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Mostrando postagens de setembro, 2012

A normalidade que nos assusta: da carne humana que se devora aos políticos que se contemplam

Por Gilvaldo Quinzeiro Então quando os homens ainda eram “homens” já temiam que um dia pudéssemos retornar a condição de “bichos”? Pena termos nos transformados em outra coisa que até dos macacos, nossos primos, nos distanciamos! Pois bem, neste ano, mais especificamente no mês de maio, nos Estados Unidos, um caso chamou atenção, quando policiais de Miami flagraram um homem comendo o rosto do outro. Isso sem falarmos que em abril, também deste ano, em Garanhuns, Pernambuco, três pessoas foram presas por, entre outras acusações fazerem empada de carne humana. E mais recentemente, no último dia 22, no Rio de Janeiro, um adolescente de 16 anos de idade, arrancou e comeu parte dos olhos da mãe. È esta “normalidade” que nos assusta – sinal de que da civilização cada vez mais nos afastamos? E o que significa os avanços da ciência que por um lado, eleva os homens a condição de fazerem coisas que antes, só aos deuses eram atribuídas? Um paradoxo, não? E quanto ao “coração” da atual

Em tempo de ódio, pescaria de tubarão?

Gilvaldo Quinzeiro O ódio é o que de tudo em nós arranca, permanecendo de pé, quando em nós só “as máscaras” se fixam. Aqui todos os espelhos são devorados pelas faces que em nós abundam. Dito com outras palavras, é aqui onde todos os fantasmas se tornam obesos, enquanto no fundo de nós, agonizamos acometidos de anorexia!... O ódio é o pescador de uma realidade outra - aquela na qual, quanto mais próxima de nós, mais nos afogamos na condição de meras iscas. Engana-se, porém, quem pensa que nela seja o peixe predador, pois, este é “o mar onde tudo é rede de arrasto” – fora desta, outras iscas e seus arpões. A questão é como definir no meio de tantos “tsunamis” a onda que arrastou de nós o que poderia ser ao menos calambanjos!

...Então, estamos todos grávidos, mas, quem nos fará o parto?

Gilvaldo Quinzeiro   O mundo naquilo que se contorce, está literalmente grávido doutro mundo, mas, até este dá à luz, nós seremos suas dores e contrações. O dito acima,  tem uma implicação outra, a saber, a de que o corpo assume a condição apenas de uma “cloaca”, enquanto o rebento, o vir a ser deste parto, já não é de nós semelhante? Eis uma questão que no mínimo teremos que enfrentá-la de pé, pois, as que subestimamos   de cócoras,   há tempo já nos fazem de sapo! Pois bem, o corpo, quero dizer, é uma natureza, e como tal é a “célula tronco” com a qual ao longo da História, se têm construído também “os espelhos”, e para estes os corpos cujas imagens são também as dos deuses, de quem somos semelhantes (?). Mas, voltando a falar da “gravidez do mundo”, quão difícil será este parto, posto que, das parteiras já lhes amputamos as mãos. Aliás, nem com os ouvidos apalpamos a nossa dor, e, com estes desafinados, só nos sobram os olhos arregalados, mas que nada veem!... Que ol

O oco do sujeito, e as imagens vivas das nossas feridas

Gilvaldo Quinzeiro   Num mundo marcado pelo imediatismo das “imagens midiáticas”, onde   uma curta aparição vale mais que uma identidade a ser a construída ao longo de uma vida, o sujeito, paradoxalmente se eclipsa, e se torna apenas em “algo esfolado” a ser devorado pelos olhos famintos de uma plateia sem referencial algum. Em outras palavras, a vida com suas dores e prazeres, ganhou uma dimensão outra, a de um   reality show . Um reality show , diga-se de passagem, que,   da realidade não imitada nada, pois, esta, por ser feita da “carne viva”,   já não tem mais do que brotar. Neste contexto,   a violência nas escolas, bem como a que se espraia pela cidade,   não é outra coisa, senão “o esfolamento do sujeito”, como sacrifícios aos olhos que, diante do   espelho já não se ver... “O oco do sujeito” é disso que estamos falando! Ora, se o sujeito antes já não falava por si, dado ser este, de uma ordem tal que o divide, hoje, porém, chamamos atenção para “uma fala outra” –

A coisa e o seu nó antropomórfico.

Gilvaldo Quinzeiro   Protágoras de Abdera (480 a.C. - 410 a.C) : " O homem é a medida de todas as coisas, das coisas que são, enquanto são, das coisas que não são, enquanto não são. " Eis em tão longínqua época, um homem lançar seu olhar sobre   as coisas que, no seu tempo era “a não coisa”, e que hoje, sem “o nosso nó”,   seria a coisa que nos afunda. Isto é, o homem é “o nó”, não porque possui segura a ponta da corda, aliás, esta é uma contradição, pois, em corda alguma nos seguramos, contudo, somos a própria coisa que sem a exatidão do nó, podemos nos espraiar para além da mão que   de nós se   desprende... Dito com outras palavras, não se mensura as coisas, quaisquer que sejam, sem que, ao fazer isso, a nossa face (esculpida nas coisas) não se encolha. A questão, contudo, é quando só coisa somos. Ai só Protágoras poderá pensar por nós? Ou a coisa em si já não é como os homens pensam que sejam? Dado o nó, dado o homem, quando não, tudo é o lá fora com

A fé e seus apagões

Gilvaldo Quinzeiro   Se no mundo de hoje os homens se desequilibram, perdem a razão e matam uns aos outros   pelo amor a seus deuses, tal como   sempre se   fez desde que “o mundo é mundo”,       então o que   afinal mudou neste   mundo contemporâneo ? O que têm de diferente os deuses de hoje, daqueles pelos quais na antiguidade   se saqueavam as cidades e   se escravizavam população inteira? Ora, os deuses podem não ser os mesmos, disso não tenho nenhuma dúvida, mas, os homens... Estes, eu tenho a certeza que nada mudaram!... Ver as atuais cenas de revoltas pelas cidades árabes e africanas, onde milhares marcham em defesa da sua fé, me plantam mais dúvidas   acerca da “fé” daqueles que a provocaram, e   que na sua fé se sentem agora fortalecido!... Nisto, estou crente: na dúvida, como diria Descartes.              

A “neorealidade” e os excessos de tudo

Gilvaldo Quinzeiro     O que hoje abunda nas músicas, sobretudo as que nos ensurdecem,   nas tripas escasseia. Ora, para que então nos servirão os esfíncteres, quando os intestinos   já estão de fora? Pois bem, se de fato vivemos uma época que de nada mais se vomita, então o que dizer da nossa política cujos escândalos são espelhos? Eis a “neorealidade”: tudo há, exceto a subjetividade; ademais, excesso de tudo. Em suma: transformamo-nos “na boca” das nossas bocas empanturradas de coisas que não matam a nossa fome!    

Assim na terra, como no céu?

Gilvaldo Quinzeiro   Esta coisa de ainda termos, em certo sentido, em nossas entranhas   a condição de “minhoca” ou ao menos de,     a esta condição retornamos, isso nos arremete a uma profunda   reflexão acerca de como a existência humana pode se caracterizar como um pêndulo. Isto é, “o ir e o vir” entre uma vida e outra tem implicação tanta que a ideia de evolução se espraia para além das nossas raízes animalescas. Em outras palavras, tudo enfim, pode ser completamente diferente, de sorte que, a vida como a percebemos não passa de algo que é   grosso modo resíduos de outro. Ora, quando ao pó voltarmos, e se chegarmos a condição de “ sabugo”, quanta graça hein?          

Uma balada por todos os amores perdidos

Gilvaldo Quinzeiro   Quem ama, ama-se. Aliás, nunca se deve amar só o outro. Eis, um erro filosoficamente e perigosamente   fatal, pois, outro será sempre o outro, conquanto, o amemos. Este passará como os pássaros. Todavia,   somente o amor próprio,   nos permitirá verdadeiramente suportar, quando, em nós o outro já não cabe. É assim que um dia, todas as máscaras cairão.   Como caídos já estão os que   não têm amor nenhum por si, só pelo outro... Ora, este é o tipo de amor cuja gênesis não é outra coisa, senão,   o ódio profundo que   temos por nós . Digo mais, enquanto em nós o   ódio há, “o amor” do outro por nós é tão faltoso, quanto o nosso,   por nós mesmos. Este é o espelho dos diabos - o que há do outro lado é exatamente o que nos abunda por dentro. Pois bem, o perigo é real. Mas, quem cuidará de nós, quando, as nossas mãos   só pertencerem ao outro? Ora, tardio será   o tempo de se “ coçar”,   quando as nossas mãos por   nós já   não porão as mãos   em nada