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Mostrando postagens de setembro, 2016

A política, as máscaras e as indiferenças: que cidade emergirá das urnas eleitorais?

Por Gilvaldo Quinzeiro ‘Os gregos que me perdoem’, mas o trágico das campanhas eleitorais é a falta não de ‘máscaras’, mas do que estas possam de fato representar. Estamos, pois, diante de um novo quadro cada vez mais complexo e de demandas acumuladas que, se repararmos bem, o rosto mais marcante é exatamente o da indiferença do povo para com o processo eleitoral. Em outras palavras, quão complexa é a nossa realidade, de sorte que a mesma se tornou impossível representá-la, seja com palavras, seja pictoricamente, seja por qualquer outro modelo. A realidade é, usando uma metáfora, uma grande serpente. O difícil, porém, é saber do que lado fica a cabeça. Enquanto isso, entretanto, andamos com os pés completamente desprotegidos! O serpentear das campanhas eleitorais pelas ruas só não foi mais ‘magro de empolgação’ porque os cabos eleitorais – tiveram que demonstrar com unhas e dentes que estavam sendo pagos para isso! O fato é, estamos mais para espartanos do qu

As pérolas dos estercos

Por Gilvaldo Quinzeiro Nem tudo que desce no rio é aquoso. Nem tudo que é escamoso é peixe.  Nem tudo que é peixe é frito. Nem tudo que é frito é testemunhado pelos olhos acesos de gato. Portanto, tomem muito cuidado com que se apalpa, meus amigos, pois, há muita coisa da nossa realidade que é apenas ‘esterco’, incluindo as pérolas de muitos discursos político! Há, por fim, uma ‘seca’ prolongada de homens –, a estação é de muitos calangos!

E agora: com reforma do ensino quem vai ‘ensinar as horas no sertão’?

Por Gilvaldo Quinzeiro Tal como um cavalo na chuva, o presente que já não contemplamos, nos arrasta precocemente para o futuro. E nós o que somos? O cavaleiro que perdeu o cavalo, e ficou apenas com a sela. O dito acima é apenas para nos servir de um ‘puxão de orelha’: o pior é a multiplicação de pastos para um só rebanho! A reforma do Ensino Médio proposta pelo Governo Temer, e já publicada no Diário Oficial, tem um objetivo claro: dar aqueles que foram os ‘burros de carga’ desta Nação nos últimos tempos, os professores – o mesmo destino dos jumentos pelo interior do Nordeste? – o abandono? O tom das mudanças no Ensino soou meio que revanchista. Aliás, pensando bem, todas as medidas anunciadas por este novo governo até agora têm sidos claras ao menos numa coisa: à pressa com que se pretende se livrar de alguma coisa! Primeiro, com fim Ministério da Cultura – uma afronta aos artistas. Segundo, com a indicação de ministérios formados só por homens – um chute nas

Erosões sentimentais e relacionamentos afrouxados: que diabo é isso?

Por Gilvaldo Quinzeiro Os tempos são marcados por abismos e paradoxos em todas áreas e relevos. No campo das relações amorosas, então, tudo é só erosão. Se por um lado, os crimes passionais encharcam as páginas dos jornais de sangue, dado o aumento do número de casos, que acontecem todos os dias – tudo em nome do controle obsessivo; por outro, contrasta, a frouxidão, ou seja, ninguém quer nada com ninguém. Diante do exposto, o que dizer ou o que fazer? Eis a questão! Outro dia, uma amiga em estado de aflição me disse: “meu filho está vivendo ‘junto’ há mais de um ano, com uma garota, uma espécie de ‘chove, e não molha”.  Como assim?- perguntei. “Eles não se assumem, dizem que não têm nada a ver um com o outro”. Sirvo-me aqui de um outro episódio, ainda que diferente do primeiro, qual seja, um jovem bateu à minha porta (já era noite) me pedindo: “professor, deixe eu entrar, pois, quero chorar”! Abri a porta. O jovem entrou, depois de chorar tudo o que tinha para c

O tempo e a fenda

Por Gilvaldo Quinzeiro O tempo ergue seus próprios caminhos; andar por eles, porém, é não se fincar em nada: ainda bem que somos feitos de ‘barro’! O tempo é a moradia de todos os ‘engenhos’. Um desses ‘engenhos’, o homem, é o único a procurar a saída pelas portas dos fundos... Uma pena, pois, para o tempo em si não há saída: só retorno! O tempo, conquanto inexorável, sofre uma fenda – uma única possível – o amor!    

O gozo, as sombras e outras coisas que tais...

Por Gilvaldo Quinzeiro O ‘gozo’ vem acompanhado das nossas ‘sombras’, logo, compreender porque estas nos acompanham, desatariam muitos dos nós, que nos agonizam. O dito acima ao menos numa coisa soa estrondoso: nunca estivemos sozinhos! Aliás, quanto das nossas ‘sombras’ tomam realmente o nosso lugar no exato momento em que já íamos nos atirando ao gozo! O ‘gozo’ em si não nos arranca tampo, o ‘diabo’, porém, é aquele gosto de entalo na garganta. Ora, isso merece uma advertência aos marinheiros de primeira viagem: cuidado com os ‘garfos e facas’, especialmente quando direcionados à boca! Por falar em ‘sombras, gozo’ e outras coisas que tais, um certo dia, conta o dito popular, um carpinteiro estava em sua oficina lapidando uma madeira, quando, de repente, lhe apareceu um sujeito (o diabo!), que lhe falou “moço o senhor não tem medo de cortar o nariz”? O carpinteiro, no ímpeto lhe respondeu juntamente com um gesto: ” não, moço só se eu fizer assim”, e lá ficou s

Domingos Montagner, o Velho Chico, e um recado!

Por Gilvaldo Quinzeiro Às vezes uma folha, sem pretensão alguma ao descer as correntezas de um rio, transporta sobre si uma gota d’água desse mesmo rio. E ao se deparar com um ‘remanso’, lá estará esta mesma folha sendo sugada...   Isso para além de poético é metafisico, ou seja, transcende a compreensão comum. Em que tipo de barco se transformou esta folha para o rio? Em que tipo de rio se transformou para a folha tais correntezas? Qual a finalidade daquela gota d’água em pegar ‘carona’ naquela folha à deriva? A morte do ator da Rede Globo, Domingos Montagner, nas águas do Rio São Francisco, ocorrido na quinta-feira, dia 15, em Sergipe, local das filmagens da novela “Velho Chico”, vem suscitando todo tipo de discussões. Pois bem, mergulhando fundo nas águas, que nos afogam -  a realidade -resolvi também tecer alguns comentários, claro, sem a pretensão de levantar novos enfoques e muito menos de colocar a palavra final. O fato é que o Velho Chico nos mandou u

A Feiura, não a de Sócrates, mas a da nossa ignorância

Por Gilvaldo Quinzeiro O que sabemos hoje da nossa crise atual? O que sabemos hoje sobre a tristeza profunda dos nossos jovens? O que sabemos hoje sobre os motivos crescentes dos suicídios em nossa sociedade? O que somos hoje: homens ou coisas? Ratos ou cobras? Os questionamentos acima é o nosso ponto de partida para uma caminhada, que, em que pese os obstáculos, ainda é possível: a reflexão. Para isso vamos trazer à baila um acontecimento, que ocorreu há milhares de anos, a morte de Sócrates, em 399 a.C. Que homem iniciou a reflexão sobre a condição humana, senão, ele, Sócrates, o filho de uma parteira. Pois bem, a estranha morte de Sócrates no exato momento em que este colocava o homem diante de si mesmo (conhece-te a ti mesmo) – é a vitória das ‘coisas’ nas quais todo homem tropeça hoje – a ignorância. A existência hoje da ‘barbárie’ em todos os níveis, religiosos, políticos, étnicos, etc, contrastam com o nível de ‘civilidade’ com o qual poderia a humanidade

Tudo é ninho

Por Gilvaldo Quinzeiro Tudo é ninho. O problema é de quem são os ovos! Pensar é o ‘ovo do pássaro’; sentir é a sua eclosão; agir é sair da casca. Cuidado, porém, meus passarinhos, com as feridas, especialmente quando afloradas diante dos outros, pois, a qualquer descuido são como ‘úteros’ a serem fertilizados pelos escorpiões!

O estranho mundo do homem com ‘seu rabo’ entre as pernas!

Por Gilvaldo Quinzeiro Este texto, ainda que breve, tratará das condições do homem no mundo atual, em especial, no tocante ao deslocamento em massa de pessoas. Todos em busca de um lugar. Todos em busca de um espaço. Porém, neste particular, o homem atual se iguala em condições às dos ursos brancos, que perdem seu território cada vez que há o derretimento do gelo. Para ser mais especifico, este texto visa despertar reflexões e debates sobre o assunto aludido. Ei-lo. Segundo o relatório da “Tendência Global”, que registra o deslocamento forçado ao redor do mundo com base em dados dos governos, de agências parceiras e do próprio ACNUR, aponta um total de 65,3 milhões de pessoas deslocadas por guerras e conflitos até o final de 2015. Com base nestes dados, ao que tudo indica a ‘casa caiu’ não só para os ursos moradores do círculo polar Ártico com o derretimento do gelo, como também para todos os habitantes da Terra. Ver as imagens de milhares pessoas se deslocan

A crise abate os homens e afugenta os bichos.

Por Gilvaldo Quinzeiro Foi-se o tempo em que ‘cuspir no prato que comeu’ era retórica revanchista, hoje se cospe é na cara mesmo! Que espanto? Não.  É o desespero do cotidiano! Tudo ocorreu tão de ‘ontem para hoje’ que mal conseguimos vislumbrar o acinzamento do entardecer: tudo continuará escuro por muito tempo! Mas que crise é esta? É do PT? É dos políticos? Bem, a resposta não virá dos velhos manuais, ela exige uma nova formatação, qual seja, o ‘rabo’ da crise em que pese os diabos se fingirem de santos, é de todos nós! Mas o problema não é o rabo propriamente dito, é o cão ter passado pimenta no focinho! Sabe como é que é aquele velho hábito dos cães quando se encontram uns com os outros, não? Pois é.... o caboclo explica isso direitinho! E em assim sendo, em tempo de voo rasantes dos urubus, o melhor dos recados é aquele em que se dá de boca fechada: evita-se as moscas e salva os dentes! Por fim, do que adianta uma gaiola de ouro para um

A caverna, os paradoxos e o mundo das ideias.

Por Gilvaldo Quinzeiro Que outro lugar poderia ser o ‘útero’ das nossas piores condições humanas, senão a caverna. Exatamente por isso nunca a abandonamos. Todavia, a caverna em si não tem nada a ver com as nossas piores das condições humanas, é bom que fique claro isso! Estamos falando da caverna enquanto matriz, lugar de parto ou do retardo deste. Entretanto, há uma ‘caverna outra’, dotada de ‘inteligência’, e que nos envolve; nos aprisiona – esta é a caverna dos dias atuais, que no filme Matrix é retratada. É desta caverna que iremos falar! É um paradoxo: o século XXI ser marcado não pelas conquistas que nos libertam (algumas sim, mas a maioria não.), e sim pelas que nos aprisionam. Outro paradoxo: os jovens estão se tornando velhos. Não estou me referindo aos seus corpos, pois, estes são sempre belos e sarados – estou falando do espírito, da atitude. Percebam os sintomas: esquecimentos, sim, os jovens estão ficando esquecidos; muitos não realizam as tarefas

O imagético e o momentâneo, as duas faces fincadas do nosso tempo.

Por Gilvaldo Quinzeiro Como um paraquedista espraiado nas praias da Normandia no ‘Dia D’, onde o prazer da repentina descida é contrastado pelas saraivadas das metralhadoras dos soldados alemães, a realidade nos atrai e nos engole! E, como se não bastasse o nosso ‘mal dia de sorte, perdemos a mais poderosas das armas em quaisquer que sejam as batalhas, o discernimento! Em outras palavras, estamos marchando com passos apressados sob solo minado ao mesmo tempo em que temos que baixar a cabeça sobre intensa artilharia de fogo cruzado. “E agora José”? Em que pese a fé dos egípcios antigos em seus deuses que, aos olhos de hoje são quase de ‘pano’, ainda assim, seus rastros são mais duradouros, de sorte que seus sinais contrastam com o nosso gigantesco esforço em construir coisas não duradouras. Aliás, é bom que se diga que vivemos fincados em estruturas tão passageiras que se assemelham a meras bolhas de sabão. Imagine aquela operação na Normandia, o Dia D, ocorrido em

A morte e seus ‘entretantos’...

Por Gilvaldo Quinzeiro A morte é igual para todos. Entretanto, não podemos esperar de um ‘gafanhoto’ que aprenda sobre ela. Ao contrário do homem, um gafanhoto não vai ao enterro do outro, todavia, somente o homem é capaz de desenterrar os mortos para, se preciso, se assegurar que a morte foi bem matada! Ora, por mais que isso nos soa estranho, mas o gafanhoto é sim mais ‘humano’. ‘Humano’ aqui não é o homem propriamente dito, e sim um ‘arquétipo’. Que os gafanhotos não nos ouçam, mas, alguma coisa tem que surgir no lugar em que os homens pensam representar. Os ‘entretantos’ da morte, não diminuem a importância de um graveto para o gafanhoto que se finge de morto, dando assim, um passo seguinte para a vida! O que seria este graveto no “mundo das ideias” de Platão?

A criança é o ‘barro’ dos nossos edifícios

Por Gilvaldo Quinzeiro Na pressa cega de erguer o mundo sob quaisquer pretextos, inclusive sob as forças das armas, a humanidade abandona a matriz de todos os ‘engenhos humanos’, a criança.  Se por um lado, a ciência nos coloca cada vez mais próximo das descobertas espetaculares sobre o universo – há pouco tempo pousamos um artefato em um cometa. Por outro lado, não estamos conseguindo como os índios faziam, dar um sentido à vida dos nossos filhos! Sim, os índios em seu mundo cercado por florestas, e não de ‘coisas’ como o nosso, conseguiam dar um sentido à vida dos seus filhos! Em outras palavras, haveriam menos arames farpados e muros que separam os quintais, se soubéssemos que em cada um de nós há uma criança esmagada pelo ritmo mecânico das coisas. Hoje os estudiosos do comportamento humano falam em ‘fim da infância’. Se isso for verdade, a consequência disso será desastrosa para o conjunto de toda a humanidade.  Eu espero estar enganado, mas me parec

Bebemos da mesma água, que nos faz ‘bichos’?

Por Gilvaldo Quinzeiro  Há entre nós por força das mudanças na engrenagem do tempo quem não seja mais um de nós: corra, pois, o ‘bicho’ pode ser aquele que acabou de fechar a boca!    Os meninos bebem a solidez dos seus quintais vazios: já não brincam mais como meninos; seus jogos simulam a realidade despedaçada – juntá-la só ‘pescando’ as cabeças! A propósito, nesta semana um adolescente de 15 anos foi preso na cidade de São Carlos (SP), acusado de matar o comerciante   Rosemir Aparecido Landi, de 40 anos de ida de, que teve a cabeça decepada pelo acusado. Na delegacia o adolescente disse ao Delegado Gilberto de Aquino que “ sempre teve vontade de 'cortar a cabeça’ de alguém”. O crime foi cometido na madrugada do último dia 3 em um cruzamento daquela cidade. O mais assustador é que este fato é apenas um entre muitos que ocorrem todos os dias. O número destas ocorrências reacendeu a discussão em torno da antecipação da maioridade penal. Em julho, na cidade

Que coisa: nós!

Por Gilvaldo Quinzeiro O mundo se tornou inteiramente um mar fértil de coisas, especialmente daquelas coisas que nós nos ‘secamos ’ por elas –, não sabendo nós que assim sendo, não passamos de meras ‘vassouras’. O dito acima é de tal ordem que precisaríamos mais de mãos, uma dezena delas, posto que diante de tantas futilidades necessárias, de cabeça já não mais precisamos: esta é um mal para os que pensam pela gente! A conclusão possível do exposto aqui é a seguinte: a situação gritante não é a dos hospitais vazios de médicos, em que pese a pilha de feridos uns sobre os outros, mas, ao recorrermos aos shoppings completamente lotados de gente vazia se enchendo absolutamente de coisas, toda vez que pisotearmos a nossa alma!

Sorrindo, eu?

Por Gilvaldo Quinzeiro Diz o anúncio com um rosto estampado: “sorria você está sendo filmado”! Ora amigo, o rasgo não é o da boca – é o do imenso vazio! O que é afinal a   tão desejada felicidade numa época onde, antes de facilmente se sorrir, ‘edita-se o sorriso’ tardiamente como se sorriso fosse? Por fim, vivemos hoje como se ‘vassouras’ fôssemos, ou seja, espraiado sim, mas, em um canto sempre vazio!