos, típica dos anos 60 , 70 e 80, estamos tendo agora a edificação de uma nova topografia: mundos de fachadas; bolhas narcisicamente tóxicas; sujeitos desenraizados a surfar em rasas ondas! 2- O Édipo de hoje não possui “pés inchados”, pois pouco se pisa no chão, mas a boca rasgada pelo desejo traidor de permanecer no quarto. 3 -  O cordão umbilical se encompridou, mas o mesmo não se pode afirmar sobre a fartura de  seios . 4 -Há choros e gritos silenciosos; viagens a paraísos e guerras deflagradas ao mundo sem sequer deixar  o quarto. 5- O quarto não pode ser pensado no singular , mas numa profusão de significados - uma espécie de extensão do útero. 6- Por ausência dos pais,estes,  também presos em seus mundos de mentirinhas, há introjeção da imago dos monstros de pelúcias ou dos animais de estimação por parte dos filhos - únicos visitantes deste escuro quarto (?). 7 - É urge

Natal: em Belém?

  Por Gilvaldo Quinzeiro Hoje em Belém, na Cisjordânia, não há Natal! Todas as comemorações alusivas ao nascimento de Jesus Cristo foram suspensas. Os bombardeios israelenses em cursos desde o dia 7 de outubro na Faixa de Gaza e região adjacente destruíram também as festividades. Há sim, um presépio improvisado feito dos escombros da guerra, sobre os quais repousa um menino vestido de trajes palestinos – o menino Jesus! Em suas orações ontem, 24, na Missa do Galo, o Papa Francisco disse: “nesta noite, o nosso coração está em Belém, onde o príncipe da paz ainda é rejeitado pela lógica poderosa da guerra, com estrondo das armas que ainda hoje o impede de encontrar alojamento no mundo”. Se se Jesus tivesse vindo ao mundo no exato dia de hoje, ele, e outras milhares de crianças palestinas cujas mães morreram e continuam a morrer em face da guerra - não encontraria “Belém”, apenas escombros de corpos! É estranho que os mesmos que se dizem preparados para à volta de Jesus, não cons

Sim, primo, está claro?

Por Gilvaldo Quinzeiro Antes do domínio do fogo e da escolha das pedras para se fazer uma trempe, a distinção entre a carne da caça e da mão ensanguentada do caçador era feita no ato também violento de morder; de morder aquilo que poucas horas antes era escorregadio e saltitante.   Entretanto, foi a dança entorno da fogueira, que deu um novo sentido do que é ter uma barriga cheia – cheia também daquilo que agora se formata na condição de um espirito! É estranho hoje nos perguntar no entorno de que ou de quem dançamos? Porém, o mais estranho é constatar que não sabemos mesmo por onde andam as nossas mãos, quando tudo é tão próximo da nossa boca. Aliás, o que engolimos não nos faz ter espirito algum? É claro que hoje tudo é boca:   é impossível atravessar os espelhos sem ser devorado pela experiência das sombras!  

A fartura das mesas, e a nossa fome de afetos!

Por Gilvaldo Quinzeiro   Dizer “eu te amo” de pau duro é muito fácil. O difícil é amar para além das condições em que as fraquezas da carne, fraqueza no sentido de não ter mais carne ou de não despertar apetite na forma de prato algum, nos obrigam a redesenhar o mapa da ceia! Abraçar alguém quando este é fonte dos seus interesses, é fácil. O difícil é conciliar os seus interesses com os de quem está sendo servido no prato – isso a propaganda ou as mensagens e os convites para a ceia natalina não nos despertam! – Ainda bem? Quando chegamos a uma certa idade, já sabemos de cor e salteado os cheiros dos assados e dos cozidos, e até mesmo dos presentes que recebemos com desgosto todos os anos! Sim, parece que com o passar dos tempos, temos mais de um Nelson Rodrigues do que de uma Ana Maria Braga! Sorte nossa?   Cadê os velhos amigos? Cadê os sonhos, os pratos, os caminhos em que todos juramos seguir juntos? Às vezes bate uma saudade diante da certeza de que a farofa era o melh

Os sinais do esgotamento da nossa atual civilização?

Por Gilvaldo Quinzeiro Assim como o filho pródigo, precisamos regressar às cavernas, não para roer os ossos, velas acessas em nossa escuridão, mas para nos lembrarmos dos difíceis passos dados em direção ao uso do papel higiênico: jogar merda nos outros acreditando que a sua é melhor, é atingir o ponto de retorno! O homo sabugo! O homo sabugo. Este é o nível de maior narcisismo, doença para a qual não se inventou nenhuma pílula – que bom? Mas, certamente, nada que o velho Freud não tivesse metido o seu dedo! A intolerância é a nossa face esmagada no espelho, que nos diz da rica existência do outro! O dito acima é uma provocação ao que poderá ser o esgotamento do atual processo civilizatório. Um alivio para aquilo não deu certo, inclusive as “moitas religiosas”, onde muitos se escondem de cócoras – vão esforço! – todos estamos despidos! O atual conflito na “terra santa”, entre Israel e Ramas, não só expõe as feridas e as rachaduras daquilo que foi erigido com o nome de civil

A guerra e os ratos das nossas escrituras

Por Gilvaldo Quinzeiro  A guerra entre Israel e Ramas segue reduzindo os homens ao pior de si. Suas vísceras sobem a cabeça… Já não se controlam os esfíncteres e os instintos…Aqui ou acolá alguém de cócoras acreditando estar por cima…Mas , de fato, nestes 27 dias de guerra ninguém se ergue as alturas das minhocas! No alto,  só uma coluna de fumaça: sinal de que lá embaixo as bombas rasgaram o coração de uma criança! As escrituras sagradas, ah as escrituras sagradas! Estas nunca foram lidas de modo tão raso, e com olhos voltados para mesquinhos interesses, como hoje!  Só Deus sabe o tanto! Ah o nome de Deus!  A Deputada Federal Carla Zambelli, sempre ela, como se estivesse lá no alto, usa a Bíblia para comparar o povo palestino aos ratos! Oh, meus primos ratos, perdoem os desvalidos narcisos dos nossos tempos! Estes,  diante das suas terras prometidas, se inflam mais do que sapos ocupando os  espaços alheios! Que me corrija o povo palestino! Ah a Bíblia! Esta nunca  se tornou uma escrit

Conquanto a prece por Deus a civilização fracassa

Por Gilvaldo Quinzeiro Diante dos sucessivos fracassos dos esforços diplomáticos para um cessar-fogo no conflito entre Israel e Ramas, que já entra no seu 16º dia, seja no Conselho de Segurança da ONU, seja em tratativa entre líderes regionais, chegamos à conclusão de que toda a humanidade estar em carne viva! Ou seja, não há mais nenhuma diferença entre comer e ser comido; entre o bicho e o homem; entre a barbárie e a civilização. Observe que não estamos falando de um outro conflito tão sangrento, quanto este, também em andamento, o dos russos e ucranianos.... Em outras palavras, fracassamos! Sim, assistimos o fracasso da atual civilização, da mesma forma que as outras, também orgulhosas dos seus maravilhosos feitos, mas que fracassaram, cito a título de exemplo apenas duas, a grega e a romana.   Sim, hoje não só assistimos o fracasso da ONU, como dos reis, presidentes, papas, aiatolás, rabinos e patriarcas! A medida que o conflito avança em nome da brutal vingança clamada por

No teatro da guerra Israel e Ramas a face oculta do Egito e de outras memórias

Por Gilvaldo Quinzeiro A guerra entre Israel e Ramas nos faz atravessar também de memória, o que torna o conflito banhado de outros significados, além de sangue. E por falarmos em memória, não nos esqueçamos:   O sangue é a ‘oferenda’ que mais agrada os deuses! Por isso, a razão de muita anemia entre os homens... sendo a falta de racionalidade o seu principal sintoma! É interessante como os holofotes sobre o teatro da guerra entre Israel e Ramas, oculta, por exemplo, o papel do Egito. O Egito, que, na época dos faraós e seus numerosos deuses, ‘recebia’ o patriarca hebreu, Abraão, que fugia da fome da dita “terra prometida”. Hoje, milhares de pessoas de diferentes nacionalidades, com fome e com sede, dependem da abertura da fronteira para entrarem em território egípcios! Que outro povo enfatizou tanto a ideia de eternidade?   Seja lá por que cargas d´águas, de novo a terra do Nilo surge como     a gota salvadora! Não importando as suas faces e bandeiras. Uma pena, entretanto, qu

Uma reflexão quase freudianamente sobre as guerras

Por Gilvaldo Quinzeiro   Uma guerra seja esta feita por quais motivos forem, é uma puta constatação do fracasso dos nós civilizatórios! E o fracasso dos nós civilizatório é mesma coisa que freudianamente falando, constituir, “ a perca do controle dos esfíncteres”! Trata-se, pois, nestas condições, do desabotoar, do afrouxar do bruto animal reprimido ao longo do nosso processo civilizatório! Uma nova guerra, nova naquilo em que, das outras nada se aprendeu, como esta que hoje entra em seu 5º dia, Israel e Ramas, é o retorno do pior que há em nós, seja nós ‘palestinos’, ‘israelenses’, ‘muçulmanos’, ‘judeus’, ‘cristãos’, enfim.... O dito acima é uma introdução a um breve texto que, pelo seu teor, é desaconselhável aos menores de idade ou os apegados a alguma paixão, em especial a de cunho religioso. Pois bem, entramos hoje para o 5º dia da guerra entre Israel e Ramas. Mais de 2 mil mortos. 200 ataques israelense em Gaza só nas primeiras horas desta quarta-feira, 11. E olhand

Israel X Ramas: a fé, as armas ou razão no caminho da paz?

  Por Gilvaldo Quinzeiro   A questão do conflito iniciado sábado, 7, entre Israel e Ramas, e que já vitimou até hoje, na manhã desta terça-feira, 10, 1.670, é mais complexa. Exige um robusto esforço intelectual e uma gigantesca coragem política para a sua compreensão. Isso para início de conversa...   Infelizmente, para espanto de muitos, a roda do mundo não obedece aos nossos narcísicos espelhos – ainda bem! De sorte que, aquilo pelo qual hoje nos esmagamos, não valem os nossos joelhos feridos. Se se tudo fosse como romantizamos ou se fosse como da perspectiva dos nossos olhos embaçados pelos nossos interesses e paixões, não haveria neste exato momento quem esteja pedindo “pelo amor de Deus” para ser repatriado da Terra Santa!   O quê?   As cenas horripilantes provocadas tanto pela invasão do grupo Ramas ao território de Israel ou pela contraofensiva israelense em Gaza, nos expõe a verdadeira face da humanidade a despeito da fé, do fervor religioso de quem quer que sej

A velha guerra entre Israel e Palestinos faz o mundo de novo trocar de pele: a cobra geopolítica?

Por Gilvaldo Quinzeiro  Do  último sábado para cá, 7 de outubro, com a inimaginável invasão do grupo Hamas a Israel e a apocalíptica contraofensiva israelense na Faixa de Gaza, o mundo "trocou de pele" , e já não é mais o mesmo! A última vez que isso ocorreu foi no dia 11 de setembro de 2001, com os ataques feitos aos Estados Unidos. Há poucos dias, os olhos de todos estavam voltados para a guerra ainda em andamento e sem feituras definidas  na Ucrânia. E ao piscar de olhos o que já aconteceu em outras partes do mundo?  Nas redes sociais em polvorosas, já se fala do "fim do mundo"  - mas que mundo? Que "fim"? Quem está falando em nome de quem? Quem ainda é de um nós? Outros já estão de olho nos céus para enfim se confirmar a " volta de Jesus Cristo "! Será? Para quem? Quem saberá num aperto de mão qual é a sua? O conflito entre israelenses e palestinos não começou no último sábado, e nem na década passada. Trata-se de um conflito antigo , que rem

A Série Setembro Amarelo (texto 1). O bebê, cavalo das suas fomes

Por Gilvaldo Quinzeiro   Este texto, o primeiro de uma série, é uma provocação acerca do viver; do viver em tempo de avalanches de preces apressadas e de gigantesca população de pavios curtos. Contudo, não se trata de aconselhamento ou algo do tipo, apenas tem como objetivo suscitar reflexões. Trataremos aqui dos três primeiros passos decisivos da vida pelo bebê, cavalo das suas fomes. Ei-los. Pois bem, os três primeiros decisivos passos da vida são os seguintes, a saber, primeiro, romper com a casca protetora. Segundo, se jogar nos braços do estranho mundo do outro. Terceiro, conhecer as afiadas lâminas da realidade com a própria boca. E todos estes decisivos passos são dados na condição de bebê, que, a rigor ainda nem engatinhava; não distinguia o outro de si e muito menos sabia para que serve a boca. Tudo é fome de todas as fomes! Nesta fase fomos todos cavalos de batalha, porém, sem ainda termos ‘patas, olhos, que veem no seu sentido pleno, bem como sem dentes. Nesta fa

A velha angustia do viver e os novos desafios de não sermos porcos

Por Gilvaldo Quinzeiro Sobre o homem a equação é a seguinte: a sua boca antecede, e muito a palavra, mas esta por mais que seja dita na intenção de domar o mundo, não engole a boca! A importância disso é que a boca do homem é ‘parente’ de todos os bichos, incluindo daqueles sobre o qual há absoluto silencio! Bem, o dito acima é uma introdução a respeito da permanente crise da condição de sermos homens. Estamos nos cansando desta condição? A pergunta é mais assustadora do que a resposta, porque qualquer que seja a resposta a esta pergunta, não esconde a boca de jeito algum. No Japão, um homem gastou a quantia de R$ 72 mil para, ao menos em fantasia, se transformar num cão da raça Border Collie. Será este o modo de fugirmos da angustia de sermos homens? A fantasia de ser cão revela ao menos que ainda não perdemos o interesse de estarmos próximos dos homens, o problema é quando o nosso contentamos pelos ossos se esgotar, e,  então tivermos que lidar com a fantasia de sermos como

Quando os homens são de barros, também seus deuses e pátrias. Uma reflexão sobre o Brasil das ‘joias

Por Gilvaldo Quinzeiro Quanto mais eu olho a cena política contemporânea do Brasil, mais vejo os homens, ainda que de farda (em seus quarteis) ou de joelhos (em seus templos) - de barro!   - essa é, pois, a verdade revelada em que pese o desejo que esta fosse outra! Nunca    no Brasil se pregou acerca da ‘verdade’ como em nossos dias, mas pouco se esperou que esta pudesse não ser como o ‘ovo’ do qual muitos afirmaram ser a galinha, em vista disso há muito mais palheiro do que agulha... Ou raposas à espreita! Afirmar que os homens são de barros, a despeito da ostentação das suas joias e medalhas, é dizer que em certo sentido não nos afastamos dos sumérios ou dos egípcios. Ou seja, somos pobres homens nos fazendo passar como conhecedores dos desígnios dos deuses, sendo estes também feito das nossas babas e arrogâncias!   Cada vez mais, à medida que as investigações levadas a cabo pela Polícia Federal (PF), revelam que o Brasil de “Deus, Pátria e Família” a despeito do seu supos

O cristianismo e o distanciamento do próximo

Por Gilvaldo Quinzeiro  Os tempos atuais atravessados por extremismo e pandemia revelou que o cristianismo, notadamente de alguns  setores, se despiu de um dos seus principais fundamentos: o amor ao próximo! O próximo, não é apenas aquele que comunga das nossas ideias ou fé, mas o Outro, qualquer que seja este.  E sem este fundamento, qual seja, o amor ao próximo, o cristianismo se tornou um marketing daquilo que não tem mais a oferecer. Sem o amor, que acolhe, compreende e perdoa,  qualquer gesto não passa de mera retórica. O fato é que no intuito de levar a religião a qualquer custo, famílias estão sendo separadas , onde irmãos não se falam mais uns com os outros, porque "o próximo" a ser amado é os irmãos da igreja… Não bastasse isso, o púlpito se tornou trincheira , da qual, os pastores, hoje generais da fé , com pregações cada vez mais inflamadas  e contaminadas  por ódio , insuflam seus seguidores a fazerem guerras contra este ou aquele grupo , o caso mais recente, foi

O caso de Vinicius Jr: dos apitos ao que nos apontam os europeus

Por Gilvaldo Quinzeiro   Picasso, nos advertiu sobre “Guernica” . Vinícius Jr sobre Yomus. O que ambas advertências têm comum? – O mundo ficou pior! Mas, não é só isso – o pior dos mundos poderá estar por vir!     O caso de racismo ocorrido durante a 35ª rodada do campeonato espanhol, contra o jogador Vinicius Jr.na partida entre Valencia e Real Madrid, domingo, 21, aponta para a mesma Europa fora dos seus estádios – uma Europa perseguida e encolhida pelos seus velhos fantasmas: o fascismo e seu fascínio pela soberba e pela guerra!   A guerra da Ucrânia, que acontece ali próximo, não só decidirá de quem será o trigo, como também as cores das camisas e das peles a habitar o velho continente. O quê?   Como assim? Esclareço: Não. Este texto não é sobre futebol. Nem sobre pintura. Mas sobre o que está realmente em jogo - a vida também dos insetos! A elite europeia diante das suas crises existenciais sempre optou em ‘jogar’ pela extrema direita.   O resultado das últimas eleiçõe

Sobre o dia 8 de janeiro em Brasília. O ovo das nossas dúvidas?

Por Gilvaldo Quinzeiro  Procurar o  ovo, onde dormem as galinhas, é perder de vista a genealogia de todo o galinheiro.  Pois bem, o ovo , que gerou a invasão golpista do dia 8 de janeiro, não foi gestado ali naquelas imagens captadas pelas câmeras , nem nas ações daquele dia,  mas ,  nos longos e obscuros 4 anos do governo de Bolsonaro.  O ninho, no qual surgiu  aquilo pode ser também facilmente identificado, e não poderia ser outro.  Ou seja, o colo quente do   fundamentalismo religioso e  o braço seco da ideologia fascista. E como resultado desta combinação o que surgiu com a  eclosão do ovo?  A raposa!  A questão agora é como explicar para os pintinhos de verde e amarelo que os lobos também se disfarçam de ovelhas! Amém?

O real despido do seu fio dental

Por Gilvaldo Quinzeiro  Tudo é real. Do sol que nunca se apagará por mim. Da minha cabeça fria a pensar sobre o sol, que se derrete no esboço de uma pintura.  O que não é real é aquilo não serve de base para a loucura. Ninguém enlouquece do nada, logo, o nada não existe.  Tudo é matéria-prima para tudo. Eis a aqui onde reside o perigo! Onde estava o fogo antes deste se tornar fogo? Seja qual for a sua resposta, esta responde pela sua condição de homem. Onde estava o universo antes deste ter se tornado universo? Esta pergunta por si só espera a resposta dos deuses, sejam estes na forma de  um sabugo ou  de um  eterno vir a ser.

Psiu!

  Por Gilvaldo Quinzeiro  Não pergunte para uma borboleta, o que a transformou em uma borboleta. O certo é que, presumo, ganhar asas não tornou a vida da borboleta menos arriscada. Dominar o medo de voar, não significa ter conseguido vencer o desconforto das asas, e nem o impacto do vento sobre as mesmas. O calango que somos hoje,  há de se rastejar para o bem do calango,  não importa quão ásperas sejam as pedras a serem por este escaladas…  Em outras palavras,  prima,  formiga, não   importa o espelho no qual alguns ousam estranhamente se comparar, pois haverá sempre um defeito, uma espinha, uma cicatriz, um desconto bem no meio dos olhos -,  o genial é saber carrega a si  mesmo, não obstante as  queixas  sobre o desconforto daquilo que a vida nos colocou no lugar do que um belo dia  fora a   nossa outra   face, pernas ou  cérebro -  até  a fonte da próxima mudança.  Belos pares de antenas , prima!  Até a próxima!

O umbigo da realidade: cadê?

Por Gilvaldo Quinzeiro   Não espere da realidade o que não é realidade seja lá o que for a realidade. Pode ser até que você não se encontre nela seja lá você quem pensa ser – perdemos todos o umbigo, e o procuramos em todas as coisas, exceto em nós. O derivado disso é: o realmicidio, isto é, a morte da realidade. E o que é realidade? O edifício da cultura; da sociedade; do sujeito. O realmicidio é consequência do desraizamento do sujeito. O sujeito desidratado de si mesmo. O que falar da realidade ou que se esperar dela se se o sujeito que a subjetivava – o parto do nosso mundo – se esterilizou? Não espere que as novas guerras sejam anunciadas pelos tiros de canhões!   Não há mais guerras assim. Não espere ver as trincheiras para, enfim, avistar uma dura batalha sendo travada para conquistar os preciosos espaços. As guerras de hoje minam todas as formas de visão, de modo que, ninguém sabe ao certo     onde estar o seu umbigo.   E o pior, pode ser que na nossa mesa de jantar, se

O filosofar pela fresta do caos. Era uma vez a bendita normalidade?

Por Gilvaldo Quinzeiro   Não queira ser o sapato de Putin. Não queira ser o travesseiro de Zelensky. Não queira ser o botão da braguilha de Biden. Não queira ser o terno de um cabo eleitoral das eleições municipais, que se avizinham, e, muito menos, não queira ser a garganta de um professor em sala de aula com alunos armados de estilete ou canivete! .... Queira ser o barro daquilo que nunca mais será como antes!   Assim como na Idade Média, salva-se hoje quem possuir armaduras? O que dizer da nossa arquitetura? O que motiva a construção de tantos condomínios fechados? Como explicar a intolerância e o ódio cercado por tanto templos e catedrais?   Como explicar a escassez de elegância com a fartura dos que praticam a     eloquência?   Como explicar a falta quando todos creem ter fé? O dito acima é uma introdução ao que presumo ser um ensaio filosófico. Um ensaio filosófico, cara pálida? Sim, mas sem a pretensão de fazer uso do prumo da filosofia ou de se filiar esta ou aquela

E a inteligência artificial, hein primo?

Por Gilvaldo Quinzeiro   Pois é, primo, eu ainda nem deixei de engatinhar em relação a muitas coisas, inclusive ao uso das mãos…   A inteligência artificial, primo, a despeito de todas as suas vantagens, poderá colocar os humanos no lugar nada invejável, porém seguro ao caos que tende a se instalar (em padrões tecnológicos) em um curtíssimo prazo:   das minhocas! Como assim? Não é para os humanos estarem em lugares mais elevados? Calma!   Qual a diferença entre o processo evolutivo, como por exemplo, o domínio do fogo, que deu aos humanos um salto à frente, e este agora anunciado com tanto estardalhaço? A resposta não poderia ser de outra forma, primo, senão pelo viés metafórico: o domínio do fogo a despeito das nossas mãos inquietas nos pegou com a bunda no chão, e, passamos, por conseguinte a dominar também a cabeça. Com a inteligência artificial, entretanto, perderemos a cabeça, e, se bobearmos, também a bunda! Simples assim? Não. De jeito algum! Ainda poderemos contin

A violência nas escolas. A ponta do iceberg?

Por Gilvaldo Quinzeiro     Mais uma tragédia.   Desta feita foram 4 crianças mortas e 5 feridas. Um homem de 25 anos, armado de uma machadinha invadiu o pátio de uma creche, no horário do recreio atacando as crianças. O fato aconteceu na manhã desta quarta-feira, 5 de abril, na cidade de Blumenau, Santa Catarina. O suspeito se entregou a polícia local. O caso segue em apuração policial.   Na semana passada, a professora Elizabeth Tenreiro, 71 anos, foi morta depois de ser esfaqueada por um aluno dentro da escola Thomazia Montoro, São Paulo, onde trabalhava, e, após este fato, houve uma explosão de tentativas de invasões a escolas em vários estados do Brasil, inclusive     na zona rural de Caxias, 2º Distrito, quando um aluno, segundo mensagens veiculadas nos grupos de WhatsApp, armado de uma espingarda ameaçou matar um colega.   Até quando? O que ainda estará por vir? O que se pode falar? Primeiro:   vivemos numa sociedade mentalmente doente. Segundo:   tais fatos não s

Os humanos pelos passos das inteligências artificiais. Quem enfim estará de cócoras?

Por Gilvaldo Quinzeiro Passos dados com a ponta dos dedos. Olhos fixos em alvos voláteis. Expectativas de um caçador, que volta da caçada sempre frustrada. É assim como passamos os dias desde que o uso do celular nos passou a ser indispensável. Em outras palavras, nos tornamos frágeis insetos já abocanhados pela devoradora realidade! Desde então, as nossas horas e os nossos dias se tornaram mais enfadonhos a despeito de nossas risadas ao assistirmos vídeos artificialmente engraçados, mas que nos pegam cada vez mais sonolentos, o que compromete seriamente a nossa capacidade de cognição! Regredimos ás circunstâncias do aprendizado de quando pela primeira vez víamos o fogo – quantas mãos perdemos até se concluir que o fogo queima? Mas aqui, tem uma diferença, a saber, ao mesmo tempo em que movimentamos os dedos    repetidamente ao manusear o celular ‘fritamos o cérebro’. Imagine agora diante do ChatGPT – uma assustadora ferramenta baseada na inteligência artificial que pode tornar

Os egos e seus intestinos. O luto por uma sociedade doente

Por Gilvaldo Quinzeiro   Casos como o do assassinato de Eduardo Paiva Batista, 39 anos, paulista de São Vicente, morto por uma vizinha, em frente a esposa e a filha de apenas três meses, depois de, cinco minutos antes ter descido gentilmente do prédio para abrir o portão para esta mesma vizinha; como o da escola Thomazia Montoro, São Paulo, onde uma     professora foi morta a facada por um aluno de 13 anos, do 8º ano são sinais de que vivemos numa sociedade em que as pessoas estão em carne viva. De modo que até o cheiro e o sotaque do outro se tornam insuportáveis. O ódio não só roubou a nossa capacidade de escuta, como a nossa pele! Enquanto isso, paradoxalmente, nos fixamos ao espelho: nunca nos dedicamos a cuidar das nossas feias aparências! Vivemos numa sociedade prenhe de coisas, onde pais enchem os filhos de bugigangas, e esquecem de lhes dar atenção; onde cuidamos mais das espinhas do que da alma; onde preferimos perder os dedos aos anéis. Em outras palavras, estamos t

Eu prefiro o deus Dionísio ao vinho feito por mãos escravas!

    Por Gilvaldo Quinzeiro   Nem o deus Dionísio beberia do vinho da vinícola gaúcha! Aquela suspeita de manter seus trabalhadores em regimes análogos a escravidão, 200 no total. E sabe por que? Porque Dionísio é um deus libertário!   A CNBB – Confederação Nacional dos Bispos do Brasil, também se recusa a usar em suas celebrações o vinho cujas vinícolas fazem o uso de trabalho escravo ou similar. É o que diz uma nota lançada nesta semana. Amém!     Agora aquele vereador de Caxias do Sul, Sandro Fantinel ,agora sem partido, porque foi expulso do Patriota, é o exemplo típico do neoconservadorismo presente no Brasil!   Aquele neoconservadorismo que não se importa de tirar o lombo e o sangue – de preferência dos nordestinos, em suas lavouras, para, depois, irem nas igrejas de cara limpa se ajoelhar se sentindo ‘pessoas do bem’! Amém?   O diabo é que estes tipos de pessoas estão ganhando fôlego em todo o Brasil! Muitos foram eleitos à Câmara Federal, e, com o discurso da def

Os objetos voadores não identificados, e os conhecidos interesses geopolíticos

Por Gilvaldo Quinzeiro O caso da derrubado dos objetos voadores não identificados pela Força Aérea dos Estados Unidos, três no total, sem contar com o balão chinês também derrubado, e que ainda está em fase de investigação, porém, seja qual for a sua origem e objetivo, revela para início de conversa a vulnerabilidade dos norte-americanos na defesa do seu próprio espaço aéreo, o que é uma péssima notícia em qualquer cenário de guerra! O Presidente Joe Biden vem sofrendo duras críticas dos republicanos pela demora com que levou para tomar a decisão, que resultou no abate aos tais objetos, bem como pelo não ainda esclarecimento a respeito da sua origem. Ou seja, o caso ganhou os debates das disputas eleitorais do próximo ano.  Por outro lado, na mais otimista das análises, o mundo entra de vez numa guerra fria na versão ponto 2, onde os céus serão tomados por assombrosos artefatos – o que poderá levar o pânico à população mundial já em ‘paranoia’ diante daquilo que acredita ser os tempos

2023, o ano de rupturas e novos começos?

 Por Gilvaldo Quinzeiro  O ano de 2023 no que concerne à política brasileira e em especial ao governo de Luis Inácio Lula da Silva começou no domingo, 8 de janeiro, com as invasão aos três poderes: STF, Congresso e Planalto. Lula e as instituições saíram fortalecidos - uma vitória da democracia! A democracia, que deverá ser a única bandeira em torno da qual o  Brasil se unirá contra a barbárie e o obscurantismo! No campo religioso, no catolicismo, mais especificamente, o  pontificado do Papa Francisco , simbolicamente iniciado em 2013, após a renuncia de Bento XVI, ocorrerá de fato a partir deste ano, com a morte de seu antecessor, o papa emérito ( já citado) falecido no dia 31 dezembro de 2022. O Papa Francisco, para algumas profecias, o último Papa, terá pela frente uma igreja dividida, quase em "cisma". Valerá a Francisco  seu pragmatismo e o seu sangue latino para evitar o desmanche de uma das  mais antiga e poderosa instituições ainda de pé! Conseguirá? Na geopolítica, o

A nossa sociedade com seus atos golpistas. A caverna de Platão?

Por Gilvaldo Quinzeiro Os relatos feitos em vídeos por aqueles que estão presos nas penitenciarias da Papuda e Colmeia, em virtude dos atos golpistas do dia 8 de janeiro, em Brasília, duvidam que estão presos. Alguns falam que foram ‘sequestrados ‘. Pelo jeito que estão a reclamar da comida, talvez, pensem que mudaram para outro acampamento.   Seja como for, estes são os mesmos brasileiros que negaram a pandemia; se recursaram a fazer uso das máscaras e a tomar vacinas ou que defendem que a terra é plana! Horas antes da prisão, estes acreditavam que a intervenção militar era sinônimo de libertação e salvação... E certamente continuam a pensar assim. Quem são? Onde estão? O que fizeram? O que é real? Qual é o limite entre a sua alucinação e o discernimento? O que separa estes da sanidade e do adoecimento?   De que tecido estes se vestem? De que preces estão a se nutrir? Sejam quais forem as nossas respostas por mais sinceras que sejam, estamos correndo riscos de revelar mais s

O 8º dia de janeiro em Brasília

  Por Gilvaldo Quinzeiro     Que me perdoem todos os quadrúpedes e os insetos de todas as espécies!     Ontem, 8 de janeiro, em Brasília, sob fervorosas orações em igrejas lotadas, não só as grossas mãos dos golpistas bolsonaristas foram mostradas, como também suas bundas encardidas enquanto atacavam os prédios públicos, as obras de artes e tentaram   golpear a democracia brasileira – perderam mais uma vez! Perderão sempre!     Que pelos  olhos de um cavalo também ferido por estas mesmas mãos, que acreditam serem ungidas por Deus, não podem ficar impunes – as forças democráticas e progressistas têm que gritar mais alto!   No oitavo dia de janeiro, uma ferida foi aberta no coração da democracia brasileira, ferida essa que precisa ser imediatamente estancada, e que     obrigará que a história do Brasil passe a olhar mais para si mesma!   Di Cavalcante e todos os outros artistas, que tiveram suas obras danificadas no dia de ontem, o 8º dia de janeiro que me perdoem –