Os egos e seus intestinos. O luto por uma sociedade doente
Por Gilvaldo Quinzeiro
Casos como o do assassinato de Eduardo Paiva Batista, 39
anos, paulista de São Vicente, morto por uma vizinha, em frente a esposa e a
filha de apenas três meses, depois de, cinco minutos antes ter descido gentilmente
do prédio para abrir o portão para esta mesma vizinha; como o da escola
Thomazia Montoro, São Paulo, onde uma professora foi morta a facada por um aluno de
13 anos, do 8º ano são sinais de que vivemos numa sociedade em que as pessoas estão
em carne viva. De modo que até o cheiro e o sotaque do outro se tornam insuportáveis.
O ódio não só roubou a nossa capacidade de escuta, como a
nossa pele! Enquanto isso, paradoxalmente, nos fixamos ao espelho: nunca nos
dedicamos a cuidar das nossas feias aparências!
Vivemos numa sociedade prenhe de coisas, onde pais enchem os
filhos de bugigangas, e esquecem de lhes dar atenção; onde cuidamos mais das espinhas
do que da alma; onde preferimos perder os dedos aos anéis. Em outras palavras,
estamos todos muito doentes, e o socorro que é bom, nada!
Mulheres sendo caçadas e mortas pelos seus ex-namorados ou
maridos dentro de casa ou no local de trabalho. Pessoas sendo mortas ao irem ao
encontro marcado pela internet. Pessoas estão sendo mortas depois de uma banal
discussão num jogo de sinuca ou numa mesa de bar. Amarrem-nos que estamos
ficando loucos?
Isso é só aponta do iceberg! O ego, no esforço de
sobreviver, adquiri musculatura de uma aranha: nada que lhe impeça de ser refém
das próprias teias. E, quanto mais esforço, mais se expõem os seus intestinos!
No dizer de Freud, “perdemos o controle dos esfíncteres”! Festejemos ou
enlutemos as nossas merdas cotidianas?
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