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Mostrando postagens de abril, 2012

Um bom dia para começar sorrindo

Gilvaldo Quinzeiro Saber que se está vivo para mais um amanhecer, quando de ontem pra hoje muitos não tiveram a mesma sorte é merecedor de   no mínimo   um sorriso. Parece pouco, mas se observarmos bem à nossa volta muitos dos seres vivos, não obstante,   os usos de suas camuflagens e a outros tipos de defesas não conseguiram como diriam os velhos caboclos, “tirar o eito fora”. Pois bem, por tudo isso o dia de hoje é merecedor de um sorriso. Um sorriso? Como assim? Estranho né!... Perdemos a noção das coisas que realmente nos são essenciais... Um sorriso é uma destas coisas que em tempo de tanto medo nos soa como algo fora do contexto. Tá rindo do quê? Mais estranho ainda é no que nos transformamos quando nos “cegamos” de cara para   um simples sorriso, já que nossa atenção,   assim como,   a dos outros bichos, está voltada para a próxima cena devoradora   da qual não sabemos se sairemos ilesos. Portanto, um sorriso hoje é caro, e estampado mesmo só nos outdoors!

A violência e seus engenhos (I)

Gilvaldo Quinzeiro A família como espaço onde o sujeito se engenha, hoje não passa de um “barracão desativado”. Dos seus escombros, porém, alguma coisa a se mexer. Esta pela ausência de “espelho” há de ser o quê? Eis ai a responsabilidade que compete à escola (?). Ora, se a família “desabou”   como afirmar que a escola ainda se mantêm de pé? Nestas condições, é pela via da violência que sujeito dá conta de sua “esburacada existência”. Não seriam estas as mesmas condições vividas pelos homens primevos? Se a resposta for afirmativa, então, até o sujeito ter a noção de “corporeidade” há de se passar pelo desamparo de perdê-la. Isso significa em outras palavras, que a “visão de muitos corpos despedaçados” é o que ainda nos abrirá os olhos! Portanto, o engenho da violência, não é só mais complexo do que a pressa de falarmos sobre ela, como fundamentalmente é nela que estamos afundados. Em outras palavras, do engenho da   violência,   somos sua lenha e seus bois!

A violência e seus engenhos(II)

Gilvaldo Quinzeiro Como um tsunami, uma   onda de violência invade as ruas e os bairros de Caxias, destruindo famílias, e esmagando principalmente os jovens; os jovens, diga-se, do sexo masculino e em idade   escolar. Um fato curioso é que tal onda de violência coincide com fechamento de   muitas escolas, sobretudo do turno noturno. A violência, portanto, é a única face que se sobrepõe as demais. Enquanto   isso, as autoridades têm se limitados a promover shows com a justificativa   de estarem fazendo uma campanha contra o crack e outros que tais, porém, na prática, não passam de meros palanques políticos nos quais são projetados aquele ou outro candidato. Qual ação concreta de tais eventos? Ora, qualquer iniciativa no sentido de conter e prevenir a violência passa pela discussão, elaboração e implantação de políticas públicas, e mais do que isso, com a participação de toda a sociedade. Por outro lado, é bom que se esclareça que a violência é sim, um lucrativo negócio

Os papeis e suas trocas. Os fantasmas em lugar do sujeito?

Gilvaldo Quinzeiro O encurtamento da infância faz do medo   não superado com o lúdico, o luto na longa adolescência advindo do enforcamento do sujeito no lugar em que deveria ser apenas dos seus fantasmas. Aliás, nunca os fantasmas ocuparam o lugar do sujeito como hoje. Será esta a explicação para a ocorrência de tantas trocas de papeis – o leite no lugar do soro? Judas no lugar do ator? E o sujeito ó! Que reflexão cabe aqui?

O amor e suas paradas...

Gilvaldo Quinzeiro O amor é uma fronteira.   Tememos   sempre chegar lá. E quando a alcançamos, perdemos tempo demais fazendo arrodeios que,   os dias seguintes serão   apenas de   falta de fôlego. Entretanto, o mais complicado   nesta travessia é ter que atender “as demandas do corpo”. Não   são exatamente estas que nos arremessam para além   dos pântanos e desertos?   Deveras que sim, ocorre, porém,   que muitos como cobras,   abandonam a própria pele   pelo caminho. Estes terão seu destino reservado:   assombrarão   com suas sombras os que ainda   insistem em sua longa caminhada... Que caminhada! De amor, não entendemos nada, e nem poderia ser diferente, pois   lá na frente,   nas mais longas distâncias,   nada mais nos espera. . A não ser um “velho e   desconhecido” -, o lugar dentro de nós do qual nunca deveríamos ter partido! Ufa!...

A erosão do sujeito X erotismo: tá ligado?

Gilvaldo Quinzeiro Neste tempo de coisas rasas e artificiais o sujeito se fixa sobre bolhas à mercê de qualquer sopro. Dito de outro modo, sem as raízes nos tornamos “desarvorados”, e como tal, em busca de solo fértil nos plantamos nos “reality shows” nos quais não passamos de caricaturas. Ora, o dito acima nos leva a uma causa e consequência, a saber, “a erosão do sujeito e a avalanche de erotismo”. O erotismo em tal estado aqui aludido é como o excesso de chuva, ou seja, só traz desmoronamento. O sujeito, portanto, está afundado. E nestas condições, o seu erotismo não passa de descarga como a do peixe elétrico, quando atacado. Será esta a explicação para a tão recorrente frase dos jovens: “Tá ligado”? Sim ou não, o fato é que estamos todos “boiando”, e nestas condições qualquer lampejo pode servir de isca ou anzol. Aliás, a nossa sobrevivência tem sido apenas aparente face ao “mar de bocas” que nos espreita. Em outras palavras, é o tal “mal-estar na civilização” co

Ouviram o quê deste dia 19 de abril?

  Gilvaldo Quinzeiro Ouvido é o da sapucaia neste dia 19, onde todos estão surdos para a questão indígenas. Ai de nós filhos da Terra na hora em que esta, enfim, nos deixar todos órfãos! Ouviram do Itapecuru? Por aqui todos os índios passaram em suas canoas rio acima e rio abaixo com seus cofos cheios de calambanjos! Guanarés, Gamelas, Canelas Finas e um “cantor Timbira”. Ouviram? Pirajá, sanharó, mangangá, caipora, jatobá. Salve tudo o que para o índio   é sagrado! Ouviram do São José às margens sujas? Límpida   só a nossa cara sem vergonha nestes dias em que todos baterão a todas as portas! Ouviram? Quão capemba   fica esta cidade! Amanhã só o mangará? No que banham os meninos que se arriscam na “Piscina Pública do   Ponte”?   Ouviram-se   que era lá quase o lar   do “cantor Timbira”. Amanhã de quem será? Ouviram?

Oxente, que diabo é aquilo?

Gilvaldo Quinzeiro No cotidiano nada se finca e nada se alavanca: tudo que estar de pé é espantalho.   Eis um ponto fora da reta. Que equação representaria a lógica dos novos tempos?   Uma coisa não é tão exata quanto à matemática, mas, todos os cálculos nos apontam para uma época do “pós-homem”. E quanto aos espantalhos? Orai para que seus deuses também tenham pena de nós!

Como fazer um corpo bonito e perder a alma

Gilvaldo Quinzeiro Hoje   só na condição de “fantasma” é que   nos damos conta do quanto um abraço é capaz dentre outras coisas, de nos trazer o corpo de volta. Aliás, a presença do Outro não só edifica   o nosso próprio corpo,   como fixa nele a alma!... O abraço, pois, é uma espécie de fotografia cuja imagem se constitui nos pilares que sustentarão o corpo enquanto uma “arquitetura egoiga”. Em outras palavras, nem   toda “a ciência a serviço da estética”, nos trará de volta o corpo que se perdeu pela falta de um simples abraço. Imaginar que   os corpos de hoje são edificados com “ outros cimentos”, e que a tão sonhada eternidade fica cada vez mais ao alcance das mãos é esquecer,   por outro lado, o quão breve   a solidão mata!  

O mito das cabeças

Gilvaldo Quinzeiro Na infância todas as cabeças é a de “Medusa”. Na vida adulta “quebrar a própria cabeça” é sinal de que mantemos os olhos abertos? Então “seus cabeças duras”, voltem para pegar os olhos na ponta dos espinhos, pois, as moles já estão sendo vendidas como espetinhos!... Que falta nos faz Freud. Logo agora   que é tarde demais para se explicar por que   os jovens   se masturbam (se é que se masturbam)   com “   a cabeça e as mãos  em outras coisas”!... E agora quais as suas (se é que as suas   ainda têm cabeças)   que coçam?

Do mundo nos tornamos apenas suas minhocas

Gilvaldo Quinzeiro Nós consumidores somos a praga e o inseticida; a balança e o peso; a digestão e o empanzinamento de uma ordem mundial que nos transforma apenas em “bocas”.   Por que será que ninguém mais fala em trabalho X capital; trabalhador X patrão; uma classe opressora X a oprimida? Ora, é simples: fomos todos transformados em “bocas”!... A grande luta agora é pra ver quem   primeiro chega “na loja de   promoções”, e sair     correndo feito louco (louco em outras épocas, pois, hoje este   “é o cara”!) com os braços cheios de bugigangas. De fato, “os fatos” nunca foram tão expostos nestes dias de tantas cólicas!

Os intestinos da politica e o uso de velhos laxantes

Gilvaldo Quinzeiro Como negar que o funcionamento do “intestino da política brasileira” é perigosamente   dependente de figuras como a de “Carlinho Cachoeira”? Aliás, sem estes “laxantes” cada vez mais recorrentes,   como atual classe política se manteria de pé diante de tamanha obesidade? O Brasil, eu disse em outro texto postado aqui, ao invés de República se tornou na “Arapuca Brasileira”. Arapuca, diga-se de passagem, com “milho” não suficiente para saciar a fome de tantas raposas!... Ora, o povo também já sabe como tirar proveito disso: comportando-se apenas como vaso sanitário, isto é, “merda por merda que nos venha a de qualquer um” – uma falsa descarga, eu diria. A questão é mais embaixo. Ou seja, é como “os esfíncteres” fazem o controle daquilo que só o povo com muita clareza de consciência é capaz de limpar! Uma pergunta final: que mudanças “os filhos, netos e sobrinhos” trarão para o “velho intestino” da política local?    

A coisa no lugar das outras

Gilvaldo Quinzeiro O homem ainda bem que é feito de barro, matéria com qual se prepara sua   massa utilizando-se   apenas   as mãos e   os pés... Agora, imagine “a coisa” sendo o cimento da construção do homem -, o homem simplesmente se tornaria “a coisa de todas as coisas”? E assim sendo, a única coisa que para nós ocuparia a dimensão do   abstrato, seria exatamente o barro, posto que, seria este o que mais nos assombraria!... Seria este o ápice da perfeição dos gregos antigos?

O que diria Platão ao nos ver acorrentados?

Gilvaldo Quinzeiro A crença nas ciências nos opõe ás   dúvidas de Tomé? Que coisa a ciência não lhe põe o dedo, onde antes era apenas lugar das mãos de Deus? Quem hoje não se sente um Lázaro com 4 dias de morto? Pensando bem, os tempos de hoje são apenas “úteros”. Os de ontem foram às espinhas destes. Quanto a nós, não passamos de “fantasmas”... Mas fantasma de quem, pois, “o bicho” no qual nos tornamos não é de tempo algum? Platão se tivesse aqui nos diria: “nunca   os homens realmente estiveram tão no fundo da caverna, conquanto, tamanha luz lá fora!”... Eu o acrescentaria   dizendo: “ora, o tempo de hoje dispensou a vara que separava o mito, da realidade, isto é, nada é mais real que   os fantasmas que nos devoram’’... Portanto,  cegos são aqueles que ainda não se acorrentaram!...

As fórmulas dos nossos dias, e a seca de seios

Gilvaldo Quinzeiro Não obstante, as máscaras dos nossos dias,   não há como esconder, e muito menos como evitar,   os taios na nossa   pele, ou os socavões na nossa alma.   Entretanto, a pior de todas as noticias:   não nos permitimos convalescer, pois, perdemos a face para “o espelho” que em nós se instalou!... Dito de outra forma, de todas as fórmulas, a dos nossos dias, não só nos custa caro, como nos extirpa os seios.   Ora, que outra coisa nos faz falta?

A coisa, o bicho e o homem: tudo com a língua espigada!

Gilvaldo Quinzeiro Foi-se o tempo das coisas em seu devido   lugar, ou dos bichos povoando apenas a nossa imaginação. Fértil imaginação, diga-se. Hoje, ou tudo se “homemficou”,   daí os olhos das coisas passarem a ser como os nosso, deixando os dos bichos mais arregalados ainda, ou tudo se “coisificou”, o que significa, entretanto, que “o espírito do homem” há muito tempo nos abandonou, e o das coisas, sobretudo o das coisas ainda não ditas,   nos espiga a língua como se apenas bichos fôssemos!.. Em outras palavras, “a coisa pegou”, e o que dela se fala (se é que se fala), é em tom de enforcamento. Ora, nunca os olhos tiveram arregalados apenas para as cordas! E quanto à língua? - Bem...Estou apontando exatamente para a sua!...

O berço, o bebê e o esquecimento: tempos grávidos de mães?

Gilvaldo Quinzeiro Estamos apressados, disso ninguém tem dúvida. Apressa nos faz habitar lugar nenhum. E neste “lugar nenhum”, “o berço” é que lugar? Uma coisa, porém, é certa: enquanto os bebês esperneiam, o berço é o lugar  onde cada vez mais chegamos devagar! Os bebês, coitados, já não lhes bastassem o impacto de nascer, ainda assim, são “fritos” pela nossa pressa que lhes esvaziam o berço.   Pena de mim, se agora mesmo acabasse de nascer!.. Quanto aos outros bebês que aos milhões nascem com seus berços apenas “enfeitados”: estão todos “grávidos” de   mães? Não precisa se lembrar de responder esta questão: o esquecimento já é uma resposta imediata!...

O caminho, o sapo e a utopia: que reflexão é possível?

Gilvaldo Quinzeiro De sapo todos nós temos. Trata-se da dimensão narcísica que, como tal nos   expõe a condição de todas feridas. Aliás, em tempo onde “beleza” é uma questão de vida ou morte, nunca andamos   tanto com a “bunda na lama”. Diga-se mais, nunca fomos tão sapos em tempo não de invernada, o que nos seria o paraíso, mas, em tempo de seca estorricante!.. Inevitavelmente, este é o caminho e a nossa caminhada. Não há como, pois, se deparar com os meandros da utopia, e sua força criadora (ao menos no sentido de nos negarmos o esmagamento), sem a frieza dos dias que nos sentimos na condição de sapo! Talvez, a grande lição a se aprender nos nossos dias, e não aprendemos nestes tempos todos de “gloria humana”, porque tal lição nos exija mais da nossa condição e escuta de sapo que a de homem, posto que este já engendrou seu próprio céu. Uma coisa me intriga: por que tanto asco se se come hoje apenas para ser belo? Que tipo de utopia é esta ou, pra ser mais enfático -