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Mostrando postagens de novembro, 2013

Do tambor à flor da pele: tudo é dança!

Por Gilvaldo Quinzeiro   De repente, tudo era oco. E viver era um passar sem fim como ratos. Então, foi criado o tambor – um couro esticado, amparado por um tronco de árvore. Foi assim que a vida tomou forma de dança. E o corpo suado passou a despertar outros sentidos!   Tantos eram os sentidos que, do mesmo couro do qual é feito o tambor, um infeliz inventou “a taca”, e com esta o reino do temor. Tambor X temor: a noção de que corpo temos, veio também de como nos fincamos e dançamos na própria pele.   Porém, quantas “sombras” para o tambor são corpos, e quantos corpos para nós não representam nada? A vida é feita por ecos. Mesmo que não tivéssemos criado o tambor... Contudo, o mesmo podemos afirmar em relação a dança? Dançar é viver na pele, o que só com muita arte se finca. O corpo é em si mesmo a dança -   tocá-lo suavemente com a sensibilidade para ouvir seus ecos – é a reinvenção da vida, tal como aquela que fez brotar o tambor. Está ouvindo-o?    

Nas travessias de hoje, que homem nos falta: Abraão ou Moisés?

Por Gilvaldo Quinzeiro   Nem a Terra Prometida, pela qual, cabeças foram plantadas; nem a travessia do Mar Vermelho – pena de morte para muitos -, quem agora nos conduzirá na “seca de homens”? Vivemos nos dias de hoje, tanto a seca de Abraão, quanto de Moisés, posto que, o que nos abundam são sabugos, quando não, “cabritos-pastores”. Em outras palavras, estamos em plena “seca de homens”, e enchente de templos desabando sobre cabeças vazias... Enfim, as promessas de terra, já não engordam os que se arriscam famintos pelos desertos; mas os “milagres” que só a televisão pode mostrar, estes sim, nos colocam de frente a frente com os “novos deuses” – aqueles para os quais, a volta de Cristo, quanto mais tardia – mais cedo e seguro para erguer os seus castelos! Dizer apenas do Apocalipse é silenciar-se para os que dele se aproveitam com a chuva de bestas! Amém?            

Quem somos, a despeito de que "o ser" é da ordem daquilo que se desfaz?

Por Gilvaldo Quinzeiro “Nem o mel e nem a cabaça”, assim diz o ditado caboclo, quando todas as possibilidades foram esgotadas. A vida humana é ao mesmo tempo o “ mel e a cabaça”, ou seja, um arranjo entre duas coisas improváveis – qual a relação entre o mel e cabaça? Nenhuma, exceto, a que é dada pela intervenção arbitrária do homem! Na velhice, nos daremos conta entre outras coisas que, os arranjos feitos, tal como a que ocorre entre “o mel e a cabaça”, não só vão se desfazendo, como a rigor, não havia costura alguma nesta relação. Em outras palavras, na velhice nos depararemos com uma realidade devastadora, a saber, aquela em que já não somos “nem o mel e nem a cabaça”! Na verdade, esta conclusão foi apenas adiada, isto é, um arranjo, pois, durante toda a vida, fomos apenas “quebradiços” tal como a cabaça.   Já pensou se nos sentíssemos “os cacos” nos primórdios da vida? Eis o mel! Portanto, a vida por suas “imbiras”;   quanto aos amarradios são nossos. Q

O ataque da mão – a outra! Eis uma breve reflexão sobre a violência que não se disfarça.

Por Gilvaldo Quinzeiro   Não há, pois, como disfarçar, a violência tem sim uma face, as nossas - especialmente as que não assumimos – eis a questão.   Portanto, diante da violência, estamos sempre de frente com aquilo que é uma velha conhecida: o novo constitui-se apena na nossa reação, tardia, diga-se de passagem... Um morador de rua; um viciado; um homem com transtorno mental ou o que quer seja, invade uma residência, e do nada empunha uma faca e mata uma jovem estudante, como se esta fosse a “culpada” pelo seus transtornos. O que isso tem a ver comigo, com você e com todos nós? Tudo! Este caso nos coloca todos com as “tripas” de fora – amanhã quem será a próxima vítima? E quanto as autoridades, estas não têm responsabilidade alguma? A resposta é uma outra pergunta: e temos “autoridades públicas”?   Não. Não temos, estas estão investidas de poder, usado tão somente em benefícios próprios! A violência é apenas um sintoma de uma causa mais complexa, a saber, as c

A envergadura da vara: Eis a nova onda?

Por Gilvaldo Quinzeiro   Se depender dos jovens de algumas cidades dos Estados Unidos, como San Diego, Chicago, Nova York, entre outras, uma onda de violência tenderá a se espalhar pelo mundo. Trata-se do “jogo do nocaute”, no qual jovens atacam pedestres distraídos com socos e pontapés.   Até agora, duas pessoas já morreram, e a polícia investiga se há relação com o tal jogo. Pois bem, se esta onda vir pra cá, onde a violência já está mais do que enraizada, e virá certamente, então teremos o que vou batizar aqui de “envergadura da vara”, ou seja, uma onda devastadora, impossível de alguém permanecer em pé. O tal fenômeno é aquilo que já falei aqui – a vampirização das imagens – ou seja, quanto mais sangue estas tiver de nós, mais haverá o esfolamento do sujeito. E como este se encontra em carne viva, isto é, sem a pele protetora, então, o excitar-se é ferir-se, conquanto, no corpo do outro. Em outras palavras, o carniceiro voltou – o homem. Ser de ferro, e não de carn

O amor é como queijo: o sal não evita os que se alimentam da sua podridão. Uma breve reflexão para adocicar o que aos olhos não nos parece tão salgado

Por Gilvaldo Quinzeiro   O amor é como o queijo: não é pelo sal que o colocamos na boca, nem pelo leite – isca para as moscas e ratos – mas pelo que nos aparenta ser doce. Isso explicaria, a razão pela qual muitos não suportam o seu odor, mantendo-se à distância?   Como afirmar ao contrário? Ora, o dito acima nos leva necessariamente a concluir que, onde está o queijo, também estará a faca. Sim? Positivo! É aqui, pois, onde eu quero chegar ao ponto que me levou a escrever este texto, a saber, o número crescente de assassinatos de tantas moças, quase todas na faixa etária dos 17 anos, pelos seus ex-amores. O amor X o ódio:   a faca e o queijo – a união improvável entre o gato e o rato, atraídos pelo mesmo cheiro –, o mesmo que também atrai as moscas! Em outras palavras, amar implica também em ser cuidadoso, assim como e quando se manuseia uma faca, não obstante, o seu uso seja simplesmente para cortar o queijo. Lembre-se, pois, o queijo pelo que exala não está ali so

Se assim na terra, como no céu, então com quantas "ligações" seremos eternos?

Por Gilvaldo Quinzeiro Se depender da propaganda das telefonias, já passamos desta vida para outra -, com as tais “ligações ilimitadas” – você acredita? Aliás, o que há no universo que não seja limitado? Tá ligado em quê, afinal? E você se acha parte deste mundo vendido como “pacotes de ligações ilimitadas”?   Este texto tem o objetivo de arreganhar uma coisa, a despeito de outras que abafamos com uma peneira -, o quanto é ilusório o mundo do qual acreditamos fazer parte! E mais, o mundo mudou é claro, porém, o mesmo não se pode afirmar categoricamente em relação ao homem, pois, este ainda é imanente a sua merda. Bem, mas se esta enfim lhe subiu à cabeça, ai então temos mudança! ... Que cena “bonita”, aquelas de homens intelectualmente avantajados, correndo com as mãos cheias de smartphone – tudo isso para não ser o último a usufruir das “novidades”! Grande merda, não? Enquanto isso, a água, elemento vital a nossa vida, está desparecendo a uma vel

A palavra, a genitália e seu deslocamento. E a de Deus?

Por Gilvaldo Quinzeiro A palavra é o “barro jogado na parede”. As vezes quando seca demais, não gruda, e se desfaz na sua própria aridez. Diz a mitologia cabocla que, quando Deus estava colocando o sexo nas suas criaturas; em todos, ele o colocou de mansinho com a mão, exceto, o do porco, que se desgrudou, de modo que, num ímpeto, o criador o atirou (o sexo), como se diz, “de rebolada”, e por pouco não perdeu o alvo. Razão pelo qual o testículo do porco é colado lá em cima, ao invés, de lá embaixo como os outros animais. Assim, também é a palavra. Ou seja, um tardio esforço de “costurar” as cenas da vida que fluem caudalosamente como as águas do rio.   Razão pela qual, não é a palavra, a condição do batismo, mas a água. E, na água, o que se inscreve? Mas voltando a cena onde porco se escapuliu das mãos de Deus. Já pensou se fosse o homem? Que sexo teríamos com as genitálias nas costas? A propósito, em um outro texto (não postado aqui) eu fiz um ensaio dando c

Gol de felicidade!

Por Gilvaldo Quinzeiro   A felicidade e o drible da vaca, quem não pensou ser feliz, sem se dá conta de que a bola sempre passou ao lado, e do outro, nós correndo à esmo? Que furada! Diz um velho ditado que futebol e política não se discutem. A “felicidade” do outro, também não, ou seja, cada um é feliz pelo time que torce. Do contrário, por que então gritar gol? O que dizer do goleiro, tão discreto, quanto tão solitário debaixo dos “três paus”? É aqui onde a sua desgraça é a felicidade dos outros! O que dizer o do artilheiro em final de carreira?   Suas pernas já cansadas, contrastam com o anseio da torcida no apagar das luzes: “filho de uma puta, pede pra ir ao banheiro e sai”! Que dor! Difícil ser feliz sem se sentir culpado?   Já pensou no exato momento do artilheiro bater o pênalti, e de repente, este for acometido de um sentimento de culpa, e colocar a pelota lá para as arquibancadas? É impossível ser apenas feliz! Mas voltando ao “drible da vac

Que nos venha a medusa, pois, ja perdemos a nossa cabeça para a nossa seca do olhar do outro!

Por Gilvaldo Quinzeiro   Os extemos das imagens, do gozar com os olhos, ao morrer enforcado pela seca do olhar do outro. Eis a medusa do nosso tempo, e nós seus corpos petrificados. Quem afinal sairá ileso as tentações da “civilização escópica”? O recente caso da adolescente piauiense cuja morte pode estar relacionada a divulgação de vídeo com imagens íntimas, é apenas mais uma, entre tantas mortes que já ocorreram e que continuarão a ocorrer ligada a “febre de imagens” das quais a nossa alma é a sua infecção. Portanto, do “gozo a morte” o que mais há fora isso que nos impele? Só os gregos e os renascentistas na sua busca pela “perfeição” imagética, poderão enfim, nos responder tal questionamento. A contemporaneidade naquilo que “avança”, esbarra naquilo em que a humanidade nunca ultrapassou, isto é, a condição humana. A condição humana hoje, muitas vezes pretensamente camuflada sobre a égide do “tecnológico” e outros que tais.   Que engano, não? Pois é, isso é o “m

Minha missão: ser eu mesmo!

Por Gilvaldo Quinzeiro   Ser “Eu” a despeito de outros que sou dentro de mim, não é fácil – é missão! Entretanto, isso não se finca da noite para o dia; nem num verão – isso é para uma vida inteira! Mas o dito aqui não foi nada. Ser “Eu” implica em ter que voltar por caminhos escuros e tortuosos para juntar parte de mim que ficou nalgum lugar abandonado, quando, ficar de pé era me agigantar diante daquilo em que fui obrigado a me desvencilhar de mim, tal como a cobra de sua pele. Quanto de mim espera por mim? Agora imagine este abandono tendo que acontecer todos os dias!   Quantos de mim ficaram no meio do caminho, e agora aguardam o meu retorno para enfim, se juntar ao que sobrou.... Será que conseguirei voltar pra mim, quando o que penso ser agora de mim, nada é? Ser “Eu” não é fácil. É missão, repito! É quase impossível! Enfim, estou de pé por mim e por todos outros que também sou, e tenho que juntar! Um abraço pra mim! Aguarde-me que já estou chegand

O Princípio da Incerteza: eis o que rege o fundo do fundo das cacimbas universais!

Por Gilvaldo Quinzeiro Lá pra dentro de nós, e de todas as coisas fundas, onde as moléculas se comportam como “cordas”, uma espécie de macarrão, imperam segundo a Física Quântica, o Princípio da Incerteza. Isso implica dizer, contudo, onde tudo também é provável. E assim sendo, este texto em suas maus traçadas linhas, já possa está sendo escrito em algum lugar, antes mesmo que o termine aqui(?). Espero que sim, pois, ao menos lá eu já estou à frente das minhas dores e do meu parto, parindo a mim mesmo! Oba? Profundo, não? Dolorido de entender isso! Mas voltando a este tal princípio. De fato, uma coisa que me anima é saber que meu umbigo possa estar plantado nalguma estrela! Porém, por outro lado, o que me deixa triste é saber que “nada saberei” a respeito do útero que ainda me conserva dentro na condição de “larva”! A propósito, hoje eu li numa estampa de uma camisa, salvo o engano, a seguinte frase: “se eu pudesse, não  teria nascido, bonito, mas rico”

A depressão, quando o sujeito esgota a pintura de si mesmo: um discurso sobre a arte de se reinventar!

Por Gilvaldo Quinzeiro   A inspiração para este texto nasceu de uma conversa entre eu e um velho amigo que hoje, enfrenta o que se chama de crise depressiva.   Ao longo desta conversa travada na noite de ontem, quinta-feira, mergulhamos fundo na alma humana. Ele, como eu lhe dissera na condição de um “calango esfolado” se esquivando da travessia na areia quente; e eu, na condição de um mero “gozador” do drama humano, isto é, do meu também. A depressão é em certo sentido e medida, o estado no qual o sujeito se depara com “esgotamento da própria imagem” - aquela que, conquanto tênue, mas era como os pilares de sustentação da “arquitetura egoica”. Sem ela, porém, o sujeito é um mero pinto pelado, diante do mesmo mundo que antes lhe ameaçava dentro do ovo. Em outras palavras, o depressivo é um “pintou” que não só perdeu o gosto pela pintura, antes a sua razão de existir, como também, hoje, se desencantou pela própria imagem. É nestas condições, contudo, que o sujeito vai p

Violência sexual: quando o predador já não se sente em carne viva, senão quando a presa se agoniza? Uma reflexão sobre o "esquecimento do corpo"!

Por Gilvaldo Quinzeiro Pelos sinais dos números, 150.617 casos de estupros no Brasil, dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública sobre 2012, marca que supera a dos homicídios dolosos, podemos concluir que a carne que já era “fraca”, agora se tornou tão puída que não suporta mais “os novos temperos” ou a sua exposição ao sol? O que dizer dos casos de estupros coletivos, quando ao que parece são os olhos arregalados do outro que enfiam nos estupradores, o pedaço da “carne” que lhes falta? O que há na violência, que já não foi “sexualizada” pelos jovens e sarados corpos partidos ao meio? Enfim, este é um assunto complexo, e que por isso mesmo exige diferentes olhares, desde o antropológico, o sociológico, o filosófico, psicológico, o psicanalítico e outros que tais. Contudo, ainda assim, quero arriscar a colocar o meu dedo seco nesta ferida exposta. Pois bem, o sexo pode estar em tudo, especialmente, quando do vão esforço para de tudo se ocultar o sexo. Um

O que nos civiliza, quando toda a carne já é esfolada?

Por Gilvaldo Quinzeiro Sem a disciplina que nos civiliza do que nos servirão os esfíncteres? Esta questão nos fará a refletir no quanto a sociedade atual corre perigo com a atual geração que não só aprendeu a nunca ouvir “não”, como a sua reação a este, se tornou pena de morte! Ontem, segunda-feira, dia 11, uma aluna de 15 anos, recebeu vários cortes no rosto de uma outra estudante de 17 anos, com uma lâmina de barbear, numa escola do Rio de Janeiro, depois que a primeira “curtiu” uma frase postada pela segunda no Facebook. “Uma frase”! “Uma curtida”! Este fato, nos revela que as “feridas” podem ser cravadas facilmente até com o piscar de olho, o que nos prova, porém, que já não temos pele, mas apenas “carne viva”. Ora, isso significa dizer, com outras palavras, que já perdemos o controle dos esfíncteres, logo, toda “merda” é nossa, ainda que se possa fazer mais questão pela do outro! Esta discussão levanta uma velha questão:   qual o papel da educação na atual

As verdades são como "imbiras": só quem amarra sabe a ponta!

Por Gilvaldo Quinzeiro   Nas veredas das verdades, toda parede é opaca. Do outro lado, porém, caminhos inteiros a serem desvendados. Daí que não podemos esperar que as nossas verdades, ainda que de fato espinhosas, nos aponte para onde os nossos olhos sejam como tapetes – conquanto, de seda ou de veludo -, mas com os aplausos nos atraindo para as arapucas! Melhor seria, não buscar nada além do que os nossos pés possam pisar, e nem que os nossos olhos possam se grudar, pois, a sensação de estar o tempo todo em “carne viva”, é a verdade de todas as verdades possíveis – quem então a suportaria? Portanto, a dimensão humana nos cabe, ainda que possamos as vezes, nos sentir fora dela. E ai, sabe como é.... “peixe fora d’água” vive uma verdade outra – aquela que lhe estica a pele toda – até romper de vez o fôlego! Pois é caranguejo que solução a sua! -   andando sempre de lado o tempo todo! Um bom dia para refletir sobre suas verdades, ainda que como “imbiras”!!