...enquanto isso ali nos bares

...enquanto isso ali  nos bares
Por Gilvaldo Quinzeiro
“Com quem você pensa que estar falando”?
Se esta pergunta fosse feita nos primórdios dos tempos, a resposta poderia ser:  ou você é aquele que será o meu almoço quente do meio dia ou você é aquele que me desejará jantar frito mais tarde! 
Ocorre, entretanto, que nos primórdios dos tempos os homens ainda não dominavam as palavras, logo, a boca era também os olhos a procura de carne; de carne, diga-se passagem de qualquer coisa, incluindo as já devoradas pelos urubus!
“Com quem você pensa que estar falando”? 
Para ser sincero, eu não sei! E as vezes me dá medo em saber quem seja. Eu só sei que tenho insistido em dizer que há entre nós quem não seja mais um de nós.
“Com quem você pensa que estar  falando”?  
No ninho do tempo, ao calor do nosso ódio, todo tipo de   ovos estão sendo chocados, uma simples ida ao barzinho, o barzinho, que não estará mais ali na esquina, a esquina, que não mais se parecerá com aquela   esquina de antes; poderá nos fazer deparar à luz dos nossos olhos cegos com uma venenosa serpente ou com um escorpião à procura da sua outra cara metade!
 “Com quem você pensa que estar  falando?”
Por que hei de pensar? Por que hei de responder? Tu não es também o mesmo tipo de inseto a se camuflar dos magros sapos, quando os brejos há muito tempo já se transformaram em escuras nuvens a pairar sobre as nossas cabeças?
Tim-tim!

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