Postagens

Mostrando postagens de julho, 2014

Falando de dores. Um parto!

Gilvaldo Quinzeiro A dor. O que dizer? Como evitar?   O que seria do ato de nascer com a ausência de dor?   Que parto não principia sem as suas contrações? A dor, portanto, merece ao menos uma palavra. Aqui começa um trabalho de parto! Deste texto eu fui engravidado há poucos instantes numa conversa com meu pai. O dito aqui não é   algo incestuoso,   embora, a principio, soe assim.   Pois bem, nesta manhã de domingo, eu e meu pai, travamos um diálogo sobre as coisas da vida, e entre estas, aquela que nos parece   inevitável, a dor. Entre um assunto e outro, as nossas dores estavam mais do que viva em nossa conversa. E, entre um silencio e outro,   ouvíamos o grito das nossas feridas! Num certo momento, não me controlei, e eis que pari     o seguinte: eh!  temos ao menos que tornar a nossa dor, a melhor entre todas   as dores do mundo! Fiquei espantado com o que acabara de nascer de mim. E agora ao retornar para casa,   tive que expurgar de vez o restante   da min

Que diabo goza no sagrado que nos tortura?

Imagem
Por Gilvaldo Quinzeiro Um dos castigos mais cruéis de que se tem registro é o "burro espanhol", no qual as vítimas eram colocadas nuas em um aparelho que tinha o formato de uma letra V invertida com as pernas entreabertas. A ideia era fazer com que o peso da própria vítima cortasse o seu corpo em duas metades. Para deixar a situação ainda mais agonizante, pesos eram amarrados aos pés da vítima, forçando o corpo delas para baixo. Na ilustração acima, o artista Bessonov Nicolay retrata como funcionava o "interrogatório" com o uso do aparelho durante a Idade Medieval  Os homens e suas invenções de torturas.   Como “gozar” destruindo o templo do gozo do outro? Eis os engenhos que nunca cederam a pressão por mudanças. Isto é, em todas as épocas, as coisas do Corpo seduziram o homem, seja no sentido do Corpo como espaço sagrado para a realização do gozo; seja o   Corpo como espaço também sagrado da dor   - da dor que aos olhos do outro

Um tom de cinza para os nossas dias de varas curtas. E se fosse 50?

Por Gilvaldo Quinzeiro Enquanto lá fora   os aviões são derrubados dos céus por “varas de futucar coco”; e em outras partes, os caminhos por terra são abertos com bombas, pois, para a paz faltam-lhes pombas(?) - ,   uma chuva de escritores morrem por aqui provocando de uma só vez,   uma seca na nossa cultura.   Talvez até na cultura viveremos dias de tanta sede!! Em outras palavra, parece que o “tom de cinza”   dos nossos dias, pegou a todos nós de varas curtas. E via de regra, nestas ocasiões, só as algemas se fincam, pois, a carne já ficou mole demais!... Imagine, 50 dias! Pois bem, nestes dias em que   já pegamos de 7 a 1, se fosse de 4, até que poderíamos ser aproveitados em filme pornô   - ,   uma vaca trepada sobre um poste de iluminação pública – é patada bem em cima daquilo que teima em permanecer duro! Então como não dizer nestes dias, ai? Ou seria melhor dizer ui? Ora, como se não bastasse ver o coração de dezenas de crianças sendo dilacerados pel

A morte de Ariano Suassuna?

Imagem
Por Gilvaldo Quinzeiro A morte no sertão é peleja entre os que teimam se fincar no brejo como sapo e   os que se serpenteiam   pela areia escaldante como cobra.   Mas a morte por aqui   não é nenhuma surpresa, pois é o que a qualquer dia já é esperado.   E quando esta chega   há dias com seus sinais, se abarrancam também as visitas.   Gente de todas as opiniões e juízo   dizendo como se deve velar ou enterrar o defunto. Uns cuidando de cortar a corda da rede; outros já pelando o porco no palheiro   – motivo de tanta gente a gargalhar no terreiro! “Traz a cachaça”! “Prepara o espeto”! “Manda chamar toda a cabroeira”! Ariano Suassuna que o diga, este,   como ninguém   foi vivo neste cenário em que a morte reinava.   Eis porque Suassuna sabia com tantas minucias da morte de uma cachorra querida,   bem como a   de um detestado   valentão.   Suassuna só não sabia de letra sobre a sua morte apressada -   esta que deixa órfão o Brasil das suas letras! Vamos

Enquanto isso na Faixa de Gaza

Por Gilvaldo Quinzeiro Alô primo,   estou te ligando para avisar   que logo mais uma bomba cairá bem em cima da tua casa! Se você escapar, me liga de volta! Segundos   depois....   “Baroom! Baruuum”!   Fim da ligação. Pois bem, os velhos conflitos usam as novas   maquiagem do tempo de agora.   Quanto a isso, nenhuma novidade. O novo é a nossa dependência dos "salões de beleza". É aqui que todas as serpentes conquistam uma vida nova. Uma   vida nova, contudo, sem o disfarce da face   velha. Tudo de fato são “retoques” num mundo que cada vez   mais se torna   tão antigo. A propósito, ontem,   enquanto fazia a minha caminhada vespertina, pensava:   “vejo toda esta gente correndo. Uns   para ganhar   corpo. Outros,   para perdê-lo. Vivemos numa época em que todos  nós temos a necessidade de sermos   “sarados”, ainda que   pisando sobre as próprias feridas. É assim que o tempo de agora nos exige. É assim , pois, que temos que ser? Na verdade,   a

Para não dizer que não falei em meu próprio Nome, enquanto os homens estão se matando em nome dos seus deuses. Uma breve reflexão sobre o conflito israelenses X palestinos

Por Gilvaldo Quinzeiro Nestes dias de céus de bombardeios, os mesmos   céus nos quais se opõem o Deus de Israel e o Deus dos palestinos, enquanto que,   no solo, na “Faixa de Gaza”, crianças, homens e mulheres têm seus corpos plantados em disputas   pela “Terra Prometida” – o que nascerá deste conflito (israelenses X palestinos)   onde a fé de um,   pode ser silenciada pela forças das armas do outro? Que Deus pode ser melhor do que outro, enquanto seus filhos, já não se veem nem como semelhantes? Que Céu pode ser melhor do que a Terra, enquanto,   o Inferno é plantado   com Sangue e Suor das mesmas faces que acreditam serem semelhantes a dos seus Deuses? A propósito, eu tenho pensado o seguinte, se os deuses não se cansam de enviar “seus filhos” rumo às terras prometidas; terras estas que ao invés de leite e de mel, vertem sangue; o sangue, inclusive, de muitas crianças que, a despeito de tais promessas são vitimas ainda em condição de “meras sementes”   -, que ao menos

Entre o compasso de Niemeyer, as curvas do amor: quem sustenta quem?

Imagem
Por Gilvaldo Quinzeiro O amor na sua engrenagem e na sua paixão que nos ergue do chão,     me faz lembrar   a arquitetura genuína de Oscar Niemeyer – as vezes o que lhe sustenta é o inefável – não as   curvas que lhe expõe ! Ficar de pé, contudo, não significa não   ter que se curvar diante da engenharia do tempo que desgasta toda e qualquer obra. O amor também é assim:   esculpi-lo depende de mãos e muita imaginação, assim como fez Oscar Niemeyer em suas obras!... Que todo amor dure enquanto se puder dele ter inspirações!

Em tempo de mares desérticos, como ser peixe? Uma introdução a condição existencial na qual se afunda o sujeito.

Imagem
Por Gilvaldo Quinzeiro Somos   peixe ao mesmo que lançamos o anzol ao mar.   Mas também somos o pescador ao mesmo que engolimos a isca. “Ser o peixe nosso de cada dia”, eis a condição diária de ser o Sujeito. Mas entre ser ou não peixe-pescador, pescador-peixe, há o mar que já nos abocanha, enquanto imaginamos ser apenas um pescador dos seus encantos! Portanto, somos também movido pela fome que nos fisga para além da boca que deseja apenas   comida. Isto é, a engenharia que nos faz ser ora, peixe, ora pescador, também pensou que nem todos os peixes necessariamente possuam escamas. Assim também, como nem todo pescador,   necessariamente, está   livre,   de um dia,   se ver na   sua condição de isca. A vida é também o anzol   na sua ponta que mantem   fisgada uma outra vida.   Aprender, pois,   a pescar todo dia, inclusive no dia em que “ o mar não está para peixe” , é se tornar peixe, em condições em que o mar há muito tempo já foi substituído pelos desertos

Eu passarinho do meu assobio

Por Gilvaldo Quinzeiro A morte. Quem a assobia? Alguns até lhe pedem carona.   Estes, quando lá do outro lado, nunca voltaram. E aqui ficamos ansiosos por alguma noticia...   A morte não é nó e nem metáfora, mas não há como falar dela, sem a ela se antecipar. Isto é, morrer, ao menos em palavras, é dela nada poder falar! Melhor que seja assim, não? A existência é rasa. Poucos são os que nela mergulham fundo. E viver no raso, é quase como morrer... É como querer fazer todas as travessias preso a um cipó: o ir longe é certeza de se despencar em seguida. Somos um pêndulo a travessar uma fogueira de um lado pro outro: quando não queimado na ida, na volta quem de nós testemunhará que fomos sapecados? Ora, ora, vamos sorrir, enquanto   podemos ser pra nós o próprio espelho: dispensemos, pois, a pressa! No que tange a   prece, a   pressa!

Na disputa das Eleições: nós eleitores, “os pernas de pau”!

Imagem
Por Gilvaldo Quinzeiro Agora sim, vai começar a grande e decisiva disputa: as eleições! Nestas disputas, é bom que se diga, fomos sempre derrotados – nunca vencemos uma partida sequer! E em todos os jogos,   a tática adotada tem sido sempre   a mesma: até as próximas eleições,   e pé na bunda! E qual tem sido a nossa resposta? Votar com a bunda que nos abunda, pois, de cabeça somos escassos! A Copa do Mundo 2014, se foi esta   ou não “a copa das copas”,   agora já é passado. No presente, as mesmas   questões que mobilizaram tantos pela não realização do mundial que já nos escapou.   Entre estas questões, uma precisa ser mais do que   esclarecida: com qual “face” vamos escolher os nossos novos dirigentes desta grande Nação? Serão estes tão “mascarados”   quanto as faces que não queriam aqui a Copa do Mundo? Vamos pra rua agora pra combater o quê? Pra qual rumo apontarão as faces dos nossos     votos? Portanto, nestas eleições, onde o que estar   realmen

Sete pontos: uma reflexão que nos aponta para “o apagão” da nossa seleção!

Imagem
  Por Gilvaldo Quinzeiro Neste breve texto, 7 pontos são apontados   para uma possível   explicação ( Outra )sobre “o apagão” da seleção brasileira nesta Copa do Mundo. Este fracasso nalguma outra dimensão pode ter sido recebido como uma verdadeira vitória? Leia os 7 pontos apontados nesta reflexão que,   grosso modo, é quase “junguiana”. Que me perdoe quem não   considerá-la   assim! 1 – Sobre o inconsciente coletivo . No inconsciente coletivo do povo brasileiro estão sendo travadas batalhas; batalhas essas   movidas por   desejos de    profundas mudanças. Tais Mudanças   não se identificariam   com a realização da Copa.   Ainda que esta nos levasse ao “hexa”. Por outro lado, as manifestações de rua com incêndios e   depredações – foram a forma violenta para externar   o que de outro modo não seria visível para a grande Nação – este desejo de mudanças! 2 – sobre o sentimento. Ambiguidade: “vamos ter ou não a Copa”? A beleza das arenas X o desvios dos recurso

Mané Garrincha, cadê você?

Por Gilvaldo Quinzeiro Eh Mané Garrincha!... “Torta” mesmo é essa nossa seleção. Esta   andou quase toda Copa engatinhando.   Lá para o meio     ficou   de 4,   e,   no final, quando     se esperava que fosse   se erguer – se arreganhou de vez!...E pensar que você Mané, fez muitoooooooo   com e por muito poucoooo! Eh, Mané que “balada triste esta de 7! Logo o 7,   o número da sua camisa! “Cadê você? Você passou “(...). Francamente, foi   Moacyr Franco   que homenageou você! Ouçam!

Brasil X Holanda: em jogo a nossa filosofia de jogar. Uma pequena introdução a nossa grande necessidade de um novo aprendizado!

Imagem
Por Gilvaldo Quinzeiro O que se joga no jogo de hoje: A derrota já escancarada? A vergonha já merecida? Ou   a toalha   já se dando   por vencido? Eis as questões que nos remetem a filosofar. Aliás, é a nossa filosofia futebolística que está em jogo. Estamos nós diante do sepultamento do nosso estilo de jogo? Seremos   nós capazes de nos adaptarmos ao novo estilo de jogar? Quem é afinal   o dono deste novo estilo? Portanto, no jogo como o de hoje, a disputa do terceiro lugar (Brasil X Holanda), com a possibilidade real de   nos   contentarmos   apenas   com o quarto, é se colocar no lugar de quem de fato precisa aprender com o jogo. Ou seja, o   tão sonhado “primeiro lugar”, fica para quem aprendeu com as derrotas passadas. Logo, a lentidão do nosso aprendizado, digo, da seleção brasileira, é contrastada com a pressa com a qual muitos já se viam   com “a mão na taça”. Que a nossa despedida desta Copa do Mundo, “a Copa de todas as Copas”, não sejam pelas por

A velhice. De quem é aquela face do outro lado do espelho?

Imagem
Por Gilvaldo Quinzeiro A velhice é   um lugar Outro. Só quem o alcança sabe por que não adianta andar com tanta pressa. Chegar aqui é se dar conta de que   finalmente atravessamos o “caminho do espelho” – não há nada do outro lado, senão aquilo que imaginamos um dia ter sido! Ah! Eu fui isso! Ah!   Eu fui aquilo! A velhice é onde o “sabugo” em sua condição existencial   já sem o milho, tem que se manter erguido, isto é, na falta daquilo que antes alimentava o espelho, temos que sorrir a despeito da face que nos cega! Quem de mim me espera agora, depois de tanta   pressa em lugares em que não me demorei? Ah! Agora finalmente chego onde sempre estive: dentro de mim! Mas eu sou quem mesmo, espelho meu? Por fim, quero pintar com esta frase os meus cabelos: O conhecimento torna a alma jovem e diminui a amargura da velhice. Colhe, pois, a sabedoria. Armazena suavidade para o amanhã”. Leonardo da Vinci