O fantasma, a fenomenologia, o discurso do Presidente e as outras coisas que nos assombram!



Por Gilvaldo Quinzeiro



Não é que “Deus esteja morto”, mas a seca de homens sepulta o que também se antropomorfiza. E nestas condições todo espelho ressuscita o que os demônios têm também de nós mesmos! Aliás, nunca os demônios se trajaram e se comportaram tão bem quanto nos atuais tempos.

A Fenomenologia, em especial, Edmund Husserl (1859 - 1938) tenta estudar a relação entre o sujeito e o objeto, mais precisamente no sentido de dá  a coisa, o que da coisa há, ao mesmo tempo em se esforça para descoisificar o sujeito. Ou seja, estuda a relação dos fenômenos com a consciência.  

E agora levando para um terreno do fantasmagórico, quiçá, psicanalítico, não há como humanamente falando ir ao inferno sem nele se transformar. As vezes a boneca se transforma em sua dona e vice-versa.

Em outras palavras, não se assuste, caro leitor, em que pese aquilo que estilhaça o espelho, é também a nossa face!

O discurso do Presidente Jair Bolsonaro, na abertura da Assembleia Geral da ONU, ontem, 24 de setembro, não foi espelho algum, mas apenas a pedra atirada na face da civilização.

Não estou surpreso com nada!  Aliás, há muito tempo, eu venho falando que estamos caminhando a passos largos rumo à barbárie. Há muito tempo, eu venho falando de que as nossas instituições civilizatórias estão todas puídas: é aqui que reside a brecha por onde os fantasmas habitarão...

Porém, chegamos aonde jamais deveríamos ter chegado: na parte onde o pêndulo atinge a testa dos incautos. Que passos nos trouxeram até aqui? Eis a questão!

As condições que levaram Jair Bolsonaro a se tornar Presidente do Brasil são espantosamente assustadoras e semelhantes às que levaram Adolfo Hitler a se tornar  dono da Alemanha. Ou seja, o medo, o preconceito, o persecutório e uma dose de distúrbio mental. O adoecimento das massas, digamos assim.

Assim como o século XX trouxe a incerteza, as duas primeiras grandes guerras mundiais; as duas primeiras décadas do século XXI, fizeram germinar “os profetas do absurdo” – aqueles que são frutos da exaustão da racionalidade e da falta de novos paradigmas. Ora, o perigo em relação aqueles que estão convencidos do “fim do mundo” é a antecipação deste seja por preces ou pela pressa das suas ações, tal como aquilo que estamos assistindo como o descuido em relação as queimadas e até a tomada de atitude beligerante em relação aos países vizinhos, como a Venezuela: a guerra antes circunscrita as outras áreas do mundo como o Oriente Médio, agora estão sendo desenhada cada vez mais próxima de nós. E pasmem, fazendo uso do nome de Deus!

Pois bem, a doutrina da escatologia pode apressar aquilo que dentro de nós já é real: a morte. Há quem esteja se aproveitando disso. Ou seja, apavora suas ovelhas com seus discursos apocalípticos, para, depois, encurralá-las em luxuosos templos. Estamos prestes a uma crise no campo espiritual?

Eu venho chamando atenção para uma possível crise dentro das religiões, notadamente as de denominações evangélicas. O uso do braço político das tais igrejas no rumo do Brasil atual, inclusive com o apoio a Jair Bolsonaro, pode ser o centro desta crise. Se esta tese estiver certa, espero que não, então, só falta um leve empurrão para que isso aconteça.  



Por fim, Donald Trump e Jair Bolsonaro são bolhas de sabão nascidas das nossas roupas sujas estendidas no varal: podem até encantar, mas sua sobrevivência pode não ser curta, se se não mudarmos o sopro e a direção dos ventos!





  








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