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Mostrando postagens de janeiro, 2011

Uma dívida do tamanho da Austrália

Gilvaldo Quinzeiro Do tamanho de uma Austrália que se afoga, da outra que se esturrica ou da que as tempestades arrancam, nos tornamos todos anões diante da natureza que nos espera para ajustar as contas com ela!... Nadar, não é uma equação. Ajuntar o que sobrou dos escombros é fazer matemática do que a história já está muda de contar!... Uma Austrália pra cá é quase todos os nossos rios no último dia de janeiro!...

Só para degustar

Gilvaldo Quinzeiro O vinho, quando degustado na intenção de antecipar as palavras, vale como substituto dos sussurros, não aqueles que nos escapam, no lugar do corpo dizer, mas, os que nos silenciam quando tudo mais já é explosão!... Na sua falta, só as uvas!...

O pescador

Gilvaldo Quinzeiro O pescador, o rio e a tarrafa, naturezas distintas, porém, nada que as palavras não consigam amarrar... Contudo, o nó que não se afrouxa este sim é do rio. O peixe na armadilha é das mãos do pescador que dá conta!...

Escuridão

Lucas Beleza No meio da escuridão. Nasce uma paixão. Por favor, me dê a mão! È hora de esquecer a solidão!... Esqueça o tormento. È hora de fugir do sofrimento. Encontraremos a luz. Pois o nosso guia é Jesus! Encontraremos a saída . Vamos pular de alegria! Ah! Não posso esquecer de dizer: Amo você!

A fé que nos engorda de medo

Gilvaldo Quinzeiro Pensando bem, Caxias chia em todos os “buracos fundos”, porém, o mais profundo de todos é aquele no qual caímos ao nos deixar acreditar que um grupo de homens sem quaisquer escrúpulos possa comprar a alma de todos. Mas, quem ainda tem alma nesta cidade? A igreja de cada um, não é também a que ergue os que comprarão os votos dos também dissidentes na fé? Ora, senhores na prévia eleitoral que já teve início, os colunistas especializados em política, dão até a receita do prato a ser degustado na próxima reunião entre as famílias que já estão gordas de comer a cidade!... Se ao invés de uma política para a cidade cuja falta nos emagrece, o que se discute é apenas “nomes”, o que significa que nada mudará entre os que são postos em discussão, então por que não escolher apenas um boi de um dos donos da cidade para encerrar logo o assunto? Filosoficamente falando, o berro do gado, não é que este amedronta o capim, mas, faz nascer no dono o desejo das futuras cria

Faça um sinal da cruz

Gilvaldo Quinzeiro No reality show o sujeito é esfolado  e jogado no interior das casas, onde o prato que farta esfomeia os olhos de ver; das crianças já abusadas aos velhos gordos de comê-las!... Tal como nos tempos colonial, o sujeito era cortado e desconjuntado à vista de todos olhos para enfim, servir de exemplo. Que exemplo? A fome de imagem! Mas, sobretudo a nossa aneroxia em relação ao tudo que ergueria um mundo sem tantas apelações.... Apelar para os olhos é correr o risco de não poder abri-los para outras coisas realmente belas. Em contraste a toda bunda que já virou nossa cara, nada se ver!...

Ainda falando da morte

Gilvaldo Quinzeiro O suicida, “morre” sempre antes de enfrentar em si o que há em si para ser enfrentado. Ou seja, antes de tudo, ele é aquela criança que quando numa situação embaraçosa sempre foge num tapete voador. Isso significa dizer que a morte que lhe é recorrente, não é o fim em si mesmo, mas apenas um lugar do “esconderijo do corpo”. Esconder o corpo, a criança faz muito isso, quando coloca as mãos no rosto, num gesto mágico que lhe faz “desaparecer” diante do que lhe é avassalador. O suicida portanto, é uma criança que brinca de “desaparecer”. Mas, a morte, esta é implacável. Brincar com ela é como o fogo, ou seja, é só para se queimar!... O corpo como lugar dar dor e do prazer é uma realidade primeira, aquela da qual se cria uma outra, ou outras... E nestas, a fuga pode nos aproximar muito mais rapidamente daquilo que o corpo sente apenas como ameaça: a morte! Portanto, com a morte o que "desaparece" aparece em tudo que nos sustenta. Uma pena não nos v

Com a morte, o que se capta?

Gilvaldo Quinzeiro A propósito do que tem noticiado a imprensa local a respeito dos números crescentes de suicídios , 6 só este mês, o texto a seguir pontua a temática, não com a pretensão de esgotá-lo, mas, com a de abrir a discussão. Ei-lo. Primeiro, os números por si só devem ser levados em conta pelas autoridades, não só para se porem em estado de alerta, mas, no sentido também de fazerem um estudo investigativo sobre o problema, condição esta necessária para que se saiba as causas. Segundo, a natureza humana é tão ambígua que, como afirmaria Freud, “há em cada um de nós uma pulsão de morte”. Isto é, há algo em nós que se sente atraído pela morte! Terceiro, a morte, seguramente é o que nos espera lá na frente. Ou seja, já estamos indo ao seu encontro. Quarto, o que nos “atrai” na morte não é esta em si, mas, o que encontramos nesta de nós. Quinto, se estas mortes foram cometidas como “respostas” ou como “solução” a algum problema, então a realidade nas quais estes

Quem enterrará quem?

Gilvaldo Quinzeiro Sobreviver no mato sem cão: impossível! O faro do cão se fez nosso, o osso antes só nosso, hoje é do cão. Mas, antes quando o osso era disputado entre nós pela força que devorava os fracos, o cão éramos todos nós! E nas tragédias, a orfandade dos cães significa o quê?

Uma mãe louca

Gilvaldo Quinzeiro A loucura é a mãe daquilo que não soubemos devidamente deixar criar em nós, mas, ainda assim, algo se desabrochou, não sem aviso, mas com a força de quem nasceria sem precisar de parto e batismo! Como capim que nasce nas entranhas de um poço, a loucura não é tão funda que não se possa colocar a mão. Fundo mesmo é se deixar cair prescindindo da daquilo que, como capim, poderia nos aliviar a queda!...

Sopa de mosquito

Gilvaldo Quinzeiro Se tudo é cíclico, do vômito da natureza sobre nossa face ao “novo” que já é velho, então precisamos colocar “as barbas de molho”, sob pena de nos afundarmos num estômago qualquer, e, já como excrementos ser aproveitado como minhocas. Quem quer servir de isca para famintos tubarões? Pois bem, em recente artigo publicado pela revista "The Scientist", o cientista Van Huis diante da previsão da falta de alimentos sugere o consumo de insetos, enfatizando as propriedades protéicas dos mesmos. Esta também não seria enfim, uma solução para acabarmos com o mosquito da dengue?

Ser estrada sempre

Gilvaldo Quinzeiro Florir na dor que nos seca. Ser ponte na falta de travessias. Ser também o outro a nos sorrir, quando tudo em nossa volta é solidão! E, quando só nos restar apenas a nossa própria sombra no sol a pino, saber fazer desta o nosso brilho é aproveitar bem a luz ao nosso dispor!.. Enfim, quando a estrada desaparecer na imensidão, nada mais a fazer, senão se sentar ao chão, enquanto nos emprestamos novos olhos!

Acorde, e se pegue saindo pela janela!...

Gilvaldo Quinzeiro A vida que nos escapa pela janela, enquanto acreditamos dormir com ela, é a que vai edificar com muita engenharia, outros lugares para além dos que já passamos!... Acontece, no entanto que ainda nem acordamos das noites anteriores, e não nos damos conta de que um novo dia amanheceu, e assim, toda porta estará fechada. Não há chave para quem se fecha. E nem porteira aberta para quem se escancara de vez. Pescar todo o mar de uma só vez, é apodrecer no instante, o que poderia levar tempo para se contemplar deitado numa rede! Bom café com bocas, frutas e bolos ao lado!

A face que dá fome de ver

Gilvaldo Quinzeiro A coisa na arte é sua face lambida para despois se escapar quando a arte se fixa. A arte é eterna na face que oculta, isto é, a coisa que se ver na arte é fecunda da face que nunca se fixa. Logo, o que se lambe na arte já não nos serve de alimento. Uma coisa é certa: nunca a arte terá estômago para digerir a coisa que lhe dá faces!.. Portanto, a arte haverá sempre de nos provocar a fome, não obstante, o tamanho da face que esta representa!

A estética das perdas

Gilvaldo Quinzeiro Na vida o que se perde é como o fogo, isto é, esteticamente bonito naquilo que nos encanta, porém, de fato não pertence a ninguém - se para sempre são cinzas! As perdas, portanto, são inevitáveis. E quando se perde o que erroneamente se acreditava ser para sempre, é fogo ter que apagar o apego!

A imagem do fundo que nos afunda

Gilvaldo Quinzeiro A pintura da roda que roda com gente é uma obra, não para ser exposta, mas vivida. Uma roda de gente sentada ao chão contanto histórias de lugares distantes... Eis o quanto ficaríamos mais próximos das coisas que não se alcançam com a mão, mas com a alma cheia da fantasia!... Nos falta, no entanto, ir até a cacimba para apanhar a água, e com esta apreender a nossa própria imagem. Esta imagem, certamente a veremos balançando na cuia com água, é ai que devemos bebê-la! A sede da nossa própria imagem: eis a fonte da loucura que nos encharca!

A lamparina e amor: uma equação de fogo!

Gilvaldo Quinzeiro A lamparina e o amor, conquanto, a primeira vista, não tem nada haver, podem sim, ter semelhanças entre si. A lamparina, ainda que cheia de combustível, que lhe poderia provocar uma explosão, é salva por um pavio. O amor, é da natureza que também faz brotar o ódio, o discernimento porém, o faz evitar as catástrofes que poderia também matar!... A lamparina quando ilumina, ainda assim é escuro: quem procura uma agulha, cabeça bate! O amor é escuro quando clareia: quem o encontrar sofre por não ter clareza de que é realmente amado! Contudo, sem lamparina e sem o amor, toda casa arria!...

Pena dos que não podem voar!...

Gilvaldo Quinzeiro O choro pelos cães órfãos é a medida de uma tragédia de muitos donos. Entretanto, as cidades são construídas para “patos e gansos” que voam. Mas, para quem não passa de um “pintinho" como homem, as cidades deveriam ser feitas para galinhas, pois estas sim, abrigam e protegem!”. Mas, enfim, o tempo agora é das raposas!.... Quem perdeu tempo em sendo “pavão,” dá pena!....

Com os cães para aprender ser

Gilvaldo Quinzeiro Com Porto Príncipe abandonado, nada se ergue, só se constrói cães famintos. As promessas de ajuda só passaram nas tvs para os outros veem. Passado um ano debaixo dos escombros, a imagens ainda são as mesmas; as mesmas das promessas de ajuda, e, de concreto, tudo ainda arriado no chão! Aqui, as imagens de um cão abandonado velando a sepultura dos seus donos, nos aumentam a esperança de ver gente ao menos como este cão para não ter que enterrar todas as promessas de mundo melhor com pouca gente que nem merece ser velada!.. Das tragédias somente as lições, porém, se com estas nada se têm aprender, então pra que ficar comparando cão com gente? Salve-se quem puder para as outras!... Os cães já sabem ser!...

Uma tomada de consciência

Gilvaldo Quinzeiro Em tempo de lama que dá liga, e não do celular que quando na lama desliga, a face que surge é a que soterra de espanto! O espanto de ficar sem face: é o que nos espeta. A outra que balança se foi junto com tudo que não nos liga: mundo de fiapos! E assim, mais vale a lamparina que pouco ilumina; o pilão que tritura tudo que se pode comer de “cambica”; o tamborete no qual se assenta sem o fundo está branco; o pote cujo fundo se alcança com uma mão dentro,  a ter de “tudo” pra nada, quando as tomadas de nada servir!... Tá ligado?

A saia e os olhos: estamos todos nus ao olhar

Gilvaldo Quinzeiro Uma saia para cobrir os olhos que veem é a justa medida para abrir o olhar despido. O olhar pois, ver além dos olhos, uma vez que estes, conquanto, soterrados é um olhar achado por quem ver por tras de tudo que cega aos outros. Em outras palavras, uma saia é apenas uma saída para além dos olhos cegos, ou seja, o que despe o que para os olhos é tapado, é o olhar que penetra e devassa tudo o que ver! O que nos falta neste dias que nos cegam, não são os olhos na cara, mas o olhar que nos arranca de tudo quanto é escuro! Um olhar que se aproveita da saia para se apoderar do que esta esconde aos olhos. Dito de outra forma, o olhar é a boca pela qual comemos esteticamente o que nos alimenta, não o estômago, mas a alma faminta!... Justamente neste tempo em que não se sabe qual a finalidade do uso da saia, nem a dos olhos, há almas famintas de outros pratos e colheres. Ora, a saia também tem fome! A fome de quem, quando comida se ver sem saída, e se ainda sai de sa

O homem e a cratera: em comum só a fome?

Gilvaldo Quinzeiro O homem e a cratera nascem da  dor que rompe. A dor que rompe é da natureza das pedras que afundam no fundo. O homem, quando quase já em pedra pela dor, faz desta a imagem que cura. A cratera quando se abre pelas pedras que despencam das encostas, faz destas a imagem que devora a fé mais faminta de cura! O homem adentra a cratera para se desvencilhar do fundo que lhe escapa. A cratera quando adentra o homem o afunda no fundo sem que este lhe escape. A cratera quando ronca se desperta para avançar sobre as pedras que despencam até a cama mais próxima subir . O homem por sua vez, quando ronca se aprofunda no sono para rolar até da cama cair, ainda que bem perto de uma cratera!... Enfim, o homem e a cratera. Um se afunda em si para romper com o fundo que lhe atola. O outro é atoleiro graças à falta de fundamento para romper em si o fundo do fundo! No final, todos se acabam cabendo dentro do outro!

Velas acesas na lama!

Gilvaldo Quinzeiro Quão escuro, no fundo do buraco que o morro nos aterra ficou: uma cidade inteira pede vela! Outra escava a ambulância do socorrista que se fincou no chão! O que é aquilo? Um carro em cuja estaca ficou a balançar os pneus! E minha pele nova que ainda nem bem saiu da clinica, encharcou-se de lama, onde a “ferpa” no pé, se comparado com os corpos soterrados, é apenas cócega! O cheiro que fica, o do bicho no pé é loção!...

um amigo na corda bamba!

Gilvaldo Quinzeiro Quem nada viu no rio: a mulher, o cachorro e a corda. Três coisas sob o duro o olhar da natureza! Uma reflexão: a enchente nos faz nada! Nadar só quando ainda há tempo...Tempo para se agarrar a corda! E o cachorro? Este se foi!... Em tempo de “corda bamba”, salve-se quem puder amigo! Acorda ou a corda!

Safras de balões

Gilvaldo Quinzeiro Nós nos assistimos nos BBBs ou estes nos fazem ser o que se verá nos próximos? É estranho ser no que se ver!... Mas, o que se ver é só puramentemente espelho? O que esperar de uma geração que não se ver com os pés no chão? Ora, nunca se viu tantas “vassouras” elevando-se do chão com gente, jovens principalmente, que vivem a “passear” num mundo completamente fora de si. Serão estes os que sobreviverão aos desabamentos que nos aterram ao pescoço? Somos famintos de que imagens? Ou já não estamos obesos de tanto ver?

Vamos fugir?

Gilvaldo Quinzeiro Um lugar para o rio dormir. Outro, só para o homem acordar? Uma escola para quem quer estudar. Outra, só para ser apedrejada? Uma estrada para viajar. Outra, só para quem deseja se matar? Uma cidade só para morar. Outra, só para quem está de visita? Ora, não passamos de umas simples cigarras que passam a primavera toda cantando, mas, quando chega às chuvas de verão, só então é que se pensa em ser como as formigas! Ocorre, entretanto, que, com as enchentes se vão também as cigarras que até poderiam se transformar em boas formigas. O problema então, é como enfrentar as chuvas em sendo apenas cigarras!... Em outras palavras, só “fechamos a porta, depois de roubados”! Por outro lado, as complexidades da vida urbana, nos exigem ser mais do que formigas. Isto é, precisamos ser “enfrentadores” das adversidades. Isto não significa dizer, sair no meio da tempestade só com a lamparina na mão, mas, antever o caos(pensando) e nos adiantar a eles(agindo). Para isso

A quem pertencerá a face que descartamos?

Gilvaldo Quinzeiro Quando o Egito antigo abrir as portas para o hoje que nos apressa em esquecer tudo do passado, para só ao “presente” pertencer, então já não mais seremos de pedras que nos perpetuou a face, mas apenas de sorvete que nos envelhece para daqui a alguns segundos outras faces ter. Sem duvida nenhuma, a pressa de pertencer ao presente que, como sorvete se derrete saborosamente das nossas mãos, este, de fato só nos "desfaceliza". Ou seja, o presente não tem face, se a tivesse, seria a nossa, porém, é da nossa que esquecemos quando, atordoados pertencemos ao presente. Pertinência, uma palavra tão bem falada, porém, sem efeito prático nenhum na volatilidade do presente. Ora, como pertencer a alguma coisa, se de tudo nos afastamos para viver aquilo que apenas nos diz respeito, a saber, as especificidades? O pertencimento, não é outra coisa, senão também se encontrar presente na mais antiga argila esculpida. Nesta, encontraremos no mínimo a face que aos

Aplauso?

Gilvaldo Quinzeiro Das chuvas que afogam o sudeste do Brasil, as neves que congelam o sangue dos europeus ou das enchentes das quais canguru não pula na Austrália, nada para, exceto o homem apressado que já não tem onde parar seguro! Enquanto isso as autoridades caxienses rosnam entre si para saber com quem a cidade fica. “Se pior do que tá não fica”, como diria Tiririca, então quem é o palhaço? Claro que é o povo! Mas, pensando bem estamos todos afogados. Ninguém pensa no bem para todos, muito menos se este bem é a natureza. Aqui os riachos correm sujos de tudo. Limpo, só os caras-de-pau que lavam seus carrões com a água que falta na casa dos pobres!... Pobre dos pobres que nadam, nadam e morrem afogados, e quando no enterro, aplauso quem recebe: o doador do caixão! De aplauso em aplauso quem não se envaidece para ser o próximo “coveiro” da cidade?

Sem palavras

Gilvaldo Quinzeiro Quando o mar furiosamente bater na janela, e as palavras se afundarem no vazio que já nos encharca, então a eloquencia de se ver o mundo estará completamente muda! Nada: é de peito que se ficará de costas. De frente, só o mar nos engolindo a língua. Uma palavra só: ainda é tempo para se ser peixe?

Uma profecia para amanhã e depois

Gilvaldo Quinzeiro Um ano depois deste ainda bebê, as porteiras serão abertas para tudo em nome das vacas ser. Serão mais quatro anos de quatro; bezerros falantes em busca de tetas; vaqueiros adestrados só para aumentar o gado! Na tv, um galo de terno preto aparecerá mais de uma vez. Seu muito obrigado, não será decifrado, mas, chifrado estará o povo. O ovo do galo enganará as galinhas. Mulheres precoces sentarão na escrivaninha, sua assinatura valerá uma pena! Pena das galinhas sem seu galo. Beco do Galo, mudará de nome. Sovaco da Jumenta em nada nos lembrará, quando ali perto se fazia cangalha! Um menino metido a besta pedirá voto. Promessas e profecias farão rimas: lima, limão, facão e cacete! Eis que muitos se lembrarão do tempo em que se brigava de jucá! Uma vaca com a cara de gente. Já surgiu, e não morrerá. Seu leite nunca derramou, mas atrás dela andam muitos bezerros; até jumento brabo já amansou!... Uma cidade de seis letras, já deu nome a outras duas, fora um

Com cuspe, tudo passa!

Gilvaldo Quinzeiro Após o corte do cordão umbilical somos arremessados para além da nave mãe para vivermos como lagartixa: desprender-se da parede, para de novo escalá-la, e, não sendo camaleão, viver da graça de cada mosquito engolido! È de fato duro a vida! Mole é uma lagartixa que, em tendo de se fazer de minhoca, é cuspida de volta: aranhas trepadeiras! Contra estas, só prego! O do homem, quando consegue, dorme na teia. Para alguns, viver na lama é mole. Duro, é se enfiar todo!

A dor de parir novos homens!

Gilvaldo Quinzeiro Caxias está grávida! Grávida de um outro tempo que não este, onde o parto é feito do descuidado e da desesperança! Precisamos fazer parir uma outra cidade, bela e boa para se viver, não para poucos - estes mesmos que abortam as nossas esperanças – mas para todos! Precisamos de obras sim, mas não estas que só enaltecem seus construtores que “posam de donos”, mas, aquelas que nos alimentariam a alma e o orgulho de ser caxiense! Um parto de novos homens e novas idéias, eis as nossas dores e contrações! Mas, este tardará, pois, ainda somos regidos por prostitutos!

O homem, o chapéu e o cavalo

Gilvaldo Quinzeiro O homem, o chapéu e o cavalo. De fato uma espantosa combinação: adereços diferentes na composição de uma estética! Uma equação cujo resultado favorece apenas ao homem? É possível que sim, a menos que o cavalo passe a reivindicar o chapéu para si. Aí o cavalo, certamente seria o homem! Nos tempos virtuais de hoje, o chapéu está mais para o homem, do que o cavalo, mas não o contrário, isto é, o homem para o cavalo. Nunca, para o cavalo do homem as celas foram tão pequenas! O homem, o chapéu e o cavalo. A cabeça na qual o homem usa o chapéu, não causa nenhuma inveja ao cavalo, mas, ao contrário, não se pode afirmar em relação ao homem! Entendeu? Então coloque o chapéu!

Um piscar de olho

Gilvaldo Quinzeiro A vida é apenas um breve instante de “ir a sala e retorná a cozinha”. Isto é, pouco tempo para se ficar apenas lambendo os dedos e tempo demais para se ficar só comendo. Ocorre, entretanto, que, enquanto se lambe apenas os dedos ou enquanto se come até à tampa, não há mais tempo para se voltar atrás: foi-se! Pode ser que ambas as portas se fechem no tempo em que passamos lavando as mãos, e o que nos restou foi apenas a pia! Mas, e quando também nos faltar à água? Haverá ainda o que se comer? Teremos “sorriso” para mais uma fotografia? O tempo que uma fotografia leva para ser apagada da lembrança, não é mais do que aquele que se leva para riscar o fósforo! Portanto, tenha tempo para não perdê-lo!

A forquilha de cumeeira

Gilvaldo Quinzeiro Um repente, um pente no cabelo, um vento que abre a porta. E, nadinha lá fora!... Uma casinha com a porta de esteira, uma forquilha de cumeeira , uma lamparina quase se apagando sobre a mesa. E, a ventania trazendo os pingos da chuva!... Um bode berrando no terreiro, uma galinha cocoricando os pintos, um caboclo quase cochilando com um cigarro no bico. E de repente, o trovão!... Valei-me meu Deus! O céu agora clareou tudo e o chão destabacou de vez!...

O meu primeiro lápis, foi tango

Gilvaldo Quinzeiro Como um dançarino de tango, eu escrevo pelos salões da vida passos escritos a lápis de ponta grossa, isto é, na certeza de repetir, não o que cai aos olhos do outro, mas aquilo que em mim só se apaga esfregado na ponta dos dedos! Mas, por enquanto baby, sigo andando pelas calçadas esburacadas de Caxias! Com susto, corro das vacas que pastam nas praças que deveriam servir aos poetas e aos amantes. Aqui ainda não se tornou Buenos Aires, nem Caxias do Sul, mas, um pouco melhor do que São João do Sóter. A família do prefeito mora em condomínio fechado, e nas pizzarias se come “à caxiense”, mas, bem ao lado, no “Beco Tira -Tanga” se come tão bem!... Sabe, isso me fez lembrar das lapadas que peguei, quando escrevia em “garranchos” que ainda se agarram em mim: O meu primeiro tango! Apague e esqueça!... Hoje, 02 de janeiro, é samba. Pelos  carinhos da Dilma, eu me mudo daqui!

O amor no espelho é do outro

Gilvaldo Quinzeiro O amor, diria Freud, é só um grande espelho no qual uma terceira pessoa se faz presente em todas as cenas entre um casal de amantes, para, depois do gozo se eclipsar, isto é, uma trindade sem a qual, todo o amor perderia as chamas! Sorte de Freud, pois, este se queimado pelas chamas, certamente se fez de trempe! Menos mal, se comparado com aqueles que, usaram da lança para estraçalhar no espelho aquilo que nem de “quatro” era seu! Tudo é pedra, exceto o espelho!