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Mostrando postagens de janeiro, 2021

A escassez de homens em tempo de avalanches de vírus

Por Gilvaldo Quinzeiro   No tempo de Alexandre, o Grande, a percepção de uma possível ameaça, que não fazia o seu oponente dormir, estava a léguas e léguas de distancias à passos de cavalo, hoje, na imediatidade das coisas, já não temos mais a percepção das ameaças, posto que ou essas já se tornaram nossas velhas inquilinas ou já estamos há tempos adormecidos por essas. Marco Aurélio, o imperador filósofo, em suas Meditações, falava das rachaduras do pão no processo de cozimento. Hoje, já não temos a percepção das rachaduras que nos habitam, posto que em certo sentido já estamos fritos. Quaisquer análises das crises do nosso tempo poderão estar fadadas ao fracasso se não partir do pressuposto da crise da escassez de homens; de homens que pensam; de homens com a capacidade de perceberem e se anteverem a uma catástrofe. Os homens de hoje mesmo de joelhos não passam de uma mera caricatura ao tentarem compreender ou a conter o fluxo dos acontecimentos! Ora, dizer que o ponto

O jorro do leite condensado. Uma breve introdução psicanalítica

Por Gilvaldo Quinzeiro   Que é verdade que para habitar o mundo, temos que o antropomorfizar, pois, de outra forma não encontraríamos nele nada parecido conosco, isso é indiscutivelmente tangível!   A questão é quando a bolha, que acreditamos ser, estoura, e de repente o mundo que antes nos parecia tão familiar nos abocanha – isso freudianamente é pica, a grande! Ou seja, o horror a castração! Ora, ora, o estouro dessa bolha ilusória implica em outras coisas, numa espécie de coito interrompido, ou seja, nos tirou da nossa zona de conforto. E mais: há uma primazia do arcaico, do tribal; da perversão! Em outras palavras, quanto mais macho, maior o complexo de castração! Caso seja verdade a afirmação de Sigmund Freud que o nosso primeiro contato com a realidade é feito com a boca, então, isso também explica porque há tanta gente se sentido mordido – é que estamos usando a boca para, perigosamente termos conhecimento daquilo que nos toca! Sim, de fato tudo se transformou numa

O vírus das opiniões tóxicas

Por Gilvaldo Quinzeiro   Não se espantem, caros amigos, com os peixinhos que facilmente ‘morrem pela boca’, pois nós somos a única espécie que morre pela sua opinião – isso não é assustador? Agora imagine que tipo opinião! Algumas (opiniões) tão frágeis quanto uma folha de papel em branco sendo arrastadas pelas ondas do mar; outras, tão tortuosas quanto cercas de paus, que povoam o sertão. Mas, enfim, há quem esteja disposto a matar ou a morrer por elas! Aliás, tem gente que já perdeu a vida, e outros mais também a perderão por se ‘ensopar’ de opiniões tóxicas postadas, sabe aonde?   No grupo de WhatsApp da família! Quando uma opinião por mais tóxica que seja, parte de alguém querido ou que exerça sobre nós uma certa influência a exemplo de um pastor, de um padre ou um professor, então, é quase certo que fomos por ela intoxicados – um desastre! Meus Deus? Não!   Minha opinião!   Neste tempo de pandemia, que já matou só aqui no Brasil mais do que a população inteira de algum

Enfim a vacina! Mas em tempo de polarização haverá guerra contra seu uso?

Por Gilvaldo Quinzeiro Ufa! Enfim chegaram as primeiras doses de vacinas! Mas quem está comemorando? Quem dará braço para receber as doses recomendadas? Quem está torcendo contra? Quem está disposto a entrar numa guerra contra o seu uso? Eh!   pelo jeito nem bem resolvemos um problema, e já criamos outro. Sabe qual a causa disso?   A doentia polarização! Se no início da crise sanitária da covid-19   nos dividíamos entre aqueles que a chamavam de ‘gripezinha’ e aqueles que diziam ser uma grave     pandemia; entre os que defendiam o isolamento social e os que   defendiam   o retorno imediato das aglomerações; entre os defendiam o uso das máscaras e os que chamavam essa atitude de ‘maricas’ – com a chegada da vacina, diga-se de passagem,   depois de muita luta solitária dos cientistas, pois, estes não receberam o apoio por parte das nossas autoridades federias, bem como de uma parcela da sociedade -, assistimos mais uma vez a sociedade se dividir perigosamente entre os que   irão

Um verdadeiro lider não se faz nas pressas das nossas preces, meus irmãos!

Por Gilvaldo Quinzeiro   Às vezes o que está bem a nossa frente não é o que desejamos ou que nos interessa, porém, se estar à nossa frente é o que devemos encarar pois se trata da mais dura realidade! E neste caso, o que desejamos ou o que nos interessa ao menos momentaneamente não faz parte da realidade. Isso significa, em poucas palavras que temos que aceitar as coisas como estas são, e devemos agir conforme a situação nos exige. O dito acima é um alerta a sociedade brasileira, em especial, as nossas autoridades. Subestimar os fatos porque estes não foram ‘pintados’ conforme a nossa linha de interesse (ideologia, expectativas ou crença), sobretudo quando estes fatos estão diante das autoridades competentes, não se espera outra coisa destas que não seja encarar a realidade dos fatos. E mais, cara pálida: gerenciá-lo! Um líder verdadeiro não é feito de maquiagem; nem das sofisticadas campanhas de marketing, e     muito menos das nossas apressadas preces! Um líder surge nas tr

Uma guerra apocalíptica? Salve-se quem souber!

Por Gilvaldo Quinzeiro   Mesmo numa guerra real, que é alimentada por ódio, a estratégia para enfrentá-la e vencê-la exige o uso do racional, da logística, como uma das suas mais poderosas e eficazes armas. No Brasil atual, entretanto, o ódio, que cega as nossas principais autoridades, e uma grande parcela da população, no momento em  que estamos travando uma decisiva batalha contra o corona vírus que já matou mais de 200 mil pessoas – não há uma logística para o seu enfrentamento, e sequer uma rota de fuga! Assistimos, pois, uma guerra onde o alvo é o próprio pé! A falta de oxigênio nos hospitais de Manaus em plena pandemia, não pode ser atribuída a outra coisa, senão como a falta de estratégia e planejamento do Governo Federal. A falta de oxigênio nos hospitais de Manaus é o resultado de quem desde o início da pandemia a subestimou chamando-a de ‘gripezinha’, e que desencorajou o uso de máscaras, bem como o distanciamento social.     A falta de oxigênio nos hospitais de Man

Sem o crivo da razão, as preces apressadas nos ensanguentarão?

Por Gilvaldo Quinzeiro O atraso que nos faz implodir o relógio, não é em virtude do cavalo, que teve de ser antes pego no pasto, lavado com água retirado do fundo do poço; pelos aparados e selado por mãos grossas de outras pelejas – ainda assim ao destino se chegava!   A questão é outra: o tempo de hoje ganhou asas em nossas ricas preces apressadas. Estamos, enfim, todos ajoelhados, e com pressa para  que o tempo da nossa prece seja curto o suficiente para as milhares de rápidas postagens no grupo da família: também apressado pela nossa prece!   As cenas da invasão ao Capitólio ocorrida no dia 6, onde “seres com chifres e vestidos em pele de urso” parecem emergir de outros mundos não serão digeridas com o simples uso dos dedos ao clicar uma curtida ou compartilhamento de uma página do facebook. Precisamos fazer uso de algo cada vez mais raro e que nos exige um complexo esforço, a razão!   Mas estamos muito apressados em nossas preces ou entretidos com os ‘pisca-piscas dos últim

Coisas que precisam ser ditas à todas as idades, meus filhos!

Por Gilvaldo Quinzeiro A paixão costuma chegar abruptamente nas madrugadas; tira-nos o sono, mas vai embora do jeito que chegou, com os primeiros ventos gélidos do inverno.   O amor... bem...     o amor não é descoberto debaixo de um palheiro   ou encontrado em baile de gala como se costuma crer; este é uma semente, e como tal é colhido na mesma medida e intensidade com que plantamos. Não devemos apenas saber armazenar suas sementes nos mais caros vasos como também ser em quaisquer estações seu solo fértil! O sono dos bebês e o seu sorriso dependem tão somente das mãos de quem o protege, mas, este não se tornará adulto, se não lhe for ensinado a arte de  se levantar sozinho. Aliás, deveríamos ter aprendidos desde o berço que seremos sozinhos mesmo estando nos braços da multidão. A juventude é como um rio caudaloso, ou seja, é forte e apaixonante, mas já passou com a mesma rapidez... A velhice. Ah essa Senhora da qual nada sabemos, e que será para os   mais afortunados a sua

A vida e a morte. Uma experiência de reencontro?

Por Gilvaldo Quinzeiro Nesta semana, eu fui instado por uma amiga a falar sobre a experiência da vida após a morte. No momento falávamos da nova série da Netflix, que diz respeito a este assunto, e que teve estreia no dia 6. O texto abaixo (não é sobre a série!), é uma ilação acerca da vida e da morte. Um esforço para respirar para além das conhecidas águas... (...) Uma frágil ‘casca de ovo’, é isso o que significa cada fase da vida. Talvez por isso tendemos desesperadamente a nos fixar a que, em tese, acreditamos ser mais seguro.   Eis a ideia do eterno retorno ao útero. Entretanto, o mais seguro, se se ‘segurança’ é um termo apropriado para a vida -   é seguir em frente, isto é, habitar a casca seguinte. Em outras palavras, somos como náufrago que, no desespero de sobreviver agarra-se em vão a uma ‘folha de papel’ em pleno oceano!   A vida e a morte, penso, é como um ‘cano’ sem rolha ou entupimento: onde tudo se desagua no mesmo oceano. Porém, nos fixamos a primeira ‘folha

Invasão ao Capitólio. Pimenta nos olhos ou spoiler?

  Por Gilvaldo Quinzeiro   Não é à toa que os olhos do mundo estão voltados para os Estados Unidos. E se olharmos com muita atenção a invasão de ontem ao Capitólio pelos apoiadores do Presidente Donald Trump, onde 4 pessoas foram mortas, além dos danos materiais aos prédios públicos, veremos que o mundo entra definitivamente em grave período de instabilidade, pois o ato em si significa um ‘murro’ na democracia do mundo inteiro”! Para o Brasil então, tal invasão é mais do que pimenta nos olhos, trata-se pois de um ‘spoiler’? Eis a questão!   Parece um exagero o dito acima, mas não é. Não estamos falando de um país qualquer, mas dos Estados Unidos.   A contestação dos resultados das eleições por Trump, que deu vitória a Joe Biden; contestação essa que culminou com ato de ontem, não pode ser vista apenas como uma ‘cortina de fumaça’ – há que se olhar os pesados elementos que constitui o palheiro de onde expele o fumo – fundamentalismo, obscurantismo, negacionismo e racismo. Os m

O Brasil e o Mundo no contexto de pandemia. Qual é o cenário?

Por Gilvaldo Quinzeiro Nesta semana foram dadas duas declarações estarrecedoras por parte de duas autoridades brasileiras, e que apontam um pior dos cenários para o Brasil.     A primeira foi dada pelo coordenador do Comitê Científico ao Combate do Coronavírus do Consórcio do Nordeste, o neurocientista Miguel Nicolelis, que postou em suas redes o seguinte: “acabou. A equação brasileira é a seguinte: ou Brasil entra num lockdown nacional imediatamente, ou não daremos conta de enterrar os nossos mortos em 2021”. A segunda declaração veio do Presidente Jair Bolsonaro: “O Brasil está quebrado”. Bem, se é verdade que para um “bom entendedor, poucas palavras bastam”. Então, 2021 será um ano assombroso, caso as previsões contidas nestas duas declarações se confirmem. Mas, há entre nós quem ainda seja um de nós?   Essa pergunta não deixa de ser assombrosa!   Todavia, não pode haver nada mais espantoso do que     o nosso silencio sobre ela. Ademais, em certo sentido, aquela (pergunta),

O segredo do 'agora'. Cavalo da nossa pressa?

Por Gilvaldo Quinzeiro   ‘O agora’ é como rio de Heráclito. Ou seja, não nos espera passarmos o sabonete, pois, quando, por mais apressado que ao rio retornarmos, este não é mais o mesmo. Em outras palavras, o verdadeiro banho, aquele que pesca o rio é o ato de pensar, posto que não há outra maneira de nos anteciparmos ao ‘peixe’ em que o misterioso rio da vida acaba de também nos transformar. Para romantizar o assunto, ‘o agora ‘é como um beijo apaixonado, isto é, não é o ato em si o que verdadeiramente importa, por mais que neste nos fixamos, e sim seu vir a ser... ou seja, o que resultamos deste. ‘O agora’ também pode ser descrito recorrendo a uma áurea mais mística, como um misterioso cavalheiro de duas faces, mas prestamos mais atenção ao seu gordo cavalo. O resultado disso é a nossa eterna prisão aos espelhos:   passado ou futuro. Enfim, o agora é. O resto é o sabonete esquecido nos olhos! Um bom dia a todos!    

A oficina da vida. Os sofreres e os outros tipos de consertos

  Por Gilvaldo Quinzeiro   Não é preciso ser alquimista para compreender que o caldeirão da vida é o resultado da combinação de diferentes misturas. Algo que a vida moderna sob a promessa de nos oferecer um fácil conforto, nos impõe uma permanente cegueira sobre tudo, incluindo a nossa própria face; a mesma face (ou a outra) que acreditamos encontrar num salão de beleza!  O resultado disso, também, está facilmente percebido e na cara: o sofrimento! O mesmo sofrimento para o qual se oferece uma enxurrada de diferentes misturas (que paradoxo, não é mesmo?), soníferos, calmantes, analgésicos e até mesmo, pasme, anabolizantes: uma arapuca para a qual não há raposa esperta!   O que não se faz para não sofrer? Eis a razão pela qual paradoxalmente mais sofremos? E assim surgimos do nada, mas de forma cortante: “com quem você pensa que está falando”? Ora, não se pode chegar a outra conclusão após uma reflexão a respeito de frases como estas, que têm inundados o nosso dia a dia, infelizmente, q

A nossa bolha ilusória. Com quais paus você faz a sua?

Por Gilvaldo Quinzeiro Se partirmos da premissa de Protágoras (481 a.C – 411 a.C) na qual ele afirma ser o “homem a medida de todas as coisas”, haveremos então que concordar no sentido de que nas nossas condições atuais ou a nossa ‘bolha ilusória’ encolheu aponto de nos expelir dela ou esta se agigantou para além da medida do próprio homem, posto que este já não serve mais como medida de nada. A bolha ilusória?   Como assim? O dito acima é apenas para chamar atenção de que já não suportamos habitar mais o real, naquilo em que este nos esmaga. Qual a nossa solução adotada para isso? Vivermos em ‘bolhas ilusórias’, onde cada um tenta desesperadamente conter o próprio fôlego para não eclodir a tal bolha!   Ora, nestas condições em que nos faltam medidas ou parâmetros para tecer as coisas, é possível que somente a ‘tinta’ de um Pablo Picasso (1881 -1973), o mesmo que pintou “Guernica” quando essa fora por forças das bombas despedaçada, nos seria de alguma forma mais acolhedora! O

A pandemia e a crise da verdade. O que é a verdade?

Por Gilvaldo Quinzeiro A crise provocada pela pandemia da Covid-19, para além de ser um problema de ordem sanitária, econômica e social, é, num sentido mais amplo também uma crise civilizatória. E neste sentido, como não poderia deixar de ser, o homem enquanto engenho e visão de si mesmo, bem como do mundo, está sendo triturado. O triturado aqui, não é contudo, no sentido negativo, embora há que se entender o seu sentido destruidor.   Este texto, portanto, tem uma pretensão ensaística, caso essa palavra em seu sentido literário, caiba aqui.   O certo é que faremos um gigantesco esforço mental para ao menos chamar atenção para a complexidade da crise atual. Vejamos! Ao olhar para a gravida da situação, eu tenho procurado traçar um paralelo entre outras crises sanitárias ocorridas a partir de um viés histórico/ filosófico (por que não?), a exemplo, da peste negra no século XIV e da gripe espanhola em 1918.   O que essas pandemias distantes em termos temporais têm a ver com a cris

2021. Ano Novo?

  Por Gilvaldo  Quinzeiro  1 .  Que a pressa e as preces pelo Ano Novo, não  nos  tenham roubados o precioso tempo para  Escola, na qual, se constituiu o ano de 2020.  2 – De fato, 2020 foi uma verdadeira Escola, diga-se de passagem, como nenhum outro ano foi em tempos recentes. Quem de nós continua apedrejar a Escola? Ora, as lições não significam necessariamente preservar a nossa “área de  conforto “ ou reforçar os nossos pontos de vistas. Aprender as vezes significa assumir que se quebrou a cara! 3 – 2020 nos ensinou,  por exemplo, que o uso ou não de  máscaras dependendo do ponto de vista, foi  recebido  como um tapa na cara! E que tapa! Para alguns, veja que paradoxo, isso doeu mais que o vírus... 4 – Enfim ,  2021 só se constituirá realmente em  Ano Novo para quem de fato aprendeu a ressignificar suas perdas e dores do ano passado. Ou seja, para quem conseguiu adquirir Alma Nova! 5 – Que  a “fome”  por comida fácil ou por mudanças rápidas não  nos   arremessa  junto com a flecha