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Mostrando postagens de 2024

A puta angústia de querermos ser tudo

Por Gilvaldo Quinzeiro  1 - A questão a ser respondida com urgência hoje é a mesma que os homens da pré-história , presumo , sequer formularam: quem somos nós? 2 - Essa é uma questão urgentíssima sobretudo pela falta de cemitérios, seja aqui pela expansão dos tóxicos negócios, seja em Marte, solo sagrado de ninguém. 3 -  Mas também pela falta de braços dispostos ao abraço e a acolhida do outro. 4 - A Terra, moradia plural de todos os bichos e de todas as  insinuações,  não suporta mais aqueles que,  sem ao menos conhecerem  a si mesmos,   destroem tudo com tanta rapidez sem  sequer terem tempo para suas digestões - mas tudo isso pra quem?  4 - A certeza é que ofendemos tanto aos insetos, senhores das suas vidas, quanto a nós ,  escravos da nossa  santa arrogância. 5 -  A outra certeza é que fizemos todas as guerras, algumas destas, não menos sangrentas, mas em nome de “ Deus”. Outras tantas, sem anéis nos dedos, mas  em nome de reis , sem falar naquelas outras guerras ,  que foram feit

Assim me falou uma borboleta

Por Gilvaldo Quinzeiro  1 - Estamos todos, homens, insetos, plantas e animais fazendo parte do mesmo tecido do qual somos apenas as suas cores e costuras. Não estamos nem acima e nem abaixo dos outros seres, apenas não os contemplamos no mesmo espelho em que a nossa face transborda. 2 - Todas as coisas estão em permanente conexão. Tudo pode se tornar um “vizinho” do qual podemos lhe bater à porta em busca de informações . 3 - Uma borboleta é mais do que uma borboleta. 4 -Em outras palavras, tudo são significantes. Ou seja, pode ser conectado ou capturado pelo inconsciente, que é estruturado pela  linguagem. 5 - O dito aqui  alarga o conceito do significante lacaniano, bem como do seu conceito de inconsciente estruturado pela linguagem? 6 - Seja lá o que for, o significante lá onde este topográficamente habita,  estar “vivo” assim como um inseto na ponta de um graveto. O significado é a sua  “morte” , assim como o peixe pescado. 7- Será que foi isso que o filósofo Nietzsche quis dizer a

O narcisismo do homem contemporâneo e a verruga no espelho da manifestação da Avenida Paulista

Por Gilvaldo Quinzeiro  O problema do homem contemporâneo mais do que o seu narcisismo, é , ao inflar a sua própria imagem, quebrar o espelho. Ou seja, se antes este já era cego para o espelho que não refletisse a face que não fosse a sua, agora se afogou de vez naquilo que não lhe é fonte de ilusão. Uma ferida narcísica, a exemplo do ocorreu com o geocentrismo, quando da quebra deste paradigma ocasionado pelo  heliocentrismo , afetou por conseguinte a forma como o homem se via . Digamos que ali nasceu uma “verruga" na ponta do seu nariz. Essa verruga aumentou de tamanho por conta de mais dois  golpes sofridos em nossa autoimagem, a saber, por conta do evolucionismo de Charles Darwin e do inconsciente freudiano. O homem contemporâneo, a despeito de todas as suas conquistas, é um sujeito derrotado pelo próprio espelho. Um inseto em repouso num galho de árvore concorre com  a nossa carência por aplausos! Vivemos, pois ,  uma crise de feições múltiplas. Amanhã, a Avenida Paulista est

Lutar pela Paz mesmo sendo uma “persona non grata”, meu senhor

Por Gilvaldo Quinzeiro  Em que pese a profusão de crenças e o crescimento espantoso de templos de todas as denominações, no Brasil há mais templos religiosos do que escolas e hospitais juntos, o mundo continua sendo um teatro, onde as tragédias são encenadas para agradar as diferentes plateias. E entre estas tragédias, as guerras...  As guerras, estas velhas senhoras, que sempre nos fizeram companhia, ora vestidas de santas, ora escancaradamente nuas, hoje, como no passado, beijam as finas mãos dos hipócritas ! As guerras, estas sim, meu senhor, cospem e gozam em nossas caras, toda vez que que deixamos a trégua escapar!   A grande vergonha, meu senhor, é a dúvida persistente em saber com quantos mortos chegamos à conclusão da existência de um genocídio?  Com qual número de mortos saciamos a nossa vingança? É disso que temos que nos envergonhar!  Não há vergonha em ser uma “persona non grata”, na defesa da paz, pelo contrário, isso é a coisa mais honrosa do que encontrar velhas justific

O Brasil, e as velas acesas do fascismo e do messianismo

Por Gilvaldo Quinzeiro  Neste texto vamos tecer uma tapeçaria com os finos tecidos da história, da antropologia e da psicologia analítica. Tudo isso no esforço de compreender o Brasil, que marcha para o dia 25 de fevereiro. E iremos fazer isso à luz de “três velas “ para não deixarmos de lado o simbolismo. Vejamos. A primeira vela: diz respeito ao fascismo e ao messianismo, que  se alimentam de um retorno . O retorno de um passado glorioso. Na época de Mussolini ,por exemplo , a inspiração deste era o retorno das glórias do império romano. Ou o retorno de um salvador no caso da visão messiânica. Em Portugal e no Brasil, o retorno de Dom Sebastião alimentou a esperança de muitos com o chamado sebastianismo. De sorte que quando ambos dão as mãos, fascismo e messianismo, em condições únicas como as atuais, o presente se seca por irrigação ao passado. Segunda vela: sendo Jair Bolsonaro este “messias” ou o mito, nas condições em que lhe apontam uma possível prisão ou a sua “morte política&q

A manifestação de 25 de fevereiro , o mar e o Moisés de barro

Por Gilvaldo Quinzeiro  Silas Malafaia testará no próximo dia 25 de fevereiro, em manifestação da Avenida Paulista, se é ele o próprio  Moisés . O mar turbulento da nossa política faz muita gente se sentir peixe grande ou  barro impermeável!  Este será , portanto, um momento para se saber se as tempestades que Silas Malafaia tenta criar lhe servirão ao menos para limpar a cara dos que serão cuspidos. Caso contrário, há de se recolher a condição de mero calambanjo! Ao menos numa coisa Silas Malafaia servirá: dá a própria cara a tapa por Bolsonaro! Em troca de quê? Isso só saberemos quando as águas baixarem…. O que trarão as águas de março? O Brasil dos homens de “bem”,  a qual pertence Malafaia, esquece como Moisés esqueceu que, após receber os 10 Mandamentos, entre os quais “não matarás” - que abertura do Mar Vermelho significou também a morte de milhares de soldados egípcios - todos estes gente como a gente vivendo por seus deuses. A quem interessa , pois, a desobediência e confronto

“Macetando o apocalipse”?

Por Gilvaldo Quinzeiro A propósito de “macetando o apocalipse”, hit do carnaval de Salvador (2024), da treta entre Baby do Brasil e Ivete Sangalo, e para além das suas possíveis derivações e interpretações; eu acho sinceramente que tudo hoje é Carnaval, incluindo muitas pregações dentro das igrejas, e dos seus pastores fantasiados de deus. Isso é bom? Não.  Isso é real, e exigirá muito mais dos carnavalescos para não cairem na mesmice!  Isto é sintoma do esgotamento de que os caminhos que antes nos levavam ao Carnaval ou a Igreja, hoje nos fazem esbarrar no mesmo lugar.  Por exemplo, ao ‘palco, ’ que que serviu de encontro entre Baby do Brasil e Ivete Sangalo – não eram para estas estarem em lugares diferentes? Isto é o sintoma de que realmente estamos sendo atravessados, dilacerados pelas nossas Faltas, incluindo a Falta de Fantasia! A propósito, qual a Fantasia do pastor Silas Malafaia e de Bolsonaro na manifestação golpista marcada para o dia 25?

O elástico da realidade esticado pela estrema direita

Por Gilvaldo Quinzeiro   A realidade é como um elástico. Quando se estica uma das suas extremidades, a consequência é o seu rechicotear na cara de quem o esticou. Simples assim. A extrema direita brasileira, diga-se, os bolsonaristas, deveria saber disso antes de ter esticado o elástico da nossa realidade política. Mas, não. Aliás, o que é a realidade para a extrema direita brasileira? Em que terra habita? Em outras palavras, como diz a sabedoria cabocla, “não se deve cutucar a cobra com a vara curta! Sim, a extrema direita quis alterar o elástico da nossa normalidade. E agora, acuada, se passa como vítima. Começa-se a ouvir os pedidos de socorro aos Direitos Humanos! Como assim os Direitos Humanos não são coisas para bandidos? Ora, como o mundo gira! ´É exatamente naquilo que a extrema direita faz do seu chão, isto é, da sua verdade, onde reside a sua fragilidade, por isso as suas preces e suas pressas pelo fluxo das coisas. A pressa pelo “fim do mundo” é, por exemplo, a peç

O carnaval e suas releituras

Por Gilvaldo Quinzeiro Desde os gregos antigos, quando se celebrava a festas dionisíacas, o sangue tão presente nas guerras e na luta diária, era substituído pelo vinho; a realidade que comprimia os corpos, era substituída pelas asas da fantasia –, melhor assim do que não conseguir colocar o dedo na ferida ou a ferida na fantasia? O carnaval, que agora toma conta das ruas de todo o Brasil, é claro que não evita as feridas ou a morte nos acidentes; na violência das gangs de jovens também comuns neste período, infelizmente, contudo, como estancar o que na realidade escorre como rio caudaloso – um misto de fúria e angustia?  O carnaval é uma espécie de alquimia, assim como as festas dionisíacas. Tanto aqui, no carnaval, quanto lá, nas festas dionisíacas, a carne ferida era transformada em fantasia! Nestes dias, eu falava com um colega que está a pesquisar sobre o riso. Disse a ele algo muito parecido com o que agora escrevo: em todos os grupos humanos, seja na família, seja numa igreja, s

Ah, as nossas feridas! Herança do nosso passado?

Por Gilvaldo Quinzeiro Ferir-se do nada, quando o nada é aquilo mesmo que nos sustenta é aludir ao um estado de feridas “ancestrais”, algo recebido como herança do nosso passado longínquo de caçador e de guerreiros, quando, se ferir era vestir-se da normalidade daqueles tempos. Em certo sentido, estamos atados ou costurados em puídos laços de alguma coisa, logo, isso também dialoga com a edificação das nossas dores ou com o esforço de preencher os nossos vazios. Se existe o Inconsciente Coletivo conforme defende Jung, é aqui (ou lá) onde residem a tais feridas? Ora, o dito acima aponta o dedo para as feridas que, mesmo sem sangrar, dilaceram hoje os nossos jovens, conquanto, estes, habitando o conforto dos seus quartos sem darem ou levarem um sequer “tiro”, ainda assim, caem abatidos? Que tipo de feridas são estas? Até pouco tempo, se se perguntasse a um homem da roça, qual a sua identidade ou profissão, este orgulhosamente exibiria a mão encravada por calos e feridas da sua labuta diá

Da série leitura arquetípica sobre o mundo (I)

Como foi seu réveillon, primo?  Por Gilvaldo Quinzeiro 1 – Enquanto os homens tomavam drinques em comemoração à chegada do Ano Novo, as energias dos choques entre as placas tectônicas ou entre as aeronaves também em solo japonês nos alertavam do “novo sol nascente”(?). É como entre os Astecas, a serpente trocando de pele (?)...    2 - “ O mundo é um moinho”, como nos diz o sábio compositor Cartola. E para ser mais enfático, o mundo é uma velha locomotiva transportando homens, que acreditam em novos destinos.   Não sabem estes, dos muitos parafusos soltos, e das velhas cartas do baralho a marcar suas faces(?). 3 – Por aqui navios lotados de ilustres passageiros em réveillon paradisíaco a buscar novos ares para seus velhos males. Gente bonita e rica, mas também tão rasa para se atirar nas profundezas do mar por assuntos entre casais, que deveriam ter sido antes resolvidos em terra? 4 – Por aqui também inúmeros acidentes aéreos – sinal de que as energias entre a terra e os ares estão a ex

Da série psicanálise & provocações (V)

A morte de fio dental. Que sedução? Por Gilvaldo Quinzeiro  1- Nascemos todos pelados, mas nos preocupamos em vão, diga-se de passagem, com a roupa do enterro! Que paradoxo, não é mesmo? 2 - Quem é a morte, esta senhora que não poupou nem os faraós, estes que tanto primavam pela eternidade ? 3 - A  morte , digamos assim, é   o outro lado da moeda , assim como convencionamos a chamar um dos lados da roupa que usamos  de o  avesso. Em que lado fixamos a nossa face? 2 - É mais cômodo, entretanto, acreditar que só estamos vestido com o lado da roupa que agrada aos outros. Mas qual o lado da roupa que se cola ao corpo? 3 - A morte é o cós da nossa mais íntima vestimenta, um quase fio dental: “um salto para o mar revolto em plena festa de réveillon depois de uma discussão com uma pessoa amada”. Que coisa, não? 4 -Eis a morte se despindo para quem teme o nu?   5 -Pulsão de morte e pulsão de vida , freudianamente, os pares de opostos, a mesma face para diferentes sorrisos! 6  -Para a morte, as