O buraco é nos discursos!



Por Gilvaldo Quinzeiro


Se depender do anúncio das novas descobertas, que dão conta da presença de água em vários corpos celestes  tanto distantes, quanto nas cercanias do nosso sistema solar, como Encélado, uma das 60 luas de Saturno – estamos diante de  um claro sinal de que precisamos no mínimo mudar a nossa narrativa a respeito das  coisas sob pena de cairmos no esvaziamento não só dos nossos discursos, como também da  nossa alma. Aliás, o que é alma senão a tentativa da construção de uma narrativa acerca do inefável: na ausência desta ou quando esta não se presta mais a nada, então, eis que assim, nos é apresentado o buraco, o fundo do poço!

Este é um dos sintomas do discurso contemporâneo: o desabamento de todas as encostas!

Afirmar que a vida se limita a este pequeno planeta chamado Terra, ao mesmo tempo em que a despejamos pela janela -, é não se dá conta de tantas evidências dizendo o contrário! É possível que haja inúmeras janelas pelos quais podemos nos ver caindo.

A assombrosa fotografia de um buraco negro publicada recentemente nos meios científicos, e que por si não deixou de causar tanta polêmica, somada a outras novas descobertas, revelou que estes monstros cósmicos não só existem de verdade, como pode devorar sistemas inteiros! Sim, amanhã ou depois poderemos receber a indesejável visitas destas coisas, que, sempre estiveram ali nos olhando a engatinhar! Bilu! Bilu!

 Estas novas descobertas, entretanto, não só nos revelam o desconhecido, o novo, mas sobretudo a nossa ignorância!

O nosso “assim na terra como no céu”, a cada dia se torna completamente mais diferente e inóspito. Tudo pode ser igual à que nunca imaginamos, e até mesmo o que pensamos ser, uma estrondosa bobagem!

Por fim, o dito aqui nos revela uma espécie de suspenção da conversa, a falta mesmo do que dizer, isso é o que chamo de esburacamento do discurso, tal como um lanche é interrompido pela queda de uma mosca em nossa sopa!

Enfim?

Comentários

  1. Ótima reflexão. Os discursos estão mesmo esburacados e até ausentes numa amplitude de esferas...

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