A Série Setembro Amarelo (texto 1). O bebê, cavalo das suas fomes


Por Gilvaldo Quinzeiro

 

Este texto, o primeiro de uma série, é uma provocação acerca do viver; do viver em tempo de avalanches de preces apressadas e de gigantesca população de pavios curtos. Contudo, não se trata de aconselhamento ou algo do tipo, apenas tem como objetivo suscitar reflexões.

Trataremos aqui dos três primeiros passos decisivos da vida pelo bebê, cavalo das suas fomes. Ei-los.

Pois bem, os três primeiros decisivos passos da vida são os seguintes, a saber, primeiro, romper com a casca protetora. Segundo, se jogar nos braços do estranho mundo do outro. Terceiro, conhecer as afiadas lâminas da realidade com a própria boca. E todos estes decisivos passos são dados na condição de bebê, que, a rigor ainda nem engatinhava; não distinguia o outro de si e muito menos sabia para que serve a boca. Tudo é fome de todas as fomes!

Nesta fase fomos todos cavalos de batalha, porém, sem ainda termos ‘patas, olhos, que veem no seu sentido pleno, bem como sem dentes. Nesta fase, somos, portanto, um ovo sob as pesadas botas do destino! Um simples ‘pisão’, aqui, e, lá estarão esmagadas todas as nossas embrionárias condições!

Em outras palavras, como eu costumo falar, a vida não é conforto, e, se fosse, nunca teríamos saído do útero. De modo que, seja, lá o que tenhamos ganhados da vida, se asas ou patas, estamos sempre em volta com a experiência do viver.

E seja lá, qual for a sua batalha de agora; seja, esta em que campo for, não se compara com a que travamos quando éramos todos bebês.

Portanto, um dia, um bebê venceu as batalhas mais decisivas, e, diga-se de passagem, em condições incipientes, de quase um ‘ovo’. Devemos ser gratos a este corajoso e milagroso bebê – registro inegável das nossas primeiras vitórias! Cabe nós agora não só afeiçoar aquele bebe, como aperfeiçoar as suas incipientes ferramentas.

Viva a vida! Salve a façanha de todos os bebês!

 

 

 

 

 

 

 

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