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Mostrando postagens de fevereiro, 2024

O narcisismo do homem contemporâneo e a verruga no espelho da manifestação da Avenida Paulista

Por Gilvaldo Quinzeiro  O problema do homem contemporâneo mais do que o seu narcisismo, é , ao inflar a sua própria imagem, quebrar o espelho. Ou seja, se antes este já era cego para o espelho que não refletisse a face que não fosse a sua, agora se afogou de vez naquilo que não lhe é fonte de ilusão. Uma ferida narcísica, a exemplo do ocorreu com o geocentrismo, quando da quebra deste paradigma ocasionado pelo  heliocentrismo , afetou por conseguinte a forma como o homem se via . Digamos que ali nasceu uma “verruga" na ponta do seu nariz. Essa verruga aumentou de tamanho por conta de mais dois  golpes sofridos em nossa autoimagem, a saber, por conta do evolucionismo de Charles Darwin e do inconsciente freudiano. O homem contemporâneo, a despeito de todas as suas conquistas, é um sujeito derrotado pelo próprio espelho. Um inseto em repouso num galho de árvore concorre com  a nossa carência por aplausos! Vivemos, pois ,  uma crise de feições múltiplas. Amanhã, a Avenida Paulista est

Lutar pela Paz mesmo sendo uma “persona non grata”, meu senhor

Por Gilvaldo Quinzeiro  Em que pese a profusão de crenças e o crescimento espantoso de templos de todas as denominações, no Brasil há mais templos religiosos do que escolas e hospitais juntos, o mundo continua sendo um teatro, onde as tragédias são encenadas para agradar as diferentes plateias. E entre estas tragédias, as guerras...  As guerras, estas velhas senhoras, que sempre nos fizeram companhia, ora vestidas de santas, ora escancaradamente nuas, hoje, como no passado, beijam as finas mãos dos hipócritas ! As guerras, estas sim, meu senhor, cospem e gozam em nossas caras, toda vez que que deixamos a trégua escapar!   A grande vergonha, meu senhor, é a dúvida persistente em saber com quantos mortos chegamos à conclusão da existência de um genocídio?  Com qual número de mortos saciamos a nossa vingança? É disso que temos que nos envergonhar!  Não há vergonha em ser uma “persona non grata”, na defesa da paz, pelo contrário, isso é a coisa mais honrosa do que encontrar velhas justific

O Brasil, e as velas acesas do fascismo e do messianismo

Por Gilvaldo Quinzeiro  Neste texto vamos tecer uma tapeçaria com os finos tecidos da história, da antropologia e da psicologia analítica. Tudo isso no esforço de compreender o Brasil, que marcha para o dia 25 de fevereiro. E iremos fazer isso à luz de “três velas “ para não deixarmos de lado o simbolismo. Vejamos. A primeira vela: diz respeito ao fascismo e ao messianismo, que  se alimentam de um retorno . O retorno de um passado glorioso. Na época de Mussolini ,por exemplo , a inspiração deste era o retorno das glórias do império romano. Ou o retorno de um salvador no caso da visão messiânica. Em Portugal e no Brasil, o retorno de Dom Sebastião alimentou a esperança de muitos com o chamado sebastianismo. De sorte que quando ambos dão as mãos, fascismo e messianismo, em condições únicas como as atuais, o presente se seca por irrigação ao passado. Segunda vela: sendo Jair Bolsonaro este “messias” ou o mito, nas condições em que lhe apontam uma possível prisão ou a sua “morte política&q

A manifestação de 25 de fevereiro , o mar e o Moisés de barro

Por Gilvaldo Quinzeiro  Silas Malafaia testará no próximo dia 25 de fevereiro, em manifestação da Avenida Paulista, se é ele o próprio  Moisés . O mar turbulento da nossa política faz muita gente se sentir peixe grande ou  barro impermeável!  Este será , portanto, um momento para se saber se as tempestades que Silas Malafaia tenta criar lhe servirão ao menos para limpar a cara dos que serão cuspidos. Caso contrário, há de se recolher a condição de mero calambanjo! Ao menos numa coisa Silas Malafaia servirá: dá a própria cara a tapa por Bolsonaro! Em troca de quê? Isso só saberemos quando as águas baixarem…. O que trarão as águas de março? O Brasil dos homens de “bem”,  a qual pertence Malafaia, esquece como Moisés esqueceu que, após receber os 10 Mandamentos, entre os quais “não matarás” - que abertura do Mar Vermelho significou também a morte de milhares de soldados egípcios - todos estes gente como a gente vivendo por seus deuses. A quem interessa , pois, a desobediência e confronto

“Macetando o apocalipse”?

Por Gilvaldo Quinzeiro A propósito de “macetando o apocalipse”, hit do carnaval de Salvador (2024), da treta entre Baby do Brasil e Ivete Sangalo, e para além das suas possíveis derivações e interpretações; eu acho sinceramente que tudo hoje é Carnaval, incluindo muitas pregações dentro das igrejas, e dos seus pastores fantasiados de deus. Isso é bom? Não.  Isso é real, e exigirá muito mais dos carnavalescos para não cairem na mesmice!  Isto é sintoma do esgotamento de que os caminhos que antes nos levavam ao Carnaval ou a Igreja, hoje nos fazem esbarrar no mesmo lugar.  Por exemplo, ao ‘palco, ’ que que serviu de encontro entre Baby do Brasil e Ivete Sangalo – não eram para estas estarem em lugares diferentes? Isto é o sintoma de que realmente estamos sendo atravessados, dilacerados pelas nossas Faltas, incluindo a Falta de Fantasia! A propósito, qual a Fantasia do pastor Silas Malafaia e de Bolsonaro na manifestação golpista marcada para o dia 25?

O elástico da realidade esticado pela estrema direita

Por Gilvaldo Quinzeiro   A realidade é como um elástico. Quando se estica uma das suas extremidades, a consequência é o seu rechicotear na cara de quem o esticou. Simples assim. A extrema direita brasileira, diga-se, os bolsonaristas, deveria saber disso antes de ter esticado o elástico da nossa realidade política. Mas, não. Aliás, o que é a realidade para a extrema direita brasileira? Em que terra habita? Em outras palavras, como diz a sabedoria cabocla, “não se deve cutucar a cobra com a vara curta! Sim, a extrema direita quis alterar o elástico da nossa normalidade. E agora, acuada, se passa como vítima. Começa-se a ouvir os pedidos de socorro aos Direitos Humanos! Como assim os Direitos Humanos não são coisas para bandidos? Ora, como o mundo gira! ´É exatamente naquilo que a extrema direita faz do seu chão, isto é, da sua verdade, onde reside a sua fragilidade, por isso as suas preces e suas pressas pelo fluxo das coisas. A pressa pelo “fim do mundo” é, por exemplo, a peç

O carnaval e suas releituras

Por Gilvaldo Quinzeiro Desde os gregos antigos, quando se celebrava a festas dionisíacas, o sangue tão presente nas guerras e na luta diária, era substituído pelo vinho; a realidade que comprimia os corpos, era substituída pelas asas da fantasia –, melhor assim do que não conseguir colocar o dedo na ferida ou a ferida na fantasia? O carnaval, que agora toma conta das ruas de todo o Brasil, é claro que não evita as feridas ou a morte nos acidentes; na violência das gangs de jovens também comuns neste período, infelizmente, contudo, como estancar o que na realidade escorre como rio caudaloso – um misto de fúria e angustia?  O carnaval é uma espécie de alquimia, assim como as festas dionisíacas. Tanto aqui, no carnaval, quanto lá, nas festas dionisíacas, a carne ferida era transformada em fantasia! Nestes dias, eu falava com um colega que está a pesquisar sobre o riso. Disse a ele algo muito parecido com o que agora escrevo: em todos os grupos humanos, seja na família, seja numa igreja, s