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Mostrando postagens de 2018

Os passos e as passagens de ano: feliz quem sabe por quem caminha!

Por Gilvaldo Quinzeiro Somos únicos assim como o Sol. Andar em multidão? – não. Por mais que olhemos para os lados em busca de olhares aprovativos para os nossos tortuosos passos ou de muletas para os nossos pés cansados, fazemos a nossa caminhada sozinhos. São ilusórias as vozes, que nos pedem para olharmos para trás no exato momento em que colocamos os pés nas travessias. São ilusórias também aquelas sombras sentadas sobre uma pedra, enquanto nos rachamos ao meio de tanto nos sentirmos sozinhos! Por tudo isso, não é fácil seguir em frente! Preferimos as vezes culpar as pedras e os espinhos pela nossa falta do andar. As vezes culpamos o sol e as outras estrelas. Por último não agradecemos os pés por nada! Preferimos abortar a caminhada nos emprenhando nas estradas fáceis dos outros – estas que nos aparecem através de tantos convites! Na ‘Virada do Ano’, sim estamos em recontagem regressiva para mais uma mudança no calendário, e lá estamos nós de novo nos afogando na

A ausência de busca X fundamentalismo

Por Gilvaldo Quinzeiro O fundamentalismo, hoje, uma cova comum, infelizmente, pode ser compreendido como a ‘ausência de busca’, isto é, o esgotamento da utopia – daquilo que move em direção a algo! Pois bem, a ‘certeza’ de ter encontrado Jesus para alguns cristãos, por exemplo, pode, por conseguinte, ter esgotado a sua busca, e o resultado disso a perca de uma das coisas mais caras para o cristianismo – a humildade! O fato é que também em função disso, muitos passam acreditar mais na ‘verdade’, que acreditam possuir, do que na Verdade que somente em Jesus Cristo se encontra. Daí a importância da busca permanente! Na política, o fundamentalismo pode ser explicado da mesma maneira. Isto é, o esgotamento da busca da política como solução negociada para atender as diferentes e cada vez mais complexas demandas sociais. Na falha desta solução, abre-se o espaço para a imposição; e a imposição pelas forças das armas – a tirania! No ‘frigir dos ovos’, se há esgotamento dos son

O simbólico, o alvo e a a trajetória

Por Gilvaldo Quinzeiro O tempo em que a mais veloz das flechas levava para atingir seu alvo, na mesma época em que mão alguma empunhava ainda um revólver, morria-se mais pela prisão à lembrança de ter sido pela flecha atingida ou por que o impacto da flechada era mesmo devastador? Qual a graça que teremos em fazer a mesma comparação numa época não tão distante em que as nossas mãos terão, também, assim, como a flecha     tornado o uso do fuzil obsoleto? Se tivéssemos a oportunidade de volver no tempo, e, colocássemos   lado a lado numa mesma conferência, um egípcio antigo, um grego, um romano e um norte-americano atual e sobre à mesa destes postos uma flecha e um fuzil, qual destes dois instrumentos representaria para a todos os presentes o mesmo significado de uma arma? – claro que seria a flecha! Ora, o dito acima é uma introdução a respeito do simbólico.   O simbólico é da ordem daquilo que permanece. O simbólico da ordem daquilo que condensa o espraiado e o diverso.

O(s) João(s) de Deus e de tantas perguntas

Por Gilvaldo Quinzeiro O tempo atual revira as pedras, as pontas e as cabeças. Não há nada que não esteja sendo colocado em xeque. Do privado ao público; do profano ao sagrado; das catedrais aos casebres.   Tudo sacolejado pelo tsunami do tempo. Como o velho Freud diria, “perdemos o controle dos esfíncteres”. Mas não se assuste, pois, tudo isso é bem humano – ainda não passamos disso! O caso do médium João Teixeira de Farias, o João   de Deus,      e sua avalanche de denúncias de abusos sexuais contra mulheres de diferentes idades, somada   a outras levas de diferentes queixas contra o mesmo,   incluindo de chefia de organização criminosa, segundo aponta as investigações policiais, é um fato merecedor de uma ampla reflexão, se possível,   de cunho filosófico – por que não? Uma vez que se trata de um caso não só de repercussão nacional, como internacional, dado as denuncias feitas por mulheres de outras nacionalidades. Mas não é só por isso, João de Deus é um líder espiritua

É fogo? – a face de Deus!

Por Gilvaldo Quinzeiro Tudo é ‘espelho’, ora se não! De sorte que nos primórdios dos tempos, o fascínio do homem pelo elemento fogo, não se deu sem que aquele o tenho feito como Narciso diante da sua própria imagem refletida na água, isto é, terminado em chamas! O dito aqui nos faz pensar no quanto o homem precisou de tempo e aprendizagem para assimilar a face, que não fosse a sua. Nestes ‘destemperados e estranhos tempos’ em que vivemos, as coisas, que nos assombram, diga-se de passagem, que quase tudo – só vemos o que também nos convém escutar! Teremos nós amadurecidos o suficiente para contemplarmos uma face em Deus que não seja a nossa?

As mudanças humanamente topográficas

Por Gilvaldo Quinzeiro Saltar da caverna para erguer o mundo, foi quase uma eternidade para a humanidade.   Passos lentos e tortuosos foram dados, mas, enfim, nasce o homem. O que ‘diabo’ é mesmo o homem? -   Isso nem a caverna, que o abrigou na condição de útero durante longos milhares de anos, poderá responder! Se no passado o homem engendrou a si mesmo com o uso das mãos, dos pés e da cabeça – enfrentando frio e calor; chuvas e tempestades; matando ou sendo devorado por feras   -, no presente quem não recorre ao uso de avalanches de   analgésicos, soníferos e outros que tais, para se manter de pé diante dos ‘desconfortos’ da modernidade?   Quem não precisa do uso dos prejudiciais anabolizantes para se sentir musculosamente mais forte? Afinal o que é para que serve o corpo? Quem ainda recorre a própria memória para guardar ou se lembrar das suas travessias e travessuras? Como esperar que as ‘máquinas’ – as nossas memórias eletrônicas – possam nos aliviar dos nossos trau

A falta das coisas e das nossas faltas

Por Gilvaldo Quinzeiro Há uma ‘engenharia subjetiva’ na edificação das coisas, que nos falta. Chorar por elas é um dos nossos sintomas. Neste texto, vamos nos arriscar a falar sobre estas coisas. Isso sem conter um pouco de choro... As coisas, que nos falta, e pelas quais choramos copiosamente,   são exatamente aquelas para as quais não conseguimos dar nomes, isso não significa dizer, no entanto, que estas não possuam faces ou se encontrem distantes, fora de nós, mas pelo contrário,   estas podem ser   antigas inquilinas das nossas profundezas da alma! A falta da coisa, portanto, não significa necessariamente ausência ou vazio da coisa, mas aquilo que não alcançamos dentro de nós, seja com o uso da palavra, seja com o uso da mão! Saber localizar as coisas, que nos faltam não é uma das tarefas simples – é uma missão! É aqui que entra a engenharia da reinvenção do sujeito. Chorar por chorar, pode trazer um alivio momentâneo, mas isso não é de todo eficaz. Pr

Por quem se entorta o universo?

Por Gilvaldo Quinzeiro Entre o êxtase do gozo e o dilacerar da dor, pode até haver gigantescas diferenças ou não, contudo, não importa o que fazemos ou deixamos de fazer, nada vai alterar as orbitas das estrelas – ainda bem! As leis, que alterarão o caminho do sol, nestas podemos ter plena certeza, jamais serão pelas nossas queixas ou preces! Isso não significa dizer, entretanto, que devemos prescindir das preces ou dos nossos simples gestos como um sorriso, um aceno, um abraço e um aperto de mão – pois são exatamente estes gestos, que nos manterão vivos, enquanto o universo cumpri com o seu dever de casa! Um bom dia a todos!

O ‘diabo’ do sujeito e seus relacionamentos

Por Gilvaldo Quinzeiro Neste tempo traçado pela pressa; pela imediatidade dos olhares, estes, quase sempre fitos de cima para baixo, mas nunca alcançando a si mesmo: o que é afinal o sujeito? Pois bem, este é o tipo de assunto que para a ‘filosofia cabocla’ se iniciaria com a seguinte pergunta: “com quantos paus se faz uma canoa, meu fie”? – claro que o que menos se pretende com esta questão é obter a resposta – mas manter-se a conversa, ademais com o café quentinho no bule! Parece uma conversa simples esta, mas não será! Vamos adentrar alguns terreiros cujos donos não costumam receber bem as visitas. Falaremos, pois, do sujeito e sua ‘frágil’ constituição nos dias de hoje e seu possível desdobramento no campo dos relacionamentos afetivos.   Faremos isso sem o academicismo, que o tema por si só exige. Tomaremos alguns atalhos, e invocaremos     as coisas caboclas – uma espécie de abrir das porteiras! O abrir das porteiras! Se por um lado a realidade se tornou

As ‘raízes’ das nossas tendências

Por Gilvaldo Quinzeiro Se nós tendêssemos a contemplar mais as raízes que as flores, dialogaríamos melhor com o que verdadeiramente dar sustentação a todos os edifícios.   A relação entre pais e filhos, por exemplo, seria mais edificante.   E talvez, não precisássemos de tanta exposição midiática como justificativa de que somos felizes! A felicidade tão discutível, quanto abstrata, exige, no entanto, que tenhamos estruturas sólidas em sua busca, para, assim, enfrentar as intempéries. Ora, a busca da felicidade tem se dado mais em direção àquilo que ‘nos enche olhos’, e menos naquilo pelo qual os nossos pés agradeceriam! Mas, voltando as raízes das coisas, uma pena saber que os homens que mais contribuíram na condição de ‘pilares da civilização’, sejam exatamente, os menos reconhecidos, pois, jazem sob tudo que admiramos na parte de cima das construções.   Tendemos, por exemplo, a admirar a grandeza e os mistérios em torno das grandes pirâmides, porém, jamais v

O homem e a coisa, um diálogo mudo sobre nossas incertezas e a nossa aprendizagem

Por Gilvaldo Quinzeiro Nesta semana, que se finda, eu tive a oportunidade de travar um importante diálogo filosófico com os meus alunos. O assunto era a “incerteza” como objeto de reflexão da Filosofia do século XX e por consequência o Existencialismo.   Falamos das contribuições de Jean-Paul Sartre (1905-1980), dentre outros, e da Psicanálise. Um diálogo, portanto, nutrido de muita sinceridade e espanto! Um dos temas abordado, como não poderia deixar de ser, foi a depressão e o suicídio. “Se a existência precede a essência, como afirmara Sartre, então como explicar, por exemplo, que jovens que deixaram de ‘encantinhar’ a pouco tempo, e, ao tropeçar com os seus primeiros passos, optam pela morte”? Esta foi uma das questões por mim formulado neste diálogo. Partindo e inspirado nesta conversa, escrevo à punho a minha fragmentada e singela contribuição abaixo. Falo da relação do “homem e a coisa”, e suas possíveis engenharia no tocante a nossa subjetividade.   Ei-la.

Não economize sorrisos, nunca!

Por Gilvaldo Quinzeiro Em tempo de sorrisos largos apenas nos outdoors, e de cara feia estampada por todos os lados da realidade, ter olhos para apreciar o seu próprio sorriso é não se deixar capitular pelos espelhos falsos dos outros. Não nascemos sorrindo, é verdade, mas somos nós os responsáveis pelos desenhos futuros em nossa face. Que Deus nos livre dos dias em que um sorriso nos venha apenas como vaga lembrança feito a capricho na ponta do lápis! Não economize suas gargalhadas agora, mesmo que no seu exato momento não tenha ninguém ao lado para gargalhar também, pois, mais tarde, as lágrimas poderão lhe custar mais caro, ainda que cercado por tanta gente! Um bom domingo a todos!

O retorno e suas sequelas

Por Gilvaldo Quinzeiro Não há como seguir em frente sem retornar “as pedras” de todos os dias do caminho.   O nosso ponto de chegada, contudo, por mais longínquo que seja, não impede que para aquelas, as pedras, o eterno retorno é o que as mantém em si mesmas. As vezes o tropeçar é exatamente o que nos faz ressignificar a caminhada e valorizar o silêncio das pedras, que, se questionadas, poderiam até mesmo nos dizer que o lugar que ocupamos agora , a despeito das muitas raladuras,   é o mesmo que nos mantém fixo, e, se   perdemos de vista o caminhar, poderemos acabar do mesmo jeito que elas, as pedras,   petrificado!

O poço

Por Gilvaldo Quinzeiro Não há poço mais profundo e sem saída, senão aquele em que se cai todos os dias: em nós mesmos! Que conclusão assustadora, não? Sim. Porém, o mais assustador é a mesmice com que desviamos do caminho, que nos levaria ao fundo desse poço!   Entretanto, por ‘conforto’ nos afogamos com a primeira imagem nossa, que brota à superfície, tal como fizera Narciso. Este é o preço a pagar pelos artificiais sorrisos!

As mudanças: assim na Terra como nos Céus?

Por Gilvaldo Quinzeiro Do jeito que as coisas marcham, os homens não mudarão mesmo! Um caso perdido?   Mudaram-se as cavernas, mas não a rapidez com que nos aprisionamos a elas. Mudaram-se os meios de comunicações, até os múltiplos jeitos de passarmos os ‘recados’, mas não apressa com que somos alcançados pela solidão! Nunca a solidão fez tantas vítimas quanto nos dias atuais. Meu Deus! Já os céus, estes não demorarão em serem outros! – o sol que se cuide, pois, não tardará seu escuro? Os astrônomos ao varrem os céus com seus potentes telescópios, nos últimos dias, constataram     assombrosas e indigestas descobertas, como a mais recente - um gigantesco buraco negro no centro da nossa galáxia – uma espécie de cobra bem debaixo do nosso tapete! Isso sem falar em ‘estranhos comportamentos’ nos já conhecidos planetas, a exemplo de Marte, de onde se avistou uma enorme coluna de fumaça – erupções vulcânicas? Mas os vulcões de lá já não foram extintos? O que está provocando i

A conjuntura e a descompostura

                    Por Gilvaldo Quinzeiro É claro que o novo Presidente ainda não tomou posse. Há que se esperar pelo acontecer das coisas. Entretanto, já é visível o seu atordoamento (?). Quase uma espécie de “onde eu vim amarrar o rabo da burra”. Um acordar tardio para a complexa realidade brasileira – será? Sinal de que “jogou uma manga verde para colher a madura” – será? O retorno dos médicos cubanos, em virtude da “fala ameaçadora do Presidente eleito”, é no mínimo algo a se lamentar, especialmente por parte da população mais desassistida, a mesma que antes era atendida pelos médicos cubanos. Falar em mudança no Brasil, dando sinais de prescindir das relações dos países, com os quais o Brasil teve boas relações, como é o caso de Cuba, é no mínimo perder de vista o contexto da política externa e sua formatação na atual conjuntura mundial. E mais do que isso, é desconhecer a gravidade da situação interna, principalmente, no que tange a área da saúde (?). T

Pensando acerca da alma cabocla

Por Gilvaldo Quinzeiro Parafraseando um velho ditado caboclo. “Deus dá a farinha, mas a cuia, temos que tomá-la das mãos do diabo, pois, este insiste em tirá-la de nós”.   Ora, vamos agora teorizar sobre esta frase. Pois bem, a cuia é feita da cabaça. A cabaça, no imaginário caboclo, contém uma ‘inscrição’ feita pelas mãos puramentemente humanas, a boca. Logo, esta, a boca da cabaça, é prenhe de imperfeições – é aqui que o diabo aparece! Diz-se que a boca da cabaça é a única obra não feita por Deus! Pensar sobre isso é ir além. É ‘pesca’ a alma cabocla. O dito acima não deixa nada a desejar ao mundo grego, em especial, ao trágico, ao humano, e de modo especial, ao sofrimento de Prometeu por ter dado fogo aos homens. Mas voltando a farinha. Como imaginar que a mandioca, a matéria-prima da farinha, que é potencialmente um veneno, possa ser transformada em alimento? Eis aqui a mesma arte, que transformou a água em vinho? Como não se referir a ‘alquimia cabocla’? As c

O estranho espelho dos novos tempos!

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Por Gilvaldo Quinzeiro Bem, os novos tempos são tão difíceis e estranhos, quanto um “jumento falando na praça aos transeuntes”, isto é, não se sabe quem é o mais burro, se os que falam ou os que se calam. Contudo, o mais estranho é como de uma hora para outra, a racionalidade se tornou tão puída, e sem alcançar às profundezas das grandes questões! Das linguagens, a única não corrompida, é dos sonhos, falta-nos, porém, quem os interprete! A propósito, nestes dias, vi como nunca, tanta gente recorrendo a Sigmund Freud (1856 -1939) numa volúpia para dar explicações ao ‘desmanche’ de todo um quadro tido antes como civilizatório. Ora, este é o paradoxo de toda civilização – matar o que lhe convém, e ressuscitar o que lhe proverá de luz, conquanto, este também tenha sido morto nas mesmas condições de escuridão de agora.     Ocorre, entretanto, que Freud à sua época, teve a coragem de ir ao seu próprio inferno, o que contrasta hoje com que ninguém queira deixar a sua zona

Com a chegada das novas estações

Por Gilvaldo Quinzeiro Em tempo de mudanças bruscas das estações, precisamos seguir agora o caminho das abelhas em direção as flores, e aprender com aquelas a coletar pacientemente os polens, dando início assim, o repovoamento dos jardins. Mas não é só com as abelhas que devemos aprender.   Dos sapos, precisamos aprender a tolerância de saber lidar com o desprezo de todos os dias; dos cães precisamos aprender a lição de que uma verdadeira amizade não se desfaz por nada!   Jamais deveríamos ter perdidos a direção dos ventos. São estes que nos trazem o cheiro das coisas...   São estes que nos anunciam a chegada da primavera ou das noites frias de invernos... Jamais deveríamos ter apagados as fogueiras, e emudecido as canções! Enfim... Juntemos os remendos e as rosas, e recomecemos de cada pedaço. Boa segunda-feira a todos!

O 'barro antropomórfico' destas eleições

O Por Gilvaldo Quinzeiro A História é um bruto engenho das nossas convicções. Ao passar pelas suas engrenagens podemos sair na condição de ‘porcos ou calangos’, contudo, o que importa mesmo é assegurar as condições em que o pensamento emirja, e assim, poder repensar os rastros fincados na areia. O Brasil, às vésperas do segundo turno das eleições presidenciais, que ocorrerá amanhã, 28, vive a sua grande decisão. Talvez, a maior de toda a sua História, em virtude das peculiaridades da situação atual. Entramos em trabalho de parto. Cada individuo sentiu à sua maneira a sua poção de dor. Alguns se sentindo mais em ‘carne viva’ do que outros. Mas, enfim, nada do que está acontecendo é sobrenatural, e sim, brutalmente humano! E como eu tenho falado, o ser humano é da ordem daquilo que pode se transformar em qualquer coisa. E é pensando nisto, ou seja, naquilo que podemos vir a nos transformar, que, amanhã vou participar da votação, utilizando-me do mínimo de racionalidade que ainda

As faces e os estômagos das coisas...

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Por Gilvaldo Quinzeiro De novo, Gardênia Silva, aluna do 2º ano D, do Colégio Militar Tiradentes IV, me surpreende com uma eloquente pintura! De novo, sinto-me desafiado a ouvi-la; a capta-la pelo sentido auditivo! De novo farei da pintura acima o meu ponto de partida. Ei-lo. A face, poderia ser nas costas, brinco eu. Mas do que isso nos pouparia? Não são pelas costas que os fantasmas nos perseguem? Aquele olhar ou aqueles olhos (da pintura), não parecem estar olhando fixo para si mesmos? Que face cheia de tantas outras, incluindo a minha! Um sintoma pode se vestir falsamente de qualquer coisa, incluindo da nossa face. Ora, nestas condições, o sujeito se sente completamente ‘pelado’ não só aos olhos do outro, como aos seus também cuja função foi deslocada, como por exemplo, no dizer de Sigmund Freud (1856-1939) a escopofilia, isto é, o gozo pelo olhar. Pois bem, quando o ‘estômago’ do ego não consegue digerir as emoções, em alguns casos, cabe a

O que os céus têm a ver com estas eleições?

Por Gilvaldo Quinzeiro E em tempo de acirrada polarização, como a que estamos assistindo nesta reta final das eleições presidenciais, onde as ruas e as redes sociais têm sido palco de episódios marcados por ódio e intolerância, e com a tendência de agravamento, precisamos sim tomar consciência e nos precaver dos perigos que todos nós estamos correndo. Em vista disso chamo atenção para o seguinte: Primeiro, levando em conta que, em toda situação polarizada, quando, um dos extremos assume o papel de ‘deus’, ao outro lado não restará outra escolha, senão ser o contrário.   Aceitar esta última condição é cair nas armadilhas deste perigoso quadro bipolar. Polarizar com quem que seja neste atual momento, não é correr o risco de inflar a bolha ideológica do outro? Segundo, a fé é terrena, bem sabemos, e os céus não têm nada a ver com isso, nestas condições, entretanto, demonizar o outro nos esvazia de nós mesmos. Portanto, meu irmão, tome cuidado nesta reta final das eleiç

E as eleições, primo?

Por Gilvaldo Quinzeiro Pois é... Com um olho no peixe e o outro gato. E o terceiro? – na frigideira – é daqui que poderá sair a qualquer momento um bicho! É assim como estou vendo estas eleições, que entram agora na sua reta final! Outra coisa, primo: nunca foi tão difícil decidir o meu voto.   Tenho até a hora da votação para tomar uma decisão. Foi mais fácil para mim decidir em quem não votar! Enfim... Pelo inflar das frases, que serviram de marcha para os acontecimentos que antecederam a atual campanha eleitoral, tais como “panelaços”, “apitaços” entre outras, eu não teria como melhor iniciar este texto. Ou seja, provando do caldo quente pelas beiradas – foi assim que meu pai me ensinou! Vejo, primo, muito “peixe fora d’água” se passando como gato esperto – mas que nada! -   o terreno pantanoso, que tomou conta da cena política não esconde a condição de muitos jacarés!... Aliás, primo, a respeito destes ‘jacarés’, eu já venho falando há tanto tempo que ni

Quando uma imagem nos devora?

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Por Gilvaldo Quinzeiro Pintura de Gardênia Silva A impressionante obra de arte acima é de uma aluna, Gardênia Silva, do 2º ano D, do Colégio Militar Tiradentes IV. Ao ver tal obra, de cara, fiquei mudo de alguma forma! E não pude conter o meu desejo de tentar captar não só     o seu aspecto visual, mas sobretudo o ‘auditivo’ – o meu jeito de dialogar com o imagético. É claro que isso não me seria possível sem antes também ouvir a autora!... A propósito, este texto ainda que partindo de uma imagem, não é do imagético que se ocupará, e sim da escuta. De imagens estamos todos ‘empanzinados’, se antes as escutássemos não teríamos os nossos olhos fixos com tanta tristeza no futuro – tal como a imagem aqui aludida – esta não está à espera de quem simplesmente a contemple, mas sim de quem a ouça(?). Uma imagem quando não captada a partir da escuta, ela não é outra coisa senão uma ameaçadora esfinge que, tal como na Mitologia está à espera de ser decifrada: “decifra-m

O "oxente" das eleições: que diabo é isso?

Por Gilvaldo Quinzeiro Este texto tenta captar o olhar do sertão, como se diz, “para o nascente”, no que tange o momento eleitoral conturbado pelo qual passa o Brasil. E por que o olhar do sertão? Exatamente pelo aspecto místico e messiânico que ganhou a disputa eleitoral – algo antropologicamente intrínseco ao nosso imaginário! Entender esse “imaginário” é fundamental no que se refere a nossa compreensão do atual grau de complexidade em que a questão levantada se insere: que diabos plantamos para colhermos tantos fantasmas? Para atingirmos a nossa meta vamos percorrer um espinhoso caminho tal qual as veredas do sertão. A cada volta uma sombra; uma moita; uma pedra... Que queiramos ou não somos todos uma espécie de ‘sabugo’ à espera de uma benção! E para começar a nossa visão cabocla, eis uma assombrosa constatação: nunca “deus e o diabo” foram tão invocados, citados, comparados numa eleição quanto esta, que está em curso! Até parece que estamos encenando o “Auto

Entre a 'cruz' e o 'fuzil', qual será o símbolo da mais nova cruzada?

Por Gilvaldo Quinzeiro Que os tempos ficaram difíceis, disso ninguém duvida. Aliás, é bom que se diga que nunca houve tempo fácil. Veja então as queixas de Parmênides ou Heráclito; Platão ou Aristóteles; Júlio Cesar ou Otávio; Jesus ou Judas. Enfim. Cada tempo é prenhe de si mesmo. A questão é saber se a dor é de parir ou por nada sentir. O discurso apocalíptico, no qual se afoga muitas das correntes religiosas do nosso tempo, todas prenhas da filosofia do ‘quanto pior, melhor’, pois, de outra forma não se constituiriam enquanto tais, têm também às suas algemas presas ao ‘fundamentalismo político’. Talvez pela falta de perspectivas, ao mesmo tempo em que dependem do cumprimento de suas profecias, oscilam ora na busca do novo messias, alguns dizem que já o encontramos, ora na figura daquele que imediatamente a tudo destruirá. Um paradoxo, portanto. O fato é que religião e política nunca estiveram tão ‘casados’ como no atual contexto da realidade brasileira. E, diga-s

Olho por olho. Uma releitura da nossa crítica situação.

Por Gilvaldo Quinzeiro Se de repente o olho direito ‘polarizasse’ com o olho esquerdo e vice-versa, acerca do que veem, ocorreria então que o espinho, mesmo furando um dos olhos, seria visto pelo outro, o do olho não furado como o “bem”. Ora, à luz da sabedora egípcia, o que está acontecendo dentro e fora das redes sociais; nas ruas; nos bares; enfim, no Brasil como um todo,   no que se   refere a polarização política entre a chamada Direita e Esquerda, o que aliás não é de hoje, o que é de hoje é a completa cegueira de ambos os lados, estamos furando os dois olhos que temos, e, ainda assim, enaltecendo os espinhos! Em outras palavras,   em se pensando a coisa como um todo, e é assim que devemos agir (os antigos egípcios pensavam assim),   pois,   isso nos pouparia de muitos   riscos,   há se entender que, Direita X Esquerda é parte do todo, isto é, da realidade brasileira, tanto que,   os erros de um   estão entranhados no que outro lado   percebe   como     acertos. Is

Eu, o peixe também das minhas desilusões

   Por Gilvaldo Quinzeiro Abrir a janela no afã de ver o sol da manhã brotar dentro de casa, é fácil. Muitos fazem disso um hábito enfadonho e sem nenhuma intenção poética: tudo com a mera pressa de fugir da escuridão e do frio da noite passada, e nada mais!   ‘Pescar’ o dia de hoje fazendo do último fôlego a isca – eis o abrir da verdadeira janela - isso só nos será possível quando compreendermos     também que o ‘peixe’ de ontem, nada agora para além do mar que constitui a intenção deste momento! A vida não é só aquilo que nos escapa como peixe por entre os dedos, mas o que também permanece, e se emprenha e se engraça de nós mesmos! Valorizar ou reciclar o que ainda nos resta nas mãos, a parte nossa de cada dia, nos pouparia o tempo, a cabeça e os pés correndo atrás daquilo que já se foi, e que em outras águas, talvez até mais escuras, tenta sobreviver se passando não mais por peixe, e sim por jacaré. As vezes a fome de peixe é que nos faz esquecer o mar!.

O ‘elástico’ esticado chegou ao seu limite!

Por Gilvaldo Quinzeiro Bem - bem?   – como eu venho chamando atenção através dos meus textos reflexivos (há algum tempo!), a crise brasileira não é só política e econômica. Esta faz parte de um contexto maior que é a ‘crise civilizatória’ pela qual passa a humanidade. Podemos até falar em crise planetária, isto é, os processos de mudanças ora em curso, que são de natureza astronômicas – tudo isso com sérias implicações para a humanidade. Portanto, tal crise tem algo de um âmbito mais geral ao mesmo tempo em que tem algo de particular, esta última são as nossas velhas mazelas como a corrupção, por exemplo. Tudo misturado e fervendo no mesmo caldeirão! É aqui que precisamos agir com sabedoria: o ferver deste caldeirão não pode ruir a casa toda! O combate a corrupção não pode nos transformar em seres abjetos. A nossa fome de comida não pode nos fazer arremetermos com a própria flecha. O que assistimos ontem, e que merece ser repudiado por toda a sociedade, independentement

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Por Gilvaldo Quinzeiro A realidade é aquilo que nos abocanha. De outra forma não teríamos noção da nossa boca, e sim da nossa fome. O ato de devorar, portanto, erige as ‘iscas’ do nosso medo: a realidade cheia de dentes. Estamos claramente imersos naquilo que é aquoso. Naquilo que é aquoso estamos imersos. O que nos é obscuro e penoso, no entanto, é a nossa condição de ‘peixe frito’.

Um punhado de realidade por uma cuia de farinha!

Por Gilvaldo Quinzeiro Entre a realidade e a ficção não há um ‘punhado’ de separação! A cerca, que antes separava um do outro, caiu na primeira ventania de ontem trazendo consigo os ares dos novos tempos. Um novo tempo prenhe de si mesmo no curto espaço entre o fio dental e a boca de quem mais nada abocanha. Tudo se tornou o mesmo fio elétrico ‘descascado’ nas mãos de quem se acha conectado! Mas quá! Quer saber mesmo o que é a vida, meu filho? - então se disfarce de ‘carne viva’! Cuidado com os urubus! Mas não prenda seus olhos no alto! O serpentear entre o bem e o mal é cobra grande, e de duas cabeças! Uma pena para quem não sabe o porquê de as mãos permanecerem ocupadas, e do perigo da existência de tantas ‘varas curtas’! Enfim, meu filho, não espere que os sapos engulam suas palavras. Entretanto, quanto aos homens não há duvidas de que estes engolem os sapos. Em terra de sapo ver um homem em pé é porque não restou mais nada! Tome cuidado! Uma leitura precipit

Viver: imperativo categórico!

Por Gilvaldo Quinzeiro Quem quer que deseje pensar a morte em quaisquer que sejam os seus sentidos “a morte pensada”, “a morte matada” ou “a morte morrida”, este tem necessariamente que estar vivo, porque de outra forma tornar-se-ia impossível tal esforço.   Portanto, a vida é antes de tudo, a única condição sob a qual podemos nos esforçar para dela sairmos ou permanecemos, melhor exemplificando, a vida é, sob certos aspectos uma “bolha” onde residimos, de modo que um simples gesto de respirar ou não respirar faz toda a diferença, incluindo o do estouro desta.   Iniciamos o nosso   exercício do pensar, que resultará em mais um texto, este, com as premissas acima iniciadas, sabendo que, tal exercício   mesmo sem querer citar Immanuel Kant(1724-1804), mas consciente que tal esforço nos seria impossível sem   “bebermos em suas fontes”, especialmente no que tange aos seus Imperativos Categóricos,    iremos costurar este difícil tecido reflexivo também     mergulhados nas água