O osso duro de roer
Por Gilvaldo Quinzeiro
Se ao cão tivesse sido dado a faculdade de pensar, tal como
o homem que pensa que pensa, escolheria aquele, viver na pele de um homem?
E quanto aos homens,
os que se dizem possuir a faculdade de pensar, e da qual se orgulham tanto,
como explicar a ‘escolha’ daqueles homens cuja vida é tal e qual a de um cão?
Bem, ao menos numa
coisa o ato de pensar, atributo dos homens, torna o homem radicalmente
diferente dos cães: a ‘invenção’ da morte seja como punição seja como liberdade
às suas prisões.
Sim. A morte ao menos no que tange ao seu sentido simbólico,
é invenção dos homens. Neste aspecto, os cães seriam teoricamente mais felizes
do que os homens, posto que a sua morte é algo ditado pela natureza. Ora, o
dito aqui significa dizer que só o homem morre antecipadamente.
Estranho isso. Mas, a questão levantada aqui é
filosoficamente importante! Os cães vivem estoicamente. Já os homens, bem, estes
apenas penam!
Pois bem, há ‘cálculos matemáticos’ que dão como certo o fim
do mundo para o próximo dia 23 de abril. Isso mesmo, na segunda-feira! Mas, não
se preocupe: os cães não deixarão de comer ou perderão o sono por causa disso!
E você não vai viver bem e intensamente até amanhã?
Outra coisa: esta não é a primeira vez que se anuncia a
previsão para o fim do mundo. As outras também falharam. E esta, certamente, se
tiver certa, qual o problema? Morrerão apenas aqueles que perderam tempo demais
por não terem aprendido o sentido, o faro da vida com os cães.
A vida é um osso duro. Que o diga os cães. Mas nós
desperdiçamos não só as comidas, como o tempo escolhendo tudo que nem sempre
roemos. Alguns preferem mesmo as unhas. Outros, os próprios pensamentos.
Um bom final de semana a todos!
Comentários
Postar um comentário