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Mostrando postagens de maio, 2016

"Não dói o útero, e sim a alma".

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Por Gilvaldo Quinzeiro A frase acima é de uma garota de 17 anos, vítima de um estupro coletivo (30 homens), ocorrido no Rio de Janeiro. O caso vem ganhando muita discussão em todos os setores da sociedade. O número de estupro vem aumentado significativamente no Brasil. O que dizer sobre este assunto? Este é o propósito desse texto. “Não dói o útero, e sim a alma”.  Esta frase é por si só perfurante: nela não há dor que não seja sentida. Bem, o dito aqui não pode ser interpretado de outra forma: estamos em ‘carne viva’. Ora isso implica em muitas coisas: Primeiro, estamos vivendo sem a pele protetora. Isto é, somos ‘minhocas’ a perfurar o chão. O chão onde somos todos expostos. Segundo: o gozo se tornou o ‘parafuso’ das nossas dores. Terceiro: os olhos, não os nossos, mas os dos outros, passaram a ser a nossa genitália. Ou seja, nada que não for feito à luz dos olhos dos outros, não nos oferece o ‘gozo’. Sim, estamos falando também do ‘deslocamento da

A morte: um discurso sobre vazio!

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Por Gilvaldo Quinzeiro No quadro acima  “ A vida e a Morte”, de Gustav Glimt, a morte,  a despeito do nosso esperneio, nos perscruta o tempo todo, tal como a cobra a sua presa – a qualquer deslize, e lá estará a morte fazendo o que melhor sabe fazer!   Ao menos na arte podemos enfrentar a morte, contudo, ainda assim, nada há nela que se aproveite – ou não? Ora, como podemos saber, senão morrendo realmente! Eis aqui o homem se erguendo da sua condição argilosa para questionar aquilo que nem os deuses respondem: sobre o útero da morte! A morte, por mais paradoxal que seja, não nos abandonará nunca! Talvez o melhor que devêssemos fazer, seria  dormir com ela? Por que não?  Ora, acordar seja de que jeito for, não significa ter nos  desvencilhados  da morte: ela continuará a nos perscrutar! Freud nos fala em alto e bom tom,  da nossa “Pulsão de Morte” como algo inerente a natureza humana, e, pasme!, pulsante! A morte em Freud (não a de Freud), é “o

O peixe da nossa pescaria

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Por Gilvaldo Quinzeiro Do que adianta enfrentar os perigos dos mares para pescar o ‘peixe’ que só pode ser pescado dentro de nós? Sim, somos o ‘peixe’! O peixe   que mesmo facilmente frito, mas que não fora completamente pescado! Tornar-se pescador de si mesmo é ir fundo: além de todas as águas! Os mares ‘interiores’, os que existem dentro de cada um de nós, são sem dúvidas, os mais difíceis de serem enfrentados. Aliás, mares há dentro de nós que nunca foram descobertos! Portanto, o tipo de ‘peixe’ que somos nos faz também da isca fugitiva – aquela que nos afoga enquanto pescamos o peixe que não nos diz respeito. Boa pescaria, a todos!

Abandono

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Por Gilvaldo Quinzeiro Faça chuva ou faça sol, o pior do abandono não é a nossa cara à esmo a contemplar o abandono em si, nem a indiferença dos olhares do outro a nossa dor, mas saber que ao fim da tempestade presente, o amanhecer virá com uma longa estrada – sem chance de, assim como a tormenta passada – encontrar ao menos um chapéu. O pior de todos os abandonos, contudo, é aquele do nosso animal interior! Que isso, pois, nunca ocorra! Quanto ao cão, coitado, mesmo abandonado, ainda assim, é em si que se encontra!  

O medo lhe abunda, prima?

Por Gilvaldo Quinzeiro Dentro de cada um, o palco onde somos de verdade: o medo! Mas não se espante, prima, há também o medo de sentir medo – este certamente é o medo de se lascar! Nos dias atuais, eu tenho observado o seguinte: o sujeito para livrar-se do medo que por dentro lhe abunda, resolve habitar o lado de fora de si. Ora, que errônea defesa: o lá fora é exatamente como lá dentro. E o pior, prima, a cabeça do bicho do qual fugimos de medo é a nossa! Então, pula?

Somos o que somos. Mas afinal o que somos?

Por Gilvaldo Quinzeiro O que somos não é o que nos parece óbvio, nem o que aparentamos ser  na melhor de todas as nossas fotos,  mas o que nos escapa,  porque de outra forma – não nos dariamos conta do  quão não passamos  de  frágeis  amarradios. Sim, somos frágeis amarradios de uma realidade que, não obstante a nossa fome de conhecê-la, em nada a abocanhamos. O que somos? Somos o  puído  pano estendido no varal da existência, isto é, da ordem daquilo que facilmente se rasga.

O dedo na ferida

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Por Gilvaldo Quinzeiro Os dias atuais podem ser representados simbolicamente pela espantosa obra acima, “Confirmação de Tomé”, de Caravaggio. Isto é, quando os dedos, que são cegos, substituem os olhos na constatação da ferida que viceja, é porque dos duros nós das palavras, estamos todos enforcados! Sim, meu senhor, tudo está esfolado! Nestas condições, a arte é uma espécie de esparadrapo: tudo mais é carne viva! Enfim, todos nós somos a trindade: Judas, Pedro e Tomé.   

"Arma Branca"

Por Gilvaldo Quinzeiro O título desse texto e os motivos que me levaram a escrevê-lo é onírico, e, assim sendo, como não poderia deixar de ser, é simbólico e transcendente. Explico: hoje uma amiga que se diz ser leitora dos meus escritos (a quem de já agradeço imensamente!), afirmou-me ter tido um sonho, no qual lia uma das minhas publicações, que falava de paz e cujo título era “Arma Branca”. Tal publicação, segundo esta amiga, lhe soava como a marchinha de carnaval “Bandeira Branca”, de Max Nunes e Laércio Alves. Depois de ouvir atentamente a narrativa do sonho, eu prometi a esta amiga que escreveria um texto com o título do seu sonho “Arma Branca”. Bem, a propósito, para fazer jus ao tema inspirador, isto é, de natureza onírica, portanto, emblemático e misterioso, eu vou iniciar este texto falando de três fenômenos raros. Primeiro, o início desta semana foi marcado por um raro fenômeno astronômico, a saber, o trânsito do planeta Mercúrio pelo sol; fenômeno es

Mãe é...

Por Gilvaldo Quinzeiro A repetição da reza, não é porque esta se torna mais forte ao ser repetida, e muito menos que ao repeti-la, o homem se torna mais cônscio da sua penitência – mas se deve tão somente ao fato de sermos todos desmancháveis e esquecidos dos nossos outros pedaços!   Em outras palavras, não é da reza em si que precisamos, mas de loucamente nos repetir nela. Sim, somos todos facilmente desmancháveis, e, para piorar estamos ficando esquecidos: que cabeça é a minha na mão que me escapa? O dito acima é uma breve introdução para falarmos de quem jamais nos esquece: a Mãe. Pois bem, o sentido pleno de Mãe não é aquele aludido com um sorriso, ainda que largo, numa propaganda exposta em um outdoor – mas aquele que preenche com a sua presença a nossa imensa ‘porosidade’. Ou seja, o dito aqui implica ao menos numa coisa: Mãe transcende o biológico. Portanto, Mãe é mantra e manto, como tal, é da ordem do metafórico. Do contrário, como explicar o conso

160 anos de Freud: Viva!

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Por Gilvaldo Quinzeiro Raros são os homens, sobretudo, quando em sua época os desafios lhes são imensos, e a mão dos outros homens se faz de cansada. Sigmund Freud (1856-1939), que se vivo estivesse, faria hoje 160 anos, foi um desses raros homens que, mesmo castigado e incompreendido pelo seu tempo, ainda assim, se firmou de pé na defesa das suas ideias! Em que pese as poucas ‘lamparinas’ disponíveis em seu tempo, Sigmund Freud conseguiu ir fundo dentro das mais escuras das noites – a mente humana! A Psicanálise é sua criação, e, não obstante os novos olhares sobre a natureza humana, sobretudo com os avanços da neurociência - ela, a Psicanálise é, como Freud fora – um benévolo incômodo para muita gente! No exato tempo em que o cientificismo era uma espécie de nova religião, e a razão, o orgulho de todo homo sapiens, Sigmund Freud feriu a todos com a tese do Inconsciente – pedra angular do edifício do seu pensar! Ora, os homens, sobretudo os arrogant

O graveto do meu ser

Por Gilvaldo Quinzeiro ...Nestes anos ou dias que ainda me restam, pode ser até ínfimos segundos,  eu quero ser morada daquilo que velozmente me escapa! Se tudo for de todo volátil, não há razão para acreditar que não seja, ainda assim, quero ser o ar que alimenta o instante de uma bolha! Não importa se pouco, contudo, quero ser o próprio estalo dentro de mim! Ver um pássaro construir dia a após dia com apenas o uso do bico, o seu próprio ninho, me enche de asas no instante em que me sinto atolado nas minhas mesmices de sempre! Enfim, se em nada mais conseguir me inspirar, ainda assim, eu  quero ser ao menos o graveto que o pássaro carrega em seu bico para, não obstante a tempestade, servir de segurança a todos do ninho, que jamais desconfiam das condições em que o graveto foi encontrado!

A despeito de tudo, as flores de maio!

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Por Gilvaldo Quinzeiro Depois de muitas batalhas; algumas perdidas, outras ainda não terminadas, mas enfim, de tudo   que passei, aprendi a seguinte coisa:  eu sou o ‘cavalo’ de mim mesmo, e que as ‘esporas’ servem também para acalmar o homem, quando o que há para transpor só se consegue através de asas! Então viva as flores de maio! As flores de maio são como asas para a minha imaginação! Adoro o tempo que começa a ser brotado hoje. Adoro o cheiro da terra, que se faz menos úmida com a chegada dos ventos de maio! Tudo isso; as cores, o cheiro, os ventos, as flores alimentam de inspiração o meu cavalo!