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Mostrando postagens de 2017

O trágico é não se conhecer

Por Gilvaldo Quinzeiro “Deste o começo do mundo”, como diria os antigos mestres e contadores de histórias, o conhecimento e a ignorância distinguem os deuses e os homens.  De lá para cá, a recompensa e o castigo; a vida e morte; vitória e derrota são compreendidas como um resultado da evolução de uns ou da involução de outro. Enfim, ‘o trágico’ tem sido parte daqueles que não acenderam a outra ordem hierárquica. Pois bem, ‘o trágico’ é aquilo que se repete, quando um enigma não é decifrado. Cada um de nós é um enigma, logo, somos também trágicos à medida que nos desconhecemos. Decifrar um enigma é, pois, alterar o próprio destino! Para os egípcios e os gregos antigos, por exemplo, a decifração um enigma era uma questão de vida ou morte! Em Édipo Rei Antígona (de Sófocles), o trágico e o enigma são partes do mesmo espelho.  Mas, trata-se de um espelho outro – aquele em que nada se ver, posto que seja da ordem daquilo que nos é ocultado. Ora, o dito aqui

Dois viajantes

Por Gilvaldo Quinzeiro Sim, amigo!  Este é um diálogo entre viajantes. Alguém também cansado, e à procura de algum lugar! Fique comigo, e ouça o que tenho a lhe dizer! Neste tempo de difíceis travessias, buscar atalhos fáceis, é como voar com asas alheias, ou seja, é não sair do chão, e, ainda por cima, ter perdido a cabeça. Na dúvida de como atravessar os obstáculos, sente-se e pense; acenda uma fogueira, se for à noite; mire em sua sombra, se for dia. Contudo, se nada disso lhe fez ganhar asas, ainda assim, ganhou a oportunidade de tornar-se para si mesmo um companheiro de viagem. Em outras palavras, você acabou de selar o seu cavalo!  A força e a agilidade do cavalo que você tanto precisa, nestas horas tão difíceis, estão também em suas mãos! Portanto, monte e cuide bem do seu cavalo, amigo!  É sua missão domá-lo! É sua missão conhecer e seguir seu caminho! Boa viagem!

O discurso e as “águas”: as mesmas que se petrificam

Por Gilvaldo Quinzeiro De volta ao rio de Heráclito, isto é, aquele no qual não se pode banhar duas vezes, posto que o rio já não seja o mesmo, eu diria, contemplando o movimento das águas que não se pode interpretar a realidade devidamente, levando em conta apenado o lado de cá ou de lá. Há, pois, que se atravessar o rio por mais perigoso que seja se não quiser ficar preso a uma parcialidade interpretativa. Os discursos de hoje, são como o de dois sujeitos, um de cada lado do rio, portando, surdos e cegos ao discurso do outro. O que estes sujeitos não sabem porem, é que o rio do qual falam, não é o aquoso, mas o que se petrificou em seus discursos. Portanto, a realidade é tão complexa quanto o movimento das águas. Não há, pois, como bem interpretá-la, se não mergulhar fundo: o perigo consiste em exatamente em se afogar!

O “discurso” do sintoma na construção sujeito

O “discurso” do sintoma na construção sujeito Por Gilvaldo Quinzeiro Em que pese os argumentos em contrário, ai dos gregos se as suas tragédias não tivessem sidas metaforizadas, e bem!, diga-se de passagem. O sintoma é linguagem, isto é, um pretenso discurso na construção do sujeito, logo, a dor é lugar de passagem, ponte ou encruzilhada. O mito grego, e todos os mitos, não  é outra coisa, senão uma vaga representação de um sintoma. Portanto, em pele de tambor, toda dor é metáfora. Mas na pele em que o sujeito lhe faz falta, a dor já não  serve mais  para nada,  ou seja, nenhuma lição é tirada: tudo é simplesmente  pele espichada!

A falta de escuta: as nossas feridas!

Por Gilvaldo Quinzeiro Ouvir não é o que nos torna em pé, certamente que não, mas, não saber ouvir de forma alguma, é continuar se arrastando em volta do próprio umbigo. Hoje, não há mais lugar para a escuta. Tudo é invadido pela fala; pela fala sem os devidos pés no chão. Talvez por isso, poucos são os que permanecerão de pé. É esta falta de ‘espelho sonoro’, portanto, o que nos expõe em carne viva. Isto é, doeria menos se soubéssemos escutar, o que hoje tentamos estancar na base do grito.

Ideia de como o “corpo” pode se voltar contra nós mesmos!

Por Gilvaldo Quinzeiro Quem eu sou, se já não me sinto nem quando me dói o peito, mas sim, e somente se, quando me abocanho? Esta frase é, de propósito, para nos fazer fechar a boca, sobretudo quando a nossa intenção seja no sentido de nos arrancar o próprio tampo como prova da nossa existência de vida. Calma! Explico: há certo tempo eu conheci uma jovem, que vivia lutando contra um pensamento recorrente que era o de arrancar com uma só mordida o tampo da pele, e comê-lo! E, vendo hoje como muito jovens estão se automutilando, resolvi empunhar a "faca" da reflexão, apontando-a para as nossas feridas. Que dor é essa que não atende pelo seu nome, e sem lugar definido para que a mão a aplaque?  Que dor é essa que só passa quando se arranca de si o pedaço, que jamais poderemos repor? Dói-me em saber que se por um lado chegamos à condição de meras bolhas de sabão, este é o preço a se pagar por nos alimentarmos de apenas expectativas; expectativas estas e

“Para não dizer que não falei de mãos cheias”!

Por Gilvaldo Quinzeiro Repare bem em suas mãos! Pois saiba que antes da aparição da palavra; do surgimento do cambito, do machado, da enxada, da escavadeira, as mãos foram, sozinhas, tudo isso, e muito mais –elas não só salvaram a nossa pele, como nos ajudaram a desenvolver o cérebro! O mesmo cérebro que, diante das conquistas da neurociência e outras que tais, ignora a importância de não se esquecer do uso  das mãos! Portanto, antes de erguer a sua cabeça aos céus em agradecimentos pelas suas fartas conquistas, faça uma súplica às suas mãos no sentido de que estas nunca lhe abandone, pois, neste tempo de “retorno às cavernas”, em que pese o feito de todas as ciências, serão as nossas mãos as únicas ferramentas a trabalharem em um novo recomeço.

Cuidado!

Por Gilvaldo Quinzeiro Assim como geramos uma onda ao soprarmos o café dentro de uma xícara na intenção de esfriá-lo, poderemos também ser arrastados para as mais devastadoras das tempestades, se não prestarmos a devida atenção no gesto, que acabamos de lançar agora; gesto esse carregado de energia, ou seja, cheio de nós mesmos! Em outras palavras, o que há lá fora com suas tempestades, pode ser o resultado do sopro que acabamos de lançar agora, assim como neste instante em que esfriamos o café. No momento atual, há muitas tempestades sendo formadas em apenas “um copo d’água”. Um pequeno gesto pode nos lançar a uma devastadora tragédia – tal é a complexidade dos engenhos do nosso tempo! As coisas parecem se agigantarem: nada detém uma onda por mais minúscula que seja. Tudo se amplifica! Por isso há a necessidade de prestarmos atenção aos nossos gestos por mais simples que sejam.  “Prestar atenção em nossos gestos, por exemplo, se evitaria jogar o bebê junto com

A metáfora e o ninho

Por Gilvaldo Quinzeiro A raposa e o ovo. Este quadro pode até parecer uma pintura de um surrealista, mas é apenas uma representação do real quadro político brasileiro. Não é preciso ser um bom analista para se prever facilmente quem no final irá abocanhar o outro. Mas, o que se ver não é tão claro assim. Ou seja, quem espera sentir o prazer em ver a raposa abocanhar o ovo, é porque não soube de fato acompanhar o frigir dos ovos. Ou seja, a algo adiante já! Em outras palavras, a situação é bem mais complexa. Estamos diante de uma alquimia política.  E no final, não será a raposa de todo o perigo, mas os eloquentes cordeiros que, aos poucos tomam de conta do galinheiro! Meu Deus! Sim, é o que muitos dizem... Mas, se observamos bem, o ovo está ficando goro!... Amém?

A repetição. O retorno da coisa outra.

Por Gilvaldo Quinzeiro O universo tem infinitas ‘portas’. A uma delas podemos estar retornando neste exato momento. Quão bom seria se tivéssemos em nossa sã consciência e inteiros ao atravessarmos a cada uma delas! Apesar de que possamos dispor de inúmeras ferramentas, somos como aranhas a tecer repetidamente suas teias. Em outras palavras, estamos diante da questão do ‘retorno e da repetição’. Se para a aranha o seu retorno seria a sua teia, aos homens seria a caverna? Uma possível guerra nuclear poderá enfim, confirmar este retorno da ‘aranha’ a sua teia, no caso dos homens, a escuridão das cavernas. O dito aqui nos faz pensar na necessidade recorrente dos homens do retorno ao ‘útero’, ainda que isso implique em bloquear o próprio caminho – se colocar como pedra sobre si mesmo! É neste contexto que a ‘pulsão de morte’ pode ser interpretada. Ou seja, a morte, em que pese o paradoxo, utiliza-se para o seu propósito, um ‘sopro’ de vida que seja. É claro

O Ser Professor

Por Gilvaldo Quinzeiro A vida é como o pé no sapato de uma Cinderela, isto é, não há como calçá-lo sem antes ter trilhado léguas e léguas de merecimento! Os tempos atuais, não são dos príncipes e nem dos sapos, mas da maquiagem, que lhes ocultam as diferenças. E no meio das aparências, dos talhos ocultos das faces, se refazer dos cacos e das cinzas, é um milagre necessário! O milagre de se viver dignamente bem, do muito pouco!  O milagre de se continuar fazendo o melhor de si, sem ouvir o som dos aplausos! O Ser professor é um desses milagres, nos tempos difíceis de hoje!

Os tecidos, as costuras e as pregas.

Por Gilvaldo Quinzeiro Os profetas não são do tipo daqueles que colocam o dedo na ferida, mas a boca – a boca metaforicamente! Pois bem, neste tempo humanamente puído, onde os nós se afrouxam; os remendos se descosturam, eis que podemos estar desperdiçando o que ainda nos restou do último tecido, cosendo os nossos demônios! Existe hoje, pelo que nos parece, uma demanda por demônio, em razão de, talvez, da fé já amarrotada! Um exemplo disso é a ‘demonização’ da arte! Ora, enquanto usamos as nossas energias demonizando isso ou aquilo, que também é humanamente nosso, podemos estar desperdiçando o ultimo fôlego para erigir os nossos deuses. Especialmente diante de tantos “diabos tecidos”? Portanto, há um botão fora da casa. Há uma prega fora do lugar. O que tudo isso pode significar: um boi encaretado correndo solto nas ruas!

O nosso rastejar pela boca!

Por Gilvaldo Quinzeiro A boca, que suga o leite é também mais tarde, quem triturará o seio materno em um ataque de fúria. A boca não é só lugar de passagem. É também um lugar de identificação e fixação. O pai da Psicanálise, Sigmund Freud, apesar dos seus gigantescos passos no tocante a conquista da nossa mente profunda, não foi capaz de se livrar do charuto, que mais tarde vem lhe vitimar de um câncer na boca. O velho ditado de que o “o peixe morre pela própria boca”, talvez, seja um dos motivos ainda que Inconsciente para que o mesmo tenha se tornado em um prato sagrado na boca dos homens. A boca é em Psicanálise, mais especificamente no tocante a fase do desenvolvimento psicossexual, não só a primeira fase do sujeito, isto é, a fase oral,   como é por assim dizer, o nosso primeiro contato com a realidade; tanto a ‘realidade’, que  engolimos literalmente, como a ‘realidade’ por nós repelida. O ato de morder, inclusive o mesmo seio que alimenta, revela o quão co

A nossa concreta finitude, e a frágil construção da eternidade.

Por Gilvaldo Quinzeiro A despeito de seus deuses, alguns com a cabeça de cachorro; outros com a cabeça de pássaro; nenhum outro povo soube erguer a ‘eternidade’, ainda que de pedras, mas, antes de tudo, em seu pensar, como os egípcios! Sejam quais forem os seus segredos ou razões, aqueles que engenharam as grandes pirâmides egípcias, não se deixaram ‘fincar’ na efemeridade! Hoje, a despeito de sermos a “imagem e semelhança” de Deus, como explicar a finitude daquilo que erguemos, para logo mais ser vorazmente consumido e descartado? Tudo isso com o emprego da mais sofisticada das tecnologias! Há coisas pelas quais matamos ou morremos, e cuja existência é tão efêmera, quanto o curto ciclo de vida um inseto numa noite em um pântano.   Toda a nossa existência se tornou numa frágil finitude de uma bolha de sabão, a qual estamos todos nos afogando, e, para desta bolha nos desvencilharmos, perigosamente estamos apenas nos inflando: o estouro é inevitável! Assim co

Os símbolos, as bolhas e as lutas dos tempos atuais.

Por Gilvaldo Quinzeiro Quando uma geração no afã de se manter de pé diante da realidade, que lhe abocanha, resolve enfim, partir com a fome dos lobos na intenção de destruir os símbolos tão arduamente erguidos por gerações outras, é porque duas coisas fundantes poderão estar acontecendo, quais sejam, ou esta dita geração fincou de vez seus pés no chão se sentindo completamente segura de si, ou, por motivos outros, resolveu criar uma realidade constituída de bolhas; bolhas estas nas quais se insiste em se agarrar! Do dito acima, talvez a segunda opção, ou seja, da realidade constituída de bolhas, é a mais que se aproximaria de uma descrição acerca da realidade atual. E por isso mesmo, é aqui que reside o perigo! Em outras palavras, os cheiros, os clamores, as bordas e as pontes, que constituem o quadro atual dos nossos dias são de fatos outros. Pois bem, quando a realidade assim nos apresenta, ou seja, sem que a possamos mensurar, ‘palavrisar’, então, eis que para o

O espelho da Paz!

Por Gilvaldo Quinzeiro Aconteça o que acontecer. Da loucura em massa, que nos faria zumbis; da violência mais bruta, carne da nossa carne; a uma guerra nuclear, cinza das nossas cinzas, estaremos sim diante de nós mesmos! Acreditar que o mal esteja apenas para onde se aponta o dedo, e não dentro de nós mesmos, é não se reconhecer na vasta face do espelho! A Pastora ou o Pastor, que acreditando estar fazendo o bem, ao estilar ódio e revolta pelos poros quebrando uma imagem de santos católicos - se transformou ao mesmo tempo em quê? As violentas “caças às bruxas”, que estão sendo feitas as religiões de matrizes africanas podem ser consideras como o bem em si mesmo? Parece um paradoxo, mas os mesmos que tanto leem sobre o milagre da água sendo transformada em vinho, ignorarem quão também podemos nos transformar em qualquer coisa a qualquer momento! O Bem e o Mal podem se apresentar ainda que momentaneamente - disfarçados por eloquentes pontos de vistas!  Mante

A humanidade X a caverna

Por Gilvaldo Quinzeiro A humanidade é esta jovem senhora recém-saída da caverna, e sempre grávida de si mesma, mas que efetivamente nunca dá à luz: o seu trabalho de parto é permanente! A ‘caverna’, é por assim dizer, o lugar de onde, talvez, nunca venhamos a sair... Há 400 anos o filósofo inglês Thomas Hobbes (1588-1679) pronunciava a sua mais assustadora frase: “o homem é o lobo do homem”. Quão atual é hoje esta frase. Aliás, é bom que se diga, que, se por um lado à evolução nos fez perder a ‘cauda’; por outro, nos fez adquirir um cérebro, uma espécie de asas em corpo de um quadrúpede. Em outras palavras, continuamos fincados em um eterno trabalho de parto! Na manhã de hoje, antes mesmo de tomar o café, eu leio uma reportagem cujo titulo é o seguinte: “grupos de ódio saem das sombras nos Estados Unidos”. A reportagem fala a respeito da onda de violência racial, que vem tomando as ruas das principais cidades dos Estados Unidos na ultima semana. O ódio é típic

A reinvenção de si mesmo!

Por Gilvaldo Quinzeiro Está cansado amigo? Imagino que esteja! De fato, enfrentar o dia a dia tem se tornado um pesado fardo para todos! Mas pense bem, e se coloque no lugar de uma pequenina formiga que, não obstante, carregar cargas, que estão acima do seu próprio peso, não desanima do seu longo caminho e ainda tem que milagrosamente se desviar fazendo acrobacia da gigantesca língua de um camelão à espreita! Está cansado amigo? Creio que esteja! Mas pense bem, se todas as borboletas, de repente, se cansassem e desistissem de voar, não haveriam mais flores e nem pássaros a cantar. Imagine agora, o sol enjoado de si mesmo só porque mais tarde haverá escuridão, não haveria mais o amanhecer para nos refazer das nossas dores e dos cansaços. Por fim, amigo, aquela pequena formiga, não tem como deixar de ser formiga, e nem as borboletas, que não sabem que voam, ou seja, somente você, nesta história, é capaz de se refazer; de se reinventar!

Somos o "peixe" fisgado pelo próprio olhar!

Por Gilvaldo Quinzeiro Em certo sentido, o homem não consegue ver nada além de si mesmo. Talvez, por isso mesmo, muitos achem que os céus estejam tão próximos!   Ora, o dito aqui nos leva a pensar o seguinte: somos um tipo de “peixe” fisgado pelo próprio olhar! Por muito tempo, por exemplo, se pensou que a terra fosse o centro do universo, e que tudo girava em seu entorno; tudo isso porque éramos nós a razão de ser da criação da terra! O que víamos ali então? Nada além de nós mesmos! Não será este o mesmo motivo pelo qual vemos tudo hoje como um “imenso vazio”? Não será este o mesmo motivo pelo qual percebemos tudo hoje como “fragmentado ou esburacado”? Enfim, quão imenso é o este mar de mistério a duvidar de que seremos capazes de nos elevar acima das águas!

O grande espelho: a vida!

Por Gilvaldo Quinzeiro A vida é um espelho! O ato de ver nos devolve a face perdida pelo medo de contemplar o estranho, e nos põe de pé a caminhar! Mas aqui também, isto é, diante do espelho, que somos devorados por aquilo que acreditamos ser nós mesmos! A vida é um espelho!   De sorte que, ver sempre a mesma face é permanecer no escuro e ter a visão ofuscada por tudo àquilo que apenas diz respeito a si mesmo. Precisamos, pois, reinventar aquilo que o para o espelho é uma visão quebradiça, e que nada mais acrescenta a face, que cansou e desbotou de si mesma! Cuide bem da alma, pois é aqui que acontece a grande batalha do espelho!

Dialogando com as coisas

Gilvaldo Quinzeiro Julgar o cavalo apenas pela forma como este obedece ao cabresto é ignorar o cavalo por completo. Isso também se aplica a nós mesmos: ou seja, julgar o homem apenas por aquilo que costumamos  chamar de “consciência”, é desconsiderar o quanto do cavalo tem  em nós! Em outras palavras, enaltecer o cavaleiro por este  ter adestrado o cavalo é esquecer  o seu   lado mais perigoso e sombrio! Quem é o cavalo? Quem é o cabresto?  Quem é aquele que pensa que é o cavaleiro? Nada há em nós que não possa se transformar  também naquilo que  afugentamos. Essa é uma espécie de boa noticia. A má noticia é:  o “dizer xô as galinhas”, é o mesmo que também nos espanta e  nos faz responder “coro-co-có”! Ora, não foram  nestas condições que Pedro negou Jesus Cristo por três vezes? Esta é a prova de que dependendo das circunstâncias, podemos ser  ora água, ora  o vinho.

As pedras do caminho

Por Gilvaldo Quinzeiro Sim, os caminhos são tortuosos e pedregosos, todavia, em vez de arrancar o próprio dedo como punição pela “topada”, dê gargalhada de si mesmo! Afinal, nem o dedo, e muito menos a pedra sobre a qual tropeçamos são culpados: felizmente ambos estão exatamente em seu devido lugar!  Ou seja, o dedo em seu pé, e a pedra fincada no lugar, em que você escolheu como caminho! Não tenha dúvida, porém, que há muito mais obstáculos no modo pelo qual pensamos a nossa caminhada, do que pedras interessadas em nossos fracassos! Portanto, ame e proteja seus pés, e tenha uma cabeça saudável para seus pensamentos! Boa caminhada!

O tempo das Cartas de Amor

Por Gilvaldo Quinzeiro O hoje, não seria como hoje: esmagado por si mesmo, se como ontem, medíssimos a passagem do tempo pelas cartas de amor! As cartas de amor que, não obstante o tempo e as distâncias que as levavam para chegar até seu destino, permaneceriam não só com seus conteúdos atuais por muito tempo ainda, como também o perfume das mãos de quem as escreveu se conservaria intacto! Se assim fosse, o hoje, que tanto nos apressa, aponto de nos iludirmos que temos asas: este “hoje”, enfim, ainda não teria chegado! Se o hoje fosse medido pelo tempo em que se aguardava uma tão esperada carta de amor, carta estas, muitas das vezes percorrendo longas distancia, de mão em mão, certamente as relações afetivas não se desmanchariam tão facilmente, como um sorvete nos lindos lábios de agora! Hoje, enfim, pagamos um preço muito caro, por rapidamente colarmos frases de amor; frases estas, postadas repetidas vezes por outrem, cujos destinatários nunca tiveram o tempo ou

A vida: que sejamos dela seus adeptos!

Por Gilvaldo Quinzeiro A morte:  quem  diabo é esta “senhora” sempre virgem de vida, mas grávida de si mesma pelas suas próprias mãos?   E nós estamos grávidos de quê? Como explicar uma situação em que uma mão não mais quer  lavar a outra, e sim cortá-la? Que tipo de ‘cavalo’ nos tornamos quando  perdemos as rédeas e o interesse pela vida? Ora, tudo isso nos leva a concluir o quão é complexo o engenho humano. Sigmund Freud já falava que as nossas neuroses já são em si mesmas, uma espécie de religião com todas as suas normas e rituais. Talvez por isso,  somos  todos inclinados à prática dos sacrifícios como ato de reparação! E por falar em sacrifício, a morte é o seu exemplo mais eloquente. Ou seja, na origem da maioria das crenças, senão todas, está a morte de um individuo ou de um animal, como causa, que principia  algo que se relaciona com o sagrado. Em certo sentindo, estamos permanentemente em estado de luto!  E assim sendo, a depressão se tornou um

O mar da existência: quem não o pesca se afoga!

Por Gilvaldo Quinzeiro Entre a isca e o peixe, na dúvida, eu estou saindo agora para ‘pescar’ a mim mesmo! Sim, pescar a mim mesmo! Esta é única maneira de não de me tornar isca ou peixe na boca grande de todo um sistema de coisas! Pois, sim, estas coisas, que nos abocanham todos os dias sem que tenhamos consciência, somos dela, aquele que “morre pela boca”! Sou o peixe da minha pescaria! O mar da existência: quem não o pesca se afoga! Que bom fazer parte de mim mesmo!

A “costela de Adão” X a corrupção: quem quer perder a sua?

Por Gilvaldo Quinzeiro Abaixe o “porrete”, amigo, mas a corrupção é uma espécie de “costela de Adão” da política brasileira. Portanto, eu desafio quem queira ficar sem a sua! Há sim, um contexto, que faz lembrar os “atiradores de pedras” em Madalena! Isto é, todos “cuspindo no mesmo prato que comeu”! A discutível sentença a Lula anunciada pelo juiz Sergio Moro, por exemplo, no momento em que atenções do Brasil estavam voltadas para a Comissão de Justiça da Câmara, que analisava a admissibilidade da denuncia contra o Presidente Temer, foi de certo modo, desviar os olhos do gato da frigideira para uma velha vassoura em um canto da cozinha! Ou seja, nestas alturas, o peixe já saltou da frigideira há muito tempo! O que aconteceu? A Comissão de Justiça da Câmara não aceitou a admissibilidade da denuncia! E, com isso quem continuará sendo frito? - o povo brasileiro! Como eu tenho dito, vivemos uma seca de homens. Por outro lado, temos uma enxurrada de calambanj

Há entre nós quem não seja mais um de nós!

Por Gilvaldo Quinzeiro Uma boa noticia: o nada definitivamente não existe! Mas, a má noticia é que realmente nós existimos, e assim como nós, os nossos fantasmas também estão se perguntando: que ‘diabo’ é aquilo? Pois é, o dito aqui nos coloca diante de todas as possibilidades, incluindo aquela em que tudo pode ser gigantescamente diferente, igual a que nunca imaginamos! Pode ser que neste exato momento haja alguém nos acenando no ultimo suspiro da sua estrela! Por que não? Os egípcios antigos como nem um  povo, levavam tão a sério a tudo que lhes cercavam que um simples besouro (besouro aos nossos olhos cegos!), era a chave para muitos mundos! O que era a mumificação para os egípcios, senão o ato de colocar a casa em ordem para o retorno do seu dono! Por falar em retorno, outra notícia: quem não for um estudioso de mitologia, não poderá compreender porque muitos entre nós não são mais um de nós. Ufa! Ainda bem!