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Mostrando postagens de janeiro, 2014

O Bebê, o Corpo e a Mãe: quando ato de nascer pode ser tão desesperador, quanto a vida de um náufrago!

Por Gilvaldo Quinzeiro O bebê ao nascer é arremessado para “fora do barco” por uma onda gigante.   De agora em diante, os ventos o encaminharão para o mar aberto; distante cada vez mais daquilo que foi (o útero) por algum tempo, seu “porto seguro”! De sorte que, o tempo transcorrido entre o ato de nascer e o colo da mãe corresponde sem dúvida nenhuma para o bebê – uma eternidade!     Eis o náufrago se agonizando até atingir o continente! Eis, o quanto a Mãe significa para uma criança recém-nascida! O bebê, portanto, no exato momento de nascer, só conta com uma coisa que, ainda assim lhe é inteiramente desconhecida – corpo! Nestas condições, no entanto, o corpo está para a criança, assim como uma jangada está para o pescador. Ou seja, um frágil elo entre o mar revolto e o continente. No mais, tudo é infinitamente assustador! Portanto, é aqui onde o ditado popular, “fazer das próprias tripas, o coração”, ganha um real sentido. Por outras palavras, nas condições de

A cidade, o cão e o homem: no final quem enfim enterrará o outro?

Por Gilvaldo Quinzeiro As cidades, no passado se dizia, “os seus ares fazem bem ao homem”! E pra lá se dirigiram o homem e seu cão. Dois caçadores unidos pela mesma fome – no tempo em que um ser inimigo do outro – poderia significar a festança da caça! Hoje, levar uma “vida de cão” nas grandes e pequenas cidade é tão “normal” que, de tanto se roer, o osso  acabou ficando mole!   E o preço a pagar por isso foi: o homem perdeu a sua alma, e, vorazmente luta para não ficar completamente esfolado! Em outras palavras, o homem e o cão se tornaram dois abandonados pelas cidades! O cão, até certo ponto mais adaptado, já o homem, um cão sem “amizade” alguma! Mas atenção para os seguintes sinais: quando os cães que hoje perambulam pelas ruas, abandonarem a cidade, é porque dos homens já não se aproveitarão     nem mais seus ossos! Ora, as fogueiras feitas de ônibus, e foram tantas só neste primeiro mês do ano, são alertas de que nas “selvas” nas quais se transf

Ai da sociedade, quando todos os “biscoitos” já não mais alimentarem seus cavalos!

Por Gilvaldo Quinzeiro   A “racionalidade” como a conhecemos, desde o século XVIII, “o século das luzes”, tem aberta as estradas do mundo. Algumas bem no fundo das montanhas; outras, bem sobre os mares. Por alguma destas estradas, chegamos a Lua; agora estamos abrindo as veredas que nos levarão a Marte. Tudo muito promissor! Contudo, nos faz necessário questionar o seguinte: o que acontecerá com “o cavalo” que ainda somos, pastando nas “cracolândias” – estradas dos que ainda apenas se rastejam? Freud, seguindo outros atalhos, percebeu tudo isso como o “mal-estar na civilização”. Mas, os atalhos seguidos por Freud causaram muita dor e feridas, por isso, muitos preferiram ignorá-los, e, a resposta que se estampa em nossa cara é a seguinte: somos cavalos demais despertados apenas para comer “biscoitos”! Ora, que tipo de luta travam aqueles que fazem dos “rolezinhos” seus cavalos de batalhas? Que tipo de “cavalo” se lança a corrida apenas por não ter direito aos mesmos “ca

E ai pinto, já cantando como galo? Um breve discurso sobre a “casca” de cada coisa no seu tempo!

Por Gilvaldo Quinzeiro   O ovo, o pinto e a alavanca: cada um é uma coisa no tempo com a sua “casca”; rompê-la antes que pelo próprio tempo seja escavado – é não ser coisa alguma, senão a “coisa gora”. O ovo no seu tempo não espera pelo pinto, e nem quando a sua casca se rompa, dele se dá conta. Ou seja, cada coisa, e há tantas coisas contidas pela sua casca, vive pelo seu próprio “ciscar”. O pinto, então, antes do tempo de ser o galo, há de se contentar com o que leva ao bico do seu “ciscar”. Quanto, a alavanca quando num canto, vive a sua casca, aguardando o tempo de sua ferrugem. O seu “ciscar”, porém, já fez o homem se sentir o mais poderoso dos galos! E Pedro, quando teve que negar por três vezes o seu Mestre, se sentiu como enfim, em que “casca” – a que contém o ovo no tempo em que o pinto era só a sua calda ou a que o galo deveria ter desejado antes ter sido apenas um ovo goro? Contudo, há aqueles, e este é o nosso tempo, que se sentem tal e qual a uma velha

Nos dias de hoje, a loucura é a nossa pele: uma breve reflexão sobre o corpo que nos escapa!

Por Gilvaldo Quinzeiro   A loucura está para o sujeito nos dias de hoje, assim como a pele está para o corpo, ou seja, um sem o outro é a não “normalidade”. Ora, o dito aqui nos leva a concluir que, já não podemos falar da loucura, quando a “normalidade” é constituída desta. Então a pergunta é: o que é esta tal “normalidade” de agora, naquilo em que a loucura se torna a pele que a reveste? Um certo dia, deparei-me com uma jovem que travava uma luta renhida contra o desejo de arrancar o próprio “tampo” da pele e comê-lo. Ora, o corpo nesta nossa “normalidade” é a primeira coisa que nos escapa, e, a nossa luta não é outra, senão aquela para trazê-lo de volta! Eu me lembro de um outro episódio no qual, um grupo de crianças que brincava no recreio de “pegador” em que, uma delas ao se esconder debaixo da mesa, se “apagou”, como se diria no linguajar de hoje, ou seja, esqueceu de si mesmo, e embora já tendo terminado a brincadeira e, pasmem, o recreio, ela continuava lá. Seu re

E ai mano, sentado sobre os próprios olhos?

Por Gilvaldo Quinzeiro   Os olhos da realidade sempre estão arregalados e fitos em nós, mas, quanto aos nossos, estes estão fitos em quem? O contexto em que vivemos nunca se precisou ter tantos olhos, inclusive em cada dedo. Ocorre, no entanto, que quanto mais acontecem as “avalanches de imagens”, menos temos olhos para aquelas que nos sustentam. No fritar do peixe, os nossos olhos também já foram arrancados pelos do gato! Daí se conclui que, se tivéssemos tantos olhos, quanto os que da realidade nos exigem, certamente estes estariam sendo usados não para enxergar, mas apenas para com eles nos coçar. Veja, portanto, o paradoxo: nas coisas sobre as quais nos sentamos, podem ser aquelas que estejam nos fazendo falta na cara – os olhos! Hoje em sala de aula, enquanto exibia um filme, me dei conta de que valem mais todas as bundas pregadas na cara, pois, alguma coisa delas nos apontaria pra frente, a ter os olhos pregados num mero aparelho de celular, enquanto os da realidade se

Em nome das coisas, o anuncio das profecias. Na minha, não são os dias, mas as noites que virão!

Por Gilvaldo Quinzeiro   As noites que virão, farão bem quem bem conhecer seus “fantasmas”!   Ora, o homem que se põe a caminhar não terá encontrado nada, quando lá no final da sua estrada, não tiver feito dos seus “fantasmas” o melhor das suas companhias. Isso, no entanto, não se aprende em nenhum livro, mesmo os folheados a ouro – isso é se atrever atravessar o fundo do fundo de si mesmo! Aliás, um esclarecimento sobre as “noites”. Nestas, na verdade, sempre estivemos mergulhados, ocorre, entretanto, que as vimos como a chegada do amanhã. Contudo, as que ainda estão por vir, nos afundarão nos seus escuros. A vantagem desta noticia, uma profecia, em outro tempos, é que já estamos todos cegos! Platão, com toda a sua clarividência eclipsou-se contudo, no que se diz respeito, a luz que imaginou ser a dos dias de hoje! Oh! Quanta escuridão! Zé Ramalho. Seu   Avôhai.   Ibiapina. Antônio Conselheiro. Severino e todos os que ergueram a mão     do Pau de Colher, bem com

A cabaça, e não a cabeça, quando compartilhada pode significar outra sede!

Por Gilvaldo Quinzeiro   Quem nunca saciou em grupo a sede pela boca da mesma cabaça, não poderá saber o significado de coletividade, ainda que esta palavra lhe possa soar como fonte de inspiração. O sertão escaldante é, pois, sem dúvida nenhuma, a fonte para quem quer não só entender de como se faz da luta para não se morrer de sede, a própria vida, como é também o laboratório para quem quer ser versado em “existencialismo”. De sorte que, falar de “coletividade ou de existencialismo” sem ter vivido na carne e na alma, o significado de viver com o pouco de todos os dias – é se passar apenas na condição de um espantalho, quando a realidade vive encravada na carne com seus espinhos! O “existencialismo caboclo”, e não de Sartre é o filosofar sobre a própria carne. E portanto, sobre o sentido da existência, caso esta tenha sentido, se não aquele que se ganha, quando se perde a própria pele, assim como as cobras no seu rastejar sobre as pedras. O compartilhar a agua escassa pe

Orai por quem caros irmãos: pela superlotação dos presídios ou pelas nossas escolas cada vez mais vazias?

Por Gilvaldo Quinzeiro     Neste tempo onde se reza pela pressa da construção de mais presídios, e onde os cânticos e orações são feitas ardorosamente sobre as cabeças de quem já devorou outras, é um sinal de que as portas deste mesmo tempo e sociedade – nunca tiveram abertas para a educação! Conclui-se, pois, se hoje padecemos da realidade da superlotação dos presídios, realidade esta que não é só do Maranhão, é porque existe uma outra – aquela em que a escola não se fez “aberta” para evitar o que hoje, abrir mais presídios signifique a garantia de que não se perca mais cabeças! Sinceramente caro leitor, por aqui não haverá mais tempo para se aprender, senão o de se contar com quantas cabeças perdidas, se erguem os muros evitando com isso, a construção de outros só de cabeças! Se hoje os olhos arregalados do mundo, pedem as nossas preces, é porque não tivemos pressa nenhuma para nos dá conta que somos prisioneiros de uma ordem, político, social e econômica para a q

"O pois é" dos shoppings nos domingos sem os nossos olhos: eis a boca em que nos metemos?

Por Gilvaldo Quinzeiro   Uma das marcas dos nossos tempos é a seguinte: não somos mais feitos de “carne e osso”, mas apenas das imagens que fisgam os nossos olhos! Em outras palavras, nunca fomos tão “peixe” como nos dias de hoje. E por isso mesmo, morremos todos pela boca!   Ora, se somos feitos de imagens, e não mais de carne e osso, então é justo pensar que os olhos ganham a função de boca, de modo que, com tantas iscas balançando por ai – é claro que para os “anzóis” nos tornamos cegos! O dito acima é um anunciado para mergulharmos nas águas que estão trazendo à tona o fenômeno do “rolezinho”, já tratada por nós em outro texto.   Não queremos, no entanto, esgotar nenhuma das suas nuances que, como sabemos são várias. A nossa pretensão aqui é apenas suscitar uma reflexão por outros olhares que não aqueles que   já nos são costumeiros!   Pois bem, no momento em que     o “rolezinho” surge como a onda que arrasta para a superfície os diferentes “peixes do seu abismal”

O sujeito, a coisa e o tempo: e o Homem?

Por Gilvaldo Quinzeiro   O sujeito, a coisa e o tempo. Eis a “trindade” na qual a existência se desenrola. Eis a “trempe” sem a qual não há existência alguma! Porém, isso não significa dizer, que um dá conta da existência do outro.   O sujeito, por exemplo, as vezes nem da sua própria! De modo que, esta (a sua existência), passa a ser   uma coisa “Outra”. Já a coisa, no seu habitat natural, isto é, lá a onde a palavra não alcança, existirá para sempre, assim como a pedra em seu duelo com a água.   O tempo, contudo, é talvez, o mais intricado das pedras que compõe esta “trempe”, pois, é da ordem daquilo que se pode mensurar com palavras, porém, estas nunca chegam a tempo, isto é, envelhecem ainda no seu percurso, enquanto isso, o tempo segue sempre “novo”.   Na verdade, a rigor, o sujeito, a coisa e o tempo, cada um vive “os seus três dias de Lázaro” – a espera de um milagre!   Este milagre, no entanto, é a chegada do Homem! Por isso, feliz do tempo em que aparece uma das

O esburacamento da realidade; o da nossa é mais embaixo!

Por Gilvaldo Quinzeiro   A realidade é “porosa”, toda ela; e por entre seus vãos escapole aquilo que costumamos chamar de civilização, sociedade ou cultura – tudo isso nascido da condição de algo entalado por entre as brechas das muralhas do real. É aqui que fincamos as nossas “estacas”, todas elas puídas, de modo que, quando menos se espera – todo o “edifício civilizatório” rui! O dinheiro, por exemplo, é a mais podre das estacas, que sustenta este edifício, contudo, é nesta estaca que amarramos toda a nossa vida. É aqui pois, que as cabeças dependuradas, não valem as almas que perdemos pelos seus vãos! O dito acima é uma introdução acerca do “esburacamento da realidade brasileira”, e mais especificamente, da maranhense.   O Brasil não poderá continuar fazendo do “futebol e do carnaval”, as suas únicas alavancas, posto que, a realidade com a qual o mundo inteiro joga, dela só poderemos fazer parte, apenas na condição, de meros abridores de covas! O mundo está chega

Em tempo de “rolezinho” quem vale mais, o indivíduo ou uma pizza?

Por Gilvaldo Quinzeiro   De repente numa sociedade de massa, é mais fácil ser uma “pizza” que um “indivíduo”. Ora, isso explicaria por que da nossa face já não mais precisamos, senão daquela que nos identificaria como pertencendo a mesma tribo? Pois bem, para esta mesma sociedade de massa, não há tribo alguma, senão aquela para a qual uma “pizza” tem mais valor que seus indivíduos. Isso explicaria a reação dos shopping aos “rolezinhos”? É aqui onde a equação “pizza” X “individuo” desmascararia a verdadeira face de uma sociedade de massa. Isso me faz lembrar a história de “João e Maria” que se perderam na floresta, e quando encontrados por uma bruxa passaram a ser engordados apenas para serem servidos como refeição. Que boa acolhida esta, não? Deste modo, a sociedade de massa se comporta tal e qual, a bruxa da história de “João e Maria”, ou seja, desenraiza o indivíduo, fazendo este perder-se no meio do caos urbano, para depois, reintroduzi-lo numa nova ordem – aquel

Você participou hoje do evento “viagem sem calça no metrô’? Eu não participei, porém, passei o dia inteiro pelado em casa!

Por Gilvaldo Quinzeiro     Meus amigos do “face, das redes sociais e de outras que tais”, perdoem-me por não ter aderido o apelo para participar da importante e massificada campanha midiática do evento “ viagem sem calça no metrô ”, que aconteceu durante todo o dia de hoje em várias cidades do mundo. É que resolvi, de repente, aderir a uma outra - “a contemple a sua cueca no varal” .   Todavia, como eu não poderia por nada perder nenhum detalhe sequer, já vi e curtir todos as fotos postadas. E faço questão de destacar o seguinte:   algumas bundas não eram tão belas assim, porém, como era por uma causa nobre e justa, valeu apena fazer delas a nossa cara! Quanto, a campanha que eu participei, a “ contemple a sua cueca no varal ”, como era de se esperar, não houve tanta adesão assim, alguns “amigos” até que ficaram balançado, outros nem com a cabeça; porém, no final foi bom, pois, eu fiz uma grande descoberta:   preciso imediatamente comprar mais algumas cuecas pra mim, u