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Mostrando postagens de junho, 2012

Gordo, os olhos, quando magra, as feridas

Gilvaldo Quinzeiro Substituir os olhos pelas feridas é humanamente inevitável, contudo, o bicho é o vômito, pois, nestas condições não há como evitar que tudo que se ver não seja “carne podre”. A outra questão também  humanamente inevitável é a fome. Esta virá sempre cegamente, e ai o que se devora poderá ser os próprios olhos! Aqueles ali na frigideira são os seus mano?

Os pássaros e os passos de um calango

Gilvaldo Quinzeiro Quantas palavras ditas me cortaram as asas no exato momento em que alçar o voo era imprescindível! De quantos pedaços de mim refiz as esperanças, quando em minha volta só os urubus pairavam!.. Enfim, nos dias em que fui “filhote de coruja” a última   coisa a perceber era o farejar das   raposas. Ai de mim sem as “sapucaias” que, mais do que me servir da condição   de ninho, eram também os   ouvidos, quando os meus, dos uivos dos lobos não sabiam diferenciá-los! Hoje, eu   me dou conta de que,   mesmo não   passando da condição de um   “calango”, ainda assim, de onde estou pregado só os que possuem   olhos de águia me veem!... Hum Hum! É daqui que me permito   desejar ser uma   lagarta só para aprender mais sobre alquimia!...

Pra não dizer que não fui meus fantasmas

Gilvaldo Quinzeiro O Complexo de Castração. Quem dele não sofre? Eis o quão os nossos fantasmas se tornam devoradores! Que fantasmas? – os que alimentamos com a nossa carne. Ora, é aqui, e não em outro contexto que a nossa carne se constitui na própria boca dos fantasmas, enquanto nós, seus jantares... No tocante a esta questão, Freud mais uma vez, não só tinha razão, como sem suas travessias pelo escuro das noites, todo o corpo se constituiria para algazarra dos nossos fantasmas em “carne frita”! Salve Freud! Os fantasmas, pro inferno! Os meus, não!

As despalavras

Gilvaldo Quinzeiro Tal como a “imbira tanga” para o índio, as palavras não dão conta nem de longe em tampar a realidade. Contudo, não é esta a intenção do índio ao usar a “imbira tanga”, o mesmo não se pode afirmar a respeito daqueles que usam as palavras como que da realidade tivessem absoluto controle. Ora, a imbira sem nó é como as palavras sem amarradio, isto é, qual o sentido de se evitar a nudez das coisas? Pois bem, nós não só estamos completamente nus, como as palavras não valem mais que uma “imbira tanga”, a diferença que esta se sobrepõe ao “nó” que em outros contextos têm os dedos como substitutos, enquanto aquelas em que contextos não são as mais convictas das nossas máscaras? Estão escondendo o quê seus "pintos pelados"?

Os dias como as noites

Gilvaldo Quinzeiro As realidades. Todas sem um nó sequer. Tudo, portanto, está escancarado. Nada se passa como à luz do dia: tudo eclode como germes em “bicheira”. E, nós zumbis tendo como referencias as próprias feridas!... O sujeito quem é? - as vozes que ouvimos de fora! Em outras palavras, tudo fala ao sujeito, enquanto este há que nada se fala! A outra questão é: o sujeito além de fragmentado acimentou-se. Então, o duro é durar até que as outras partes que se despregaram de nós permaneçam moles... O quê?

Os mares e os males de não prestar atenção na vida...

Gilvaldo Quinzeiro Cada momento em nossa vida, conquanto seja este o último, cabe o mar inteiro para se atravessar. Isto é, nos abandonar por um instante que seja; deixar de prestar atenção nas coisas que vão e voltam como ondas, poderá nos custar toda uma vida na condição naufrago. Então que o mar seja o mar, enquanto nós ao menos nos mantemos vivos para continuar acreditando que, nadando cheguemos à praia, pois, mais longo poderá ser a distância entre o que os nossos olhos veem e as coisas em que nossos pensamentos se agarram! Portanto, viva bem o dia inteiro para atravessar a noite escura, ainda que se sentindo aos pedaços, pois, amanhã será uma nova onda que já esta se fazendo agora no exato momento em que você deixou de prestar atenção!...

A Rio + 20 X a subtração das nossas esperanças?

Gilvaldo Quinzeiro Por conta da realização da Conferência Rio + 20, onde se discute não só a sustentabilidade da economia como também a própria sobrevivência da humanidade, por isso mesmo há uma pergunta que a meu ver é oportuna: em que tipo de “macaco” nos transformamos? Pode parecer incrível, mas, chegamos a Rio + 20 com uma gritante contradição, a saber, de um lado possuímos todo um aparato tecnológico que daria a qualquer faraó egípcio a garantia material de uma “farta vida eterna”; por outro lado, os homens perderam a condição humana para se tornar em meros “zumbis diplomados”. Como esperar do planeta, se dos homens já cansamos? Coincidência ou não a Rio + 20 acontece no ano em que muitos acreditam que ocorrerá “o fim do mundo”. Se o mundo está no fim, eu não sei, isso pode ser apenas um jogo de palavras, mas qualquer que seja “um começo”, isso sim está me dando medo... Engraçado, há pouco tempo as crianças brincavam de roda; as lições eram ensinadas oralmente; os n

I GONÇALVES DIAS DE ARTE

Será realizado nesta sexta-feira, 15, às 16 horas, no Auditório da Academia Caxiense de Letras-ACL, a rua 1º de Agosto, o I Gonçalves Dias de Arte. O evento é uma realização do Centro do Ensino Gonçalves Dias que, na oportunidade estará premiando ao público caxiense com uma exposição de artesanato, pintura, além de apresentações   de dança, música e poesia. O I Gonçalves Dias de Arte, além de homenagear o patrono da escola, o poeta Antônio Gonçalves Dias, tem como objetivo incentivar, valorizar e oportunizar os novos talentos e a criatividade artística, criando um espaço onde os alunos possam demonstrar seus dons.

O bravo, o cavalo e os desertos

Gilvaldo Quinzeiro Os desertos nunca foram habitat dos homens, porém,   o mesmo não se pode afirmar em relação aos homens, isto é, os desertos se afundam nos homens tal qual   os cavalos nos pântanos. Bravo os desertos, pois, só estes   seguem em frente. Quanto aos   homens o que são senão éguas em dezenas de léguas em busca água?                                               

Ai de nós sem as caricias que substituiriam todas as facas

Gilvaldo Quinzeiro Entre a mão que cega com a faca e a outra que esculpe o crime, as praças e os jardins já não são mais para os namorados. Aliás, nem jardineiro há nas praças, e o beijo antes dado como roubado, hoje com todos sendo diariamente assaltados, feliz das mãos que ainda conservam os dedos!... Vi nesta manhã ( do dia dos namorados) uma imagem que me chamou muita atenção, não era nenhum casal se beijando na boca, nem   era   romântica ou erótica,   mas certamente eloquente   -,   um mendigo e um cão   “paquerando” uma padaria, o primeiro estendendo a mão ao padeiro, e o segundo babando o pão improvável     – quem enganaria   quem com a fome com unia a ambos? Nestes dias de poucas caricias, flores enviadas tarde demais e balas apressadas para chegarem antes   dos presentes, namorar é mesmo o quê ante o luxo que substitui o beijo   ? Ai da nossa fome que os projetos não contemplam! Ai das nossas peles sem serem as das serpentes! Ai de todos os ais que não seja

O pois é dos nossos espantos!

Gilvaldo Quinzeiro O sujeito em sua constituição egoica é tríade, porém, a realidade do cotidiano    com suas “marchas   e cruzadas” resume abruptamente tudo a uma perigosa     dualidade – a que nos escapa e a que ilusoriamente   estamos fixos. Neste ínterim, não se sabe por temer quais olhos, uma terceira e poderosa parte de nós mesmos é literalmente enterrada. Esta sem dúvida nenhuma há de retornar para   “fantasmarizar” uma realidade Outra -   aquela na qual é tarde demais para se contemplar? Ora, nestes dias de “sirenes ligadas e discursos atordoados”   dormimos para a realidade que nunca fecha os olhos. Aliás, tudo é muito cedo, tarde,   só nosso espanto!... Afinal o que está “fora de ordem”, senão a ordem de se perceber as coisas!... De fato, “as coisas”   para as quais temos olhos nunca nos exigiram o corpo inteiro, tanto que, o que em nós é sentido como vazio, nas coisas abundam... Já foi tempo em que   “simplificar” a realidade bastaria. Hoje, com quais cabeç

As curvaturas do amor e os olhos dentro do bico

Gilvaldo Quinzeiro O amor não sobe a ladeira sozinho. Às vezes suas derrapadas nos impedem até de trafegar por caminhos mais curtos. Outros, porém, nunca conseguirão dar um passo a frente sequer. Estes estão atolados até o pescoço à mercê de quaisquer trações. Deveras, toda a química do amor é substancialmente animal, o mesmo não se pode dizer das suas prisões. Todo amor é espelho. Todo espelho é quebradiço. Tudo que é quebradiço só é reconstruído como imagem. Toda imagem é ao mesmo tempo mãe e filha – eis ai o útero de toda nossa perversão? O amor se encurva quando todo o esforço é retidão. O amor é galinha dos ovos de ouro, quando, por tudo que se pena, no dia seguinte estamos nós de grão em grão. O amor ai quando tudo são apenas pernas abertas. Por isso alguns não se cansam de erguerem o tempo todo suas   portas, patentes e fechaduras? O amor é sempre um rio de perigo. Alguns nadam sempre de lado como caranguejos, ora molhados, ora secos; outros sempre no raso

Os bichos estão soltos

Gilvaldo Quinzeiro Esta semana, um aluno me interrompeu a aula para falar do seu pavor em relação a uma reportagem nos Estados Unidos dando conta de que a polícia flagrara um homem “devorando o rosto do outro”, e que tal comportamento se justificava pelo uso de uma nova droga. Motivo do seu pavor: “E se esta nova droga chegar aqui”? Pois bem, este fato passou quase que despercebido, porém, não sem provocar outros estragos – este aluno estava realmente apavorado, e digo, com toda razão – que face não se desbota quando a do outro já não mais se contempla?   Ora, “as raízes” deste mundo se afunda na “desestruturação egoica”, logo,   não tardará a se colher safras de feridas. Então como evitar que as imagens não nos transpassem   como   estacas?   A questão é que “os interesse” que erguem o mundo não se sustentariam por si mesmo sem que todos nós não fôssemos órfãos. A outra questão também pertinente é: somos filhos de quem? Corra que eu estou levando tua mão no bols