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Mostrando postagens de fevereiro, 2011

Quiçá o tempo, não é como uma agulha

Gilvaldo Quinzeiro O tempo que passa não é o que nos afunda, mas, aquele que acreditamos estar raso em nossas mãos. Quiçá, o de Kadafi não tenha sido o da fundura de um poço, isto é, o suficiente para não evitar que por outras mãos se acabe!... Tudo foi quase “agora” para quem já não tem mais tempo de ver, o que mais tarde há de se repetir(?). O tempo perdido não é como agulha: no palheiro, o tempo se funde com o fogo, e o que se passa, fica. Não para o controle de ninguém, mas, para outros fundamentos. Enfim, o fim do tempo que acreditávamos ser o nosso, se anuncia no que se ouve das melodias, que já não mais nos tocam. Os que dançam, estes sim acreditam ser o começo!... Quanto à agulha, se não a encontrarmos, então estamos no tempo de furar  o que nos cega!...

O desabrochar de uma rosa

Gilvaldo Quinzeiro A beleza, como a das borboletas, só a interior. A nossa, só no âmbito da estética, nos prende a condição de “lagarta”. As flores, esperarão o tempo de uma metamorfose?

Batidas na porta: quem será?

Gilvaldo Quinzeiro O que de nós ficou no “quarto escuro”, enquanto fugíamos, permanece lá aflito a espera do nosso retorno: a nossa criança interior! O nosso não retorno, porém, implica não só na condição de “adultos fugitivos”, mas, na de uma criança à mercê do escuro de si. Na porta quem bate? Um de nossos fantasmas ou eu mesmo a me socorrer?

Na foto de Einstein, a língua é a nossa!

Gilvaldo Quinzeiro Não há como se atravessar o espelho que nos edifica em “imagens”, sem ser estilhaçado pela face que julgamos ser a nossa. Ora, não é mais cômodo ter a nossa face com tudo que há nela que nos assombra, fixa na do outro? Toda imagem, qualquer que seja, tem a nossa como espelho. O difícil, porém, é se desvencilhar daquelas que não nos vemos.

O afeto, não o dinheiro...

Gilvaldo Quinzeiro Num mundo arrasado pelas tragédias climáticas, bem como a das nossas vísceras que expelimos (a violência), construir sonhos para uma geração já quase soterrada – é erguer uma nova civilização, porém, não aquela alimentada pelo “dinheiro”, que nos torna todos anoréxicos, mas, uma que tenha poder no “afeto”! Todavia, se já for tarde demais para um aperto de mão, então para que devolver os anéis se os dedos foram decepados?

Renascendo

Gilvaldo Quinzeiro Naquilo que sou “engolido” todos os dias, a minha boca há de não ser faminta, mas que se mantenha fechada, porém, que meus olhos e ouvidos sempre permaneçam abertos!... A vida, se há em tudo, há de também estar naquilo que invento para ao menos me manter com os pés no chão na terra que me sacode! Levante-se!

Quem suportaria “ser” no inferno de se perder?

Gilvaldo Quinzeiro O “encontro com o outro”, nunca nos deixa inteiro, posto que quando não nos sentimos em pedaços, é porque já pisamos em cima do outro. Dito de outra forma, somos seres em constante “desmanche”, do contrário do que ser? Ora, aquele que não se “derrete” em ser o que é, teria o que para ser? Numa sala de aula então, não há nada inteiro: tudo arriado, a começar pela fala fatiada, mas que no final, não desperta o apetite das almas anoréxicas !... Só ouvidos obesos grudados nos aparelhos que espatifam os olhos de ver!... Aqui o que há de ser  será quase como numa sala de abortos!... Ter uma passagem pelo inferno em nada para se agarrar, é como “ser”, isto é, dos pedaços que nos sobram!...

Um mosquito que enche os bolsos

Gilvaldo Quinzeiro A saúde dos “mosquitos” vai bem! A do povo voa para as filas dos hospitais abarrotados de gente infectada por “viroses”, enquanto os médicos sem terem o que fazer, viram a cara de lado. As explicações são as mesmas tão antigas quanto à da dengue: falta de recursos e fartura de lixo acumulado! O que nos enfarta é saber que logo mais nas campanhas eleitorais, que já se antecipam, a falta de dinheiro não será nenhuma desculpa. Mas, certamente a culpa é do eleitor que elegerá ás custas de muita grana, aqueles que tratam a saúde, a educação e a segurança apenas como “bunda”!... Ora, não é a bunda que sofre na hora de ser picada por agulhas cujas injeções não surtem nenhum efeito? Eis o que abunda na nossa política: uma infestação de maus políticos tão vampirescos, quanto os mosquitos da dengue que além de sugar nosso sangue nos injetam doenças!... Caxias, de todos os mosquitos, faz da dengue que todos anos capta recursos para seu combate, um dengo nas mão

O desabotoamento da violência

Gilvaldo Quinzeiro O útero que gera toda a violência, também nos torna pai. De modo que não há como ensinar os nossos filhos a ter “prazer” naquilo que em nós era só a ejaculação precoce! Ora, nos tempos de hoje, o prazer que se sente, quando não grudado aos olhos dos outros, é da ordem da não estética. E, como a primazia dos nossos tempos apressados não é a interioridade, mas a exterioridade, todo o gozo é pra fora. Dito de outro modo, o prazer não está em senti-lo, mas, apenas em ser visto gozando. Ou seja, é o olho do outro que, quando em nós, é a plástica!... Quanto à violência, não é outra coisa, senão as nossas “genitálias” expostas. Do contrario, como explicar tanto gozo em matar?

Dando nó nas coisas que nos escapolem

Gilvaldo Quinzeiro Uma coisa, quando ascende a categoria do simbólico passa a ser o “nó” naquilo que o homem antes se sentia desgarrado. Aliás, há muito mais coisas sem nó, do que o amarradio daquilo que acreditamos ser seguro. Isso significa dizer que a nossa existência se passa mais exposta às intempéries, do que propriamente dentro do “barco”. Ladrões de coisas sem as quais seriamos todos prisioneiros num mar que nunca foi atravessado por Simbad, eis o que somos!

Grãos

Gilvaldo Quinzeiro O parto de uma palavra, numa noite escura de dor, quando o silêncio se torna um grito, é como arrancar a enxadadas a última semente lançada na cova para alimentar os últimos pássaros que, famintos não conseguiram alçar voo!... Eu vou, mas, os pássaros alimentados cantarão!...

Com o outro no estômago

Gilvaldo Quinzeiro O que nos devora, além das bocas que vomitamos é o outro que nos invade com o pior de si. Isto é, podemos sem saber, tornar “nosso” o que no outro não se sustenta. Ora, isso é bem mais comum do que se pensa. Estar atento à possibilidade de ser devorado pelas coisas dos outros, não significa necessariamente só fechar a boca, mas, fundamentalmente, ter aprendido a ser um bom nadador, no vômito que torna o outro dentro de nós. Ser o estômago de si mesmo. Eis o que nos evitará engolir tudo! Quanto ao do outro, cabe a este comer-se para degustar o que há de si no que se expele.

Um corpo na lembrança

Gilvaldo Quinzeiro Um corpo quando “dependurado numa lembrança”, de nada se lembra, a menos que caia em si, para de novo andar de pé no chão! Portanto, para cada lembrança um corpo. Para cada corpo, o que ainda há de ser lembrado naquilo que lá na frente poderá ser o corpo.

A mão que afoga as crianças...

Gilvaldo Quinzeiro Pelo lado da janela que a violência invade, há um poço no lugar dos jardins dentro do qual as crianças se veem no fundo. A infância não tem mais lugar, senão o mesmo dos “brinquedos assassinos”. Explicar isso na “televisão”, sem falar qual o lugar desta e de todas as mídias nas imagens que as crianças se veem, é não jogar a corda em socorro dos que estão de fato se afogando!... Na sala quem fala sozinho, faz silêncio em toda a família!.. Psiu!...

Para o bom pescador, o que significa os olhos do gato?

Gilvaldo Quinzeiro A realidade quando “fisgada” por nós, ainda que do tamanho de um peixe, não nos servirá como prato, pois, mesmo quando posta à mesa, a que deixamos escapar é que nos almoça, não como cardápio principal, mas apenas na condição de isca. Ora, para de fato se ter “um olho no peixe, e o outro no gato”, os que nos arrancam enquanto ainda pescamos, deveriam continuar vendo. Mas, se a realidade, assim fosse, então o que se aprenderia com os do gato?

Na nossa pele o que é dos outros

Gilvaldo Quinzeiro Na pele de Eva os que estão, substituem as dos outros que não se aceitaram como cobras. Ora, a história a cada época, para benefícios de uns e malefícios de outros, erguem seus “deuses” e “demônios”. È pois, mais cômodo ao homem não sentir em si, o que no outro é a pele que se desvencilhou daquele, ou seja, todos somos “cobra”, não na nossa própria pele!...

Nós bebês estatelados!...

Gilvaldo Quinzeiro Na pressa de nos “endultecer” num mundo sem tempo para se “ser”, nós bebês, na falta de seios abocanhamos a febre de ter. E assim, ao vivermos apressadamente o tempo que não nos espera nunca, entalamos uma criança no peito, roxa e estatelada!... Fechamos a nossa para vivermos dentro da boca do mundo:  eis o estômago pelo qual roncamos!

No vão que vai chegar...

Gilvaldo Quinzeiro A “terceira idade” é um outro espelho: o que nos pari para além de todos os rostos perdidos!Dito de outro modo, a “terceira idade” é o cair de todas as fichas; a realidade a devorar todos os rostos, especialmente os não verdadeiros. Uma palavra só: o rosto que fica, é o mesmo a qual se deve apegar. Do contrário, tudo é o vão no qual se cai!...

O mundo nos torna vassouras

Gilvaldo Quinzeiro O mundo é “verde” naquilo que “amarelamos”. Explicando: o mundo atual se funda na superficialidade, isto é, não possui raízes ou ao menos não se finca na profundidade. Ao invés de arvore, o mundo cria apenas “vassouras”! Nós  somos esta vassoura de cabo enorme cuja finalidade não é a de varrer, mas, de “agregar”. Agregar o “novo” que a cada instante se torna lixo! O agregador que não consegue ser mais gregário. Em outras palavras, somos apenas o que nos conecta!.. Parafernália, eis no que nos tornamos!

Pedras para enterrar as múmias!

Gilvaldo Quinzeiro O Cairo cai em nós com toda a África para se levantar! Nas ruas correm os parentes mais próximos das múmias atirando pedras. Pedras que no passado protegiam os mortos dos vivos. As múmias das Américas, estão pálidas para veem um novo tempo se iniciar para além do ano 2012. O tempo que custa, é o mesmo que não nos vai sobrar!... Mas, enfim, a tampa de alguma coisa se abriu!... Por aqui o que se fecha é anuncio de chuvas. Quando não, são os políticos discutindo como se abrem os cofres que permanecem fechados para as obras da cidade. Um Cairo aqui, as pedras seriam pra quem?

Na falta de fazenda, o que fazer?

Gilvaldo Quinzeiro Perdi os olhos de ver o mundo todo menti. Hoje ando surdo para as “verdades” que erguem o mundo que em nada mais se sustenta: tudo é poroso! As palavras que antes eram estacas, nas quais as verdades, se não se fincavam, mas, faziam sombras, hoje são bolhas de sabão num varal de dentes afiados: tudo é estouroso! Por fim, como costurar o que é da natureza de um sopro?