Ah, as nossas feridas! Herança do nosso passado?
Por Gilvaldo Quinzeiro Ferir-se do nada, quando o nada é aquilo mesmo que nos sustenta é aludir ao um estado de feridas “ancestrais”, algo recebido como herança do nosso passado longínquo de caçador e de guerreiros, quando, se ferir era vestir-se da normalidade daqueles tempos. Em certo sentido, estamos atados ou costurados em puídos laços de alguma coisa, logo, isso também dialoga com a edificação das nossas dores ou com o esforço de preencher os nossos vazios. Se existe o Inconsciente Coletivo conforme defende Jung, é aqui (ou lá) onde residem a tais feridas? Ora, o dito acima aponta o dedo para as feridas que, mesmo sem sangrar, dilaceram hoje os nossos jovens, conquanto, estes, habitando o conforto dos seus quartos sem darem ou levarem um sequer “tiro”, ainda assim, caem abatidos? Que tipo de feridas são estas? Até pouco tempo, se se perguntasse a um homem da roça, qual a sua identidade ou profissão, este orgulhosamente exibiria a mão encravada por calos e feridas da sua labuta diá...