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Mostrando postagens de maio, 2013

Nós os atores da história humana - o trágico e o melancólico - uma repetição que vale a pena?

Por Gilvaldo Quinzeiro Tal como nos velhos filmes de faroeste, no qual   a moça via com os olhos embaçados por lágrimas,   o mocinho, herói e destemido partir em seu cavalo à galope, sempre em direção ao pôr do sol, em busca de novas aventuras, para, de novo, fugir de si mesmo -, hoje quantas mocinhas ficarão   sozinhas, enquanto seus heróis, estes sempre tão “machos” que   não puderam descer do alto das suas motocicletas   - para lá na frente se espatifarem!... O que há de comum   entre um caso e o outro? O mesmo script , a saber, o mesmo enredo, a mesma história ( o drama humano),   contudo, os atores, o cenário e figurino são outros. O começo e o meio,   no entanto, podem até serem diferentes, mas o final, a rigor é sempre o mesmo:   – o trágico ou melancólico. Quão triste e focado no vazio são os olhares das lindas modelos estampados nos outdoors das nossas cidades, não obstante a isso, é neles que nos vemos. Que espelho quebradiço, não? Poderia esta h

A educação e seus pastos, nós seus bois e vaqueiros

Por Gilvaldo Quinzeiro Uma educação de peso. Era assim na época em que a palmatória substituía toda e qualquer palavra. Hoje, sem a palmatória, qual o peso das palavras para uma educação que apenas levemente   se rasteja, enquanto   a violência   cada vez mais à   galope nos torna seus cavalos? Com que ferramentas, enfim, poderemos tornar a difícil tarefa de educar,   possível? Este texto versará sobre o peso e as medidas da educação. Não se trata, pois, de apontar nenhum novo caminho, mas ao menos “esporar” os cavalos mais lerdos desta corrida -   os nossos governantes!   Ora, o que já não se escreveu sobre a educação? Quantas teses? Quantos ensaios e publicações? Todavia, só um detalhe precisa ser dito meio que à queima-roupa:   quem as escreveu quão distante estavam   do “calor”   de uma sala de aula? Assim de “longe” até eu sou um bom vaqueiro! Aliás, há muito tempo meu gibão já não me protege dos espinhos, nem meu cavalo, das rachaduras nos pés...

As liberdades das marchas, e a prisão dos seus soldados: como não se sentir um pássaro na arapuca?

Por Gilvaldo Quinzeiro Depois da hibernação da “primavera árabe”, o que esperar das outras marchas ainda em seus “verões”? Afinal, por quem marcham tantos soldados, quando as novas armas de guerras vão sozinhas para o campo de batalha? Como negar a visível arapuca em que o mundo todo se transformou, e, a nossa   “liberdade” em suas algemas? Pois bem, de todas as marchas em cursos, uma em particular me chama atenção, as das “vadias”. Nascida em 2011, na cidade de   Toronto,   Canadá, a “marcha das vadias” denuncia os casos de estupros, mas também o direito das mulheres estupradas em usar roupas que, aos olhos dos outros foram as mesmas que provocaram o estuprador. Emblemático isso, não? O direito de ter direito ao direito, dentre tantos direitos, o direito de aparentar-se como “o   não direito”, para, ainda assim ter direito   entre os direitos ainda por se constituir em direitos. Entendeu? Eu também não! Depois do estrondoso fracasso do “fim do mundo” (ainda

O medo e suas sementes, o corpo, a terra entre rios

Por Gilvaldo Quinzeiro Quem busca a difícil   e ingrata tarefa de compreender o homem, há de se adentrar a um tema assombroso, sob pena de, no final, não ter nem sequer   iniciada a missão,   isto é, o medo. O medo? Como assim? Ora, o medo tem muito mais a nos dizer   o que de fato somos, do que em quaisquer outras lições... Em certo sentindo, o medo se não é o que nos edifica enquanto homem, mas certamente, sem ele não nos faria a diferença alguma   “ ficar de pé” – coisa que nem todo bicho consegue – você consegue quando com medo? Tal como no quadro   “O Grito”   de Edvard Munch, o medo é da ordem que nos leva a ser um outro – aquele que o medo o edificou -   afinal quem apareceria para nos socorrer, senão o corpo em suas curvaturas? Em   outras palavras,   do   medo, tema tão presente nas nossas vidas apressadas, deste, somos apenas seu eterno   inquilino, ainda que, paradoxalmente, travemos interiormente   uma luta titânica para expulsá-lo. Quão

O homem, um peregrino entre as estrelas, e um desconhecido dentro de si para o assombro do outro que nos criou ?

Por Gilvaldo Quinzeiro O homem, a despeito do que este pensa ser, é único entre todos os seres a ter consciência de uma verdade assustadora: a que sabe que nada sabe sobre si mesmo. Mas assustador por quê? Ora, o homem não passa de um peregrino entre as estrelas, conquanto, acredita ser a mais elevada das criaturas.   Pois bem, o sol a mais próxima destas estrelas, não obstante, o seu “clarão” de cegar os olhos, nos é ainda tão obscuro, quanto o somos pra e   em   nós mesmos.     Outra coisa assombrosa: somos a criatura que o outro criou de si para não lhes parecermos tão assustador. E nós, somos o quê pra nós mesmos sem o “outro” que nos fez ser seu semelhante, ao   menos para aliviar seus temores? Complexo tal assunto, não? Portanto, rezemos para que os fantasmas que nos perseguem sejam ao menos semelhantes às faces que pensamos ser as nossas. No mais tudo são estrelas nas minúsculas partes das quais também somos feitos. Ao menos nisso, en

Pensar as feridas para se evitar o afogamento no próprio sangue: uma reflexão sobre as faces do progresso

 Por Gilvaldo Quinzeiro " Nós passamos fome. Não temos energia, fazemos tudo no escuro e usamos só lamparina",   esta é a justificativa de Rafaela Correia,   mãe de um bebê de apenas 40 dias de nascido, que morreu de fome, segundo laudo médico,   no estado do Espírito Santo, esta semana. Ora, se formos   partir desta justificativa, e pensar que a humanidade nem sempre teve ao seu dispor, nem   o fogo, então, assim sendo, o planeta Terra, hoje estaria desabitado. Esta justificativa, entretanto, não nos impede de fazermos uma reflexão crítica   sobre “o progresso”, esta entidade que não a conhecemos bem, e ainda assim, em sua defesa se fazem os mais   eloquentes discursos. O que é o progresso? Quais seus caminhos? Com que “vara” se mede o progresso? A rigor, o progresso é literalmente “colocar o carro na frente dos bois”. Ora, afirmar isso numa época em que, somente   os bois   puxavam os carros, era no mínimo assustar os donos da boiada. Mas, enfim, os

A felicidade e seus apetrechos: um destes, a memória afetiva!

Por Gilvaldo Quinzeiro Em tempo dos chips , dos pen drives e outros que tais, tudo enfim   se armazena, inclusive, e sobretudo,   os desperdícios,   para, no final das contas,   não termos “memoria” alguma.   Neste ínterim, entretanto, é que eu quero fazer uma inferência ( que nome bonito, não?, me   lembra os intelectuais da UEMA), a um   tema que pela sua natureza exige a “memória afetiva”, a saber, a felicidade. A felicidade, o que é? É momentânea? É uma   Ilusão? É uma eterna e infrutífera busca? Ora, como responder tais perguntas sem ao menos termos “memória” para os momentos felizes – tudo enfim, não está armazenado em outras memórias que não a nossa? Eis, portanto, um caso a ser refletido: estamos sem memória? No que isso nos afeta a capacidade de sermos felizes? A felicidade é um tipo de pescaria na qual, o que menos importa é o peixe, pois, se não fisgarmos o mar contemplativamente, teremos fome o tempo inteiro, não obstante, a abundância de peixes. O

Os sapos e as serpentes da nossa política, e a falta de caxiensidade: Uma reflexão outra – em grego!

Por Gilvaldo Quinzeiro A política, sobretudo, a local, digo, a caxiense, nunca esteve tão a serviço de interesses de um pequeno grupo, como, e por isso mesmo, a que agora deixa a cidade ao léu. A polis, a cidade ( em grego), nome do qual se deriva a palavra política, bem como a sua razão de ser, isto é, de discutir e representar os interesses da cidade (polis) -, é vista hoje, não como os gregos, mas como um outro povo também   da antiguidade a via – estou falando dos assírios.  Ora, os assírios, viam as cidades apenas como alvo de guerra a ser conquistado, para depois, se apoderarem dos seus bens.   Pois bem, o que de políticas públicas, isto é, para o bem da cidade, digo de Caxias, bem como para o seu povo, tem feito a atual e as administrações anteriores, senão aquelas em que contemplam antes de tudo, os interesses de seus apadrinhados políticos? O povo nunca esteve tão órfão de representação, ainda que, paradoxalmente, é deste que emana o poder de quem

A fome, os insetos e o homem: quem afinal devorará quem na fome que não se matará mais com os enlatados?

Por Gilvaldo Quinzeiro A fome e os insetos, ambos velhos inimigos   da humanidade, hoje, voltam a se encontrar com o homem no mesmo caminho: quem afinal comerá quem? Se depender da recomendação da Organização das Nações Unidas, o homem se quiser sobreviver num mundo que será cada vez mais populoso, mas por outro lado, escasso de comida, não tem muito que escolher, ou seja, ou se come os insetos, ou estes nem dos insetos servirão mais de comida. Veja que paradoxo: a humanidade ao mesmo tempo em que atinge o seu maior desenvolvimento cientifico e tecnológico, poderá, se não alimenta da fartura de insetos (ainda bem), morrer de fome! Mas comer inseto não é novidade. Em muitas culturas estes são pratos deliciosos! A questão, a meu ver é outra. É, portanto, filosoficamente complexa. A saber, estamos nós de volta às cavernas ou dela nunca saímos? Não é esta mesma “civilização” que num passado recente condenava os povos que se alimentavam de insetos, os chamando   de bárbaros?

A sexualização das futilidades e a trilha muiscal que esfola os corpos: os casos de estupros são seus desdobramentos?

Por Gilvaldo Quinzeiro Que a sexualidade é parte inerente da natureza humana, isso Freud morreu afirmando. Que esta natureza quando negada,   pode tomar outros caminhos, tal como o rio, quando diante dos obstáculos, isso Freud também ficou velho precoce de nos avisar sobre isso. A questão agora é como dizer a sociedade   que,   sexo não é   nem entre   os animais,   fútil,   e assim,   evitar a substituição do próprio corpo por “ bugigangas sedutoras”. Coisa que nos será    praticamente impossível!... A onda de estupros que envolve desde   pastores, integrantes de bandas musicais a bandidos em ônibus lotados, no mínimo exige uma reflexão acerca do que de fato está acontecendo com a sociedade. A proposta deste texto é suscitar reflexões, conquanto, sejamos   conscientes do   quão limitado e incipiente o é. Mas enfim, aqui cabe o pouco do que temos a dizer a respeito. Vejamos: Primeiro: o prazer, se assim posso falar, mudou de foco, isto é, este   não está mai

Vazio existencial: ou a falta de palavras para denominar a nossa outra face sem a maquiagem egoica?

Por Gilvaldo Quinzeiro Uma queixa cada vez mais recorrente na clínica psicanalítica: “o vazio de espedaçar”. Ora, que coisa esta   que ao mesmo tempo que é definida como um “vazio”, ainda assim, espedaça o sujeito da queixa? Este é, portanto, o objeto da reflexão deste texto. Como tal, não sem escorrego; sem atropelo ou sem correr o risco de vir me espatifar, contudo,   estou certo que este vazio, ao menos metaforicamente também me cabe. E assim sendo, vale a pena encontrar-me em   “meus pedaços”. Destarte, “o vazio” deve ser compreendido, se assim posso falar, como espaço que, por estar   dentro de nós, é por conseguinte, a parte que “ego habita” ou que possa vir a ser habitado,   logo, a rigor não é algo sem conteúdo ou sem face. Pelo contrário, “o vazio” é a face nossa,   não contemplada que, ainda assim, talvez, por está desprovida de um sorriso – faz do coração em frangalho -   o próprio espelho! Em outras palavras, tudo dentro de nós, ainda que esmaga

O parto e suas costuras, quando se é preciso ser mais do que uma simples aranha tecedeira

Por Gilvaldo Quinzeiro Nada é tão merecedor de “costuras metafóricas”, quanto o parto de um bebê - este que nasce despido de tudo, exceto, da própria pele que lhe servirá de frágil proteção, a despeito de tudo que já lhe arranha a carne. É aqui, onde “a aranha humana” não só tece toda a teia, como também o corpo desenvolverá os seus tentáculos para além dos seus avessos nas veredas da cultura. “A mãe de pegação” como era chamada a Parteira, e por ser assim chamada, é indubitavelmente uma das mais importantes destas “costuras”. É dela, talvez, o tecido outro, sem o   qual, todo o alinhavar se tornaria puído. A Parteira, portanto, não se compara com a figura do médico obstetra dos dias de hoje,   conquanto, este possa (aparentemente)   oferecer mais segurança – aquela (a Parteira) foi de fato, mais do que a mão que desobstruía a passagem no momento em que as outras (mãos) estavam “atadas” – era também e fundamentalmente presença de espírito. Aliás, não é exatamente q

Seus filhos da mãe peçam ao menos desculpas!

Por Gilvaldo Quinzeiro A mãe é antes de tudo, um arquétipo, portanto, seu significado vai além da simples ideia que pensamos que seja. E assim sendo, “mãe” pode ser identificado em muitas culturas, como a natureza, a terra, enfim, elementos cujos significados extrapolam o conceito que temos hoje. Aliás, o que é “mãe” hoje? Mas de que   “mãe”   está nos falando a propaganda dos bonitos   comerciais? Da minha? Da sua? Claro que não. Esta mãe por incrível que pareça, não é aquela cujos seios amamentem ninguém, exceto, os desejos outros. Contudo, não é por isso que você agora vai desistir de comprar presente para a sua mãe. Mas pensando bem, o melhor presente é   “atenção”, coisa que o mercado também quer, não para a sua mãe (muito menos para a minha) e sim, para os produtos expostos nas vitrines. Esta é a grande novidade, digo, “a grande mãe” dos tempos de hoje (que também começa com M), a saber, a Mercadoria. Desta quem não é órfão, e ainda assim, dela não tira