O trágico em tempo de lobos!
Por Gilvaldo Quinzeiro
Depois da avalanche de tanto ódio, do rugir dos dentes, do
sangue quase saltando às veias, o trágico! Extensas tragédias em um curto
espaço de tempo em terras brasileiras provocadas por lamas, vendavais e fogo! Três
elementos constitutivos da mãe-natureza que, para o grego antigo, daria um bom
diálogo reflexivo, e para nós homens atuais, um misto de lobos e sabugos – o que
isso significa?
“Era o esperado”, diria os mais espiritualistas, tendo em
vista o acumulo de densas energias? E se esta premissa for verdadeira, a
sequência da tragédia já foi suficiente para realizar a ‘catarse’, agora no
dizer de cunho mais psicanalítico?
O trágico por si só é da ordem daquilo não se ‘palavrisa’, por
isso mesmo nos coloca em algum lugar do qual não deveríamos ter saídos. Talvez
nos remeta de volta ao nosso ‘parentesco’ com o barro, mas não só isso, nos
tira dos pedestais.
Se por um lado as tragédias, que assolaram o Brasil, nos últimos
dias despertaram em alguns o mais profundo espírito de solidariedade – estes ainda
permanecem Homens; por outro, também despertou os nossos piores instintos,
muitos oportunistas e aproveitadores da situação – estes permanecem lobos. São destes últimos que vêm a nossa pior
constatação: podemos sim, em que pese todas ‘as preces e as pregações’, ainda devorar uns aos outros – que
não nos venham outras tragédias!
Aqui fica a nossa torcida para que todas famílias atingidas
de uma forma ou de outras por estas tragédias, possam ter força para continuar
seguindo em frente!
Que NÃO venham outras!
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