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Mostrando postagens de março, 2012

O gozo, o espanto e a bolha: quem já foi além?

Gilvaldo Quinzeiro É estranho, mas, levamos uma vida toda que nos custa o “sangue e suor” para, num instante que equivale a de um sopro perder todas as palavras. Afinal, que palavras definiriam o gozo ou o espanto?   Como descrever com palavras um raro instante de uma bolha? Vale dizer que a nossa vida de fato corresponde a um sopro? Pensando bem, não vale apenas nos tornar um escravo ou um senhor; ou um cavalheiro medieval com sua lança e armadura, pois, se do gozo não formos seu mendigo, não será raro perdermos   de um espanto   tudo aquilo que já estava ao alcance das mãos!... Afinal, tudo nos escapa. Porém, o que fica são as mãos, quando estas, assim como a cobra não forem arremessadas com o próprio corpo no mesmo ato em que a presa é abocanhada!... Então o que é ir além? Bem, eis aqui o habitat das palavras, contudo, se formos sábios, só silencio aqui caberia!

A política, os negócios e a cidade: quem fala em nome de quem?

Gilvaldo Quinzeiro A política sempre foi palco de retórica e contradições, disso os gregos sabiam mais do que ninguém. O que se esquece, porém, é que este palco era a “polis”, ou seja, a cidade para a qual e sem a qual, não haveria a política em seu sentido propriamente dito.   Em Caxias, nos últimos tempos, a política tem significado apenas   “negócios”, ou seja, uma forma pela qual e sem a qual “os negócios não andam”; negócios em nome de meia dúzia, diga-se. Enquanto isso, a “polis”, a cidade, o que é? De quem é? Caxias, não   tem se tornado em outra coisa, senão, na barbárie - ,   resultado da política aplicada não só no seu sentido inverso, mas, fundamentalmente, no sentido para o qual ela não tem sentido algum, isto é, no escancarado abandono da cidade, da polis, em beneficio único e exclusivo   daqueles que, ao contrário, dela deveriam zelar. Eis aqui o fundamento do afundamento da cidade de Caxias: os negócios particulares, em nome dos quais a cidade perde seu

A realidade, o mito e o pé na bunda: uma profecia?

Gilvaldo Quinzeiro A palavra se não grávida de significantes, é uma prótese mal colocada onde o aleijo se evidencia. Ora, o que dizer da paralisia dos discursos de hoje? Não seria o momento de ouvir as pedras? Coincidência ou não, nunca as cidades tiveram tantos desmoronamentos, enquanto os homens certamente desejaram ser de ferro. Eis o que simboliza bem este contexto: a febre dos deuses e a palidez dos homens! Aliás, é bom que se diga que nunca os deuses e os homens invejaram uns aos outros. Talvez   por isso,   as certezas andam cegas e as mentiras de olhos cada vez mais abertos. Mas, não se iludam, pois,   quem têm “pernas curtas” preferem andar de jatinho e são os últimos a darem o nó nas coisas!... Nestas condições, entretanto,   quem não souber   se movimentar por dentro das mitologias, seja a grega, seja a egípcia, seja a maia ou a do “Sovaco da Jumenta”, não entenderá coisa alguma neste prolongado “eclipse”, onde os homens são suas bestas! Por falar em best

Sérios tempos os de agora?

Gilvaldo Quinzeiro É sério, o humor brasileiro só esta semana perdeu dois de seus maiores gênios, e quem já mereceria há muito tempo ter partido,   agora,     se divertem     como se fossem eternos!.. De fato, a existência humana se desdobra tal qual um rolo de papel higiênico, isto é, a sua finalidade mesmo é seu fim, conquanto, a ele nos agarremos com outros propósitos... Ora, então não é hora de se perguntar -   que papeis ficaram para os que hoje abundam?

Sem Chico Anysio, o Brasil ficará seriamente pobre

Gilvaldo Quinzeiro Com a morte de Chico Anysio, o Brasil enterra não só um homem, um artista, um humorista, como também “o maior engenho de criatividade de todos os tempos”. Ou seja, é uma perda bem maior do que podemos mensurar, pois, um gênio não nasce todos os dias, pelo contrário, é de tempo em tempo. Neste agora, estamos perdendo um!... Uma pena. Logo agora onde tudo parece ser só “garapa”, perdermos quem poderia captar o amargo da nossa realidade para, como um alquimista transformá-la na face do riso. Do riso criativo, diga-se. Sem o humor de Chico, ficamos órfãos das nossas raízes. Raízes sem as quais Chico não teria se tornado sagrado! Aliás, Chico foi um deus; um deus sem medo de ser eclipsado pelos seus concorrentes. Afinal quem cria tem medo do quê? Com a morte de Chico a mediocridade reina? Eis o perigo de perdermos a graça para de graça fortalecermos o ridículo! Vá consigo mesmo Chico!

A síndrome do “fim do mundo” e os nossos Judas de cada dia

Gilvaldo Quinzeiro Se a nossa civilização se erigiu galgada no sentimento de culpa, então Judas é o nosso alívio. Aliás, diga-se, sem Judas seríamos “as moscas” em nossa própria carne!... Mas, a questão que eu quero levantar é outra, a saber, com a síndrome do “fim do mundo” se não tivermos a ajuda de um “Judas” como as nossas culpas serão aliviadas? Ora, a escalada das ações extremistas e fundamentalistas em todas as partes do mundo, inclusive no Brasil, não seriam já a busca para o alívio das nossas “cruzes”, isto é, a necessidade de encontrarmos os culpados? Um detalhe interessante: será mais confortante   para quem    atirar da última pedra, pois, este,   no mínimo teve tempo para não ter sido o primeiro. Em outras palavras, Judas está para todos nós, assim como a civilização está para Judas!                                                                                                                     

As pescarias e suas iscas: tempo só de bocas!

Gilvaldo Quinzeiro Contra a barbárie não há cerca, sobretudo quando é o nosso “estilo de vida” o alimento das suas larvas. Ora, o consumismo é uma praga que engorda excessivamente uns (aqueles que da sobra do seu jantar fazem suas iscas) e torna anoréxicos outros (aqueles que não passam da condição de peixe fisgado). Pois bem, a violência é apenas o “anzol”, quando diante das iscas nos sentimos tubarões famintos. Ou seja, é pela boca que atrofiamos a cabeça!... Afinal para que serve a cabeça, “o pensar”, se as redes que nos pescam já nos criaram até sem nenhuma espinha?    

Valeu pelo tempo que ainda não almoçamos o outro

Gilvaldo Quinzeiro Curto é o tempo da colher até a boca, todavia, este pode ser o percurso no qual levamos para nos transformar em rato para sempre. Tudo é uma questão de suportar os solavancos. Apetite para não sermos mais gente, temos com sobra!

O pois é da nossa corrupção: é nosso!

Gilvaldo Quinzeiro A corrupção nossa de cada dia é o “pão e o sangue”; o ato e o nó; a faca e o queijo, ou seja, é a mais tradicional das intuições brasileiras. De sorte que, ao invés de república, seria mais apropriado dizer “Arapuca Brasileira”. O trágico em si não é a corrupção, mas, a nossa complacência com ela. Em outras palavras, somos da corrupção, seus “devotos”. Antropologicamente falando, a corrupção nos une na fé pelos “nossos interesses” -, a mais fanática e vampiresca de todas as seitas!

Epa e lepas do fim do mundo!

Gilvaldo Quinzeiro “O mundo se acabou”, pouca gente está sabendo disso,   mas, não precisa se assustar: o outro que bem ainda nem começou, este sim, merecerá toda a nossa assombração, pois, seu “fim” não implicará em começo algum!...   Em outras palavras, tudo será do jeito que não se tem mais tempo para contemplá-lo, logo, quaisquer sementes serão tardias... Epa, então por que ninguém grita na   “lepa”? Ora, os sinais agora são outros: aqueles ainda são do mundo que se acabou – os de agora são lesmas. O quê? Hum Hum!..

O ABC do sertão como dieta civilizatória

Gilvaldo Quinzeiro Nunca a indumentária do vaqueiro nordestino foi tão necessária para se adentrar   realidade   cada vez mais rasteira e espinhosa, quanto a própria Caatinga, como a que cerca os nossos dias, nos quais somos apenas seus cavalos!... De fato,   ser-nos-ia mais adequado as habilidades de um “ vaqueiro encourado”     na pega de um boi brabo, onde “ a mão e o rabo” se tornam o mesmo fio condutor de uma situação antagônica   -,   a buscar nas academias o conhecimento que apenas nos “empanzina”!... Ora, contraditoriamente, nunca fomos tão “tampados”, e por isso mesmo só fazendo uso do   “sistema digestivo”, pois,   o cérebro na melhor das hipóteses se transformou numa máquina de xerox? De tudo isso, uma lição nos impõe: A causa da incidência   de tanto AVC, que nos tornam vaqueiros de coisa alguma,   não estaria exatamente na falta da aplicação dos exercícios do ABC do sertão?  

Ai se eu te pego!

Gilvaldo Quinzeiro Vivemos sob a égide do “ridículo”, e olhe que ridículo é pouco para adjetivar o que tornam as palavras obsoletas – o esfolamento da realidade! Tudo hoje está tão esfolado que não se tem tido mais “parto” de nada, senão vômitos. Como assim? Ora, é isso mesmo que torna tudo retículo,   ou seja, estamos em plena safra do “nada”, pois,   tudo   “bomba” – que outra coisa é “sucesso”? A pouco ouvi a fala de um ouvinte da rádio “Verdes Mares” (se referindo a atual safra musical) que dizia mais ou menos o seguinte: “se o mundo tivesse acabado a 30 anos atrás, certamente   não teríamos presenciados a ascensão de tanta porcaria ”! Pois bem, nada mais ridículo do que perdermos a graça com tanta violência que dita suas leis em substituição as instituídas!   Portanto, nada mais retículo do que tudo que nos faz “ser elegante” para as faces que nos dominam!

Os urubus da nossa política

Gilvaldo Quinzeiro A questão do “vice ideal” é a prova do esgotamento de uma política que ao longo dos últimos anos só tem engendrado   urubu, o que aliás, a cidade tem se tornado em pasto farto para estas aves. Em outras palavras, são “as sobras” que sustentam as expectativas de quem ainda não foi “fritado”, pois, que outra coisa se espera do atual contexto político? Paradoxalmente, na falta de rezador contra espinha de peixes, abundam as mãos invisíveis que empurram de goela abaixo seus vices. Ora, é claro que o povo está de boca escancarada, mas, acreditar que ninguém tem mais língua é subestimar demais a paciência dos outros!... Alias, é bom que se diga que o silencio é contraditório, e também faz parte do discurso, ou seja, mais cedo ou mais tarde   se findará   numa grande   explosão – este é o momento em que a “carniça” definitivamente se erguerá para espanto dos urubus! Mas, voltando a falar sobre o “esgotamento da política” local é claro que há argumento contr

Então quem é outro sem os meus espinhos?

Gilvaldo Quinzeiro O Outro que faço de mim pelo que de mim também há no Outro é o caminho sem volta pelo qual nos tornamos os espinhos – os espinhos que, conforme “os olhos” podem ficar cegos sem eles!.. Quão de mim é cegueira! Quão do Outro são meus próprios olhos?

Quando se pensa que tudo é gozo, nos falta a distinção!

Gilvaldo Quinzeiro Ai de nós na condição de “sapo”, pois, humanamente falando, “o gozo” já não se dá!... Ora, nos condicionar a que tudo enfim seja feito ao “apertar de uma tecla”, é ignorar os milhões de anos que a natureza,   inclusive a humana, tenha levado para “operar” seu próprio parto. Em outras palavras, se já não somos mais humano nem no sentido do “gozo” que, dado a sua natureza é da ordem que rápido   nos escapa,   a dor que nos   é duradoura é    sentida por   quem? Pensar que tudo se resume a “esta realidade” é se contentar demais com a nossa racionalidade suposta!..                                                                                                                                           

De qualquer jeito seremos apenas barro amassado...

Gilvaldo Quinzeiro A questão de sermos feitos de “barro”   implica entre outras coisas, a condição de   algo que ao longo da sua “feitura”, e isso equivale toda uma existência -, nós não só   estamos nunca acabados, como podemos   sofrer as impressões que, pela natureza do barro,   ou estamos esturricados, e   ai não há mais sopro que nos vivifique ou podemos estar sempre úmidos à mercê de, a qualquer sopro, perdemos a “forma” que a pouco pensávamos ser a definitiva!... Então, definitivamente, sem termos a noção de “alquimia”, não passamos de calangos   se soterrando com a própria areia, pois, de que outro modo temos a noção de pertencimento? Que “o barro” do qual somos feitos nos permita ao menos nos coçar, quando, aquilo que ainda nos resta de “permanência”,   não se transforme na “outra face”! Que assim seja, enquanto não formos  de pedras!...

A alma das coisas, no lugar das nossas?

Gilvaldo Quinzeiro “A coisa” , assim como o ovo, quando em outro lugar que não “o ninho”, não é só   porque esteja   ao alcance das mãos, mas, certamente, está no lugar   onde o que sai da boca (a palavra) o   ocupa.  De  sorte que,   a sua eclosão   é com  a “ nossa face”. Entretanto, “a coisa”, naquilo que nela nunca alcançamos é paradoxalmente a “nossa face esquecida” – ora, e assim, já não é tempo de se perguntar qual a coisa,  da coisa sem a qual estaríamos todos famintos? Dito de outra forma, não há como se mexer na “coisa” sem a coisa ser. Portanto, nestas alturas de tantas coisas fora do lugar, atirar em “jacaré” é correr o risco de ter o próprio rabo como alvo!... É claro que na “revolução das coisas” o que menos muda é o homem! Será?

No lugar das cicatrizes, as palavras

Gilvaldo Quinzeiro Primeiro as imagens nos impactam, ou melhor, dizendo, nos “engravidam”, depois o parto das palavras, e nós, seus filhos numa depressão pós-parto.   Em outras palavras, do tecido, somos apenas o “fiapo” cuja existência   tanto   pelo lado de dentro, quanto pelo lado   de fora,   é puída!... Ademais, só quando tudo “esfolado” é que nos damos   conta das cicatrizes no lugar onde acreditávamos ser o mais “sarado”!

MULHER

Gilvaldo Quinzeiro 1 – Falar de mulher no   Dia Internacional da Mulher é antes de tudo um ato Filosófico, Poético e Político. 2 _ Filosófico porque, a natureza feminina é tão complexa e enigmática, quanto o “vir-a – ser”, de sorte que tal natureza bem que cabe a fundo torna-se um objeto de estudo da Filosofia. Mas, não de quaisquer filosofias, mas daquela que no mínimo seja humilde para reconhecer que não há outra verdadeira filosofia senão aquela que tenta desvendar a cabeça das mulheres. 3 – Poética porque sendo a natureza feminina enigmática, se faz por si mesma  cobiçada pelos mais aguçados e íntimos desejos   que alucinam as mais duras e racionais das mentes - estes,   como poetas loucos se atiram ao mar para abraçar o inatingível, assim como é inatingível a natureza poética das mulheres. 4 – Político porque, quem negar a força e o poder das mulheres ao longo de todas as épocas, desconhece a face que simboliza todas as mudanças e revoluções present

Os coices da política local

Gilvaldo Quinzeiro Não tenho dúvida de que a política de bastidores é tão “pantanosa” que não há quem nela não se atole, sobretudo, quando contexto é desfavorável a sua travessia. Ademais quem   é que quer “ o outro lado” na política? Pois bem, Caxias vive este contexto pantanoso cuja travessia não está tão cedo   à vista. Claro quem tem gente “fuçando”, mas, no pântano se apoiar em capim seco é lama na certa!... Ora, a grande discussão levantada foi: a do “vice   ideal” – ideal pra quem e pra quê? Este tema me fez pensar a época em   que o pior   jogador era exatamente “o dono da bola’, ou seja, era ele e mais dez – pronto e acabou!... Vivemos sim, uma “falsa democracia”, onde as decisões são tomadas às escuras por quem tem o poder de impô-las, e que se dane quem se sentir prejudicado!... Ao contrário do que se pensa,   os interesses de Caxias, enquanto uma cidade cuja memória histórica vem sendo apagada nos últimos tempos, não estão em pauta!... E olhe que estamos

Uma reflexão: o rabo da violência poderá ser o nosso?

Gilvaldo Quinzeiro A violência que toma conta das nossas ruas ao menos uma coisa nos ensina – os homens, se ainda existirem não é do “falo” que (com a língua se perdeu) sentem falta, mas, de outra coisa que nos macacos abunda, e que, se colocado   nos homens acima da bunda, justificaria   o motivo de estarmos sempre de cabeça baixa, quando os que nos vencem   estão abaixo de todos os primatas!... Ora, por falar em “perda da língua”,   o contexto é absolutamente desfavorável a toda espécie de   “ismo” – romantismo, humanismo, pacifismo, construtivismo e outros termos que tais. Isto é,   perdemos um “tampo” da nossa língua que, com um vão esforço de recuperá-la adicionamos no campo do abstrato, pois, no real,   já estamos “fritos”,   os seguintes termos recorrentes :   (des)construir; (des)considerar; (des)fazer... O que seria isso, senão um sintoma de um “mal-estar”! Um mal-estar, diga-se que põe em xeque o homem, enquanto síntese de uma civilização. Enquanto nos “coçamo

Os uivos pela pressa que nos torna bichos

Gilvaldo Quinzeiro Arrastado precocemente para o futuro, o presente em tudo que imprime as “suas digitais” aniquila o “relógio biológico” na louca pressa que nos seca por dentro. Ou seja, tudo se faz apressado pela pressa que nem “o próprio tempo” tem... Ora, por mais que nos apressemos, ainda assim, não teremos “o tempo” que se perde para o tempo com o qual se faz as coisas apressadas!... Ademais, “ o bicho” no qual apressa nos transforma, sem duvida , nunca existiu em tempo algum. E a questão do nosso tempo se resume exatamente no seguinte: qual o tempo que nos dedicamos para perceber que a cada tempo, mais “estranhos” ficamos? Esta questão sim, urge pressa!...