Postagens

Mostrando postagens de fevereiro, 2012

Tudo: merda!

Gilvaldo Quinzeiro Quão de pão precisam os cães , quando já não há mais “ palavras” que aos homens sustentam? Ora, se é para tocar nas feridas da civilização como negar que esta também não se alimenta de sangue? Fino o vinho para grossas cabeças e línguas afiadas – afinal o que há que não seja a barbárie? Nada: pra pouco penico!

Diga-me como rastejas que te direi que presa tu és!...

Gilvaldo Quinzeiro Se “o sopro” foi ontem, hoje está ficando tarde demais para se pôr as mãos no barro para um “novo homem” esculpir. Ademais, milhões de anos só a vida dos escorpiões - quiçá estes não aprendam ser como nós que, ainda nenê, destruímos as sementes da velhice por nos fixar numa vida de “gafanhotos”!... A outra questão é: o que mais abunda tem fome por insetos. Então, de pé, se não na condição de homens, e nem com a longevidade dos escorpiões – é apenas comida! Melhor  seria se fôssemos  apenas de “barro”?

Sacos de memórias...

Gilvaldo Quinzeiro Das lembranças do sertão, do tempo em que arroz verde era torrado na panela e depois socado no pilão, uma das mais vívidas é a de “Seu Abelo” (Abel por batismo, e “Abelo” consagrado por nós, meninos do buchão) . Véspera da Semana Santa, lembro-me como se fosse hoje, “semana caçadeira”, diga-se, Seu Abelo se tocava há mais de 36 km a pé pra Caxias para comprar o “jejum” como ele chamava – sardinha, cebola, alho, bacalhau (raramente), café, açúcar e outras coias... Seu retorno era uma festa: um saco de algodão amarrado estilo “cunhão de bode”, um bocado de coisa a cada nó!... Um cheiro das coisas da cidade ia ficando pelos caminhos por onde passava!... A meninada se reunia em torno de Seu Abelo, e ele começava a contar as novidades: “fui lá no galpão (antigo mercado central), e comprei uma besteirinhas!... Ta tudo caro”! E assim a conversa ia se arrastando vagarosamente noite adentro... Mas, quando o assunto era de lobisomem... Ai tudo que era menino se espalha

O nordestino e suas pelejas

Gilvaldo Quinzeiro Como uma faca peixeira, o cordel  rompe os sertões erigindo personagens e semeando vida na aridez da caatinga. A resistência nordestina, seja pela sua cultura, seja pela labuta diária no seu roçado, é o que nos torna uma “civilização” forte e rica. Luiz Gonzaga, João do Vale e Patativa do Assaré são exemplos de caboclos que se tornaram Mestres pelas lições que este Nordeste ensina. Entretanto, muitos são os doutores que ainda vivem no anonimato por esta caatinga a fora, isso não significa, porém, que os mesmos não estejam “curando” as feridas com canções, com palavras mágica, com chás, etc... Quando os lá do sul pensam encontrar nos nordestinos um povo triste e abatido, eis que surge a força do humor; das danças de rodas, dos repentes e até mesmo de musicais em velórios – sim, por aqui, sobretudo nas áreas mais remotas das matas de cocais - não há um “bom velório” sem que a caboclada se dispare a cantar seus versos fúnebres... O Nordeste é assim, “encan

Seus "sabugos" pra onde correr?

Gilvaldo Quinzeiro Ser de “cera”, ao invés de plástico, seríamos ao menos mais modeláveis que já pronto para sermos descartáveis. Ora, quais são os nossos desafios, senão os de nos manter “grudados” ao que de nós se esparrama!... Claro que ser de “sabugos” tem também suas vantagens, porém, permanecer “sendo gente” onde por todos os lados só sobrevivem os “bichos”, isso sim, se exige ter consciência, coisa que cada vez mais transferimos para os nossos cérebros eletrônicos... Então, se nada mais nos toca é porque a nossa condição já é outra, a de “zumbis”. Eis o que e por quem nos mantemos em pé? Esperar a resposta pra quê se ainda posso correr? Lá na frente me farei do que ainda sobrou!... Coçando o quê?...

Caxias, aos olhos dos bêbados pela sua poesia

Gilvaldo Quinzeiro De todos os bêbados da rua, o mais elegante é Biri Biri; de toda a plástica que a cidade perde quem ganha é a barbárie, porém, os que deveriam cuidar de toda a estética urbana, aqui não passam os finais de semana – estão bem longe da péssima limpeza que nos agride de sábado a domingo!... Ventos vêm, ventos vão, e a cidade é engolida pela fome de poucos que nunca se acham gordos demais... Dos demais, só muita pena, sobretudo dos que se rendem a uma bandeja de salgadinho em troca do tampo que se arranca de toda a cidade!... No bar do Fiapú, só ele, esperando que os fies da igreja da matriz deem uma “escapadinha”, pois, logo ao lado tem um Cristo de braços abertos sempre!... “Zequinha”, “Jota Cardoso” ou simplesmente “Jacaré”, como o poeta Renato Meneses o chama carinhosamente, em época do cheiro de babaçu torrado sempre emerge, como uma baleia do fundo do mar!... Jorge Bastiani a cidade tem, sempre fazendo planos para um novo show, o último foi uma homenage

Caminhando e Cantando Antigos Carnavais conquista as ruas

Imagem

A coisa, a mão e a palavra: trempe da civilzação

Gilvaldo Quinzeiro 1 - A coisa, a mão e a palavra constituem-se na “trempe” cujo fogo forjou o nascimento da civilização. 2 - A coisa é prevalente, representa a natureza. A mão é a resposta em reação a coisa. A palavra por sua vez é substituta da mão, enfim, o triunfo sobre a coisa (?). 3 – E, assim nesta tríade, a mão sobre a coisa na intenção de ocultá-la foi mais reveladora do que a “coisa exposta", ou seja, a coisa ainda assim escapava ao controle da mão. 4 - O “nó civilizatorio” surge enfim com a palavra! A palavra, portanto, é a mão sobre a coisa. A diferença, no entanto entre a mão e a palavra é que esta não só oculta de fato a coisa, como a assassina. 5 – Assim sendo, a palavra mesmo falada entre amigos é a arma que usamos para matar. Se não morremos antes, é porque matamos quem a empunhava contra nós. 6 - A palavra, pois, é a mão sobre coisa numa época em que há mais mãos do que coisas a esconder. Com efeito, a palavra sem ser o representante da coisa, é

Olhai para o que todos nós somos: um raro instante de uma bolha

Gilvaldo Quinzeiro As imagens, sobretudo as que são os “cimentos” em nossa engenharia de ser, aliás, é bom que se diga que toda imagem no mínimo se constitui numa “mão de tinta”, sem as quais não haveria a monumental construção da subjetividade - edifício das nossas eternas obras em construção!... Em outras palavras, as coisas de “dentro” com quais construímos o mundo, podem já ter sido o rascunho das construções das “grandes pirâmides”, ou seja, no fundo somos as mesmas coisas, ainda que de pedra nalguns momentos. Portanto, precisamos nos entender melhor naquele instante que toda uma vida é a de uma “bolha”!

Caminhando e Cantando Antigos Carnavais

Acontece hoje o desfile do Bloco Caminhando e Cantando Antigos Carnavais, em sua 4ª edição, organizado pelo Grupo Abraçarte Caxias. A concentração está marcada para as 15 horas, na Praça da Catedral, em frente ao Bar Raimundo da Picanha, de onde sairá pelas principais ruas do centro histórico ao som das tradicionais marchinhas de carnaval, o que, aliás, é uma das propostas do bloco resgatar os antigos carnavais de rua. Este ano o bloco presta uma homenagem ao cantor Wando, falecido recentemente. Já estão com suas presenças confirmadas, Renato Meneses, Jotônio Vianna, Julimar Silva, Marilene Morais, Carloman, Chagas Jr, Antônio Luis, Gilvaldo Quinzeiro, Mário Bezerra, Dircilene Beleza, Amáro Gós, Chico Ramos, Nonato Ressurreição, Marquinho da Academia e outros. Os organizadores do bloco pedem aos foliões que se vistam de fantasias, para que assim, estejamos resgatando os antigos carnavais “Você é Luz”!

Sinceramente, pra onde foi o carnaval de Caxias?

Gilvaldo Quinzeiro Eu acabo de chegar da Praça do Panteon, local onde oficialmente está acontecendo os desfiles das escolas de samba, e, não vi nada que me lembrasse um Domingo de Carnaval – e olhe que lá (na Panteon) é onde está montado o Palanque Oficial!... Sinceramente, eu não vi nada ali que fizesse alusão a uma festa carnavalesca, e para não dizer que não tinha nada mesmo, havia uma longa corda e uma faixa preta “sinalizando” que o transito para veículos estava interrompido, coisa que no ano passado nem isso tinha ( a faixa preta) - motivo pelo qual, eu vi, um motoqueiro que por pouco não morre com a corda (que interditava o trânsito) no pescoço. Sinceramente, pois é....

No carnaval as máscaras das nossas vidas

Gilvaldo Quinzeiro Como um pêndulo que vai e volta, nós entramos e saímos de “realidades diferentes”, ou seja, ora somos “Pierrô” ora somos “Arlequim”, todavia, nem todos conseguem fazer bem esta “travessia”, pois, para ter o amor da “Colombina” há quem se afunde num ou noutro personagem, não realizando, porém, a viagem de volta. È, pois, aqui que se inicia o drama da vida em sua realidade sem máscaras. Máscaras estas que no decorrer da vida, nos serão indispensáveis... Aliás, sem estas não há a vida na sua forma antropomórfica!... Em outras palavras, ao menos nas máscaras criamos o que sem estas , seriam “apenas tapas na cara”. Ora, o que uma “Colombina” não faz com um simples mortal? Ai de nós Pierrô, no seu “poço de ser”!...

A fantasia perdeu para a realidade?

Gilvaldo Quinzeiro A fantasia está para o sujeito, assim como as penas estão para um “pinto pelado”, ou seja, sem ela, tudo se constitui na realidade que nos estripa. Ora, nada mais oportuno para se falar de fantasia do que nestes dias carnavalescos; e, para começar a nos “divertir” com este assunto tão sério, quero afirmar que, sem a fantasia que é a “engenharia” da festa momesca, tudo mais é só “carne exposta”. Digo isso para chamar atenção para o “desencanto” que ocupa a sociedade contemporânea , pois, qual a fantasia que já não faz parte dos duros cordões da realidade? Portanto, nada mais sério do que a perda da fantasia que nos antecipa “as cinzas” da quarta-feira. Dito com outras palavras, a realidade é tão absolutamente fantasmagórica  que não há  como dela se fantasiar, a não ser,  se deixar por ela devorar!...

Tempo curto, sopa quente!

Gilvaldo Quinzeiro De cada tempo somos a sua “lagarta”, mas, nem todos chegam à condição de “borboletas”. Todavia, o pior a ser dito é que no tempo de agora, nem “casulo” somos... Afora isso, tudo aquilo que não nos é pertinente, já virou sopa na mesa do “desconhecido”!... Então tudo é cedo demais para "o nosso mais tarde", e ainda assim, de mãos atadas!...

Que a nossa fome não seja a do “novo”!

Gilvaldo Quinzeiro Estranho não é tudo aquilo no que nos tornamos como “velhos conhecidos”; estranho é o que poderemos vir a ser apenas como “velhos”, pois, é destes que o “novo” se servirá como comida naquilo que, como em todas as “faces novas”, já nasce enrugada – a fome! A fome, não tenhamos dúvida, a do “velho” é bem menor, mas, já a do “novo”... Esta sim é quem decretará a serventia dos “ossos” e de que material serão feitas as novas esculturas!... Ora, já não é tempo de se colocar a própria “carne de molho”?

...E assim Caim, e sua realidade sem Abel

Gilvaldo Quinzeiro Carnívoros os dias nos quais as nossas “próteses” já não mais nos protegem, pois, os que ainda se fazem de carne e osso que “realidade” habitam? Nós, pobres coitados numa realidade na qual nada de nós, nela se acrescenta!...

O crescimento econômico e seus seios com câncer

Gilvaldo Quinzeiro Tal como o cigarro cuja imagem na propaganda (quando era permitida), nos fazia “bem” em desejar fumar, o crescimento da economia mundial, antes defendido como a condição única de bem-estar, hoje, é diagnosticado como estando com “câncer”, e, em assim sendo, “crescer” já não é, ao contrário do que se pensava antes, um bom sinal, e sim, algo que possa conter a “podridão” de todo os tecidos!.... Ora, este diagnóstico já não seria tardio demais? Quantos morreram pela “fé” de que o mercado seria sim, o remédio para os nossos males, especialmente os da “civilização”? E quantos também perderam a vida apenas por acreditar no contrário? O pior, no entanto, é a cumplicidade do silêncio para com o paciente em estado terminal (o capitalismo?), dos médicos (os economistas?) que se negam a dizer a verdade... Ora, “a verdade” nunca foi como o é nos dias de hoje - algo e alvo dos “interesses”... Portanto, o que afinal vai prevalecer: a verdade ou os interesses? No seio de

Tudo como canguru, nada como homem por dentro...

Gilvaldo Quinzeiro O mundo hoje é das “coisas”... Das coisas cujas faces, as nossas sucumbem... Logo, o que não se faz com pressa, a mesma pressa com a qual as coisas se desfazem, erigi-se um “edifício” que não é outro, senão o dos nossos fantasmas!... Neste ínterim, no que estamos pensando é da ordem na qual os pensamentos estão circunscritos aos intestinos -, quando, enfim,  estes subirem a cabeça esta será como as das “coisas” que só dentes têm? Pensando bem, quase não há nada em que se pensar, a não ser no útero das coisas que já nos pari sem a dor de ser o próprio útero, isto é, tudo já nasce por fora e pulando como canguru, pois, homens mesmo, só nas obras de Michelangelo!... Claro que isso nos remete ao “renascimento”, ponto chave para quem não ver mais nada de bom pra frente, mas, para sermos menos tortos , qual o “renascimento”, o dos gregos ou dos maias? Quanto mais breve a resposta, menos certezas de que tudo chegou ao fim!...

Quando a beleza é comida das raposas

Gilvaldo Quinzeiro A “beleza” pode se torna apenas quebradiça como a casca do ovo, sobretudo, quando o seu conteúdo é   impedido de por si só eclodir, posto que,   do   lado de fora,   a realidade é constituída   apenas de “olhos famintos”!... Eis que nestas condições, nos seria melhor vivermos   apenas como meros “pintos pelados”? Na verdade, o tempo é de pena, outros diriam que é de fome...

A sala de aula é o “acolá” no que a daqui ficou

Gilvaldo Quinzeiro No mundo em que a “exteriodade” se sobrepõe a “interioridade”, ou seja, onde tudo só se ergue para fora, que discurso pedagógico ecoa para dentro da sala de aula, quando os de “dentro” estão “ligado” mundo a fora? Como “desligar” os alunos do mundo em que estes estão visceralmente conectados? Afinal, onde a sala de aula “fica”, quando “o tudo” que se presta atenção está virtualmente fora dela? Afora isso, inclusão é o quê? Foram-se os tempos ou todos se foram? Uma pedagogia para o início de um outro mundo, eis o que nos faz todos sem uma muleta sequer!...

A felicidade, a pele e o espelho, as três faces enrugadas da nossa existência.*..

 * Palestra proferida na aula inaugural do Colégio Gonçalves Dias Gilvaldo Quinzeiro 1 – È com muito prazer que ouso-me a falar para vocês neste primeiro dia de aula, do ano de 2012, um ano que por tudo que se tem falado, é de grande expectativa e grandes mudanças, de um tema que deste o nascimento do homem tem estado presente nos discursos dos lideres tribais e imperadores; nas reflexões teológicas e filosóficas; mas, sobretudo, na luta diária do homem comum, isto é, o tema da felicidade. 2- A felicidade, não tenhamos duvidas, é o motivo pelo qual nos encontramos aqui neste espaço chamado escola, não obstante, os conteúdos específicos de algumas disciplinas, não fazer a felicidade qualquer referencia, todavia, o que buscamos aqui é sim, sermos felizes! 3 – Pois bem, dito isso inicialmente, eis que surge uma questão inevitável: onde então se encontra esta tal felicidade que desde os primórdios dos tempos os homens têm derramado seu sangue e suor correndo atrás dela? 4 – Be

O pó e a sua abstração...

Gilvaldo Quinzeiro Engenhar-se da mais bruta argila, tal como Michelangelo na sua obra prima “Davi” é, não obstante, ao “pó” que nos constitui, aprender a admirar as borboletas que, mesmo alçando voos nas alturas, não conseguem perceber a sua origem de lagartas... Reinventar-se, quando o contexto for de uma avalanche de “ desinspiração” é atingir a condição da qual o barro de que somos feitos ganhou asas e imaginação! Eis, em outras palavras, o nascimento de um “homem”!

Destemperando os fantasmas que nos saboreiam

Gilvaldo Quinzeiro O sentimento de culpa é o nosso carrasco, a forca o que nos circunda. Ora, a realidade dentro ou fora de nós é ameaçadora, saber erguer a nossa tenda no meio disso é comparável aos feitos dos egípcios que em pleno deserto erigiram as grandes pirâmides. Claro que isso não se consegue da noite para o dia, e nem sem que se desvendem “as esfinges” nossa de cada dia!... O pior é morrer pelas mãos dos mesmos fantasmas que foram nutridos com a nossa própria carne! Então viva ao menos para não servir de gosto aos que substancialmente serão sempre azedos!