Cobrem das cobras. Corram dos homens?
Por Gilvaldo Quinzeiro Neste tempo ferido pela ausência daquilo que é duradouro, do que é afinal feito a nossa pele que espinha: das palavras que ferem até nos transformar em pedregulhos ou das feridas já escamosas que transformamos em palavras? Sim, as palavras são as substituas das pedras, quando estas eram arremessadas como armas únicas para afugentar as feras; as feras que poderiam ser o outro, logo, aquelas, as palavras, são também pontudas, e ferem não só a pele, mas adentram também a alma! Ora, o dito acima nos leva à condição de meros seres rastejantes, tais como as serpentes, porém, com uma diferença fundamental, qual seja, o nosso ‘veneno’ não nos impede que venhamos sentir o desejo de estarmos plenamente em outra pele. Em outra pele também ferida e marcada pela ausência daquilo que é essencial e duradouro! O que é então hoje duradouro, senão a vontade de abocanhar a própria pele? Nesta relação especular entre o homem e a serpente, uma certeza, porém...