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Mostrando postagens de fevereiro, 2017

Os amores de carnaval e sua quarta-feira de cinzas!

Por Gilvaldo Quinzeiro O amor nasce por ‘trempes’ cujo fogo arde por lenhas afogadiças, e, nem sempre atiçadas por mãos, que sabem valorizar   um bom tempero!  Mas, enfim, é o fogo em labaredas! O do carnaval, então, enfrenta chuvas e tempestades! Mas, e a quarta-feira de cinzas? Engana-se, porém, quem pensar que os amores do carnaval não têm também suas “trempes” ou seus arquétipos, aliás, três, se não, como formaria uma ‘trempe’?  São elas: Pierrô, Columbina e Arlequim. Pierrô, este personagem que não sai de nós, especialmente no que diz respeito a uma paixão não correspondida, desta que se derrama por toda o carnaval, e torna fecundo de saudade com a quarta-feira de cinzas! Ah ingratas Columbinas e sortudos Arlequins! Columbina é destas mulheres que adoram machucar um coração, mas sempre acabam em mãos erradas, as do Arlequim. Bem feito? Pierrô é esta figura desajeitada, ingênua e de quem todos se aproveitam, sem levar em conta que por trás de o seu sorr

Carnaval: o trágico e o dionisíaco?

Por Gilvaldo Quinzeiro Enfim, mais um carnaval, e logo mais, a quarta-feira de cinzas. E de novo a saudosa constatação de que “bom mesmo eram os velhos carnavais”? Ao menos numa coisa o carnaval desse ano é igual aos outros: é o e o dom da carne humana! E assim sendo, não poderia nascer das entranhas de outro deus, senão das de Dionísio. Graças aos gregos, temos um deus ‘humano’, em carne e osso. Oba! Vamos celebrá-lo? Este é o espírito do carnaval, o da celebração dionisíaca! A carne, que sangra e se dilacera no trágico cotidiano, onde todos, aos olhos espinhosos dos outros, tomam sobre os ombros a sua   cruz, acreditando fazer do seu sofrer o sagrado; é a mesma carne que se rende ao dionisíaco, quando o gozo é também tomado como uma espécie de ‘crucificação’ – os 3 dias sagrados de carnaval! O carnaval é o trágico ‘espichado’ pela algazarra humana – uma espécie de ‘dia da caça’, depois de tanto cair em armadilhas! No dizer freudiano seria uma espécie de c

Devagar com o beijo...

Por Gilvaldo Quinzeiro Passaram-se as ‘boiadas’, mas a civilização empancou-se na própria merda! O que fazer agora além de berrar? O que fazer agora além de descontaminar o leite? O que fazer agora além de acumular o lixo? Uma mudança nos impacta: a chegada da velhice cada vez mais tarde e da infância cada vez mais curta! Vivemos, pois, em tempos de longevidade, porém, sem ter vivido nada de significativo, além de fazer de tudo para ocultar a face! A crise da previdência social, que é uma realidade em vários países, revela que chegamos ao fim de um tempo para o qual nos planejávamos. E agora? O que oferecer ao ‘visitante’ que ainda vai chegar, e cujas despesas da casa, em dois dias já foram todas consumidas? O consumismo nos torna ‘bois’ de um mesmo parto: o silêncio dos chocalhos! Não há mais parâmetros para se obter o ‘equilíbrio’. Isso não significa dizer, no entanto, que não haja uma avalanche de receitas! Aliás, de receitas vivem muito bem quem as pr

A vida é o ‘pássaro’ já em voo.

Por Gilvaldo Quinzeiro O espatifar-se no chão é a certeza de que ainda não criamos asas, pois, passamos quase toda a nossa a vida nos comportando pragmaticamente como as raposas – este é o alto preço a pagar no mundo onde as máquinas ao tomarem posse do ‘ninho imagético’, chocarão os ovos do futuro! Que futuro? É possível que no mundo cada vez mais estranho, o homem, com toda ‘razão’ venha a desenvolver armaduras contra as suas próprias fezes – este será um tempo, onde todos gostariam de ao menos poder sentar-se em cima de qualquer coisa. Que coisa? Coisas haverão, e muitas, sem nomes – e chamar de ‘merda’ qualquer coisa que seja – será enfim um grande alívio! Pois bem, seus pintos pelados, a vida é o ‘pássaro’ já em voo. Porém, não cometem isso e nem sintam pena da raposa se passando por galinha, pois, ‘peninha’ mesmo, só dos seus primos, os dinossauros! Estanho? Sim, em muitos currais, umbigos enterrados!     

A serpente emplumada: a nossa ‘imagem e semelhança. E a de Deus?

Por Gilvaldo Quinzeiro Será um pássaro? Um avião? Não!  É a ‘serpente emplumada’ – ninho de todo pensar mesoamericano – trovão da nossa realidade espinhosa e desapercebida! A serpente emplumada é a principal divindade cultuada pelo povo olmeca, maia e asteca. Sim, estes povos também possuíam seus deuses – nascidos do seu ‘ninho imaginário’. E graças a sua fé, sua monumental arquitetura! Foi a serpente emplumada, segundo a tradição dos olmecas, maias e astecas, que deu de presente ao homem, o milho – este que é um elo entre todos os povos ameríndios. A serpente emplumada, que, depois de sofrer algumas ‘metamorfoses’, era vista lá no céu como o planeta Vênus, para o qual todos os olhos mesoamericanos deveriam estar voltados – é a imagem a ser refletida com representação   das faces que por nós há muito tempo foram esquecidas?   O que nos interessa aqui, antropologicamente falando, é como esta deidade, a serpente emplumada, pode ter sido a ‘imagem e semelhança’ de

Tudo agora é pós-mundo?

Por Gilvaldo Quinzeiro ‘Inversões dos polos’. Os da Terra ainda são esperados; alguns dizem que já se pode detectar   seus sinais. É aguardar para ver os seus efeitos. Porém, sem dúvida alguma, os da política estão completamente invertidos, e seus efeitos são visivelmente devastadores. É o tempo dos ‘jabutis trepados’ em árvores chorarem para descer! Na visão dos místicos tudo isso não passa do acirramento das polaridades. Ou ainda, o feitiço virando contra o feiticeiro. Mas, seja o que for, é algo assombroso! Eu, na verdade, prefiro chamar de “o retorno do pêndulo”. Sim, em certo sentido, o movimento que regem as forças políticas, suas conjunturas, melhor dizendo, são pendulares. Ou seja, vai e volta – é uma espécie de um elástico esticado que, quando cessam as forças, que o mantinha esticado, eis que este ‘dispara’ em sentindo contrário. É o que se costuma dizer popularmente, “levar uma pesada no “saco”! De fato, o que se ver ou o que se sente é uma “pesada no “saco

Em que ‘parto’, meus semelhantes, desconhecemos as nossas faces?

Por Gilvaldo Quinzeiro O homem é um ser ‘ferido’ por natureza. A existência, é, em grande medida, um esforço de reparação, isto é, o ato   de juntar-se ao que se sente como ‘perdido’.   O ato de nascer é também uma ‘ruptura’:  o que nos acolhe é ao mesmo tempo o que nos repele. Então somos esta coisa com ‘nome’ é bem verdade, mas este, não estanca a nossa dor! O mundo que nos acolhe é um ‘parto’ permanente: pena de nós que o parimos? Depois de tudo isso dito, imagine que agora neste exato momento estamos girando em torno do Sol, sem nos darmos contas do quão somos apenas ‘grãos’ de toda esta poeira existencial! Esta é uma existência possível! E quanto as outras também em seu permanente trabalho de parto? Não se assuste, pois, caso, não lhes sejamos em nada semelhante! Pitágoras via apenas ‘número’ no lugar em que hoje lutamos para que seja a nossa face!  Enfim, apressem as preces pelo que ainda em nós permanece ou façamos todo o esforço em sermos pacientes p

Todos afetados pela falta de afetos: e agora?

Por Gilvaldo Quinzeiro Estamos encravados numa realidade onde todos nós somos afetados pela falta de afetos – uma consequência, talvez, da nossa ‘prece’ apenas pare se obter o tão almejado sucesso e da nossa pouca inserção em nosso mundo doméstico – o mesmo que o ‘abandonamos’ quando somos obrigados partir para conquistar o mundo! O estranho é que este ‘mundo’, objeto da nossa conquista, é o mesmo que se encontra hoje tão saturado, enfadonho, depressivo e explosivo! Que ‘diabo’, então de conquista é essa? Este é um caso para se pensar. Do que adianta se conquistar o mundo, se não conquistamos um abraço sequer! Não será este o motivo de o mundo estar se tornando cada vez pior? O que deve afinal pautar as nossas conquistas? O filósofo grego Sócrates já nos chamava atenção há milhares de anos acerca de centrarmos o nosso esforço na ‘conquista de nós mesmos’. Eu entendo que este pensamento nunca envelhecerá! Fala-se muito em intolerância e do ódio como marcas dos d

“Eram uns garotos assim como eu”?

Por Gilvaldo Quinzeiro Alguma coisa me faz pensar, e muito! Outras, me fazem lamentar! Há aquelas, porém, com as quais, se eu não aprender, sinceramente, eu estarei frito! Ver por exemplo, uma boa parte dos homens da minha geração, alguns da minha idade, até então, combativos líderes políticos ou empresários de uma visão futurista, na prisão – meu Deus! Por que eu escapei?  Enfim, somos todos frutos de uma época. Mas que época?  Que tipos de relações  têm os homens desta época uns com outros?  Que tipo de homens somos? Há pouco tempo falávamos do ‘fim das utopias’. Hoje estamos sepultando os homens ainda vivos – por que será? Alguns desses homens presos e hoje de cabeça raspada, eram os mesmos ‘cabeludos’ e sonhadores de outrora? E eu aqui quase com meus cabelos brancos: meu Deus! “Eram uns garotos assim como eu”? Se levarmos em conta as canções de hoje, canções não, ‘hits’, ‘pancadas’, ‘pedradas’ e sei lá mais o quê -, vamos constatar, então, que já não ch