Manifesto em defesa das coisas realmente belas
Por Gilvaldo Quinzeiro
O mundo ficou vergonhosamente feio de tanta gente que se
acha bonita, mas que em um só olhar murcha todas as flores do jardim. Este é o peso
de não nos dedicarmos com nenhuma força ao cultivo da beleza interior, e
escovarmos apenas as coisas por fora; as coisas, que não nos dizem respeito,
pois pertencem as outras faces. As outras faces que se afogam no mesmo rio pelo
qual se apaixonou Narciso!
Neste sentido, e também nos outros, é que precisamos nos
inspirar mais em Hefesto, o feio, o
manco, mas que soube de dentro de si forjar como nenhum outro, as ferramentas
utilizadas pelos outros deuses, sem as quais, poderiam estes ser rebaixados em
suas pomposas exibições – iscas para os que só possuíam pele!
Que os poetas com seus versos tortos; que os menestréis com
suas vozes roucas e que os apaixonados com seus olhos em brilhos acordem as
cidades afogadas em seus cimentos – sentimentos mesquinhos, e que em nada
acrescentam ao sol, que entra de graça todos os dias em nossas férreas janelas
adentro!
Que a força, que nos arremete por braços mecânicos à Marte,
nos leve a proteger o nosso planeta da morte dos insetos, pois, sem estes,
seria nos igualar sem noção e sem juízo a vida que até agora não encontramos
por lá!
Que a vida errante dos loucos nos lembre de preservar a
nossa frágil saúde mental – escudo em qualquer guerra, em especial aquela promovida
pelos que acreditam ser os portadores da bandeira do bem, e que por isso se
acham os mais justos e santos entre os homens!
Que a pintura de Picasso nos quebre a cara sem que seja
preciso escancarar a boca diante de um bombardeio de outra Guernica.
Enfim, pelo fim de toda hipocrisia!
Só o amor nos salvará da solidão da Terra e da nossa mesquinhez
diária - barro da nossa mais bruta solidão!
Uma maravilha de texto, inferências felizes, metáforas que nos levam a refletir fora da caixa. Abrir a mente e o coração é a chave mestra de seu texto! Parabéns!!!!!
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